domingo, 31 de março de 2013

2.8 - RIBEIRAS E PONTES - I

2.8.1 -Ribeiras do Porto 



No Porto, há 66 km de ribeiras, 76% das quais se encontram entubadas (49,7 km), em muitos casos há séculos, como resultado da crescente expansão urbana e consequente artificialização dos ecossistemas fluviais que atravessam a cidade. Começando pelos mais importantes para a nossa antiga cidade, o Rio da Cividade ou da Vila e o Rio Frio, trataremos de alguns outros que os mais velhos ainda poderão recordar. 
Pode ver melhor em www.ribeirasdoporto.pt


Esta planta mostra os dois ribeiros que, junto da Porta de Carros, se unem formando o antigamente chamado Rio da Cividade e, a partir de 1354, Rio da Vila que era, naturalmente, o Porto. O primeiro, nascido no Monte de S. Brás, passa sob Rua de Camões, servia os lavadouros da Trindade, passa por baixo da igreja, da câmara e da Avenida dos Aliados, então Laranjal, lado Nascente da Praça da Liberdade e se une ao segundo em frente à Igreja dos Congregados. Este, nasce na Fontinha passa em Fradelos, Bolhão e sob a actual Rua de Sá da Bandeira. “ O curso do rio da Vila seguia ziguezagueando pelas trazeiras das casas da Rua das Flores, torcendo um pouco abaixo da Ponte Nova para o lado da extinta Rua da Biquinha, a meio da qual, em pronunciada curvatura, flectia para a Rua de S. João e em linha recta dirigia-se ao Rio Douro.” (O Tripeiro, Série VI, Ano VI). Este rio começou a ser encanado quando João de Almada mandou abrir a Rua de S. João, em 1765. Porém, todo o restante corria a céu aberto e era uma fonte de maus cheiros, esgotos e lixeiras, a ponto de haver muitas reclamações dos habitantes da zona. Na Rua da Biquinha havia os Aloques da Biquinha que eram os depósitos de estrume e lixos da cidade, ao ar livre, nas trazeiras das casas da Rua das Flores, que foram fechados pela CMP em 1854. Além disso os tanques dos pelames, tratadores de peles, emanavam um cheiro nauseabundo e escorrências de água suja. Era um foco de doenças e incómodos para os habitantes. Em 1875 a abertura da Rua de Mouzinho da Silveira acabou por encanar o resto deste rio. 


Bacia hidrográfica do Rio da Vila e do Rio Frio


Rio da Vila – Maqueta do Porto medieval na Casa do Infante


Rio da Vila - passa por baixo da Rua de Mouzinho da Silveira



Saída do Rio da Vila por baixo da Praça da Ribeira - A grande quantidade de taínhas que habitualmente se encontra nesta saída leva a que o povo do Porto lhe chame a primeira ETAR da cidade.
Segundo a Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas “a nova Rua de S. João, como primeiro se chamou ( e ainda na Planta redonda de Balck, em 1813, tem esta designação), começou a abrir-se em 1765, mas logo surgiram grandes dificuldades e consequentes pleitos por motivo das expropriações, principalmente levantadas pelos senhorios dos prédios enfiteuticos. Resolveu-as El-Rei D. José, em 1769, determinando por alvará régio um processo sumário para tal fim...Ainda em 1784 se cuidava dos alinhamentos da rua. O Padre Agostinho Rebelo da Costa refere-se-lhe já na sua Descrição Topográfica e Histórica da cidade do Porto, em 1789. O nome de S. João foi-lhe dado, cremos, em homenagem a João de Almada. Era, como todos sabem a rua de maior comércio no séc. XIX” 


O Rio Frio ou Rio do Carregal nasce nas proximidades da actual Rua da Torrinha, passa pelo Carregal, por baixo do Hospital de Santo António, abastece o Chafariz das Virtudes, a Fonte da Colher, corria ao longo do areal da praia de Miragaia e desagua no Rio Douro por baixo da Alfândega Nova. Hoje está totalmente encanado. – O topónimo Carregal deriva da existência de Carregas, plantas próprias de terrenos pantanosos.


