sábado, 26 de maio de 2012

LIMITES DA CIDADE - II




2.2.4 - Limite Ocidental em 1788


 Em 1788 o limite ocidental da cidade ficava no Bicalho, hoje Alameda Basílio Teles. Eugénio Andrea da Cunha Freitas na sua Toponímia Potuense escreve : “ Por 1875, escrevendo da Freguesia de Massarelos, dizia Pinho Leal no seu “”Portugal antigo e Moderno: há aqui um terreiro, à margem do rio, com uma alameda formada de árvores seculares, e próximo dela a bonita residência do Sr. Barão de Massarelos, tendo em frente a óptima fábrica de fundição de ferro do mesmo nome, que é de uma companhia””. Era a Alameda de Massarelos, hoje de Basílio Teles, uma das obras de que a cidade ficou devedora ao grande corregedor Almada. Neste local existiam, no século XIII, umas salinas, acerca das quais se travaram grandes demandas entre a coroa e a Colegiada de Cedofeita ( a que Massarelos pertencia), e depois entre esta e os bispos. Opuseram-se estes à execução da sentença de D. Dinis, de 7 de Julho de 1280, que mandava não ambargar aos cónegos, pelos Oficiais de El-Rei, a extracção do sal destas Marinhas para os do couto de Cedofeita… Basílio Teles nascido nesta freguesia de Massarelos em 1856, foi, como é sabido, um ilustre escritor e político republicano”.



Cais do Bicalho


Foto de autor desconhecido - da esquerda para a direita encontram-se os lugres “Infante de Sagres III”, “Paços de Brandão”, “Ana Maria”, “Senhora da Saúde” e “Aviz” – blog Navios e Navegadores

 Recordámo-nos muito bem dos bacalhoeiros fundeados no Cais do Bicalho. Era notícia de jornal quando saíam e regressavam da pesca do bacalhau, na Terra Nova. Por vezes liam-se notícias de que algum se tinha afundado e desaparecido pescadores. Devia ser uma profissão duríssima e perigosa!

Pode um navio contar a história da pesca do bacalhau?

Lemos uma interessantíssima história no blog Navios à Vista que, embora um pouco longa, vale a
pena ler:


