3.11.7 - Couto, Freguesia e Igreja da Foz do Douro - III
Cemitério da Foz do Douro
Mausoléu do Padre Moura – 2 fotos de "Tesouro Barroco da Foz do Douro"
“José dos Santos Ferreira Moura, nasceu no dia 29 de Abril de 1839, na casa de seus pais, situada no lugar de Ervedosa - freguesia de S. Pedro da Cova, concelho de Gondomar.José, o nosso futuro Padre, foi o terceiro filho do casal, foi baptizado no dia 5 de Maio, na Igreja (hoje inexistente) de S. Pedro da Cova,Foi nas Têmporas do Advento, sábado 22 de Dezembro de 1860, que o Arcebispo D. José Joaquim de Azevedo Moura lhe conferiu, na capela do Paço Arquiepiscopal, a primeira das Ordens Maiores. Em idênticas circunstâncias, recebeu o Diaconado a 25 de Maio de 1861. Passado um ano e tal, nas Têmporas de Setembro de 1862, concluídas as aulas do Seminário e prévios exames e preparação espiritual, recebeu finalmente a Ordenação Sacerdotal.Por morte do Abade da freguesia de São João da Foz do Douro, Padre Alexandre de S. Tomás Pereira, foi o capelão de Corpus Christi nomeado pároco do Foz em 20 de Fevereiro de 1873. A 7 de Novembro de 1876, o Padre José dos Santos Ferreira Moura, passou de simples pároco encomendado a abade colado da freguesia. Tomou posse deste a 12 no mesmo mês e ano, e o seu relacionamento com a população decorreu da melhor forma.A Caridade era para o Padre José Moura o meio mais perfeito de identificação com o Divino Mestre. E se os seus sermões realçavam o valor desta virtude teóloga, as suas acções eram um exemplo vivo da sua prática, o exemplo dum verdadeiro cristão. O Padre José Moura foi um pároco exemplar, esforçando-se sempre por dignificar o culto divino através de várias manifestações. Dava especial importância à festa da Primeira Comunhão e do Crisma.No campo social, para além de ter criado a Banda Marcial da Foz, foi um dos criadores, em 1877, da Associação de Socorros Mútuos da Foz do Douro, hoje já desaparecida.No dia 22 de Maio de 1887, o Padre José Moura, foi fazer uma prática na Capela de Nosso Senhor da Ajuda, em Lordelo, como tantas vezes o tinha feito. Todavia, já no final do sermão, sentiu-se mal - um resfriamento que rapidamente se tornou em pneumonia dupla. Apesar dos cuidados intensivos de três médicos seus amigos, da presença de enfermeiros e amigos, Deus quis oferecer-lhe um lugar melhor e levou-o em apenas quinze dias. No dia 6 de Junho pela manhã, compreendeu perfeitamente que se aproximava o termo da vida e pediu pela segunda vez a Comunhão. Perto das 2 horas da tarde, pediu a Extrema Unção. Depois desta pediu que lhe dessem um pequeno Crucifixo que possuía, e com ele nas mãos juntas principiou a rezar o Miserere. Num dado momento a boca ficou semi aberta, como interrompida na articulação duma palavra. Eram 15 horas e um quarto - Morrera. Tinha apenas 48 anos de idade, uma vida de dedicação que não acaba aqui. O seu túmulo tornou-se, desde então, um local quase de peregrinação. Tal como em vida, mesmo depois da morte, muitos são os que o procuram, na esperança de uma ajuda.No ano de 1924, devido a obras de terraplanagem no cemitério, foi necessário elevar o jazigo do Padre Moura ao nível do terreno. Durante essas obras descobriu-se que o corpo estava bem conservado. Logo uma multidão se aglomerou no cemitério da Foz quando a notícia se espalhou. Apesar dos protestos da maioria das pessoas ali presentes, que exigiam que o corpo fosse exposto, o caixão foi novamente fechado e introduzido no jazigo.Todavia não tinha ficado convenientemente fechado, pelo que passados 5 meses, o delegado da Confraria do Santíssimo Sacramento, encarregado de cuidar do mausoléu, requereu autorização à junta da Paróquia para o selar. Tendo obtido a respectiva autorização, quando se preparava para o fazer, juntou-se uma enorme multidão que exigia que o corpo do Abade Moura ficasse em exposição, a bem ou a mal. Perante tal situação, foi o corpo exposto, tendo o povo desfilado em silêncio junto à urna, com a promessa de que futuramente ficaria em exposição.
Nessa altura a Confraria encarregou dois médicos para fazerem um exame rigoroso para se determinar as causas da não decomposição do corpo do Abade Moura.
No final do relatório sobre o exame, apresentado a 4 de Novembro de 1924, pode ler-se:”…As condições de exposição necessárias para a mumificação, não são permitidas pela natureza do terreno do cemitério nem pelas condições de inumação, que, aliás, foram as de todos os outros, os quais em 37 anos se consumiram inteiramente. As razões desta ordem, bem como as conclusões do exame, levam os declarantes a afirmar que o fenómeno a que acabam de fazer referência é invulgar e insatisfatoriamente explicado pelos dados da ciência.”