Rio Frio - encanado


Rio Frio desagua no Rio Douro por baixo da Alfândega Nova


Planta do Couto Episcopal – Rogério de Azevedo –in História do Porto- dirigida por Luis Oliveira Ramos – A, Couto de Cedofeita – ao centro junto do rio, Reguengo – B, Couto da Sé (D. Teresa) – C, Couto da Sé (ampliação de D. Afonso Henriques) – Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura refere que “ D. Dinis, na carta régia com que este coutou a seu irmão D. Afonso a Póvoa de Salvador Aires: “”coutar huma terra he escusar os seus moradores de HOSTE e de FOSSADO, e de FORO, e de toda a PEITA.””

Na História do Porto, coordenada pelo Dr. Oliveira Ramos, podemos ler: “ Em 1113 ou mais provavelmente em 1114, o Porto-sede-episcopal é restaurado por D. Hugo… Com este evento inauguram-se os tempos medievais da cidade. Para trás são as origens. Em 1120, por iniciativa da rainha D. Teresa, é concedido ou confirmado a esse bispo um vasto território, que será couto dele e dos sucessores.” - Pelo mapa acima podemos limitar o couto inicial do Canal Maior ( Rio da Vila) até Rio Tinto e do Douro à Arca d’Água. D. Afonso Henriques estendeu-o até Contumil, Asprela, Monte dos Burgos e Carvalhido.

Tendo-nos referido ao rio da Vila e Rio Frio recordamos que nos séc. XIII e XIV estes rios deram aso a uma renhida e longa disputa entre o bispado do Porto e a realeza. Com o desenvolvimento acelerado da cidade começaram a ser construídas habitações do lado poente do Canal Maior (depois Rio da Vila). D. Afonso III pretendeu “esclarecer” quais os terrenos que tinham sido doados, por D. Teresa, ao Bispo do Porto, pois defendia que estes iam apenas até ao rio da Vila. O Bispo afirmava que o Canal Maior seria o Rio Frio, que fica em Miragaia. Como prova disto o Canal Maior passou a ser chamado Rio da Cividade, depois Rio da Vila, e Canal Maior passou a designar o Rio Frio. A razão desta desinteligência era a grande riqueza que o Porto auferia com as muitas mercadorias aqui movimentadas. Desta forma, cerca de 1249, o Bispo D. Julião Fernandes apropriou-se da zona entre o Rio Frio e o Rio da Vila. Mais tarde, em 1325, D. Afonso IV fundou a Alfândega do Porto dentro do território que o Bispo reclamava. Assim, se deu por terminada esta disputa que terá durado quase um século.


Bacia Hidrográfica da Ribeira de Mijavelhas



1900 -Photo Guedes



Campo 24 de Agosto - 1919

Neste local passava um regato conhecido por Rio de Mijavelhas. O topónimo Mijavelhas, já assim chamado no séc. XIV, é uma designação pitoresca que teve origem, segundo uma antiga tradição, por ser ali que as mulheres se "aliviavam" quando vinham de Valongo e São Cosme à cidade, para vender produtos agrícolas e pão nas feiras de São Lázaro. Tinha, nos términos da actuais Ruas do Duque da Terceira e Morgado de Mateus, “uma ponte com uma largura de 4 metros e assente sobre um arco de granito. Foi mandada construir pela câmara municipal no ano de 1700 com o fim de melhorar o trânsito da estrada Porto-Valongo, que nesse ponto descia até ao riacho e do riacho subia até ao Bonfim. Quer dizer: o rio de Mijavelhas, nesse sítio, corria ao longo de uma pronunciada fundura. Passados 150 anos, ao nivelarem toda a zona do Campo Grande, ficou a ponte soterrada… Na frente do actual casario, quase no ângulo da Rua do Bonfim, havia ainda, abaixo do nível da rua, a Arca d’Água do Poço das Patas, alimentada por aqueduto pela citada nascente com frontispício de pedra encimado por brasão régio.” O Tripeiro, Série VI, Ano XII.


