quarta-feira, 29 de junho de 2016

COMPANHIA AURIFÍCIA DO PORTO


6.14 – Companhia Aurifícia do Porto


Companhia Aurifícia nos seus tempos áureos. Fábrica pioneira em Portugal, na produção de objectos de ourivesaria (arte sacra, faqueiros, serviços de chá e café…), e ferragens diversas, pregaria, fundição, laminagem e estampagem de metais. Em 1864, é constituída a sociedade denominada “Aurifícia”, entre Joaquim Rodrigo Pinto, Miguel Gonçalves Curado e Silva, José Dias d’Almeida, Pedro Augusto da Costa, todos do Porto, Manuel António da Costa Guimarães, de Guimarães, e Augusto Alberto Correia, de Lisboa. A Aurifícia é um exemplar precioso da arquitectura industrial portuense, conservando fachadas, estruturas, maquinaria, elementos decorativos que fazem dela um dos últimos exemplares da vida industrial Oitocentista da cidade.



Última sede na Rua dos Bragas



"Ocupa 1,6 hectares em pleno quarteirão classificado da Rua de Álvares Cabral e é um tesouro por descobrir. o Governo considera a Companhia Aurifícia "um património excecional". Os donos querem vender.
Está à venda a Companhia Aurifícia, a antiga indústria de pregaria da qual a maioria dos portuenses conhecerá apenas a bonita fachada em tijolo cor de vinho na Rua dos Bragas. Para lá do portão, está o equivalente a 1,6 campos de futebol de terrenos e oficinas desativadas e um cenário quase cinematográfico, que se estende até à Rua de Álvares Cabral.


Joaquim Rodrigo Pinto - parece ler-se Rui Ferreira

A fábrica, que iniciou atividade em 1864, fechou há sete anos e o património da Companhia - detido por um banco, uma sociedade imobiliária, uma família e pequenos acionistas - está avaliado em 10 milhões de euros.
Além da antiga indústria (terrenos, edificado e recheio), integra um terreno ainda maior do que esse, devoluto e com 22 mil m2, na Rua de Cervantes, à Lapa. Esse terreno foi adquirido, em tempos, para lá ser construído um bairro operário, o que nunca chegou a acontecer.
A intenção de venda recai sobre todo esse património e a família portuense Pinto Leite, detentora de 33% do capital, admite vender a sua parte. Embora, como indicou ao JN um representante da família que é administradora da companhia há quatro gerações, a vontade dos acionistas seja alienar a totalidade.
A Companhia Aurifícia foi classificada em dezembro passado, como parte do quarteirão da Rua de Álvares Cabral (compreendido entre a Rua de Cedofeita e a Praça da República), no centro do Porto. O edificado da antiga zona onde famílias da média e alta burguesia construíram moradias com características arquitetónicas preciosas foi consagrado como Conjunto de Interesse Público.
No despacho da Presidência do Conselho de Ministros, salienta-se o "património excecional e que representa o exemplo mais bem preservado e coerente de uma instalação industrial dos séculos XIX-XX na área metropolitana do Porto". Percorrer a enorme fábrica é uma viagem a um passado industrial de charme.
Há salões de tetos altíssimos onde estão máquinas enormes, chaminés de tijolo, caldeiras a vapor, um canal de água e ricos detalhes arquitetónicos. Há um arco de pedra concebido pelo arquiteto Marques da Silva, encimado pelo busto de um antigo administrador esculpido por Teixeira Lopes. E muitos outros pormenores.
"A nossa vontade era que a Companhia tivesse um destino digno, mas que também fosse rentável para quem investir aqui", declarou um membro da família, sem esconder o receio que a classificação recente possa afastar investidores do imobiliário. "Isto é uma pérola, queremos preservar o que é para preservar, mas não se pode cair no fundamentalismo", afirmou a mesma fonte" In JN.


Produtos dos fins do séc. XIX



Serviços de chá com marca de 1870 a 1881


Moradia na Rua de Álvares Cabral


Proposta de urbanização do terreno da Aurifícia que vai desde a Rua dos Bragas à Rua da Álvares Cabral – autor Humberto Silva