“De regresso dos Bancos da Terra Nova, de onde zarpara precisamente haviam 15 dias com carregamento completo de bacalhau, e após uma singradura sem qualquer novidade, com bom tempo e vento de feição, entrou a 27/08/1951, cerca do meio-dia, no rio Douro, amarrando depois à lingueta do Bicalho, Massarelos, o puro lugre á vela de 3 mastros ANA MARIA, comandado pelo capitão José Gonçalves da Silva, de Ílhavo, e propriedade dos armadores Veloso Pinheiro & Cia., Lda., sedeados na praça do Porto. A bordo vinham 14 dos náufragos – um dos quais clandestino, de 14 anos há poucos dias feitos! - do também puro lugre à vela de 3 mastros PAÇOS DE BRANDÃO, pertencente ao mesmo armador do ANA MARIA, que no passado, dia 3, conforme fora noticiado, se afundara na Terra Nova, quando andava na rude faina da pesca… Um total de 13 elementos da companha do PAÇOS DE BRANDÃO, que era composta de 32 tripulantes, incluindo o capitão. Faltando portanto ainda 19 homens, que vieram a bordo do JULIA 1º, onde foram recolhidos, e que se destinava a Lisboa, seu porto de armamento. Juntamente com os 13 náufragos então, chegados, veio também um rapaz – um autêntico "lobo do mar" em embrião – chamava-se ele Adriano Neves da Silva, de 14 anos – feitos em 1 de Maio – e é um dos 9 filhos de Júlio de Sousa e de Iva de Jesus Neves, que lá estavam, á chegada do navio, na lingueta, presos de emoção, para receberem o filho pródigo… O pequeno, claro, entregue à autoridade competente, a PIDE, que iria resolver o seu caso de harmonia com as leis, não seguiu para sua casa, localizada ali numa rua junto do seu navio – mas agora já em terra firme, para sua tranquilidade. Nas instalações da PIDE fora interrogado se alguém o teria aliciado a embarcar clandestinamente no PAÇOS DE BRANDÃO, como não houvesse nada de interesse foi mandado em paz, e nem poderia ser de outra maneira. O Adriano, que era de Massarelos, ali mesmo à borda de água, foi recebido como um "herói" pelos seus amigos e companheiros de escola e traquinices. Recepção triunfal! E ele – ao que nos garantiram, regressado muito mais homem, tanto no porte, como no físico – contou ao jornalista a sua odisseia: Desde pequeno que ali, à beira-rio, onde brincava, assistia às partidas, e chegadas dos navios bacalhoeiros. E gostava "daquilo"! À noite, sonhava com o mar, vendo-se a comandar grandes navios!... E foi assim, a pouco e pouco, que no seu espírito se foi criando a iniciativa de embarcar clandestinamente – para a aventura… Traçou os seus planos com todo o cuidado – e como alvo escolheu o PAÇOS DE BRANDÃO, que estava ali mais à terra, por bombordo do ANA MARIA. Então, na barafunda das despedidas foi muito sorrateiro (tão franzino era então que o pode fazer!) alojando-se numa "loca", uma espécie de pequeno armário à proa do lugre, onde se guardava carvão. Só após alguns dias de viagem deram com ele – quase desfalecido por causa do enjoo. "Está aqui um gato!" – foi a primeira exclamação do tripulante que o encontrou. Mas não era… Gaiato sempre pronto para todos os serviços por mais duros que eles fossem: O pequeno Adriano, sempre disponível a ajudar, em pouco tempo ganhou a simpatia de cada um dos tripulantes do PAÇOS DE BRANDÃO. E assim foi indo, até que deu uma queda da verga da vela do traquete, fracturando um braço. Mas não chorou! Deixou-se tratar como um homem – ou melhor como nem todos os homens! E, curou-se, até que novamente ele pôs bem à prova a sua coragem e a sua valentia de autentico "lobo do mar". Foi quando do naufrágio do PAÇOS DE BRANDÃO. Quis ser dos últimos a abandonar o seu navio e ajudou um pescador que estava em risco de vida a abandonar o navio sinistrado, já sob violento incêndio – e só chorou (também à maneira dos marinheiros), quando o viu afundar-se!... Depois recolhido pelo ANA MARIA, foi entregue, de harmonia com as leis marítimas, ao capitão do porto, nos Mares da Terra Nova e Groenlândia, a bordo do GIL EANES, comandante Tavares de Almeida. Já então as suas façanhas se haviam tornado conhecidas, e o Adriano breve conquistava as simpatias da equipagem do famoso navio de apoio à frota. Seguindo nele desembarcou no porto Canadiano de Sidney, onde ao conhecer-se a sua aventura, o envolveram em exuberantes manifestações de carinho. Vestiram-no, deram-lhe muitos brinquedos e não faltavam famílias que queriam tomar conta dele! Mas outro teria de ser o destino do Adriano, que foi depois embarcado no lugre ANA MARIA, que acabara de chegar, tendo sido apresentado às autoridades marítimas, que por certo, e se tal tivesse sido possível, não o deixariam de matricular na Escola dos Pescadores, o que não se concretizou. Simpático, de modos resolutos, forte (bem diferente do que era antes da sua aventura) o Adriano Neves da Silva, envergando a indumentária característica do pescador, parecia um "velho lobo do mar", ao lado de uma das irmãs e entre o pai e a mãe, que carinhosamente, e com as lágrimas nos olhos queria ver o braço partido do seu menino. O jornalista falando com alguns dos náufragos, todos foram unânime em afirmar que o Adriano fora um verdadeiro marinheiro, que soube enfrentar a odisseia por si vivida, sobretudo na ocasião do temporal que os apanhou quando se encontravam ancorados no pesqueiro denominado "Virgin Rocks". Foi um ciclone tremendo! Perdemos tudo, incluindo as roupas que vinham em 6 dóris que se voltaram. Valera-lhes a rapidez dos socorros prestados pelos lugres ANA MARIA, MARIA FREDERICO, JÚLIA 1º, CRUZ DE MALTA e SÃO JACINTO. Uma hora mais tarde, e não haveria possibilidade para chegarmos a bordo de qualquer deles. Estaríamos irremediavelmente perdidos – afirmaram. No momento do naufrágio, o PAÇOS DE BRANDÃO tinha já 3.200 quintais de bacalhau – ou seja o carregamento quase completo… Não haja dúvida, que aqueles dois belíssimos lugres de madeira, "os meninos bonitos da praça do Porto", amarrados ali em Massarelos, no quadro dos navios bacalhoeiros, tão pertinho da margem, e ainda para mais navios à vela, e na altura da largada de ambos no mesmo dia, um atrás do outro, de velas enfunadas pela nortada fresca, rumando directamente aos pesqueiros do Noroeste do Atlântico, sem estarem presentes na cerimónia religiosa da Benção dos Bacalhoeiros, que todos os anos se realizava no estuário do Tejo, por Abril ou Maio, frente a Belém, onde marcavam presença os seus companheiros de hibernação no rio Douro, BISSAYA BARRETO (1), COMANDANTE TENREIRO (1), INFANTE DE SAGRES TERCEIRO, AVIZ, CONDESTÁVEL, SENHORA DA SAÚDE, COIMBRA, SÃO JACINTO e o SENHORA DO MAR, seduziam o rapazio ribeirinho, e eu que o diga, a tentar a aventura, como consta que em tempos recuados já ocorrera, pois sempre era uma ajudinha para o cozinheiro de bordo.