Vestígios arqueológicos da Arca de Água de Mijavelhas – hoje no mezanino da estação de metro do Campo 24 de Agosto – “a Arca do Poço das Patas no ano de 1868 sofreu uma reparação; e, à beira da fonte de duas bicas, construíram um tanque provido de 3 canecas de folha de Flandres, presas por cadeias, para uso dos moradores da vizinhança, que iam buscar água destinada aos usos domésticos. Isto é, só as ditas canecas é que mergulhava no tanque, evitando-se assim, como manda a boa higiene, a conspurcação da água pelo constante submergir das vasilhas, nem sempre limpas… Para Noroeste, nas traseiras do Balneário Municipal, em ponto fundo borbulhava uma copiosa nascente, cuja água alimentava uma fonte de chafurdo ou de afoga caneco, abastecia um lavadouro grande e outros mais pequenos (destruídos em 1899 aquando da peste bubónica); e, em volumoso regato, deslizava para as bandas do Sul com direcção ao Monte do Seminário, onde se despenhava no Rio Douro.” O Tripeiro, Série VI, Ano XII.


Brasão real de D. João III – séc. XVI - Foto de ibotelho; ssilva; tallen –site do Metro do Porto 

Conhece-se a existência da Arca d’Água de Mijavelhas pelo menos desde o séc. XIV. Durante as obras da abertura da estação do metro do Metro do Campo 24 de Agosto foram encontrados muitos vestígios seus, entre os quais um brasão real, que os arqueólogos afirmam ser de D. João III. Alimentava moínhos e regava os campos da área. Em Março de 1882 foi assinado um contrato para abastecimento de água ao domicilio entre a Câmara e a Compagnie Général des Eaux pour l'Etranger. Esta água passou ainda a abastecer fontes do Porto, entre as quais a das Fontaínhas, Batalha, Rua Chã, S. Sebastião na Rua Escura, Chafariz do Anjo S. Miguel e outras. Mais tarde passou a chamar-se Poço das Patas devido às características alagadiças do terreno que originava a formação de grandes poças que as “patas” frequentavam . Em 1833, denominava-se Campo da Feira do Gado porque ali se realizava um mercado de gado bovino; volvidos seis anos ficou Campo Grande. Em 1 de Agosto de 1860 por decisão camarária, foi designado Campo 24 de Agosto. Anos mais tarde, em 1868, o vereador Tomás Joaquim Dias pediu à Câmara que mandasse fazer um estudo sobre os tanques e nascentes, por estarem a ser conspurcados pelos tintureiros.


Bacia Hidrográfica da Ribeira da Granja 
A Ribeira da Granja é o maior curso de água que atravessa a cidade do Porto. Tem 6,5 km. de extensão dos quais 80% estão encanados. A sua bacia hidrográfica ocupa 26% da superfície da cidade. Uma das suas nascentes, a mais a Norte, situa-se nos montados do Padrão da Légua e um outro regato nasce na Arca d’Água. Juntam-se em Ramalde do Meio no local antigamente chamado Lugar do Moínho. Muitos outros pequenos regatos desaguam nela durante o seu percurso. Referida nas memórias paroquiais de Ramalde na divisão administrativa do Porto, no ano de 1758, a Ribeira da Granja é assim citada: “Tem hum regato que comesa nos montados do Padram da légoa, freguesia de Sam Tiago de Costóyas, ele não tem nome particular, recebe aquelle que têm as terras por onde passa. Nasce com muita pouca ágoa, e pello São João athe às entradas de Agosto seca. Nele entra outro regato, aonde lhe chamão de Codiçins, e nasce no lugar do Seixo. Aonde chamão lugar do Moinho, em Ramalde do Meyo, entra outro regato que vem de Arca d’Ágoa, freguesia de Paranhos, e passa pelo lugar da Prelada, desta mesma freguesia. Corre de Norte para Sul. Tem como já se diçe o nome dos lugares por onde passa; no seu princípio chamase regato do Padram, no lugar de Ramalde do Meyo, Ryo do mesmo nome, no Lugar de Ramalde de baixo se chama como o mesmo lugar, e dahi caminha para a freguezia de Lordelo do Ouro. Entra no Ryo Douro, num lugar aonde chamão a Ponte do Ouro.” Teve, através dos tempos e dos lugares onde passa nomes diversos, tais como: Ribeira da Agra, Ribeira de Ramalde, Ribeira de Lordelo, Ribeira de Grijó, Ribeira de Penoucos, Ribeira do Ouro, Ribeira das Naus. A C.M.Porto despoluiu esta belíssima ribeira e, em certos locais onde corre a  céu aberto, recuperou-a. Em certos troços apresenta belas paisagens.


