terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS SOBRE O PORTO - XXIII

9.23 - Ramalho Ortigão em AS FARPAS - I, Porto em 1883, Panorama do Porto visto da Ponte D. Maria II, Estação de S. Bento, Americano, Novas ruas prédios e bairros.


O PORTO EM 1883
Excerto de As Farpas de Ramalho Ortigão
Texto do blogue A Porta Nobre – acrescentamos muitas fotografias


Porto em 1865

«O panorama, extraordinariamente belo, que se descobre da grande ponte sobre o Douro começa a desenrolar aos nossos olhos os seus diferentes aspetos tão variados, tão imprevistos. O rio, liso, e espelhado como uma chapa de vidro azul e verde. Uma extensa cordilheira de colinas, cobertas de pinheirais e desenhando no espaço vaporoso e húmido as curvas mais suaves e as perspetivas mais graciosas e mais risonhas. À beira da água, sulcada de barcos, de cor escura, esguios, da forma de gôndolas venezianas, remados de pé com largas pás que bracejam silenciosas e lentas, arredondam-se em grandes massas de um verde-escuro e espesso os velhos arvoredos das quintas do Freixo, da Oliveira, de Quebrantões e de Avintes.


Estação de Campanhã - foto de R. Christino

Apeamo-nos finalmente na estação de Campanhã. Uma fila de carruagens sobre a linha dos elétricos. Um rumor diligente e alegre de tamancos novos sobre os largos passeios lajeados.


Mulheres bem feitas, caminhando direitas, de cabeça alta, cintura fina solidamente torneada sobre os rins, e alegres lenços amarelos, de ramagens vermelhas, encruzados sobre a curva robusta do peito. Canastras bem tecidas, grandes como berços, cobertas de pano de algodão em listras azuis e encarnadas.


As carruagens americanas recebem tudo, gente, cestos de fruta, canastras, trouxas de roupa branca, caixotes, seirões com ferramentas. Dos vinte passageiros de Campanhã que tomam lugar connosco no carro americano dois têm escrófulas, e um tem uma grossa corrente de ouro no relógio e um grande brilhante pregado no peito da camisa. Um pequeno, ruivo, sardento, de olhos azuis, apregoa o Jornal da Minhaum[1]. As mulinhas trotam bem. E todas as casas, de um e de outro lado da rua, têm à porta a cancelinha baixa, de pau, pintada de verde. Estamos no Porto.


Rua de Mouzinho da Silveira em 24/7/1886

Os melhoramentos materiais na cidade que acabo de entrever são, na verdade, consideráveis. As novas ruas, a prolongação da Boavista, a de Mouzinho da Silveira, paralela à rua das Flores, a de Passos Manuel, desde Santa Catarina à Rua de Sá da Bandeira, a rua que liga a estação do Pinheiro[2] com a cidade, e outras, acham-se quase inteiramente guarnecidas de prédios e todos os prédios habitados. Outro tanto sucede nos bairros novos do Palácio de Cristal e da Duquesa de Bragança. O Bairro Herculano, entre o Jardim de S. Lázaro e as Fontainhas, é um recinto murado, fechado por uma grade de ferro, compreendendo duzentas ou trezentas casas, de rés-do-chão, ou de um andar, comodamente alinhadas, com um pequeno jardim comum, um mercado, lavadouros, enxugadoras, etc. Está já delineado, com as ruas em esboço, o projetado bairro do Campo do Cirne, em frente do Cemitério do Repouso, ao lado da Rua do Heroísmo.


Ponte Luis I em 1883

E a nova ponte, que vem da serra do Pilar às proximidades do Paço do Bispo, demolirá e transformará em novas avenidas os bairros antigos do Barredo e da Sé.[3]


Porta Nobre – desenho de Gouveia Portuense

Aqueles que há vinte anos partiram daqui, como eu, arriscam-se, regressando depois de mim, a não atinar com o seu caminho, a não encontrar a sua casa, nem a sua rua, nem os seus sítios. Deixou de existir a antiga Rua do Souto, a das Congostas, a dos Mercadores, a da Bainharia e a tão pitoresca e tortuosa Rua da Reboleira, com o seu arco da Porta Nobre, as suas janelas em ressalto como as das velhas casas flamengas, e as suas tanoarias, por entre cuja frescura era tão bom no Verão passar à sombra, no picante cheiro da aduela e dos vimes do vasilhame, ao vir da Foz em char-à-bancs sob o sol a pino![4] Dir-se-ia que os nossos pais morreram para nós muito mais completamente do que morreram para eles os seus avós e os seus bisavós, levando consigo, ao desaparecerem, quase tudo quanto os rodeava na vida: a casa, o jardim, a rua que habitavam.