 Fontes: Jornal de Noticias Rui Amaro”


 Entreposto frigorífico do Peixe – 1934-39 – Arqtº. Januário Godinho
Aqui estava a lota do peixe e os frigoríficos


Museu do carro eléctrico - 1992


 O Americano

  
Acendendo um lampião a gás


Fundição de Massarelos  - desenho de F. Lopes



O Mercado Ferreira Borges foi construído pela Fundição de Massarelos – foto de André Pregitzer – Porto Património Cultural da Humanidade de Manuel Dias


Fontanário feito nesta fundição








sábado, 19 de maio de 2012

LIMITES DA CIDADE - I


EXPANSÃO DA CIDADE



Planta do Couto Episcopal – Rogério de Azevedo –in História do Porto- dirigida por Luis Oliveira Ramos – A, Couto de Cedofeita – ao centro junto do rio, Reguengo – B, Couto da Sé (D. Teresa) – C, Couto da Sé (ampliação de D. Afonso Henriques) -
 A Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura refere que “ D. Dinis, na carta régia com que este coutou a seu irmão D. Afonso a Póvoa de Salvador Aires: “”coutar huma terra he escusar os seus moradores de HOSTE e de FOSSADO, e de FORO, e de toda a PEITA.”Na História do Porto, coordenada pelo Dr. Oliveira Ramos, podemos ler:    “ Em 1113 ou mais provavelmente em 1114, o Porto-sede-episcopal é restaurado por D. Hugo… Com este evento inauguram-se os tempos medievais da cidade. Para trás são as origens. Em 1120, por iniciativa da rainha D. Teresa, é concedido ou confirmado a esse bispo um vasto território, que será couto dele e dos sucessores.” - Pelo mapa acima podemos limitar o couto inicial: do Canal Maior (Rio da Vila) até Rio Tinto e do Douro à Arca d’Água. D. Afonso Henriques estendeu-o até Contumil, Asprela, Monte dos Burgos e Carvalhido.