Zona do Polo Universitário da Asprela


Perto da Circunvalação


Rua de Requezende – cheia da Ribeira da Granja


Quinta do Rio – Viso – ao lado do percurso da ribeira


Ramalde do Meio


Entre as Ruas de Grijó e Serralves – Galeria J. M. Bastos – Vêm-se ruínas que supomos terem sido antigos moínhos.


Junto ao Bairro Pinheiro Torres



Desagua no Rio Douro na zona do Ouro - Largo António Calém


Rio Tinto no local da confluência da Ribeira de Cartes - Nas Memórias Paroquiais de 1758 lemos que: “Nesta freguesia de Campanhaã passaão dous regatos, e ambos sem nome; um que vem da freguesia de Rio Tinto e passa pelo meo della a recolherse no Douro por debaixo da Ponte Grande de Campanhaã debaixo; e o outro que principia no Monte das Lagoas, e pella Ponte Pequena de Campanhaã de Baixo … (nasce) no Lugar ou Aldea de Vaguim… saõ inavegáveis pela sua limitaçaõ e estreyteza.”  - Sobre o nome deste rio conta a história que o rei de Cordova Abb-el-Raman veio sobre o Porto para a reconquistar. Porém, o seu exército foi destroçado por Hermenegildo, a quem o rei D. Afonso I de Leão tinha feito Conde do Porto. O campo de batalha foi junto a Campanhã, onde o rio que por ela passa, e tomou o nome de Rio Tinto, pela cor que este levava com o sangue derramado. 


Rio Tinto

Muito mais ribeiras tem o Porto, como se pode ver no mapa inicial. São porém menos importantes e delas pouco falará a História. Podemos referir a Ribeira de Aldoar, que nasce em Ramalde, atravessa o Parque de Cidade, a que já nos referimos, onde alimenta os diversos lagos e desagua ao lado do Castelo do Queijo; a de Nevogilde que também nasce em Ramalde e vai desaguar na praia do Molhe. 

terça-feira, 26 de março de 2013

DOS GUINDAIS A MASSARELOS - III

2.7 - Dos Guindais a Massarelos III + beira rio de Gaia 


Desde 1895 a electricidade para as linhas de tracção eléctrica do Porto era produzida na Central da Arrábida. Dada a insuficiência desta, em 1909 foi projectada a Estação Central Geradora de Massarelos que, começada a construir em 1912, foi inaugurada em 1915. O projecto foi do Engº. Luis Couto dos Santos (1872-1938), professor da U.P. Na década de 30 foi ampliada em capacidade dado o aumento das necessidades de energia. A energia aí produzida era conduzida até ao veículo por um condutor de cobre isolado da terra – a linha – servindo os carris de condutor eléctrico de fecho do circuito – o retorno. Informações recolhidas numa conferência do Eng. Manuel Vaz Guedes em 1995, site da U.P.