segunda-feira, 27 de junho de 2016

COMPANHIA UNIÃO FABRIL PORTUENSE - UNICER

6.13 - Companhia União Fabril Portuense, Unicer


Projecto da CUFP na Rua de Júlio Dinis - Arquivo Histórico do Porto


Sede na Rua da Piedade – 1890

“Poucas empresas podem orgulhar-se de uma tão longa história, com raízes fundas que remontam aos inícios da industrialização do sector das bebidas, na segunda metade do século XIX. As origens da Unicer remetem-nos para o movimento dos industriais cervejeiros do Porto que fundaram, em 7 de Março de 1890, a CUFP - Companhia União Fabril Portuense das Fábricas de Cerveja e Bebidas Refrigerantes, uma sociedade anónima de responsabilidade limitada, dispondo de um capital inicial de 125 contos, com o objectivo de reunir capacidades financeiras e técnicas para desenvolver o seu sector de actividade. Das sete fábricas que se uniram nesse projeto, seis do Porto e uma de Ponte da Barca, algumas tinham já várias décadas de existência. Foram essas fábricas que iniciaram o abastecimento de cerveja nacional aos cafés e cervejarias do Porto, substituindo gradualmente a cerveja importada, numa época de mudança dos hábitos de consumo, sobretudo nos meios urbanos. Num país de tradições vinícolas, a cerveja passou de «bebida estranha» a «bebida da moda».No início, a CUFP começou a laborar nas fábricas da Rua Piedade e da Rua do Melo, em condições pouco mais que artesanais. Empregava apenas 13 trabalhadores e produzia, essencialmente, cervejas, gasosas e gelo, em quantidades limitadas. Nessa altura, a produção de cerveja rondaria os 360 mil litros.
Os negócios da empresa estendiam-se ainda a outras bebidas alcoólicas, como licores, cognacs e aguardentes, vinhos e genebra. A gestão era feita diretamente por acionistas eleitos para o efeito e decorria num ambiente familiar. Desde então até à actual Unicer, mais de 120 anos de história contam uma persistente busca de renovação em todas as dimensões da atividade da empresa”. Site da Unicer.



Esta CUFP, da Rua do Laranjal teria alguma coisa a ver com a da Rua da Piedade? Pelo nome leva-nos a crer que sim. A publicidade é dada como sendo de 1890, a mesma data da fábrica acima. Porém indica também uma firma Refrigerantes Estácio & Cª. (?)


Esquina das Rua da Piedade e Rua Júlio Dinis


Rua Júlio Dinis


Stand da CUFP na Exposição Colonial de 1934, no Palácio de Cristal


1907






“Falei já anteriormente sobre a Laranjada Invicta. Volto hoje ao tema a propósito de um outro cartaz publicitário que faz parte da colecção das simpáticas proprietárias da loja Collectus, no Porto.
Esta marca de refrigerante «Invicta» surgiu em 1956 e foi comercializada nas variedades de Laranjada, Cidra e Lima. Era produzida pela Companhia União Fabril Portuense das Fábricas de Cerveja e Bebidas Refrigerantes - Sociedade Anónima de Responsabilidade Limitada (CUFP), do Porto, que laborava já desde 1904.
O cartaz em causa, que as proprietárias me permitiram fotografar, por si só justificava já um poste. Foi feito pela Empreza do Bolhão, sucessora da Empresa Técnica Publicitária, fundada em 1910 por Raul Caldevilla e que seguiria também esta, no que respeitava à elevada qualidade dos seus cartazes”. In blogue Garfadas online


Garrafa alto relevo da CUFP


Carica


Evolução da maca Super Bock

"No dia 9 de Novembro de 1927 foi registado o nome da marca Super Bock, marcando assim início a história de uma das mais emblemáticas marcas portuguesas.
A ideia que culminou no surgimento da marca Super Bock partiu de um dos administradores da CUFP (Companhia União Fabril Portuense das Fábricas de Cerveja e Bebidas Refrigerantes), empresa que acabou por originar em 1977 a empresa que actualmente detém a Super Bock e várias outras marcas, a Unicer.
Esta cerveja é da variedade bock, inserida no tipo Lager, a cerveja mais consumida no mundo, caracterizada por fermentar a temperaturas mais baixas, tendo um teor alcoólico de 5,2%.
A história da Super Bock é inseparável da história da CUFP, sendo que, tal como o nome indica, a produção e consumo da cerveja se situou principalmente no Norte do país durante os seus primeiros anos, facto pelo qual demorou algum tempo a estender-se em massa para o sul do país. Esta expansão deveu-se em muito à inauguração da unidade fabril de Leça do Balio na década de sessenta, unidade que estava preparada para produzir cerca de 25 milhões de litros de cerveja por ano, para responder ao aumento da procura e de consumo que se verificou nesses anos. Assim, com o aumento da produção e com a aposta no reforço da distribuição, a Super Bock chegava a Lisboa no ano de 1972.
A Super Bock recebe a sua primeira distinção internacional, ao ganhar a medalha de ouro no concurso Monde Selection de La Qualité, evento realizado no Luxemburgo, que premeia as cervejas com maior qualidade. O número de medalhas ganhas pela Super Bock neste concurso atinge já as 35, sendo a única marca no nosso mercado que atingiu este feito. A expansão internacional também é notória, estando actualmente a Super Bock presente em cerca de 40 países nos 5 continentes”.
In blogue A Minha Gestão


