da parte meridional do Rio Douro, é bem semelhante a um grande anfiteatro
Porto, início séc. XX – foto Domingos Alvão
Através dos séculos a cidade do Porto foi crescendo, ultrapassou as suas muralhas e foi integrando os núcleos populacionais vizinhos. Começou com a Freguesia da Sé, a que se juntaram em 1583 as de S. Nicolau e Victória; em 9/10/1710 Miragaia, Santo Ildefonso, Massarelos e Cedofeita; em 1836 Campanhã, Lordelo do Ouro e Foz do Douro; Paranhos em 27/9/1839; em 1841 criou-se a fréguesia do Bonfim em terrenos da Sé e Santo Ildefonso, que foi a única criada por interesses políticos; em 21/11/1895 Nevogilde, Ramalde e Aldoar, que pertenciam a Bouças. Entre 1582 e 1591 existiu a fréguesia de S. João Baptista da Belomonte, que foi integrada na de S. Nicolau.
Video do Porto antigo
2.1- Muros, portas e torres (I)
A Muralha Fernandina foi iniciada por D. Afonso IV em 1355 e terminada por D. Fernando em 1370. A área da cidade murada era de 44,5 Ha.
Último cubelo da Muralha Fernandina com o mirante feito pelas freiras do convento de Santa Clara – em primeiro plano a ponte pensil D. Maria II
Cubelo da porta do Sol – situado junto do Convento de Santa Clara, as freiras construiram, em dois cubelos, mirantes cobertos e fechados por janelas envidraçadas, para as defenderem das intempéries. Desta forma podiam gozar de umas deslumbrantes paisagens de 360º para o rio e a terra. Viam a faina dos barcos até ao mar, a entrada da Porta do Sol, a cidade e muito para lá dela. Infelizmente mais tarde, supomos que já no séc. XX, retiraram-nos com a finalidade de “repor” a antiga traça. O outro mirante ficava no último cubelo virado ao rio Douro.
Actual visão do troço da muralha por trás do antigo Convento de Santa Clara, perto da antiga Porta do Sol, já sem o mirante. O prédio branco foi o Dispensário Raínha D. Amélia.
Por vezes vou visitar a muralha e conheço bem as vistas, realmente deslumbrantes, de qualquer uma das três torres deste pano. Parece-me que a reposição da traça gótica da muralha foi não só uma obra de reconstrução mas também de restituição da dignidade que este monumento merecia. Assim defendo que todos trechos ainda visiveis devem ser conservado e também alvo de arranjo de modo a restituir o mais possível o aspeto original. No caminho novo nem está mal, mas na continuação, entre S. João Novo e as Virtudes, faltam ameias e alguma proteção à estrutura. Há poucos anos, 3 ou 4, foi aberto um grande buraco no extremo nascente do parque de estacionamento da Alfândega, deixando a descoberto durante longos meses as fundações do Postigo dos Banhos. O lixo foi-se acumulando, as ervas foram crescendo até que alguém teve o bom senso de mandar tapar tudo.
ResponderEliminarEste blog está simplesmente fabuloso. Muitos parabéns!
Caro homónimo,
EliminarMuito obrigado pelo seu comentário e apreciação. É para nós um incentivo para continuarmos o ciclópico trabalho que “apostamos” fazer. Já lá vão mais de 5.000 horas. Concordo inteiramente com as suas ideias sobre a muralha, e muitos outros locais históricos do Porto que, infelizmente, estão ao abandono. Pelo menos congratulo-me pelo facto de não terem destruído o que já se sabia estar por baixo do estacionamento da alfândega e terem parado as obras de destruição. Deveriam, dado não terem possibilidade de terminar as pesquizas, voltar a cobrir para não se perderem as valiosas ruínas.
Melhores cumprimentos
Maria José e Rui Cunha