2.11 - Abastecimento de água à cidade
Do site dos SMAS retiramos o seguinte texto: “Reporta-se a 1392 o mais remoto registo histórico de que há notícia, revelador do facto de, há mais de seis séculos, o Porto já possuir fontes e chafarizes, para uso público, embora sem condições de higiene.
Com o crescimento da população e consequente concentração, os problemas foram-se agravando, sendo necessário aproveitar o manancial de Paranhos, situado no subsolo do Jardim da Praça 9 de Abril, mais conhecido como Jardim da Arca d' Água, local situado nessa altura nos arredores da cidade. No reinado de D. Filipe I, iniciou-se o seu encanamento, que ficou concluído em 1607, permitindo o transporte da água até à cidade, alimentando várias fontes ao longo do seu percurso.
Percurso do aqueduto do manancial de Paranhos
"No ano de 1825, foi aprovado novo trajecto que devia incorporar um outro aqueduto, já em construção, o de Salgueiros, com origem na actual rua de Antero de Quental. O novo aqueduto, com uma extensão de cerca de 3,5 Km, ficou concluído em 1838 e finalizava na Arca de Sá Noronha (cerca de 40 metros a norte da Praça Gomes Teixeira)
Antes do que viria a ser o abastecimento domiciliário de água, a maioria da população recorria às fontes públicas, mas os mais abastados estabeleciam contratos com os "aguadeiros" - normalmente galegos fugidos ao serviço militar - que vendiam água a "avulso" ou "por assinatura".
No entanto, a inquinação das águas, as doenças transmitidas, a evolução dos cuidados com a saúde e ainda as exigências quanto à qualidade de vida impunham uma transformação radical do sistema".
Central do Rio Sousa - 1929
A partir de 1855, surgem várias companhias candidatas ao projecto e execução de obras de captação, elevação, transporte e distribuição domiciliária, sendo em 22 de Março de 1882 assinado o contrato com a "Compagnie Générale des Eaux pour l'Étranger", o qual é aprovado por Carta de Lei, em 27 de Julho do mesmo ano. Por este documento, é dada à Cidade do Porto a água dos Rios Sousa e Ferreira para seu uso exclusivo. O contrato com a Compagnie Générale era válido por 99 anos, prazo máximo então permitido por Lei e foi estendido a Matosinhos no princípio do século. Os trabalhos são concluídos em 1886, ficando em 1 de Janeiro de 1887 o abastecimento regularizado. Tinham sido construídos a Central do Sousa,
Reservatório de Jovim - 1939
o Túnel-Reservatório de Jovim, os Reservatórios de S. Isidro ,
Reservatório dos Congregados – o ponto mais alto da cidade.
dos Congregados e de S. João da Foz ,
e a conhecida Fonte Monumental (dos Leões), cuja função era a diminuição da pressão da água na zona baixa da cidade, e assentes mais de 70 km de tubagens. O sistema mostrou-se extremamente vulnerável em regime de cheias dos Rios Douro e Sousa, começando a Câmara a exercer fortes pressões junto da Companhia que conduziram ao resgate da concessão em 28 de Março de 1927, por 3.500 contos, e à criação dos Serviços Municipalizados Águas e Saneamento em 1 de Abril desse ano".
Os Serviços Municipalizados Águas e Saneamento, começaram por beneficiar a Central do Sousa e construírem os Reservatórios (1928) e a Central (1929) de Nova Sintra. Em 1934, por decreto-lei, viram-se os Serviços na obrigação de abastecer os concelhos de Gondomar, Gaia e Matosinhos.
Areal de Zebreiros
Como reforço à captação do Sousa, procederam-se às aberturas de poços no areal de Zebreiros (rio Douro), estando em 1938, oito em funcionamento. A crescente importância de Zebreiros, justificou a construção da Central de Zebreiros, que ficou pronta em 1940. Na cidade foi iniciada em 1959 a construção do reservatório do Bonfim que ficou concluído em 1961. Na década de 70, integrados no sistema regional, foram construídos o Reservatório de Ramalde, em Gondomar, Reservatório de Pedrouços, na Maia e a uma Central elevatória em Jovim.
Com a construção da barragem de Crestuma, por intrusão de água do mar, graves problemas surgiram nas captações de Zebreiros, face ao aumento do teor de cloretos. Foi decidido construir novas captações no sub-leito do Douro, a montante da barragem, em Lever.
Em 1985 entrava em funcionamento a Central Elevatória de Lever, desactivando-se a centenária Central do Sousa e as captações de Zebreiros. A necessidade de grandes investimentos ao nível de captação e tratamento de água levaram à constituição de uma empresa de capitais públicos - Águas do Douro e Paiva - que a partir de Janeiro de 1998 passou a garantir o abastecimento em alta à Área Metropolitana do Porto, passando os SMAS a garantir a distribuição de água na cidade”.
Fonte dos Leões
Foto do blog Fontes e Fontanários
Tendo-nos referido acima à Fonte dos Leões, damos informações mais pormenorizadas, do site da U.P. - “A Fonte dos Leões é uma fonte monumental com 8 metros de diâmetro e 6 metros de altura, integrada no sistema de abastecimento de águas ao Porto durante a década de oitenta do século XIX. Foi contratualizada com a empresa francesa Compagnie Générale des Eaux pour l'Etranger, também responsável pela construção deste equipamento público. Aprovada em 1885, entrou em funcionamento a partir do ano seguinte. Esta fonte, para além de decorar a então Praça dos Voluntários da Rainha, proporcionava a indispensável ventilação e oxigenação das águas, bem como o alívio da pressão das condutas.
A Fonte dos Leões é composta por um tanque octogonal de granito, de bordos arredondados e paredes exteriores de perfil ondulado e, ainda, por uma fonte central de bronze pintado com quatro leões alados e sentados nas extremidade. Está encimada por duas taças redondas sobrepostas e escalonadas; a inferior tem um friso vegetalista e cornetas de onde jorra água e no remate apresenta uma espécie de pinha.
Inicialmente alimentada pelo reservatório de Santo Isidro, a Fonte dos Leões passou a ter, a partir de 1942, a sua própria arca de abastecimento, em granito, situada a escassas dezenas de metros de distância. Gravuras antigas mostram que, originalmente, a Fonte era protegida por uma vedação de ferro”.
À beira da extinta Igreja de Nossa Senhora da Graça existiu o chafariz do Colégio dos Meninos Órfãos que foi apeado já no séc. XX para a construção da Praça de Parada Leitão.