Tipos de garrafas ao longo do tempo


A Super Bock nos sabores cool, Abadia, Tango, Green e Stout




Cubas de fermentação

Por necessidade de aumentar a sua produção, foi construída uma nova fábrica em Leça do Balio, inaugurada em 1964. Esta empresa passou por várias fases:após o 25 de Abril:
foi nacionalizada em 30/8/1975:
reestruturada em 1977 com a fusão da CUFP, União Cervejeira de Portugal e Copeja;
foi reprivatizada em 1990.
Após o ano 2000 diversificou os seus produtos comprando interesses em empresas produtoras de águas, vinho, café, turismo…

quinta-feira, 23 de junho de 2016

CHAPELARIA A VAPOR DE COSTA BRAGA & FILHOS


6.12 - Real e Imperial Chapelaria a Vapor de Costa Braga & Filhos


“A firma Costa Braga & Filhos, Lda. engloba em si uma história de 140 anos. Muitas pessoas, das mais variadas idades passaram por esta casa, tendo chegado a trabalhar nela gerações de famílias. É que falar da história desta firma, obriga a recuar até meados do século XVIII. (ou MELHOR, SÉCULO XIX).
Com efeito, foi em 1866 que surgiu na Rua Firmeza, no Porto, no edifício hoje ocupado pela Escola de Artes e Ofícios Soares dos Reis, a fábrica então denominada “Real e Imperial Chapelaria a Vapor de Costa Braga & Filhos”, só mais tarde se conjugando loja e fabrico nas actuais instalações da Rua 31 de Janeiro.
 Quatro vezes ao ano publicava um catálogo, em forma de revista – “A Moda”, definida pelo Diário Popular – Lisboa, a propósito do número 5 de A Moda, em 1884, como sendo “uma publicação trimensal, elegante, distincta, que sob bella forma nos dá, com algum artigo interessante àcerca das relações do estado com a indústria nacional, uma estampa de figurinos em phototipa”.
A Moda demonstra o elevado grau de prestígio industrial desta firma.
Nessa publicação constavam então artigos de opinião; referências aos clientes mais importante como a Casa Real – “os chapéus que ultimamente vieram para Sua Alteza o Sereníssimo Senhor Infante D. Affonso, estão bons, tanto na medida como no feitio e qualidade” (nº 5 d’A Moda) – bem como cartas de agradecimento de alguns clientes – “Acuso a recepção (...) relativa a um caixote contendo três chapéus que v... me fazem a honra de offerecer-me, e que gostoso acceito como uma recordação da perfeição dos seus artefactos, que de certo rivalizam com os melhores do mesmo género de Londres e Paris (...) – Luiz de Quillinan, Lisboa, 27 de Dezembro de 1883”.
 De facto, este reconhecimento público da qualidade empresarial e industrial desta firma, mereceu-lhe a atribuição da Comenda de Mérito Industrial – Labor, que ainda hoje, orgulhosamente, ostenta.
 Importa igualmente relembrar
os anos em que trabalhava com as ex-colónias, para 
as quais fabricava e exportava o chamado chapéu colonial. Também a farda era aqui confeccionada por medida.
É pois grande, a responsabilidade dos actuais proprietários, na defesa e continuidade do prestigio desta casa, granjeado ao longo de gerações. E esse espírito de prossecução na qualidade e seriedade, continua sempre presente, quer na garantia oferecida pelos seus produtos, quer nas relações com o mundo empresarial que a rodeia”.
In site desta empresa
 
Meu pai cantava uma música que terá sido composta pelos operários desta empresa numa homenagem ao seu fundador e que tinha a seguinte letra:

Francisco José da Costa Braga. pum, prrum
Nosso amigo e protector, pum, prrum
Mandou fazer uma fábrica
De chapelari’á vapor
Chap, chap, chap, chap,
Chapelari’á vapor (bis)
E a vapor, e a vapor, e a vapor.