As modernas construções não têm aqui, como não têm no resto do País, carácter artístico. As casas novas do interior da cidade são tão chatas e tão inconfortáveis como aquelas que vieram substituir, e estão longe de dar ideia da encantadora reforma porque têm passado as edificações urbanas nos países setentrionais da Europa, especialmente a Prússia e o Hanôver. A estrutura geral dos prédios apresenta, porém, um aspeto consistente, não desagradável à vista: os telhados de lousa, as fachadas revestidas de azulejos, as padieiras de granito, tão nitidamente esquadriadas, dão ao todo um ar rijo, saudável, alegre, harmonizado bem com os tons frescos da paisagem, com a verdura das colinas, com as árvores das praças, com os parreirais dos jardins, com as nebrinas do Douro esbatendo no vapor aquático, polvilhando de sol, o risonho contorno da casaria e das montanhas.
Têm os progressos do espírito acompanhado a evolução dos melhoramentos exteriores? Esta questão é mais complexa, e não tenho tempo para a estudar em detalhe, nem espaço para a tratar por inteiro. O que vou fazer é transmitir as minhas primeiras impressões de turista em viagem na minha própria terra, com a superficialidade profissional de um repórter ao acabar de chegar a um país desconhecido, e propondo-se compará-lo a um país que conhece: o Porto de hoje posto ao lado do Porto de há trinta anos.[5]

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS DO PORTO - XXII

9.22 - Testemunho de Lady Jackson traduzido por Camilo, A mulher do Porto e arredores, O namoro em fins do séc. XIX, Funerais noturnos do Porto.


Tomada do Porto pelos anglo-lusos em 1809 – Gravura de J. C. Stradler


De: Catarina Carlota Lady Jackson. “A formosa Lusitânia”, tr. de C. C. Branco. Porto, 1877


“Orgulha-se o portuense de que tudo quanto resta presentemente daquela energia, ousadia, espírito empreendedor, actividade e outras qualidades do bom ouro de lei, atribuídas aos portugueses da “velha cunha”, e que antigamente tornaram tão grande esta pequena nação, deve ser procurado aqui somente entre os naturais do Porto e terras vizinhas. É aqui, dizem eles, que se encontram os portugueses de puro sangue, a formosa raça cuja beleza não foi ainda deteriorada pelo cruzamento com as raças pretas e bronzeadas, que nossos antepassados conquistaram. Isto pareceria apenas mera vaidade: é certo contudo que um tipo de feições decididamente negro e uma tendência em encarapinhar o cabelo se podem observar frequentemente em alguns portuenses mais do Sul…
O portuense tem mais vitalidade que os seus irmãos do Sul, e o Porto é uma cidade muito mais animada, mais activa e mais comercial que Lisboa. O “velho cunho” que dizem distinguir a população está da mesma maneira impresso no sítio mesmo, nas casas, ruas e lojas – originais, irregulares, pitorescas e encantadores. Lisboa é mais majestosa e elegante. A gente tem mais vagar de falar e fazer os seus negócios; num só dia gasta em meros cumprimentos mais palavras que a daqui num ano. Lisboa á graciosa, cortez e com ares senhoris de uma raínha: o Porto, alegre e agradável – uma “piquente dame de province”




“È costume em volta do Porto, nesta freguesia de Aldoar e em toda a província do Minho, entreterem-se os filhos e filhas do campo (manéis e lavradeiras) com requebros e amabilidades, conversando ou namorando francamente, desde a infância, em toda a parte, de noite e de dia – nas ruas, na lavoura, nos arraiais e nas feiras. Estão por vezes horas e horas conversando em prosa e em verso delambido, coisa muito interessante para os estranhos à classe. Conversam por entretenimento e simples distração, muitas vezes sem intensão de casarem, - outras vezes por afeição e paixão.
Conversam ordináriamente, eles e elas, com quem lhes apraz – e é luxo e capricho terem muitos conversados, enquanto solteiros. Nem os pais delas se ofendem e magoam com isso, uma vez que o conversado seja forma do seu pé, ou da sua igualha – isto é, moço com quem possa vir a casar. Ai delas se as virem a conversar com os casaquinhas ou janotas da cidade – e ai deles, se os apanham a geito! –
Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno.


