sábado, 7 de julho de 2012

BAIRROS DA CIDADE - IV

2.3.1 - Bairro da Sé - IV


Chamado Postigo do Carvalho, dado que o local se chamava dos Carvalhos do Monte, também se chamou de Santa Clara, por estar perto do Mosteiro, de Santo António do Penedo, por estar perto desta capela e passou mais tarde a chamar-se Postigo do Sol.


À esquerda a lareral da Capela de Santo António do Penedo – (ver Outras Capelas) - em frente a Porta do Sol, construida por João Almada e Melo em 1768, vista do interior da cidade.


Porta do Sol – foi destruída em 1875


A Rua Escura chamou-se Rua Nova até 1404, data que se encontra num documento do Cabido dizendo “Rua Escura que antigamente chamavam Rua Nova”. Era uma das mais importantes ruas do antigo burgo, onde se encontrava a Casa da Câmara Medieval, a Capela e Fonte de S. Sebastião junto da porta do mesmo nome e o Recolhimento de Nossa Senhora do Ferro. Este foi fundado no séc. XV e foi transferido em 1757 para as Escadas do Codeçal. A Fonte de S. Sebastião foi mudada para o Largo Dr. Pedro Vitorino, perto da entrada do Seminário da Sé.


Rua Escura – mercado - 1983


Fonte da Rua Escura ou de S. Sebastião


Rua das Flores vista do largo da Porta dos Carros – 1849/1859 – foto de Frederick Flower – A Rua das Flores foi mandada abrir por D. Manuel I em 1518 para ligar o Largo de S. Domingos ao Largo da Porta dos Carros. Assim, o trânsito de mercadorias passou a ser muito mais fácil e directo da Ribeira à saída da cidade. Inicialmente chamou-se Rua de Santa Catarina das Flores por ter ocupado muitos e belos campos pertencendo à Igreja. Daí, ainda hoje, se encontrarem casas antigas com a marca do bispo, roda de navalhas, ou do cabido, o Arcanjo S. Gabriel. Foi, através de séculos, uma das ruas mais importantes do Porto, onde os nobres e burgueses construíam as suas casas. Muito rica em trabalhos de ferro nas varandas. Foi chamada rua do ouro pelos muitos fabricantes e comerciantes de ouro e prata que abrigava. Ainda nos lembramos de algumas muito famosas tais como a Aliança, a Rosas, a Pedro A. Baptista, a das Flores, a Coutinho etc… Do lado esquerdo, na direcção do Largo de S. Domingos, havia muitas lojas de panos e vestuário, sobretudo armazéns de venda por grosso, que, na sua maioria, desapareceram. Dada a desertificação do centro da cidade, esta zona está muito decadente. Perto do Largo de S. Domingos encontra-se a Santa Casa da Misericórdia, de que trataremos, mais adiante, em pormenor. Dos edifícios mais notáveis podemos encontrar a antiga casa dos Ferrazes Bravos, depois vendida aos Maias, que lhe deu o nome, dos Cunha Pimentel e da Companhia Velha.


Rua das Flores – séc. XIX – vê-se o Convento de S. Bento de Avé Maria




A riqueza das suas varandas – do blog Vida em Fotos


Casa da Real Companhia das Vinhas do Alto Douro


Casa dos Ferrazes Bravos, depois Casa dos Maias, como hoje é conhecida

Video da Ourivesaria Pedro A. Baptista


Rio da Vila – Maquete do Porto medieval na Casa do Infante
Não podemos tratar da Rua de Mouzinho da Silveira sem primeiramente referirmos o Rio da Vila, que esta fez encanar. O Rio da Vila era um local muito poluído e mal cheiroso, pois os despejos das casas da Rua das Flores e circunvizinhas eram para lá atirados. Na Rua da Biquinha havia os Aloques da Biquinha que eram os depósitos de estrume e lixos da cidade, ao ar livre nas trazeiras das casas da Rua das Flores, e havia também os pelames ainda mais mal cheirosos que escorriam e pioravam o ambiente daquela zona. Os aloques foram fechados pela CMP em 1854

 

Saída do Rio da Vila - também conhecido por rio da Cividade, por passar perto do Morro da Cividade - começa em frente da Igreja dos Congregados e resulta da junção de duas ribeiras; uma nascida na Rua do Paraíso e outra na Fontinha, que no lugar de Fradelos se chamava de Ribeira de Fradelos. O Rio da Vila foi coberto, na sua parte final, quando da abertura da R. Nova de S. João ordenada por João de Almada e Melo em 1765. Em 1874 começou a ser encanada a porção ainda ao ar livre, desde o Largo do Souto à Rua Nova de S. João, quando da construção da R. de Mouzinho da Silveira, que lhe passa por cima. Aprovado que foi o projecto de Luis António Nogueira em 17/6/1875, a sua abertura fez demolir muitos e variados edifícios e ruas tais como: a Capela de S. Roque, o lindíssimo Largo do Souto, o Hospital e Capela de S. Crispim e S. Crispiniano, e a Rua das Congostas. A Rua de Mouzinho da Silveira foi aberta em duas fases: a primeira de S. Bento à Rua de S. João e a segunda até à Rua do Infante D. Henrique. Só terminaram as obras alguns anos depois.
Por piada o povo diz que esta saída foi a primeira ETAR da cidade, pois milhares de taínhas se alimentam dos esgotos arrastados pelo Rio da Vila.

 

Implantação da Rua de Mouzinho da Silveira


Rua Mouzinho da Silveira - demolições


R. de Mouzinho da Silveira no S. João de 1886


Ruas Mouzinho da Silveira e das Flores


Rua de Mouzinho da Silveira actualmente 

"A construção desta ampla rua (com 19 metros de largura) ligando o largo de São Bento (hoje, praça de Almeida Garrett) à Rua de São João, veio facilitar a ligação entre a Ribeira e o novo centro cívico que se desenvolvia em torno da praça de D. Pedro (hoje, da Liberdade). Para a construção desta rua houve que cobrir o rio da Vila com um grande aqueduto, expropriar mais de 80 parcelas de habitações que se localizavam na área correspondente ao seu traçado e demolir alguns edifícios notáveis, como as capelas de São Crispim (da qual se descobriram recentemente as fundações) e de São Roque. Durante cerca de 100 anos, esta importante artéria do centro da cidade foi profundamente marcada por um perfil comercial relacionado com a proximidade da estação ferroviária de São Bento, tendo historicamente cumprido um papel, hoje ultrapassado, de grande importância para o abastecimento das áreas rurais do Minho e Douro, nomeadamente em sementes, equipamentos para a lavoura, santos, balanças, rolhas, etc."

Descobertas arqueológicas nesta rua - vídeo 


José Xavier Mouzinho da Silveira foi um importante estadista, jurisconsulto e político português e uma das personalidades mais marcantes da revolução liberal, operando, com a sua obra de legislador, algumas das mais profundas modificações institucionais nas áreas da fiscalidade e da justiça.

Foram descobertos vestígios da Capela de S. Crispim sob a Rua do Mouzinho da Silveira - vídeo
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=jGkb2wPiJT8#!

Caminhos da História - Joel Cleto
http://videos.sapo.pt/buNQsWIknTYqI4lNvFZE

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