Para ouvir clique abaixo:

 
 
Bonés de bombeiros
 
 
Militares
 
 
Bonés de GNR
 
 
Bonés de polícias
 
Todos estes bonés eram de fabrico da Costa Braga
 
Outros tipos de chapéus:
 

Chapéu Fedora
 

Modelo 4TD – Museu de Chapelaria – S. João da Madeira
 
 
Cartola - site Fábrica de Chapéus
 
 

Chapéu Hamburg – lançado por Eduardo VII há mais de 100 anos e usado até aos anos 50 – site Fábrica dos chapéus
 
 
Chapéu de Coco

“Antigamente era assim, como hoje dizemos que, “me mostre os sapatos de um homem e lhes direi como ele é”, antigamente esse expoente da qualidade masculina era o chapéu. Ele indicava o status social e até mesmo o tipo de personalidade. O chapéu era adquirido e guardado de forma minuciosa, cada um para uma certa ocasião e para um tipo de roupa. Havia quem comprasse combinando com a mesma cor do terno.
Chapéus coco para os tradicionais, chapéus de palha para os tipos esportivos, aba curta, os mais usuais e abas largas para os mais inseguros, nunca se sabe quando pode chover. Para o trabalho no tempo, tecidos leves e palha trançada com aberturas para o ar. Cada tipo indicava alguma particularidade de seu dono.
Não importava o material, sempre elegantes, desfilavam imponentes em nossas ruas, nos cafés e em todas as casas havia, indiscutivelmente, um porta-chapéus ou um cabideiro a beira da porta de entrada. Sendo uma questão de etiqueta e uma delicadeza oferecer um local de descanso para tão digno aparato.
Mas eles sumiram, a moda acabou ou simplesmente se tornaram obsoletos. Existem diversas explicações para a decadência do chapéu. As contínuas recessões do século XX, as grifes famosas começaram a investir em outros acessórios com mais praticidade. Tempos modernos, a pressão diária conduz a pessoa a ter menos tempo em se arrumar e preferir roupas mais simples.
Um marco para o fim do chapéu foi nos Estados Unidos, a eleição de John F. Kennedy como presidente, um homem que se deixava fotografar sem chapéu, apesar dos protestos das Associações de Chapeleiros do seu país. O presidente de uma dessas, enviava a John Kennedy todo os novos modelos que sua fábrica produzia, na esperança de que o jovem presidente americano fosse usar algum. Como o mesmo não acontecia, ele chegou ao cúmulo de suplicar:
- Use um chapéu, qualquer chapéu, mas use um pelo menos!
Fato que realmente não viria a ocorrer e ironicamente o presidente acabaria por morrer com um tiro na cabeça. Não digo que um chapéu o protegeria do projetil, mas que iria pelo menos, atrapalhar a mira de Lee Oswald, isso iria.
De lá para cá, em diversos países, houve a decadência do comércio e a falência da sua indústria. No Brasil, os grandes fabricantes de origem europeia, como o Ramenzoni em São Paulo (capital) e a Cury (Campinas) resistem com a abertura de novos nichos como os jovens sertanejos. A Cury bem que tentou uma sacada de marketing que infelizmente não se pode concluir da maneira esperada. O herói de cinema, Indiana Jones, utiliza no filme, um chapéu Cury que era até mesmo um complemento do personagem, pois tinha até mesmo a história de como ele ganhou o chapéu e mostrava como ele o estimava. Mas os estúdios que detinham a marca não aceitaram uma proposta de um contrato de marketing e uma campanha para um chapéu de nome Indiana Jones.
O fato é que hoje, muitos acreditam que tal indumentária seja para pessoas mais velhas e tradicionais que ainda usam. Mas nem esses podem negar que a presença de um homem de chapéu ainda impõe um certo respeito”.
Site Angelino Neto.wordpress.com
Fazendo um chapéu de feltro

segunda-feira, 20 de junho de 2016

FÁBRICA DO TABACO

6.11 – Fábrica do tabaco





Plantação e flor do tabaco

Supõe-se que o tabaco tenha proveniência americana, mas há quem defenda que seja asiática, africana ou mesmo australiana. Foi o embaixador de França em Lisboa Jean Nicot (daqui a designação de Nicotina) quem primeiro o plantou no seu jardim, tendo enviado sementes para Paris. Consta que o hábito de fumar foi introduzido em Inglaterra, em 1585, por Sir Francis Drake, que de volta da Virgínia, propagou e ensinou a manipular o tabaco, segundo o processo dos naturais daquela região. A partir dessa data espalhou-se rapidamente por toda a Europa e em pouco tempo se tornou um dos maiores negócios dos governos, dado que os impostos aumentavam de forma exorbitante.



Antiga Travessa da Fábrica

In Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha Freitas
Lemos em tempos que estas pedras estarão no Monte Aventino, será assim?