Termo do Porto concedido por D. Fernando I em 1369 – in História do Porto – dirigida por Luis Oliveira Ramos - “o ano de 1369 marcou a arrancada do termo do concelho portuense de minúsculo para gigante…Pelo rei D. Fernando. Quer dizer: desde o Douro ao Ave e do mar ao Tâmega quase todos os julgados ficaram sob jurisdição do município do Porto. Para o quadro ficar completo só faltou Gaia e Vila Nova. De uma assentada entram na dependência da cidade nada menos do que 181 freguesias… Em 12 e13 de Abril de 1384, por decisão de D. João I, que ainda era Mestre de Avis, Regedor e Defensor do Reino” completou-se o alargamento do Termo com a inclusão de Gaia e Vila Nova


Vias medievais do Termo do Porto – in História do Porto – dirigida por Luis Oliveira Ramos

FREGUESIAS DA CIDADE



Censos 2011 - PORTO



  1838      1864        1878         1890         1900        1911        1920
59.370    86.751    105.838    146.739    167.955    194.009    203.091

  1930          1950          1960          1970          1981         1991         2001
232.280     281.406     303.424     306.176     327.368     302.472     262.928

   2011
237.584
Desde 1981 que o Porto perdeu 100.000 habitantes. Pelo contrário a Zona Metropolitana – Gaia, Matosinhos, Maia, Gondomar, Valongo etc. – cresceram cerca de 90.000.
2.2.3 – Limites em 1788

                                         ao Sul.”


2.2- LIMITES DA CIDADE EM 1788

Campanhã já era habitada na Pré-História. O seu nome é derivado do latim. Sendo terra muito fértil a sua população era  constituída por camponeses. As memórias Paroquias de 1758 referem também os pescadores e os moleiros. No séc. XVIII surgem quintas de famílias burguesas do Porto, tais como as do Freixo, de Bonjóia, da Revolta, de Furamontes e de Vila Meã. No séc. XIX, após a destruição provocada pelas invasões francesas e o cerco do Porto, iniciou-se um rápido aumento da sua estrutura industrial.



Igreja Paroquial de Campanhã – 1714


Inaugurada em 20 deMaio de 1875 como início da linha do Minho até Braga - Em 1877 a Linha do Norte chegou à estação de Campanhã – foto de Emílio Biel


Rua Pinto Bessa – há mais de cem anos

Francisco Pinto Bessa nasceu em Lordelo do Ouro em 1821 e morreu no Porto em 1878. Ainda jovem emigrou para o Brasil, onde fez fortuna. Regressado ao Porto aplicou todo o seu dinamismo em favor da cidade e do país. Foi um dos sócios fundadores mais influentes do Palácio de Cristal, acompanhado por Alfredo Allen, 1º visconde de Villar d' Allen, e do Dr. António Ferreira Braga. Foi eleito vereador da C.M.P. em 1866 e seu Presidente em 1867, por falecimento do Conde de Lagoaça. Exerceu este cargo até ao dia do seu falecimento, em 4 de Maio de 1878. Durante o seu mandato foram abertas a Rua Nova da Alfândega, a Rua de Sá da Bandeira, a Rua Mouzinho da Silveira, a Rotunda da Boavista e inaugurada a Ponte Maria Pia. Conseguiu que a Biblioteca Pública passasse da tutela do Estado para a Câmara. Fez uma profunda alteração ao cemitério de Agramonte, onde está o seu mausoléu. Foi membro do Parlamento de1868 até à sua morte.

Busto de Francisco Pinto Bessa do escultor Soares dos Reis



Palácio do Freixo - foto de Carlos Silva


Lavradores de Campanhã


Campanhã - Mapa de Telles Ferreira - 1892



sexta-feira, 11 de maio de 2012

MUROS, PORTAS E TORRES (II)


Dedicatória: “com muita admiração para o meu ilustre amigo senhor doutor Pedro Vitorino”.


Na cave do Café Porta do Olival (a amarelo), ao lado da Torre dos Clérigos, ainda se podem ver restos da Porta do Olival – esta abria para a Cordoaria e era a saída da cidade para Norte que, seguindo a Rua de Cedofeita, conduzia a Vila do Conde, Póvoa etc.