Central termoeléctrica de Massarelos de 1951 a 1970


Pessoal da Central de Massarelos - foto de Teófilo Rego 


Zorra de transporte de carvão desde as minas de S. Pedro da Cova à Central Termoeléctrica de Massarelos. Também transportava outros materiais para as obras da Carris.


Encontramos em vários sites e blogs as informações seguintes: Massarelos, é a mais antiga representação das fábricas de faiança criadas no Porto. Fundada em 1766 por Manuel Duarte Silva, na Rua de "Sobre o Douro", em Massarelos. A sua existência foi explorada por diversos proprietários e industriais... Entre 1766/1819 o combustível utilizado era a carqueja. A decoração prendia-se com cores azul, verde, amarelo e cor de vinho. Entre 1819/1845, a fábrica foi arrendada a Rocha Soares, da fábrica de Miragaia. Uma vez que entre estes existia um relacionamento familiar, a fábrica de Massarelos continuou, como de inicio, uma empresa familiar… No 3º período, inicia-se o fabrico de faiança utilizando o esmalte plumbífero, pintura monocroma azul, e na decoração aplica-se a estampilha. A fábrica emprega barro vermelho de Valbom de Baixo (Gondomar). Este período situa-se entre o ano de 1845 e o ano de 1873. No 4º período (1873/1895) houve uma tentativa de maior industrialização na fábrica produzindo-se azulejos lisos e em relevo, além de louça sanitária e várias peças artísticas. O 5º período vai de (1900/1920). De 1904 a 1912 pertenceu à Empresa de Cerâmica Portuense, Ldª. A partir de 1912 a gestão da fabrica pertence à firma Chambers & Wall. O edifício da fábrica de Massarelos, na Restauração, é devastado, em 10/3/1920, por um incêndio de grandes proporções, contudo esta transição não afecta o prestígio da marca "Massarelos - Porto" que continua a ser utilizada na produção da fábrica da quinta do Roriz, em Quebrantões Norte, perto da ponte Maria Pia, alongando-se face à margem do Douro. Da Fábrica de Massarelos restam para memória, dois fornos transplantados que se podem observar na margem da Avenida Gustavo Eifel.



Fornos da Fábrica de Cerâmica de Massarelos antes e depois do restauro - hoje encontram-se na Avenida Gustavo Eifel, perto da Ponte Maria Pia


Massarelos – vêm-se os fornos da Cerâmica de Massarelos, construídos em 1901, a Igreja do Corpo Santo e, ao longe em cima, o Palácio de Cristal. Destacam-se as velas enfonadas de um possível grande bacalhoeiro. 


“O exemplar hoje exposto apresenta duas decorações distintas. Por um lado é um exemplar apelativo à cidade do Porto; e por outro, celebra a memória dos Descobrimentos Portugueses Portugueses. Trata-se de um prato produzido pela Fábrica de Massarelos no Porto no final do séc. XIX. Relativamente à sua decoração. Comecemos pela decoração apelativa à cidade do Porto. O desenho central presente no prato apresenta estampa de tonalidade monocromada a negro, com o desenho da Estátua Equestre de D. Pedro IV, situada na Praça da Liberdade. Na aba existe decoração arquitectónica baseada nos desenhos do palácio de Cristal, Palácio da Bolsa e Ponte Maria Pia. No que diz respeito à decoração dos Descobrimentos Portugueses, estão presentes na aba, os bustos de Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e Infante D. Henrique, enquadrados por esferas armilares. Exemplares desta decoração foram produzidos para a Casa Adrião, sediada na Rua da Assunção nº. 20 no Porto e que devem ter sido oferecidos como brinde aos melhores clientes. Esta suposição explica o facto da escolha de apenas monumentos presentes na cidade do Porto, aliado ao período de produção do prato em causa (final do séc. XIX), por onde se comemorou o IV Centenário da chegada à Índia e Brasil por Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, respectivamente”. In blog A Memória dos Descobrimentos na Cerâmica Portuguesa. 

