6.14 – Companhia Aurifícia do Porto
Companhia Aurifícia nos seus tempos áureos. Fábrica pioneira em Portugal, na produção de objectos de ourivesaria (arte sacra, faqueiros, serviços de chá e café…), e ferragens diversas, pregaria, fundição, laminagem e estampagem de metais. Em 1864, é constituída a sociedade denominada “Aurifícia”, entre Joaquim Rodrigo Pinto, Miguel Gonçalves Curado e Silva, José Dias d’Almeida, Pedro Augusto da Costa, todos do Porto, Manuel António da Costa Guimarães, de Guimarães, e Augusto Alberto Correia, de Lisboa. A Aurifícia é um exemplar precioso da arquitectura industrial portuense, conservando fachadas, estruturas, maquinaria, elementos decorativos que fazem dela um dos últimos exemplares da vida industrial Oitocentista da cidade.
Última sede na Rua dos Bragas
"Ocupa 1,6 hectares em pleno quarteirão classificado da Rua de Álvares Cabral e é um tesouro por descobrir. o Governo considera a Companhia Aurifícia "um património excecional". Os donos querem vender.
Está à venda a Companhia Aurifícia, a antiga indústria de pregaria da qual a maioria dos portuenses conhecerá apenas a bonita fachada em tijolo cor de vinho na Rua dos Bragas. Para lá do portão, está o equivalente a 1,6 campos de futebol de terrenos e oficinas desativadas e um cenário quase cinematográfico, que se estende até à Rua de Álvares Cabral.
Joaquim Rodrigo Pinto - parece ler-se Rui Ferreira
A fábrica, que iniciou atividade em 1864, fechou há sete anos e o património da Companhia - detido por um banco, uma sociedade imobiliária, uma família e pequenos acionistas - está avaliado em 10 milhões de euros.
Além da antiga indústria (terrenos, edificado e recheio), integra um terreno ainda maior do que esse, devoluto e com 22 mil m2, na Rua de Cervantes, à Lapa. Esse terreno foi adquirido, em tempos, para lá ser construído um bairro operário, o que nunca chegou a acontecer.
A intenção de venda recai sobre todo esse património e a família portuense Pinto Leite, detentora de 33% do capital, admite vender a sua parte. Embora, como indicou ao JN um representante da família que é administradora da companhia há quatro gerações, a vontade dos acionistas seja alienar a totalidade.
A Companhia Aurifícia foi classificada em dezembro passado, como parte do quarteirão da Rua de Álvares Cabral (compreendido entre a Rua de Cedofeita e a Praça da República), no centro do Porto. O edificado da antiga zona onde famílias da média e alta burguesia construíram moradias com características arquitetónicas preciosas foi consagrado como Conjunto de Interesse Público.
No despacho da Presidência do Conselho de Ministros, salienta-se o "património excecional e que representa o exemplo mais bem preservado e coerente de uma instalação industrial dos séculos XIX-XX na área metropolitana do Porto". Percorrer a enorme fábrica é uma viagem a um passado industrial de charme.
Há salões de tetos altíssimos onde estão máquinas enormes, chaminés de tijolo, caldeiras a vapor, um canal de água e ricos detalhes arquitetónicos. Há um arco de pedra concebido pelo arquiteto Marques da Silva, encimado pelo busto de um antigo administrador esculpido por Teixeira Lopes. E muitos outros pormenores.
"A nossa vontade era que a Companhia tivesse um destino digno, mas que também fosse rentável para quem investir aqui", declarou um membro da família, sem esconder o receio que a classificação recente possa afastar investidores do imobiliário. "Isto é uma pérola, queremos preservar o que é para preservar, mas não se pode cair no fundamentalismo", afirmou a mesma fonte" In JN.
Produtos dos fins do séc. XIX
Serviços de chá com marca de 1870 a 1881
Moradia na Rua de Álvares Cabral
Proposta de urbanização do terreno da Aurifícia que vai desde a Rua dos Bragas à Rua da Álvares Cabral – autor Humberto Silva