Trecho da muralha no antigo clube inglês, actualmente Serviços de Assistência da Ordem de Malta


O Sr. Professor Doutor Francisco Ribeiro da Silva, referindo-se à estrutura de defesa que se vê à direita da Porta Nova ou Nobre, o forte de S. Filipe, afirmou que foi construída por Filipe I. O rei acrescentou este “forte” para primeira defesa da cidade, pois receavam os ataques dos ingleses e dos piratas, o que não se veio a verificar. Foi projectado e construído pelo pedreiro Manuel Luis em 1589.


Postigo do carvão – o único que ainda existe, da muralha Fernandina


Postigo do Carvão – visto do lado do Rio Douro




A propósito da muralha Fernandina, não podemos deixar de referir um interessantíssimo e insólito episódio passado no século XIV quando da guerra entre o rei D. Afonso IV e seu filho o infante D. Pedro. Como é sabido, esta muralha, foi iniciada e quase toda construída por aquele rei e só terminada no reinado de D. Fernando I. Quando da guerra entre o rei D. Dinis e o príncipe D. Afonso, guerra esta terminada pela intervenção da rainha Santa Isabel, este príncipe ficou senhor do Porto, que o havia apoiado activamente nas suas pretensões. Feito rei, D. Afonso IV quis distinguir esta cidade com importantes benefícios, um deles do maior interesse, que foi mandar construir uma muralha para sua defesa, em especial dos árabes e dos piratas que muitas vezes atacavam as cidades perto do mar. Por morte de D. Afonso IV, com a muralha por terminar, D. Pedro I não a continuou. ARC conta o tal episódio da seguinte forma:

                                                   “ Eis aqui a razão por- 


Nota-se que ARC apresenta D. Pedro como pretendendo tomar e destruir o Porto, o que não seria a sua intenção, mas sim apoderar-se de um privilegiado local de apoio e base dos seus exércitos.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

CAPÍTULO II - DA SUA SITUAÇÃO, EXTENSÃO, RUAS, PRAÇAS, EDIFÍCIOS, FONTES E BONDADE DO CLIMA - 1

da parte meridional do Rio Douro, é bem semelhante a um grande anfiteatro


 Porto, início séc. XX – foto Domingos Alvão

Através dos séculos a cidade do Porto foi crescendo, ultrapassou as suas muralhas e foi integrando os núcleos populacionais vizinhos. Começou com a Freguesia da Sé, a que se juntaram em 1583 as de S. Nicolau e Victória; em 9/10/1710 Miragaia, Santo Ildefonso, Massarelos e Cedofeita; em 1836 Campanhã, Lordelo do Ouro e Foz do Douro; Paranhos em 27/9/1839; em 1841 criou-se a fréguesia do Bonfim em terrenos da Sé e Santo Ildefonso, que foi a única criada por interesses políticos; em 21/11/1895 Nevogilde, Ramalde e Aldoar, que pertenciam a Bouças. Entre 1582 e 1591 existiu a fréguesia de S. João Baptista da Belomonte, que foi integrada na de S. Nicolau.

Video do Porto antigo

2.1- Muros, portas e torres (I)




A Muralha Fernandina foi iniciada por D. Afonso IV em 1355 e terminada por D. Fernando em 1370. A área da cidade murada era de 44,5 Ha.



Último cubelo da Muralha Fernandina com o mirante feito pelas freiras do convento de Santa Clara – em primeiro plano a ponte pensil D. Maria II









Cubelo da porta do Sol – situado junto do Convento de Santa Clara, as freiras construiram, em dois cubelos, mirantes cobertos e fechados por janelas envidraçadas, para as defenderem das intempéries. Desta forma podiam gozar de umas deslumbrantes paisagens de 360º para o rio e a terra. Viam a faina dos barcos até ao mar, a entrada da Porta do Sol, a cidade e muito para lá dela. Infelizmente mais tarde, supomos que já no séc. XX, retiraram-nos com a finalidade de “repor” a antiga traça. O outro mirante ficava no último cubelo virado ao rio Douro.


