terça-feira, 24 de julho de 2018

MULHERES ILUSTRES EM VIRTUDES, EM SABEDORIA E OUTRAS RARAS QUALIDADES

10.8 -  MULHERES ILUSTRES EM VIRTUDES, EM SABEDORIA E OUTRAS RARAS QUALIDADES, D. Bernarda Ferreira de Lacerda, D. Luiza Marescoti, Venerável Berengária, Filipa Martins.





“D. Bernarda Ferreira de Lacerda, ilustre dama portuense, poetisa muito laureada no seu tempo, autora de poemas «Espanha Libertada» e «Soledades do Buçaco», patrocinou, junto de Filipe II, a vinda dos Carmelitas para o Porto, em 1616. Logo no ano seguinte vieram os frades. Ao local começou a chamar-se o Carmo, abrangendo no todo ou em parte, a actual Praça Gomes Teixeira, antes Praça da Universidade, antes Praça dos Voluntários da Rainha. Hoje o topónimo está reduzido à Rua e Travessa do Carmo.” ("Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas)
ARC refere-se ao convento fundado em Goa, mas nada diz sobre a sua influência junto do rei para a vinda dos Carmelitas para Portugal, em especial para o Porto. 

Em O Tripeiro Série VII, ano XXIII, Maria Odete Leão de Araújo Leão escreve:
“Bernarda Ferreira de Lacerda nasceu no Porto em 1593 e foi baptizada na Sé Catedral, aos 24 dias do mês de Outubro de 1593, conforme o assento do seu baptismo exarado no livro de Baptismos da Sé do Porto de 1589/98, fl. 107 v. … Jaz com seu marido num mausoléu do lado de Evangelho, na Capela de S. José, no Convento de Nossa Senhora dos Remédios das Carmelitas Descalças”. 


No seu mausoléu, em Lisboa, existe o seguinte lacónico epitáfio:




Venerável Berengária


Convento de Santa Clara e campo da feira - 1895


A Abadessa Berengária é efectivamente uma figura histórica, tendo estado à frente do convento de 1384 a 1406. Embora o milagre que lhe é atribuído, seja uma lenda, a narrativa é de cunho edificante, ao valorizar virtudes indispensáveis à vida em comunidade, como a dedicação ao trabalho, a oração e, sobretudo, a obediência - em 1625, frei Luís dos Anjos já recolheu esta lenda no seu Jardim de Portugal, remetendo-a a uma versão anterior, em latim. No Convento de Santa Clara ela é evocada numa tábua, por escrito, e numa tela, ambas da segunda parte de Seiscentos.


Convento, Igreja e Claustro de Santa Clara em Vila do Conde


Do património edificado ao longo dos séculos, restam a bela igreja gótica, a imponente área residencial (noutros tempos chamada “dormitórios novos”), que é setecentista, os arcos do antigo claustro com o seu chafariz e o extenso aqueduto, em parte destruído. Sobre este aqueduto referimo-nos à descrição do irlandês James Murphy, em 1789, na sua viagem de Dublin para o Porto, que ao passar perto de Vila do Conde nos diz: ” …surgiu-nos pela frente Vila do Conde. O capitão encaminhou-se, então, em direcção a um alinhamento de arcos, restos de um antigo aqueduto. O movimento da embarcação não nos permitiu contá-los, mas o capitão assegurou-nos que eram em número de mais de trezentos e a sua afirmação não nos pareceu de modo algum exagerada, a avaliar, pelo que vimos, da sua extensão.” Pelo descrito o aqueduto já não seria utilizado nos fins do século XVIII. Na Igreja encontram-se alguns túmulos importantes : o de D. Beatriz, filha de São Nuno Álvares Pereira, o dos Condes de Cantanhede e os dos Fundadores do mosteiro.

Vídeos sobre o Convento e Igreja de Santa Clara de Vila do Conde -exterior

interior


Convento Corpus Christi - Gaia - desenho Pinho das Silva

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