quinta-feira, 26 de julho de 2012

BAIRROS DA CIDADE - VII

2.3.2 - Bairro da Victória


Igreja de Nossa Senhora da Victória e rua de S. Miguel na Páscoa de 2011 – blog Poplox


Rua de S. Bento da Victória – a Igreja Paroquial fica à direita – No séc. XVI o beneditino Pereira de Novais afirma que “a Rua de S. Miguel principia na Porta do Olival e termina junto da Igreja de Nossa Senhora da Vctória.” Mais tarde, por volta de 1743, é que se passou a chamar Rua de S. Bento da Victória. A rua em frente à Igreja continuou a chamar-se S. Miguel, pois era já o seu antigo nome.


Portão de ferro ao lado da igreja - blog Poplox

Criada em 1583 juntamente com S. Nicolau e S. João de Belomonte (que só existiu 9 anos, tendo o seu território sido repartido entre as outras duas), o seu nome está envolvido em lendas. Pinho Leal, no seu livro Portugal Antigo e Moderno refere que : “Dizem uns que a origem de Rio Tinto, Campanhã, Batalha, e Victória proveio de um grande combate ferido, entre mouros e cristãos em volta da cidade, e que os títulos supra comemoram os triunfos alcançados nessas sanguinolentas batalhas, e os outros dizem que o título de Victória provém da conversão de grande parte dos judeus que viviam na judiaria do Porto, em volta do local onde se erigiu a igreja que simbolizava uma conquista moral, não um triunfo guerreiro.


Altar-Mor - Damião Pereira de Azevedo, cerca de 1780


O Povo não gostou da cabeça da imagem feita por Soares dos Reis, pois achou-a demasiado humana, inspirando pouca devoção. Já lemos algures que o modelo foi uma mulher desta freguesia.



                                                     Esquina da rua S. Miguel e Victória

“A bela sala da livraria de que roubaram os ricos azulejos, parte dos quais foram guarnecer uma propriedade pertencente ao vizinho João Pereira Vellado, era sumptuosa”
– O Tripeiro I série, volume 2 , pag 412, autor S.A. - Artigo referente à Igreja de S. Bento da Victória.



Um dos paineis de azulejo da casa acima


Gravura de H. Duncalf – 1736 - á esquerda, fora das muralhas, o Monte de Judeus


Zona da Judiaria do Olival – reprodução de carta de 1523
Porta do Olival (52), Muralha Fernandina (37), Largo do Olival (53), R. de Trás (51), R. da Ferraria de Cima (Caldeireiros – 48)

ARC não se refere à comunidade judaica, mas dada a sua importância na história da cidade incluímos a seguinte referência: Já desde antes do início da nacionalidade há memória da existência de judeus no Porto. Viviam na cerca velha juntamente com os cristãos e tinham uma sinagoga perto da Porta de Santana. Também habitavam na Ribeira, Miragaia e Monchique. Foi neste local que formaram uma comunidade com Sinagoga e cemitério próprio, pois não era permitido sepulta-los junto dos cristãos. Daí o nome, ainda hoje conhecido, por Monte de Judeus, na zona onde mais tarde se construiu o Convento de Monchique, fundado em 1533 por Pero da Cunha Coutinho, no local onde existira a sinagoga. D. João I, em 1386, determinou a sua concentração num local dentro das muralhas e restrito, que passou a ser perto da Porta do Olival, hoje R. de S. Bento da Victória, Escadas da Esnoga e de Belomonte e a Rua da Victória até à Viela do Ferraz. Este local era fechado por dois portões, um na entrada da Rua de S. Bento da Victória e outro no final das escadas da Esnoga. Os judeus não podiam circular na cidade após o “toque de correr”. Este sino esteve perto da Sé e nos fins do séc. XIV foi transderido para a Porta do Olival. Tocava por 3 vezes a hora de recolher. Construíram uma sinagoga onde hoje se encontra a Igreja da Victória. Em Dezembro de 1486 D. Manuel I decide a expulsão dos judeus, pelo que muitos saíram e outros se converteram ao cristianismo. Estes foram chamados de Cristãos Novos.
Na História do Porto, coordenada por Oliveira Ramos, lê-se a seguinte passagem: “ os judeus do Porto foram uma comunidade bem organizada social, religiosa e politicamente, rica em cultura, socialidade e dinheiro, sem dúvida importante na história da cidade… relativamente a ela a sociedade cristã tripeira parece ter-se comportado de modo aceitante e compreensivo. Pelo mesmo, tolerante.”




Anterior Largo da Victória - tomou o nome de Largo da Bateria por ter sido aí colocada uma peça de artilharia, durante o cerco do Porto. O povo chama-lhe Bataria. Ainda há uns anos se viam buracos na Igreja, pois foi alvo muito atacado do lado de Gaia pelos miguelistas.
Na foto de cima, de Francisco Oliveira, pode ainda ver-se a casa, restaurada, com janelas em ogiva da foto antiga de baixo.


No lado Sul da Igreja da Victória ainda se vê um buraco feito por um projectil da artilharia dos Miguelistas, instalados em Gaia, durante o cerco do Porto. Foto do blog Vida em Fotos.


Casa onde nasceu aos 4 de Fevereiro de 1797 João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett - Mandou gravar à memória do grande poeta a Câmara Municipal desta cidade em 1864


Antiga Farmácia da Porta do Olival – foto O Tripeiro


Na cave do Café Porta do Olival, ao lado da Torre dos Clérigos, ainda se podem ver restos da Porta do Olival – esta abria para a Cordoaria e era a saída da cidade para Norte que, seguindo a Rua de Cedofeita, conduzia a Vila do Conde, Póvoa etc. - Foto de Carlos Silva no blog Porto Sentido

Sobre o Convento de S. Bento da Victória, as Igrejas de Santa Maria da Victótria, Clérigos, Carmo, Carmelitas e outras importantes obras desta freguesia, como o Mercado do Anjo etc. trataremos em lugar próprio.

Informação: Durante o mês de Agosto não faremos publicações. Desejamos boas férias aos nossos leitores. 




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