Imagem de 1678 - o dia 15 de Agosto é dedicado no calendário religioso à Assunção de Nossa Senhora ao Céu. O culto a Nª Sª do Pilar teve origem em Espanha, em pleno séc. XVII e terá sido trazido para Portugal depois da Restauração. De acordo com a tradição S. Tiago Menor, Apóstolo, desalentado após o martírio de Santo Estêvão, no período das perseguições aos cristãos, veio pregar o Evangelho para Espanha. Foi aí que lhe teria aparecido a Virgem sobre um pilar, exortando-o à pregação e pedindo-lhe a construção de uma igreja, em sua dedicação.
Torre da Capela original do convento – foto de img. Photobucket
“No ano de 1140, o bispo do Porto, D. Pedro Rabaldio, fundou um mosteiro de freiras, que seguiam a regra de inclusas ou emparedadas, no sítio em que está erigido o edifício do actual mosteiro da Serra do Pilar, de invocação a São Nicolau.
Este mosteiro vigorou até princípios do século XIV, em virtude de não haverem religiosas que desejassem continuar a cumprir a cruciante penitência usada nesta casa religiosa.
Em virtude do convento das Donas Emparedadas de São Nicolau ficar desabitado, o prior do convento de Grijó, D. Bento Abrantes, deliberou estabelecer uma filial do seu mosteiro no sítio em que existiu o das monjas de S. Nicolau.
E, assim, depois de ter obtido a licença pontifícia, conseguiu que o bispo D. Baltasar Limpo, prelado do Porto, viesse benzer e lançar a primeira pedra para a edificação do novo mosteiro, cerimónia que foi realizada no dia 28 de Dezembro do ano de 1537. Em 19 de Junho de 1540, o fidalgo João Dinis Pinto vendeu, para cerca do novo mosteiro, pela quantia de 10$000 reis, uma parte da sua quinta de Quebrantões, da qual era Senhoria directa a Câmara do Porto.
Dois anos depois, em 1542, o novo convento recebeu os primeiros monges, que vieram do convento de Grijó.
No ano de 1566, convieram os priores dos conventos de Grijó e da filial a dividirem os seus rendimentos, com o objectivo do novo mosteiro ficar independente. Nesta conformidade o novo mosteiro substituiu o orago do Salvador pelo de Santo Agostinho, que foi mantido até à sua extinção em 1834. O prior D. Acúrcio de Santo Agostinho resolveu mandar construir a actual igreja ao lado da primitiva, que ainda hoje se pode ver, no ano de 1598.
Foi o prior D. Jerónimo da Conceição que, no domingo de Páscoa do ano de 1678, mandou colocar, no altar-mor da igreja do mosteiro, a imagem de Nossa Senhora do Pilar, à veneração dos fiéis”. In G-Sat.net.“
Eugénio Andrea da Cunha Freitas dá uma razão diferente da acima indicada para a construção do Convento da Serra do Pilar. Diz que o convento dos Cónegos Regrantes de Coimbra levavam uma vida “de um certo relaxamento de costumes, vícios e abusos dos crúzios, que ofendiam os povos, e queixas subiam até à própria corte”. O mesmo acontecia no de Grijó. “D. João III decidiu pôr termo a esses desregramentos e em 1527 nomeou-lhes um reformador, o frade Jerónimo Fr. Brás de Braga”.
O Mosteiro de Grijó não o aceitou como tal recusando-se a obedecer a um frade de outra regra. “Filia-se nesta rebeldia a fundação do Mosteiro do Salvador do Porto, depois denominado Serra do Pilar. Sob o pretexto que Grijó estava arruinado, e em lugar baixo e muito húmido, de acordo com
o Bispo do Porto, D. Frei Baltazar decidiu fundar, em 1537, um novo mosteiro na margem esquerda do Douro. Lançou a primeira pedra D. Frei Baltazar Limpo, em 28/8/1538…a igreja concluiu-se em 1660”.
Convento da Serra do Pilar antes do cerco do Porto de 1832 – gravura do Barão de Forrester tirada a nascente do Prado do Repouso. Á direita ficava a Capela do Senhor do Carvalhinho que serviu de quartel da marinha de D. Pedro durante o cerco. Mais acima ainda se vê um pouco da Muralha Fernandina. Por baixo do convento encontra-se a Capela do Senhor d’Além e a Ponte das Barcas.
James Holland – 1838 – Mosteiro da Serra do Pilar ainda com vestígios do cerco do Porto
James Murphy, em 1789, diz-nos, acerca dos padres deste convento, que:
“ O meu guia abordou um desses reverendos padres, vestido de uma batina preta e coberto de um largo chapéu. Estava montado numa mula, consoante o estatuto da sua Ordem que proíbe a todo o membro da comunidade mostrar-se a pé fora dos muros do convento, de tal modo que estes formam uma espécie de corpo de cavalaria, em geral, mais respeitado ou, pelo menos – assim se crê ser, do que o clero a pé”.
Foto de Frederick Flower – 1849/1859
Foto Frederick Flower – 1849-1859 – vê-se a torre do convento do séc. XVI e uma parte do convento destruída.
O convento, durante a luta do cerco do Porto - 8 de Setembro de 1832 a 18 de Agosto de 1833 -ficou muito danificado, a ponto de não se poder praticar o culto.
“Todavia, um grupo de devotos Gaienses resolveu representar à rainha D. Maria II, para constituírem uma confraria, que celebrasse o culto à Virgem do Pilar. A esta confraria se deve a salvação da actual igreja do convento da serra do Pilar, porquanto foi a expensas dos seus filiados que foram adquiridos os artigos e objectos indispensáveis à prática do culto, como também pagaram as reparações mais necessárias, que evitassem a ruína de tão importante monumento, único na península pela sua forma redonda e magnificência arquitectónica.
Para o culto exclusivo à imagem de Nossa Senhora do Pilar constituiu-se, em 15 de Agosto de 1895, uma «Devoção de Nossa Senhora do Pilar».
Foto de 1880 – reparar na rampa que nasce junto do rio e serpenteia o morro até ao adro do convento, ainda arborizado.
Anos 20 do séc. XX – In O Tripeiro, Volume V
Em 1925 fundou-se o grupo "Os amigos da Serra do Pilar" que rapidamente iniciaram as obras de recuperação do convento, tal como se encontrava antes da 1832.
Uma aposta de um frade do Convento de Santo António do Vale da Piedade contra um Agostinho da Serra do Pilar:
Além da Igreja e Mosteiro da Serra do Pilar vêem-se a Fabrica de Rolhas, fábricas de louças e, junto à ponte, o Casino de Gaia.
Fachada Norte
Arruamento e casas demolidas em 1920 para a construção do terreiro e acesso. É bem visível a antiga igreja.
Construção do muro de suporte da Serra do Pilar
Derrocada provocada pelas chuvas
Construção do muro de suporte na Avenida Marechal Carmona, como então se chamava.
1950
O muro de suporte já terminado - vê-se à esquerda a torre do primitivo convento do séc. XVI - foto de Nicolas Sapieha
Zimbório
Foto de mjfsantos.blogs.sapo.pt
Foto de Horta do Zurate