Hotel Infante de Sagres



Rua da Fábrica


Entrada Arte Nova do Grande Hotel Paris na rua da Fábrica


A Real Fábrica do Tabaco, sita na Rua do Tabaco era um importantíssimo negócio. 
Ilissínio Duarte escreve “No coração da cidade já em 1723 havia a Real Fábrica do Tabaco, que tinha a seu lado a bela e senhorial casa dos Senhores da Fábrica. Tudo se foi, mas ficou a rua com o nome da Fábrica, como eram Senhores da Fábrica os Souto e Freitas. Começa a rua, na Rua do Almada e termina na Rua de Santa Teresa…O tabaco da Real Fábrica era considerado superior ao da Fábrica de Lisboa. Tinha mais de 100 operários e apresentava ao mercado, várias marcas: "Cidade", "Somente, verde esturro" e "Esturro preto".


Existiu no séc. XIX a Fábrica de Tabaco Lealdade, fundada por João António de Lima, nascido em 1823. Ficava na Rua de Costa Cabral onde ainda hoje se encontra o seu belo edifício bem conservado. Este Lima foi que deu o nome ao Estádio do Lima e à Rua do Lima, pois foram terrenos por si oferecidos. Também uma parte da Rua da Alegria eram terrenos seus, oferecidos à Câmara. 

Já após a publicação deste lançamento recebemos um mail do Professor Ribeiro da Silva que, sendo uma mais valia à história de José António Lima, aqui  o acrescentamos:
"A propósito da Fábrica de Tabaco Lealdade, gostaria de vos informar que João António Lima, o seu fundador, morreu em 1891. Foi sua herdeira a sua companheira Luzia Joaquina Bruce que faleceu em 1917, em Lisboa, tendo deixado os seus bens à Santa Casa da Misericórdia do Porto. A sua casa era o edifício que actualmente é sede do Académico. Só muito recentemente (há cerca de 10 anos, mais coisa menos coisa), uma parte dos terrenos da Rua de Costa Cabral, ocupados pelo Académico, foram entregues pela Santa Casa à Câmara Municipal do Porto, por troca com terrenos que a Câmara possuía na VCI que foram integrados na Quinta da Prelada da SCMP. 
Esse Senhor João António Lima era desquitado e não pôde, por isso, casar com Dona Luzia, natural do Maranhão no Brasil, que foi a fundadora do Hospital da Lapa, em 1902-1904, e por isso é que João António Lima tem uma estátua em granito no cimo da fachada do Hospital da Lapa, que ela quis mandar fazer para perpetuar a memória do «marido». 
Recentemente saiu um livro muito belo, editado pela Misericórdia do Porto, intitulado «Luzia» da autoria de Margarida Negrais que trata toda esta história".

Existiu ainda, no Poço das Patas uma fábrica propriedade de Miguel Augusto da Silva Pereira, “fundada na Rua das Flores em 1865, quando foi decretada a liberdade de fabrico. Em 1868 associou-se com o seu guarda- livros, Fonseca, e outro empregado de nome Cardoso, passando a firma a ser “Miguel Augusto, Fonseca e Cardoso”, sendo transferida o Poço das Patas. Estes, por falecimento do fundador continuaram com a mesma firma até que em 31 de Dezembro de 1886 eles entraram com a fábrica para a sociedade anónima sob a designação de Companhia Nacional de Tabacos que se organizou pela fusão das fábricas de Lisboa e Porto.
Passou para o Estado quando se estabeleceu a “régie” e depois o monopólio. A de Miguel Augusto teve a especialidade de cigarro de 8, curtos, mas grossos e saborosos, que custavam 20 reis, pois os mais baratos, os “brejeiros”, tinham 12. Também eram conhecidos por “Marca Leão”, por terem como marca da casa, a figura do rei das feras. Eram magníficos os seus charutos de 25, de nome “trabucos”, como os cigarros curtos e grossos.” O Tripeiro, Volume 4 de 15/3/1919. 
Desta fábrica nada resta. Esteve no local onde hoje se encontra o Central Shoping. 



Devido á grande destruição causada nas vinhas pela filoxera, em 1884 foi autorizada a plantação do tabaco em 12 concelhos do Douro e Trás-os-Montes. Em 1927 foi revogada essa autorização. Ainda nos lembramos, nos anos 40 e 50 do século passado, de ver penduradas folhas de tabaco no armazém de uma quinta do Concelho da Régua.



Ainda se lembram? Lançados em 1928; em 1938 custavam 1$70 !




A causa de tantas mortes!!!