Um forasteiro do Sul escreveu em 1908: 
“Uma das coisas que contribui para a melancolia do Porto é o antigo costume dos enterros à noite; este uso, especialmente de Inverno, dá uma impressão tristíssima a quem não estiver habituado a ele. Ao anoitecer, disfruta-se muitas vezes na Praça D. Pedro um espectáculo deveras lúgubre: os sinos dos Congregados dobram, atroando os ares; dentro da Igreja, grande quantidade de pessoas até à porta, com tochas acesas, assiste aos responsos; rapazinhos do Colégio dos Órfãos com seus trajes eclesiásticos, entoam cânticos fúnebres; e eça elevada deixa distinguir, mesmo da rua, o cadáver deitado no caixão, que tem as paredes desengonçadas para os lados; na rua a berlinda espera o corpo para o conduzir ao cemitério; na praça, olhando para o lado de Santo António ou para o dos Clérigos, vemos enterros subindo pelas acidentadas ruas e, à distância, o aspecto das duas longas fileiras de tochas, mexendo e tremeluzindo, dão-nos a impressão de que aqueles tristes cortejos têm pressa de desaparecer para sempre na eternidade. Os caixões das crianças, quer sejam conduzidos em berlinda, quer sejam levados à mão, têm sempre a tampa aberta, vendo-se o “anjinho” enfeitado de flores e muitas vezes deitado sobre grande quantidade de amêndoas e confeitos! Numa ocasião acompanhamos um enterro a pé, como são quase todos, ao Cemitério do Repouso; a noite estava chuvosa, relampejava, quando atravessamos a rua principal, por entre as duas filas de túmulos, a assistimos ao acto profundamente tétrico de meter o caixão na cova à luz de tochas, julgámo-nos transportados ao Hamlet de Shakespeare, lembrando-nos com saudade do nosso grande actor António Pedro, que tão magistralmente desempenhava o papel de coveiro.


Os enterros de dia são raros. Os cemitérios do Porto são verdadeiros jardins com grande abundância de mimosas flores, muito bem cuidados, numa ordem e asseio irrepreensíveis e possuindo artísticos e grandiosos mausoléus. As coisas fúnebres, parece não incomodarem muito os portuenses; pois se até há bilhetes postais ilustrados com vistas de ruas de cemitérios! Francamente achamos a ideia extravagante. Quem escreverá nestes postais? Talvez algum genro a saber notícias da saúde da sogra"

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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS SOBRE O PORTO - XXI

9.21 - A alma empreendedora do Porto, Industrias, Comércio, Bancos, Artes e letras, Obras de assistência.


Companhia Aurifícia - Rua dos  Bragas


Têxtil Graham, Avenida da Boavista, hoje o grupo residencial do Foco – ao fundo à esquerda a Fábrica Veludo (papeis pintados) e à direita a casa dos Gilbert na Rua do Pinheiro Manso.

Retrato psicológico do tripeiro: “É um homem de forte personalidade, animado de um nobre orgulho, de um grande espírito de iniciativa, duma franqueza rude, e de uma tenacidade testaruda, com uma certa aspereza na luta e no ganho, mas com uma lisa honradez nos negócios e uma fidelidade perfeita à palavra dada; um homem singularmente enobrecido por uma farta generosidade e um sempre comovido ânimo de bem fazer. É bairrista, mas é também – e sempre foi! – fervoroso patriota. Ama a sua cidade, mas também quere entranhadamente à sua Pátria”. Armando Marques Guedes em “O Porto e os portuenses”.


