3.3 - Religião que professam - III
“A Sinagoga Kadoorie, também chamada Sinagoga Kadoorie - Mekor Haim ("Fonte de Vida") é a actual sinagoga e sede da comunidade Judaica do Porto, cujo o nome oficial é Comunidade Israelita do Porto. A sua construção foi iniciada em 1929 tendo sido inaugurada em 1938. É a maior sinagoga da Peninsula Ibérica. A sinagoga "Kadoorie – Mekor Haim", situa-se na Rua de Guerra Junqueiro.
A história da sinagoga Kadoorie está intrinsecamente ligada à história do seu fundador, capitão Artur Barros Basto, um oficial do exército português convertido ao Judaísmo.
No início dos anos vinte do século passado existiam na cidade menos de vinte judeus asquenazim que, como não possuíam uma sinagoga não estavam organizados e tinham de se deslocar aLisboa sempre que, por motivos religiosos, era necessário.
Quando Barros Basto tomou conhecimento dessa realidade começou a pensar que a construção de uma sinagoga era necessária e, tomou iniciativa de, em 1923, registar oficialmente no G. C. do Porto a Comunidade Israelita do Porto. Em 1929, Barros Basto reuniu fundos que lhe permitiram comprar o local onde viria a nova sinagoga viria a ser construída, adquirindo assim um terreno na rua de Guerra Junqueiro.
A obra decorreu lentamente até 1933, devido aos elevados custos e aos fundos limitados do seu fundador e da comunidade.
Nesse ano, Laura Kadoorie, a esposa do filantropo judeu de origem iraquiana, Sir Elly Kadoorie faleceu, e os filhos viram nessa infeliz situação a necessidade de homenagearem a sua mãe, descendente de judeus portugueses que abandonaram o país devido à inquisição. Essa homenagem foi materializada no apoio monetário da família Kadoorie à construção de grande parte da Sinagoga do Porto, que passou assim a chamar-se “Sinagoga Kadoorie – Mekor Haim". Wikipédia
Video sobre a Sinagoga
Os judeus tiveram grande importância na história da cidade. Já desde antes do início da nacionalidade há memória da existência de judeus no Porto. Viviam na cerca velha juntamente com os cristãos e tinham uma sinagoga perto da Porta de Santana. Também habitavam na Ribeira, Miragaia e Monchique.
Gravura de H. Duncalf – 1736 - á esquerda, fora das muralhas, o Monte de Judeus
Foi neste local que formaram uma comunidade com Sinagoga e cemitério próprio, pois não era permitido sepulta-los junto dos cristãos. Daí o nome, ainda hoje conhecido, por Monte de Judeus, na zona onde mais tarde se construiu o Convento de Monchique, fundado em 1533 por Pero da Cunha Coutinho.
Convento de Monchique e Palácio de Cristal vistos de Gaia – Foto de Laurent - 1869
Zona da Judiaria do Olival – reprodução de carta de 1523
Porta do Olival (52), Muralha Fernandina (37), Largo do Olival (53), R. de Trás (51), R. da Ferraria de Cima (Caldeireiros – 48)
D. João I, em 1386, determinou a sua concentração num local dentro das muralhas e restrito, que passou a ser perto da Porta do Olival, hoje R. de S. Bento da Victória, Escadas da Esnoga, a Rua da Victória, a Rua de S. Miguel, até à Viela do Ferraz. Este local era fechado por dois portões, um na entrada da Rua de S. Bento da Victória e outro no final das escadas da Esnoga. Os judeus não podiam circular na cidade após o “toque de correr”. Este sino esteve perto da Sé e nos fins do séc. XIV foi transferido para a Porta do Olival. Tocava de forma rápida, por 3 vezes, à hora de recolher. Construíram uma sinagoga onde hoje se encontra a Igreja da Victória. Em Dezembro de 1486 D. Manuel I decide a expulsão dos judeus, pelo que muitos saíram e outros se converteram ao cristianismo. Estes foram chamados de Cristãos Novos.
Na História do Porto coordenada por Oliveira Ramos lê-se a seguinte passagem: “ os judeus do Porto foram uma comunidade bem organizada social, religiosa e politicamente, rica em cultura, sociabilidade e dinheiro, sem dúvida importante na história da cidade… relativamente a ela a sociedade cristã tripeira parece ter-se comportado de modo aceitante e compreensivo. Pelo mesmo, tolerante.”
R. S. Miguel,4 – os azulejos foram retirados do antigo Convento de S. Bento da Victória
De um artigo de Pedro Olavo Simões, no JN, retivemos o seguinte resumo: “A historiadora Elvira Mea, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) , anda há dois anos a lançar alertas para a existência, no nº 9 da Rua de S. Miguel, de um “Ehal” (nicho onde são guardados os rolos da Torah, a Lei atribuída a Moisés), que tem o especial valor de ter sido feito depois da expulsão/conversão forçada dos judeus em 1496/97, por D. Manuel. Trata-se de uma sinagoga clandestina, que constituía “uma afronta total à situação de Contra-Reforma”. Para mais, além da tipologia da casa (uma entrada por trás, discreta, na Rua da Vitória), característica do culto clandestino, a documentação, designadamente da Inquisição, dá conta da existência, nas imediações, de casas de jogo, que os cristãos-novos usavam como elementos distractivos.