No site das Memórias da Fábrica de Loiças de Sacavem encontram-se peças muito belas com marcas de Massarelos:



Terrina de decoração Papoula e marca da Empresa Cerâmica Portuense,Lda. – 1904-1912



Terrina de decoração Cedro e marca da sociedade Chambers & Wall (1912-1936)


Massarelos – Fins Séc. XIX






Estrada de Massarelos à Foz do Douro - Nota-se a sua evolução 

No texto acima ARC “sonha” com um contínuo “cais” que, “em breve tempo”, irá até S. João da Foz! Só há poucos anos este “sonho” se realizou. Por muito espantoso que pareça, João de Almada e Melo planeou, em 1784, a construção de um cais entre a Ribeira e a Foz do Douro. Pelas gravuras se vê o estado lamacento e esburacado em que se encontrava a estrada por onde, mesmo o carroção, que levava os veraneantes encurralados, como Camilo dizia, “crucificados nas suas próprias cruzes”,tinha dificuldade em passar.


Segundo Camilo o carroção já existia no séc. XVII. Porém, foi após as invasões francesas que, por falta de cavalos, aumentou muito o seu uso. A este incómodo meio de transporte dedicaremos um largo espaço com pormenores muito interessantes. 

You Tube – Da Ribeira à Foz

A beira rio do lado de Vila Nova


Cais de V. N. de Gaia – construído em 1791



Estaleiro do Rei Ramiro – Estes estaleiros ainda existem - Foto do Barão de Forrester – 1860 - este grande amigo do Porto e do Douro morreu afogado nas águas do Douro em 12/5/1861, no Cachão da Valeira – na Descrição de Abril de 1758, da Freguesia de Santa Marinha pode ler-se: “Defronte deste convento (Convento de Corpus Christi) está a grande Praya em que há um grande estalleiro de fazer navios, que dizem ser o milhor, que se tem visto em toda a Europa, onde se tem feito já sinco juntos, e se podem fazer mais. Tem mais na vizinhança, que parte com a Cerca do Convento das Freiras a chamada Tercena, que he hum Lugar bem emparedado, e fechado, que dizem ser obra mandada fazer pelo Senhor Rey Dom Manoel para recolher a fabrica das suas galeras, q entravão neste Porto, e hoje serve para recolher as madeyras e fabrica real; domina nelle o Supeo Intendente da Ribeyra do Ouro.”



Descarga de pipas vindas do Douro



Cais de Vila Nova - Carregamento de vinho do Porto e outras mercadorias – de notar a camionete antiga - na Descrição de Abril de 1758, da Freguesia de Santa Marinha pode ainda ler-se: “Tem esta villa varias Companhias de de Arraezes de barcas, que todas tem 37 barcas grandes, que carregão 20 pipas cheas: e servem continuamente para carga, e descarga do todos os navios portugueses, e de varios reynos, que aqui entrão e para ajudar, e valer nas entradas, e sahidas, e em todos os perigos de naufragio, que succedem, e em muytas cheas, que hão no tempo de Inverno, as quais todas se amarrão nesta parte da villa. Tem para cima de cem barcos na passagem da Villa para a cidade e de Gaya para a Porta Nova, Banhos e Lingoeta a toda a hora que se, querem e são precizos de dia, e de noite. Aqui chegão todos os dias muytos e varios barcos de cima do Douro com vinhos, sumagre, e frutas, que pela mayor parte se recolhem nos armazens desta villa”.


Polo aquático no rio – Pelos chapéus de palha parece ser dos anos 20 ou 30 do passado século. Lemos, em tempos, que o F. C. do Porto tinha uma secção que jogava no rio.


Sam Paio – casa do Sr. Anthero


Teleférico de Gaia – do lado de Gaia existe uma ligação da parte alta ao rio, inaugurada no lado de Gaia em 1/4/2011 – Foto Grande Porto on line



Vista de Gaia tirada do teleférico