Fábrica Têxtil de Lordelo – 1903



Construído em 1843, em estilo neoclássico na Rua de Ferreira Borges, para servir de sede ao Banco Comercial do Porto, o edifício foi adquirido em 1933 pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto.
Criado em 1835, o Banco Comercial do Porto obteve o privilégio de emissão de notas, até aí exclusivo do Banco de Lisboa. Com a fusão do Banco de Lisboa com a Companhia Confiança Nacional é criado o Banco de Portugal, instituição à qual é concedido em 1887 o exclusivo da emissão de notas em Portugal continental.
O Banco Comercial do Porto, no entanto, continuou em atividade até 1931, quando fechou as portas, incapaz de fazer face à corrida aos depósitos na sequência da Grande Depressão de 1929.


Acção de 100$000 reis do Banco Comercial do Porto


Nota de 10$000 reis - Nota de cem mil réis do Banco Comercial do Porto, c.1835-87.



1920


1924


Do Boletim dos Cambistas Portuenses retiramos a seguinte frase: “ Cidade Invicta ou cidade do Porto, quere dizer cidade do trabalho.
Os portuenses, sempre empreendedores e orgulhosos do seu esforço, reconhecem, e com razão, o valor das suas obras, iniciativas e realizações, isto é, o índice de progresso e civilização que o Norte tem atingido. O seu comércio e a sua indústria, pelas inúmeras instalações, quer comerciais, quer industriais, a rivalizar com as mais perfeitas organizações de todo o Mundo, tornaram os portuenses homens célebres pelo trabalho.
Ao comércio e à industria portuenses não faltam dignidade, nem honradez, nem sequer engenho, arte e cultivo literário e estético, as lucubrações do espírito e a curiosidade pelas ciências e aspirações sociais. 


Palácio dos Carrancas, Palácio Real e hoje Museu Soares dos Reis

As nossas bibliotecas e as vária galerias populares de arte, os nossos museus, atestam bem o interesse dos portuenses pelas letras e pelas artes.
Então, quando se fala sobre obras de assistência, é de uso e costume tirar-se o chapéu estando os portuenses”.



Preito de um lisboeta

sábado, 17 de fevereiro de 2018

TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS SOBRE O PORTO - XX

9.20 - Testemunho de João Chagas, Cidade típica e solidária, Unidade nas desgraças e glórias, Cidade municipalista.



Em 1906 escrevia João Chagas, (1863/1925) no seu livro “Vida Literária”:

“ Se o Porto é uma cidade típica, o seu habitante também o é, como nenhum outro em Portugal. Lisboa tem uma população mista que facilmente se dispersa e se dissolve.



Igreja de Nª. Sª. da Graça do antigo Colégio dos Órfãos



A população do Porto é homogénea e o seu traço característico é – a solidariedade. O cidadão do Porto distingue-se de todos os outros pela afinidade e pela coesão.


Recepção aos jogadores do F. C. Porto – campeões Nacionais – 1936/37

O Porto é para ele uma segunda pátria. Tem uma fisionomia comum, um pensar comum, um ideal comum. O Porto não é, em rigor, uma cidade: é uma família.


Peste bubónica 1899



Reunião dos comerciantes no Palácio da Bolsa discutindo o impedimento da peste - 1899 - foto de Aurélio Paz dos Reis

Quando algum mal o acomete, todos o sentem com a mesma intensidade; quando desejam alguma coisa, todos a desejam ao mesmo tempo. Os portuenses ciosos da integridade da cidade, como os portugueses, em geral, da integridade da nação.
A cidade tem os seus foros. Quais são eles? Os seus foros são a sua tradição de independência, de liberdade, de franquia. Que essa tradição pareça perigar e toda a cidade se reunirá no mesmo fórum, para protestar, deliberar.



Festas de S. João

Em toda a parte as condições sociais e as mesmas profissões separam os homens. Essa separação no Porto não existe senão em muito pequeno grau; mas basta que o princípio da cidade convoque os cidadãos e desaparecerão todas as diferenças de classe e de profissão. Os ricos juntar-se-ão aos pobres, os nobres aos plebeus, com bonomia, com franqueza, com sinceridade. Poucos agrupamentos humanos dão o espectáculo de tamanha solidariedade. O Porto, numa palavra, tão característico como é, pelo seu caracter e pelos seus costumes, resume Portugal na sua velha feição municipalista que foi a primeira que ele teve e pela qual se tornou o Reino e Estado independente. 
O Porto é um caso de sobrevivência histórica e por isso é justo que lhe deem, como lhe dão, o nome de baluarte, não talvez da liberdade apenas, pela qual afinal todo o país lutou, mas de tradição, de que ele é hoje o guarda mais intransigente e cioso”.

