DO GRANDE RIO DOURO E DO IMPORTANTE COMÉRCIO QUE DELE PROVÉM À CIDADE, ÀS CONQUISTAS DO REINO E NAÇÕES ESTRANGEIRAS
6.1.1 – Nascimento e curso deste rio
Península Ibérica – vale do Douro bem visível – o Porto e a Foz do Douro ficam no “olho” da Península – foto da Nasa
Bacia hidrográfica do Douro
Foto de João Freitas em O Tripeiro
Poema de Augusto Gil, ilustre poeta portuense
"O Douro Portuguez e paiz adjacente" - mapa do Barão de Forrester - 1848
Douro internacional
Portugal e Espanha - foto Juan Francisco
Mapa de Portugal Antigo e Moderno - Padre João Baptista de Castro - 1762
Dicionário de Portugal Antigo e Moderno – Augusto Pinho Leal - 1877
Pinho Leal - 1816/1884
Castelo de Freixo de Espada à Cinta - desenho do séc, XVIII de José Monteiro do Carvalho - blogue Douro Virtual
Freixo de Espada à Cinta - Igreja matriz e Torre do Galo
“Incluída na Zona Especial de Protecção da igreja matriz em 23-01-1953. Embora seja habitual atribuir a fundação do castelo de Freixo de Espada À Cinta a D. Dinis, existem referências a uma anterior fortificação que foi atacada e tomada pelas forças leonesas em 1212, permanecendo desde então sob o seu controlo até às pazes assinadas por Sancho II em 1223, volta a ser mencionado num documento de 1248.
Dever-se-á ao rei Lavrador a obra de reconstrução que deu ao castelo o prospecto com que surge representado no Livro das Fortalezas do reino executado pelo escudeiro e topógrafo da corte de D. Manuel I, Duarte d’Armas. Hoje tudo o que resta da antiga fortaleza é a torre heptagonal e alguns troços de muralha já integrados na malha urbana. No topo da torre de sete faces, destacam-se os parapeitos ameados, assentes em cachorros salientes. No cimo desta estrutura ducentista foi erguida uma estreita torre sineira, com relógio incorporado, coberta por uma pirâmide rematada em cata-vento, a que se deve o no me de «Torre do Galo» por que ficou conhecida popularmente.
Classificada Monumento Nacional em 16-06-1910” In Lente Oculta
Portugal Antigo e Moderno - 1877
Pelourinho
Nesta vila nasceu, o poeta Guerra Junqueiro (1850/1923)
Inauguração da ponte de Barca d’Alva – 18/6/1955
Foto de Daniel Tiago
Em 1887, Barca d'Alva foi palco da conclusão da Linha do Douro, que na Ponte do Águeda atinge o seu 200º e final quilómetro. Com a ligação feita à estação de Boadilla através de La Fregeneda, a Linha do Douro transformou-se numa linha internacional, sendo a ligação mais directa entre o Porto e o resto da Europa.
Evocada no livro “A Cidade e as Serras” de Eça de Queiroz, a estação ferroviária de Barca d’Alva constituía uma importante paragem do comboio rápido que fazia a ligação entre Porto e Paris. Esta importância é visível na indicação “Grande Velocidade” por cima da porta central.
Possuía, além dos equipamentos normais de uma estação de grande importância e terminal como cocheiras e placa giratória, os postos aduaneiros, posto da Guarda Fiscal, e um hotel
Porém, em 1985, o troço Boadilla-Fregeneda-Fronteira do Águeda foi encerrado.
No excelente Blog A Porta Nobre encontrámos uma série de 12 cartas que o Barão de Forrester escreveu durante uma viagem de barco entre o Porto e o Alto Douro, que consideramos serem documentos muito importantes. Com a devida vénia, entendemos que não poderemos deixar de as reproduzir. Fá-lo-emos, uma de cada vez, durante a nossa descida do Rio Douro.
O nosso trabalho descreve o Rio Douro desde a nascença à foz, porém as cartas seguem o trajecto inverso. Não nos parece, no entanto, que levante problemas na sua descrição.
“COMEÇAMOS HOJE A PUBLICAÇÃO DE UMA SÉRIE DE CARTAS SOBRE O DOURO, QUE JULGAMOS INTERESSANTES E DEVEMOS À BONDADE DE UM CAVALHEIRO TÃO HABILITADO PARA ESCREVER SOBRE ESTE OBJECTO, COMO O ILLMª SR. FORRESTER.