Como era da vontade geral que o corpo do Abade Moura ficasse permanentemente em exposição, construiu-se uma outra comissão encarregada de angariar fundos para a construção de um mausoléu ,mais sumptuoso e com capela anexa. A 6 de Junho de 1927, no 40º aniversário da sua morte, o corpo foi revestido de novas e mais ricas vestes sacerdotais, e encerrado numa urna de cristal. Entretanto foi submetido à prova da cal, uma forma de ver se o corpo se decompunha, o que não aconteceu.
No dia 24 de Agosto de 1929, foi a urna definitivamente colocada no túmulo de mármore do novo mausoléu, só completado em 1938 e aonde repousa até hoje. In padremoura.org
Bênção da Capela do Mausoléu do Padre Moura pelo Bispo D. Agostinho de Jesus e Sousa – 31/10/1946
Brasão dos Tavares e Távora no cemitério da Foz do Douro
Desenho no álbum Recantos Típicos da Foz, de Salgado Guimarães, editado em 1982.
“No primeiro terço do séc. XIX, resultante da vitória dos adeptos de D. Pedro, terminou o Couto, a Administração Beneditina na Foz do Douro. Foi assim criado o Concelho de S. João da Foz do Douro, com uma só freguesia de área tão reduzida e paredes-meias com a Cidade do Porto, que não podia subsistir muito tempo. Dezoito meses foi a sua existência. A sua sede situava-se na rua Direita (mais tarde rua Central e posteriormente rua do Padre Luís Cabral) numa casa fronteira à Capela de Santa Anastácia. A primeira Comissão Municipal, interina em 1834, era constituída por José Gonçalves Araújo, presidente, António José Silva, vereador Fiscal e José Monteiro Salazar, vereador. Três cidadãos que a 21 de Setembro do mesmo ano deram poderes e aceitaram o juramento de fidelidade a Rainha e à Carta Constitucional de cinco elementos, presididos por José da Silva Ferreira para iniciarem a municipalidade na Foz do Douro. A primeira importante medida administrativa tomada, após a posse, tratou a iluminação da Vila para a qual foi lançado um imposto de 2 reis em cada arrátel de carne.
Extraído de “Retalhos da Velha Foz” do Dr. Fernando Russell Cortez, artigos publicados no jornal O Progresso da Foz em 1978/79".
Esta casa também serviu de cadeia do concelho.
Os habitantes da Foz queixavam-se que os impostos cobrados pelo Couto dos Beneditinos eram muito elevados, pelo que apoiaram a criação do Concelho. Após as eleições ficaram muito desiludidos pois, a câmara, logo que eleita, aumentou-os para o pagamento dos ordenados do Presidente e outros membros da autarquia.
“Foto da casa onde terá funcionado a Câmara Municipal. Mais tarde, após a integração da Foz do Douro na cidade do Porto, funcionou também nesta casa a Junta da Paróquia, assim designada. Posteriormente foi erguida a sede actual da Junta de Freguesia, no terreno do Cemitério. Consta que a coveiro ao serviço no cemitério à época teve direito a habitação, bem como a família, nos baixos da autarquia, por ter trabalhado voluntariamente na construção da sede. Situação que se manteve ainda para além da viragem democrática em 1974. O Último coveiro a viver nos baixos da sede da Junta foi Manuel Guedes Paiva e Silva”. In A nossa Foz do Douro
Antiga Junta de Freguesia da Foz do Douro, ao lado do cemitério.
Em 29/9/2012 foi criada a União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, tendo a junta passado para a Rua da Vilarinha.
Das Memórias Paroquiais de 1758:
Mercado da Foz do Douro - vídeo
“O Mercado da Foz, que completa hoje setenta anos de actividade, foi mandado edificar pela Câmara Municipal do Porto porque a Foz do Douro, e a sua área envolvente, era, à época, uma zona com muitos lavradores que sentiam necessidade de um local onde pudessem escoar os produtos agrícolas que produziam. Mas o município só decidiu construí-lo porque no Mercado Ferreira Borges se ia registando enorme perda de clientes. Esse Mercado esteve para ser transferido para a Foz do Douro em 1906, tendo em conta que já nessa altura havia na vereação quem defendesse que era a melhor solução. Mas nunca se deu tal transferência. Assim, para a construção do Mercado da Foz foi comprado um terreno pela Câmara Municipal, de lavradio, com 6.613 metros quadrados, sito à rua da Cerca, na parte que hoje é avenida do Marechal Gomes da Costa e o caminho da Ervilha", conforme refere o Boletim Municipal do Porto, em 1936. Veio a ser inaugurado a 15 de janeiro de 1944, precisamente quatro anos depois da aprovação, pela edilidade do Porto, do projecto do arranjo urbanístico da zona da avenida do Marechal Gomes da Costa.(Texto de Agostinho Barbosa Pereira, publicado na página "A Nossa Foz do Douro", em 15/01/2014)”.
Foz do Douro - documentário
Vistas do ar
Nuno Augusto Monteiro de Campos Moura
A Foz do Douro: evolução urbana
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