3.11.3 - Igreja dos Clérigos - I
Desenho de Gerard Michel (2012) in
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A Irmandade dos Clérigos Pobres de Nossa Senhora da Misericórdia, S. Pedro e S. Filipe de Nery nasceu da fusão da Confraria dos Clérigos Pobres de Nossa Senhora da Misericórdia, fundada em 1630, com a Irmandade de S. Filipe de Nery, fundada em 1665 e sediada na Igreja de Nossa Senhora da Graça do Colégio dos Órfãos e com a Irmandade de S. Pedro ad Vincula.
Tendo surgido algumas dificuldades e vexações pelo facto de não terem um local próprio para as suas funções religiosas, resolveram em A. G. do dia 31/5/1731, erigir a sua própria sede.
A Igreja é externamente de forma octogonal. Internamente é elíptica à excepção do Altar Mor que se destaca do corpo.
Foi apresentada nesta A.G. a escritura de doação à Irmandade de “uma terra baldia aonde chamam a Cruz da Cassoa, que fica ao cimo da calçada que vai da Fonte da Arca até ao princípio do Adro das Oliveiras e entre este o muro da cerca do Real Recolhimento do Anjo da rainha Santa Isabel”.
Nessa assembleia deliberou-se que fosse mudado o título e como apareceram várias propostas lançou-se a sorte sobre estas três: Senhora do Socorro, Senhora das Necessidades e Senhora da Assunção, saindo favorável a esta última. Assim ficou a Virgem considerada a padroeira da Irmandade sob esta invocação. A festa da Irmandade é em 15 de Agosto.
Em 13/12/1731 foi a obra de pedreiro arrematada no pátio da Misericórdia ao mestre António Pereira pelo preço de 33.000 cruzados.
A planta do edifício tinha sido feita pelo Arq. italiano Nicolau Nazoni, que dirigiu a obra toda. Faleceu em 30/8/1773 e, a seu pedido, foi sepultado nesta igreja, à qual dedicou muito tempo e trabalho. Durante alguns anos prescindiu de qualquer remuneração.
A primeira pedra foi solenemente lançada em 2/6/1732, na presença das autoridades civis e religiosas e grande multidão. Todos os sinos da cidade repicaram festivamente.
As obras começaram a seguir a bom ritmo, mas ao fim de algum tempo ficaram totalmente paradas. A razão deveu-se provavelmente a várias intrigas movidas pelo pároco a Igreja de Santo Ildefonso, preocupado com a concorrência que o novo templo vinha estabelecer. A expulsão do mestre pedreiro António Pereira, aliado do referido pároco e a sua substituição por Miguel Francisco da Silva não alterou grandemente o estado das obras. Em 1745, numa vistoria, não foram aprovados os alicerces da frontaria e decidiu-se então que tudo se desfizesse e fosse refeito com a grandeza que a obra parecia merecer.
A 28 de Julho de 1748, mesmo sem que o edifício estivesse totalmente terminado, a igreja seria aberta ao culto.
Calçada da Natividade e Igreja dos Clérigos
Igreja e Torre dos Clérigos – o eléctrico vai a subir pois o trânsito ainda se fazia pela esquerda - 1906
A meio da escadaria vê-se a porta da Capela de Nossa Senhora da Lapa, agora aberta ao público.
Só dois anos depois é que a fachada principal estaria pronta. A escadaria que antecede a igreja foi principiada em 1750 e as suas obras demorariam cerca de 4 anos.
Pormenor da frontaria
Pia de água benta
Anjo S. Gabriel
Foto de Porto 360º
Corpo da Igreja e Altar Mor
Devido às modificações radicais e ampliação de que foi alvo, em relação ao projecto primitivo, a capela-mor teve de ser totalmente reconstruída, de 1767 até 1773, seguindo-se outros pequenos arranjos, vindo as obras a ser dadas como inteiramente concluídas em 1779.
A sagração da igreja, pelo bispo do Porto D. Frei João Rafael de Mendonça,realizou-se no dia 12 de Dezembro desse ano.
O retábulo da Capela Mor é de mármore, foi desenhado por Manuel de Santos Porto e custou 18.484$284 reis.
Em oratório colocado entre o sacrário e o trono estão as relíquias do mártir S. Inocêncio, oferecidas pelo Bispo D. Tomaz de Almeida em 1752.
Foram reitores da igreja D. Tomás de Almeida, primeiro Patriarca de Lisboa e D. Frei Maria da Fonseca e Évora, Bispo do Porto.
Na base do trono as imagens de S. Pedro ad Vincula e S. Filipe de Nery.
Durante muitos anos, desde o séc. XVIII e em diversas épocas, havia no Porto Lausperene todos os dias, em diferentes igrejas, tais como à terça feira nos Terceiros Carmelitas, à quarta na Igreja do Terço e Caridade, à quinta-feira na Capela das Almas, à sexta feira na Igreja da Misericórdia e no extinto Convento de S. Domingos até 1832, aos Domingos na Trindade. A Igreja dos Clérigos foi a única que manteve esta tradição aos sábados.
No cimo do Altar Mor destaca-se a imagem de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da Igreja.
Vista do Altar Mor para o corpo da igreja
Foto de José Neiva
Parte superior do Altar Mor