2.2.6 – Limite Sul
Pormenor do mapa de Telles Ferreira - 1892
A cidade do Porto incluiu até 1834 a parte de Vila Nova de Gaia que vai até à R. do Marquês de Sá da Bandeira e Largo dos Aviadores, incluindo a Serra do Pilar. Durante o cerco do Porto os Miguelistas tentaram tomar o reduto da Serra do Pilar, mas os chamados “Polacos”, sob o comando de Bernardo Sá Nogueira não o permitiram, defendendo-o energicamente. Este, depois feito Marquês de Sá da Bandeira, foi ferido no baço direito na batalha que decorreu no Alto da Bandeira ( actual Largo dos Aviadores) . Levado para o Hospital militar, sedeado no palacete da família Guedes da Aveleda na Batalha, foi-lho amputado e enterrado junto de uma árvore do jardim. Os valentes soldados que resistiram foram chamados de “Polacos” em honra dos que heroicamente defenderam Varsóvia na guerra contra os Russos.
Bernardo de Sá Nogueira, Marquês de Sá da Bandeira – 1795-1876
Convento Serra do Pilar – gravura de J. Holland – 1838
O primitivo convento foi construído no então chamado Monte de S. Nicolau ou Meijoeira, para substituir o de Grijó que estava muito velho e arruinado. Foi autorizada a construção do mosteiro, em 1537, por D. João III no tempo do Bispo do Porto D. Frei Baltazar Limpo. A actual igreja começou a construir-se em 1598, e foi inaugurada em 1602, conforme data escrita no claustro.
Curiosidade: pelo que já lemos há anos, para a construção da cúpula da Igreja da Serra do Pilar foram utilizados altos troncos para a escorar. Assim que terminada, as autoridades tiveram receio que a mesma se desmoronasse se os troncos fossem retirados. Desta forma a Igreja não foi utilizada durante dezenas de anos. Com o tempo os troncos, apodrecidos, caíram, mas a cúpula manteve-se segura. Será lenda?
Monumento em homenagem a Gago Coutinho e Sacadura Cabral
O Alto da Bandeira situava-se no local que hoje se chama de Largo dos Aviadores, em honra de Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Estes realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro. Saídos em 30/3/1922 só chegaram ao Rio em 17/6/1922. Tiveram grandes problemas técnicos e o primeiro avião afundou-se numa amaragem. Tendo o navio Carvalho Araújo levado um segundo avião, os aviadores conseguiram concluir a Viagem.
Adenda à publicação de Domingo 3 de Junho – LIMITES DA CIDADE – III
Já depois de feita esta publicação,sobre a Igreja da Lapa, encontrámos um interessantíssimo artigo de Horácio Marçal, em O Tripeiro Série VI, Ano I que contem alguns pormenores que a enriquecem: “Serviço permanente de confissões (as noturnas para os que evitavam ser conhecidos) devia manter a capela; por tal razão construiu-se junto dela um hospício (destinado à habitação dos padres confessores), em cuja roda se depositavam os objectos roubados para serem restituídos a seus donos. Eis o que motivou a invocação da capela, a da Nossa Senhora da Lapa das Confissões.
Breve se reuniram alguns devotos com o projecto de formarem uma irmandade, a qual foi aprovada por Benedicto XIV, em bula de 29/7/1755”.
“As pedreiras ali existentes faziam parte do chamado monte da Lapa, no cimo do qual, como adiante diremos funcionou um telegrafo – o Telegrafo da Lapa – e o terreno destinado a uma praça e espraiado para passeio e desafogo e retiro do público, converteu-se numa frondosa e frequentada alameda, que não obstante ter sido logradouro público, veio a servir para nela se edificar o actual Hospital da Lapa, cujo terreno, pertencente à Câmara, só em 1925 por um preço convidativo, veio a ser adquirido pela respectiva irmandade”
Fonte de Salgueiros ou da Lapa
“Para a formação deste jardim, (no quartel de Infantaria 18) foi necessário destruir uma fonte que havia junto do portão do dito quartel, que ficava num sítio fundeiro e para o qual se descia por uma rampa, e construir uma outra fonte em sua substituição, na embocadura da rua de Salgueiros, para onde as águas, como é obvio, tiveram de ser desviadas. Data, pois, a construção da actual Fonte de Salgueiros, que está por baixo e encostada ao muro do jardim da Ordem da Lapa, do ano de 1818.”
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