Actual visão do troço da muralha por trás do antigo Convento de Santa Clara, perto da antiga Porta do Sol, já sem o mirante. O prédio branco foi o Dispensário Raínha D. Amélia.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

DA SUA ORIGEM E ANTIGUIDADE - BATALHA, MURALHA ROMÂNICA E SUAS PORTAS



CAPÍTULO I

DA SUA ORIGEM E ANTIGUIDADE

Trata este primeiro capítulo da origem da cidade do Porto, apresentando várias opiniões inverosímeis que no seu tempo eram motivo de polémica. Destacamos, porém, alguns excertos que nos parecem interessantes:



Pelo que hoje se sabe a História do Porto é muito mais antiga e diferente do que a escrita por ARC.


Painel de azulejos, na estação de Rio Tinto representando a batalha de 824


Em O TRIPEIRO, V série, nº. XIII, a páginas 272 e sguintes, o historiador do Porto Horácio Marçal apresenta várias referências à imagem de N. Sª. da Batalha, mas que se contradizem. Por este facto ele próprio afirma que, depois do seu estudo sobre esta, teria ficado na mesma ignorância. Parece ser uma imagem do sec. XIV, em pedra e que estaria numa antiga capelinha junto à porta de Cimo de Vila ou da Batalha. Em 1793 esta capelinha foi destruída por força da demolição da Muralha e da porta/torre de Cimo de Vila. Em 1799 terminou-se a construção de uma nova capela, com o mesmo nome, muito perto do antigo teatro S. João, e para lá passou a referida imagem. Em 1924 também esta capela foi demolida, para dar mais largura à rua que liga ao Hospital do Terço, e a imagem transferida para a Sé.


Segunda Capela deNossa Senhora da Batalha – 1799/1924


Praça da Batalha entre 1799 e 1908 – Vêem-se a Capela da Batalha e o primeiro Teatro S. João, que ardeu em 12 de Abril de 1908





  
Tinha 4 portas: Nª Senhora de Vandoma, perto da Sé, S. Sebastião, Santana das Aldas, tornada imortal por Almeida Gasrrett e da Mentira, até ao sec. XIV, depois chamada das Verdades.



O burgo velho segundo a planta medieval - maquete na Casa do Infante

 

Nª. Senhora de Vandoma – está na Sé


Arco de Vandoma - Desenho de Joaquim Villanova – 1833 - A porta de Vandoma foi demolida em 1855 por ordam da C.M.P.


Oratório e gravura de S. Sebastião - A Porta de S. Sebastião foi demolida em 1819 por ameaçar ruína


Este arco foi eternizado por Almeida Garrett no seu romance com o mesmo nome. Foi demolido em 1821 por ser muito estreita e não permitir passar carros.


Altar do Arco de Santana no local em que esteve a porta - por cima tem escrito "Santana succure miseris" ( Santana socorre os miseráveis

 Capela, altar e imagem de Nª. Senhora das Verdades 

Capela das Verdades - A Porta ou postigo das Verdades, antes das Mentiras, ficava ao fundo da Rua de D. Hugo, por trás da Sé. Era encimada por um nicho com a imagem de Nª: Senhora das Verdades, muito venerada pelo povo da vizinhança. Quando, no século XIV, foi destruída, os fiéis construíram uma pequena capela onde colocaram a imagem. No retábulo, quatro pequenas pinturas do século XVII, de gosto e traço simples, representam São Domingos, São José, São João Evangelista e Nossa Senhora da Rosa. Ao centro, num nicho, está a dita imagem de Nossa Senhora das Verdades, em calcário de Coimbra, do final do século XVI.


















O facto de se chamar Arco das Verdades faz com que haja quem o julgue ligado à Porta das Verdades. Na realidade este arco fazia parte do aqueduto que levava água para o Mosteiro de S. Lourenço, hoje Seminário Maior do Porto. Esta água provinha da grande nascente de Mija-Velhas, no actual Campo 24 de Agosto, que no seu caminho ia alimentando outras fontes.