Hoje, resume-se na proclamação: “O PORTO É UMA NAÇÃO”.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS SOBRE O PORTO - XXIX

9.29 - Testemunho de Charles Sellers, O Comércio do Vinho do Porto, Rua dos Ingleses gravura do Barão de Forrester, O Porto das 7 colinas, Galegos fazendo uma mudança, Panoramas da cidade, Torre da Reboleira


Obra completa


Mr. Charles Sellers, sob o título “reminiscências pessoais", do seu livro Oporto, Old and New de 1899:

«O Porto tem progredido muitíssimo nos últimos quarenta anos. A rua dos Ingleses, era uma das pouquíssimas ruas calcetadas de lés a lés; havia-as que eram calcetadas apenas de um lado e estas tinham sido mandadas fazer a expensas do pai do actual Sr. António Bernardo Ferreira (Ferreirinha da Régua) o primeiro cavalheiro que no Porto possuiu carruagem tirada por cavalos.


Praça do Infante D. Henrique - foto de 1180 e 1900


A mesma rua dos Ingleses está transformada, porque os velhos edifícios que ali existiam foram demolidos para darem lugar a um jardim público. É nesta rua que os comerciantes ingleses se juntam para tratar dos seus negócios e para se verem uns aos outros… Diz-se que o Porto está edificado sobre sete colinas, número que me parece modesto bastante; o Porto, nas suas pretensões não se surpreenderia se ouvisse dizer que está assente sobre um número de colinas que se aproxima mais de cinquenta do que de Sete.
As suas ruas são, com poucas, excepções, bastante ingremes, o que obriga a usar bois, em vez de cavalos, para a condução de pesados fardos. E quando a carga é demasiado grande...


… em vez de bois são convocados os galegos.
Estes valentes, mas muito insípidos, filhos da Galiza, colocam cordas debaixo da carga, cordas duplas, que depois amarram a paus e, em seguida, a um grunhido estranho do capataz, todos eles metem os ombros debaixo dos paus, levantam-se e ei-los a caminho com o pesado fardo!
Seja dito em seu abono, são homens estimados sempre, como serviçais, pela sua proverbial honestidade, por todas as famílias inglesas.


O Porto é uma cidade que se apresenta ao turista como uma cidade de edifícios imperfeitos, de nobres aspirações, mas sobretudo e proeminentemente acima de todas as cidades, como aquela que deu o nome ao melhor vinho que o Mundo jamais produziu!



Aqueles que desejarem observar um panorama da cidade, deverão trepar ao cimo da Torre dos C1érigos, perto do Mercado do Anjo. Em baixo desenrola-se uma vista surpreendente: a própria cidade, com suas numerosas igrejas e praças em volta; o Mercado do Anjo, logo em baixo, que é o mercado mais amigo da cidade e merece, decididamente, ser visitado. Há cerca de vinte anos não era agradável passar nas vizinhanças do Mercado do Anjo, à noite, porque eram infestadas por matilhas de cães esfaimados que brigavam furiosamente uns com os outros por causa de qualquer osso atirado para a rua.

O Porto visto do Ar – Uma maravilha! – Novembro 2015 – Luis Costa
https://www.youtube.com/embed/77B6Uh4cH1A


Aqui vos apresento uma gravura que foi extraída de uma fotografia que reproduz uma casa do Século XII, que existia na Rua da Reboleira, a qual casa havia sido mandada construir por um fidalgo. Há pouco tempo ainda que a referida casa foi demolida por motivo de melhoramentos a empreender no local». (Era, como se vê pela gravura, um edifício de proporções grandiosas, se atendermos época em que foi construído na minha humilde opinião, a arquitectura è a românica, da parte superior das portas e janelas, e estas, em pequeno número, em paredes de grande espessura, e ainda pelas ameias)”.