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“11 de Setembro de 1854 – do Jornal O Commercio
PRIMEIRA CARTA
Quem quer seguir viagem do Porto pelo rio Douro acima, deve lembrar-se que até Pé de Moura quase nunca no Verão os barcos carregados poderão passar sem maré, e ainda que a nossa barquinha não levava o que se pudesse chamar carga, contudo os arranjos de camas, baús e mais utensílios próprios ou necessários para uma longa viagem, bem como a tolda, os armários, beliches, mantimentos, etc. pesavam, pelo menos, metade da lotação do barco que era de nove pipas – escolhemos por conseguinte a hora da maré, que deitava das 3 para as 4 horas da tarde para a nossa saída de hoje.
Também ainda que não somos astrólogos nem sabemos calcular bem as mudanças do tempo temos tal ou qual fé nas diferentes fases da Lua – e como há 15 dias a esta parte sempre tivemos vento Leste fortíssimo, entendemos que este quarto de Lua crescente nos poderia favorecer, e com efeito assim aconteceu porque não somente podemos aproveitar a maré mas tivemos vento pela popa.
Chegamos às 8 horas e meia a Carvoeiro, 3 léguas e meia da cidade, andando à razão de 3 quartos de légua por hora.
O leito do rio Douro até este ponto é uma pouca de areia – o canal para a navegação é estreitíssimo e actualmente na maré baixa apenas trás de 2 a 3 palmos de água. Estas areias depositam-se todos os anos com as enchentes do rio, e as marés de Verão concorrem para a sua conservação. Assim tem acontecido desde que os Fenícios se estabeleceram em Portugal – e pelo que se vê, a arte, a ciência, e o mecanismo não poderam remediar o mal! – ao menos pelo que vemos, não parece ter havido tentativa alguma para este fim.
Pela margem esquerda notamos as pequenas povoações de Quebrantões – Oliveira – Espinhaça de Avintes – Arnelas – Crestuma e Carvoeiro, e pelo lado direito Campanhã, Valbom, Gramido, Atães, Sousa, Gibreiro, Esposar, Lixa e Pombal.
Quebrantões é notável por ser o sítio onde na guerra peninsular, os exércitos luso-britânicos passaram, quando os franceses evacuaram o Porto. Agora é neste sítio a barreira por onde nenhum barco, por pequeno que seja, pode passar sem ser examinado.
Defronte são as ruinas do grande Seminário que foi arruinado durante o cerco do Porto e logo ao pé, também se vêem algumas paredes do palácio desmantelado do Bispo: tanto as belas árvores desta quinta como as do Convento da Serra foram cortadas em 1833.
Oliveira, sempre tem sido célebre pelo seu antigo convento e por ser a sua cerca um recreio para os habitantes do Porto.
Avintes, é a terra das padeiras que abastecem a cidade do Porto com excelente pão.
Arnelas, notável por suas madeiras e lenha e pela sua feira de S. Miguel, em que as nozes abundam.
Crestuma, pela abundância de águas e lenhas suficientes para fazer trabalhar imensas fábricas – porém onde por ora ainda não há nenhuma. Aqui no tempo da antiga Companhia havia o registo de todos os barcos com vinho que iam para o Porto.
Carvoeiro, pela quantidade de lenhas e madeiras que manda para o Porto.
Campanhã, pelas fábricas de curtume e pelo isolado palácio arruinado do Freixo, que tem as armas dos Lencastres sobre a porta.
Valbom, por ser a terra dos pescadores, que nas suas belíssimas lanchas vão ao mar.
Gramido, sítio onde o Sr. D. Miguel em 1833 estabeleceu uma ponte de barcos e onde em 1846 se fez a convenção entre as forças luso-espanholas e a Junta do Porto.
Os povos desde Atães até Pombal sustentam-se do produto das suas terras mandando apenas de vez em quando algumas melancias, melões e hortaliças para o Porto.
É para notar que em toda esta extensão do rio, em quanto que os homens se ocupam na agricultura, as mulheres conduzem os seus barcos com géneros ou passageiros para o Porto. Estas mulheres são muito hábeis na sua ocupação; a maneira como elas cantam suas modinhas, que geralmente são originais, faz crer com especialidade ao estrangeiro, que são as criaturas mais felizes do mundo e que ignoram inteiramente o que é a fome e a miséria.
São muitos os dias que nem dois patacos ganham – porém continuam a cantar e parecem contentíssimas com a sua sorte.
Chegados ao nosso ancoradouro, tratamos de fazer os arranjos necessários para ai passarmos a noite.
Sou de VV. & c.
J. J. Forrester
Publicada por Porta Nobre à(s) 4/21/2013”