Elvira Mea, que diz ter contactado o IPPAR, o Governo, a Câmara do Porto e o Governo Civil (a única entidade que mostrou interesse), nota, ainda, que o achado faz luz sobre a obra “Nomologia…” (Amsterdão, 1629), de Imanuel Aboab, em que o autor diz ter visto a sinagoga, na sua meninice, algo que a ausência de vestígios materiais tornava duvidoso. A importância do “Ehal” é ainda maior, atendendo à falta de vestígios materiais da presença judaica no Porto, designadamente na zona do Olival, hoje Vitória, onde esteve a última judiaria da cidade. A localização da sinagoga na rua que agora é da Vitória, e não na de S. Miguel, é corroborada por escritos de historiadores como Geraldo Coelho Dias.”.
Germano Silva fala sobre a Judiaria
Escadas da Esnoga ou da Victória
Tabernáculo Baptista – Praça Mouzinho de Albuquerque
Devido à presença de famílias inglesas e outras nacionalidades, as Igrejas Protestantes pretenderam erigir os seus templos no Porto. Até ao liberalismo não foi possível fazê-lo. No séc. XIX e XX foram construídas várias igrejas, sobretudo depois de 1851.
Na gravura de Teodoro de Sousa Maldonado (1789) vê-se, ao lado da Porta dos Banhos, o primeiro hospital inglês no Porto – do blog Do Porto e Não Só.
Também chamado de Hospital dos Marinheiros Ingleses, já que como indica Júlio Couto no "Guia de Miragaia”, foi “…fundado em casas e terrenos de José Maria Rebelo Valente, tinha farmácia privativa, claro que dirigida por um farmacêutico inglês, e era dedicado exclusivamente aos súbditos de Sua Majestade Britânica. Só que a colónia inglesa aqui residente tinha sólidos meios de fortuna. Dai que o Hospital só servia ocasionalmente algum marinheiro inglês que viesse doente em barco por cá arribado ou que por cá adoecesse. Um remansoso local, com óptimas vistas sobre o Douro e Gaia, não dava para manter muito tempo os doentes.” - comentário inserido no blog Do Porto e Não Só .
Capela do cemitério dos ingleses
Até ao século XVIII, a colónia britânica do Porto procedia aos enterramentos na margem do rio Douro, com a maré baixa. Depois de muitas negociações, em 1788, o cônsul John Whitehead conseguiu adquirir um terreno para a construção de um cemitério digno, com a condição de possuir uma cerca com altos muros. No entanto, só a partir dos anos 20 do século XIX recebeu os seus primeiros monumentos. Cemitério de cariz romântico, tem entre os seus ocupantes muitas das conhecidas famílias estrangeiras ligadas ao comércio do Vinho do Porto. Destacam-se os mausoléus de Eduardo Moser, do cônsul John Whitehead, de Feuherheard, Kebe, Jebb e Brindle e as pequenas estelas do barão de Forrester e da família Katzenstein.
“A planta redonda de Balck (1813) mostra-nos o local do cemitério inglês, junto da rua da Boa Nova. Por isso se chamava então, ao largo fronteiro, o Largo dos Ingleses, também denominado de Campo Pequeno, nome que se encontra na planta de Costa Lima, de 1839. Todos estes terrenos - incluindo a Rua do Campo Pequeno, eram do senhorio directo da Colegiada de S. Martinho de Cedofeita, que em 1839 litigava sobre foros o negociante Inglês João Wije. A nação britânica tinha pois, aí a sua capela e o seu cemitério. Aí possuía também, à roda de 1835, uma belíssima propriedade, outro negociante Inglês o bibliófilo Gubian. Um século depois, 1936, edificou-se nela, por notável acção perseverante do Dr. Alfredo de Magalhães, e sob o risco do arquitecto francês George Épitaux, a Maternidade de Júlio Dinis, o que levou a Câmara a eliminar o topónimo Campo Pequeno, substituindo-o por Largo da Maternidade Júlio Dinis e Rua da Maternidade.” In Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas.
A Igreja do Mirante é o templo protestante mais antigo da cidade. Pertence à Igreja metodista e abriu as portas em 1877.
A igreja do Torne (Vila Nova de Gaia), foi a sede da congregação metodista de Diogo Cassels desde 1866 e, mais tarde, da escola da mesma congregação (que, em 1880, se juntou à episcopal Igreja Lusitana, na qual se mantém até hoje).