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segunda-feira, 17 de março de 2014

VÍVERES QUE ANUALMENTE SE GASTAM NA CIDADE - VIII

3.9 - Frutas e legumes - IV



Depois da extinção da Feira dos Ferros Velhos, houve uma longa espera para a abertura de outra dentro do mesmo género, só que não eram as ferragens o principal produto. Só em 1980 alguns estudantes, por sua livre iniciativa, se encontravam ao sábado de manhã junto da Sé, na calçada de Vandoma, a vender livros e outros objectos usados. Foi tal o sucesso que começaram também alguns comerciantes a vender produtos novos, o que trouxe uma grande animosidade da parte dos comerciantes locais. A CMP impôs taxas de ocupação, o que levou a que se fossem mudando para as Fontaínhas. Ocupou alguns anos o largo em frente à Cadeia de Relação.  Tendo sido regulamentada em 2006, esta feira passou a ter uma ocupação paga, por espaços de 6 metros quadrados, mas a venda é exclusivamente de artigos usados. Estende-se pela Calçada da Corticeira até perto do rio.

Feira de Vandoma – vídeo




Mercado Ferreira Borges – foto de André Pregitzer – Porto Património Cultural da Humanidade de Manuel Dias



Quando mercado da fruta 


Mercado Ferreira Borges - 1976


O mercado Ferreira Borges foi construído entre 1885 e 1888. Foi projectado pelo Eng.º João Carlos Machado, utilizando o ferro fundido e o vidro, tal como o Palácio de Cristal. Foi construído pela Companhia Aliança (Fundição de Massarelos) pelo valor de 70.900.000 reis. Esta empresa foi fundada em 1852. 
Destinava-se a substituir o mercado da Ribeira, mas os comerciantes e o público não aceitaram a mudança, pelo que ficou muito tempo abandonado. Já no séc. XX a CMP pensou adapta-lo a museu ou local de exposições e festas. Também esta hipótese se não concretizou. Dos anos 50 a 70 do século passado foi o principal mercado da fruta da cidade. 
Em 1983, dado o seu estado muito degradado, foi totalmente recuperado. 
Actualmente a CMP alugou-o a uma empresa de divertimentos e eventos. O seu nome pretende homenagear José Ferreira Borges, um dos principais revolucionários de 24 de Agosto de 1820. Mais tarde redigiu o Código Comercial Português e foi um dos fundadores da Associação Comercial do Porto.


Tal como já fizemos com o Mercado do Anjo, antes de tratarmos em mais pormenor do Mercado do Bolhão, vamos mostrar as ruas, indústria e comércio que o rodeiam.




“Por volta de 1880, um imigrante chamado Fassini, tornado indigente pelas guerras em Itália, de que fugira com toda a família, enriqueceu a fazer sonhar o Porto. Não há certezas sobre como acabou, mas o seu bazar de brinquedos importados ainda existe e é o mais antigo de Portugal.
No século XIX, o brinquedo, pela sua natureza lúdica e simbólica dotado de propriedades emocionais extraordinárias, desafiava já as geografias da fantasia e da realidade encantando crianças e adultos…


Rua de Santa Catarina – Natal 1960


Para se falar dos Natais do Porto e do encanto produzido pelo brinquedo em crianças e adultos da época, tem de se invocar a memória dos Fassini, a família que para essa magia mais contribuiu. Afinal foram eles que fundaram o mais cosmopolita negócio de brinquedos da cidade, que além disso se revela, no início da década de 1880, um dos casos paradigmáticos de sucesso num quadro de progresso que era então o da região.
Entre as famílias de diversas nacionalidades que se fixaram no Porto, encontravam-se várias italianas de estratos sociais e económicos diversos, fugidos das convulsões sociais resultantes do processo de unificação italiana, em marcha durante todo o século XIX. Uma das famílias imigrantes mais singulares foi a dos Fassini, que sobreviviam numa pobreza extrema, vivendo nas ruas e pernoitando nas eiras dos arrabaldes da cidade.
Numa primeira fase, Júlio e Maria Fassini, com as duas filhas, Frederica e Angelina, viveriam da mendicidade, percorrendo as ruas do Porto com o seu realejo, que tocava melodias de óperas italianas. Depois Júlio Fassini inicia-se na venda ambulante de brinquedos de barro dourado, que depressa despertam a atenção dos que o observam pelas ruas. Mas é o visconde de Gândara que altera o destino da família, proporcionando a Fassini meios para criar uma casa comercial na Rua de Santo António (a actual Rua 31 de Janeiro), onde acabou por ser instalado o Novo Bazar de Paris, concorrente directo do Bazar de Paris, de José Cierco, já existente na mesma rua. A nova loja conquista para a cidade o universo mágico do brinquedo moderno, que atraía então as multidões, e em particular a burguesia portuense.



Os brinquedos que o inundavam, em particular no altura das compras de Natal, são feitos de madeira, papelão, porcelana, vidro, chumbo ou ferro. Com estes materiais são feitas cornetas, coches com parelha de cavalos, tambores, cavaleiros, bonecas, cegarregas, moinhos de vento, jogos de construção, bichos, móveis e casas para as bonecas, espingardas, raquetas, polichinelos, palhaços, cavalos de baloiço ou de rodas, barcos, bolas, relógios de areia, piorras e piões, papagaios e soldadinhos de chumbo.


Mas é nesta época que surge um novo tipo de brinquedo, destinado em primeiro lugar à classe burguesa portuense fin de siècle. Os brinquedos de luxo destacam--se pela beleza, pelo tamanho e pela originalidade, infantilizando os adultos. É então que surgem as bonecas movidas a molas, por vezes de tamanho natural, as miniaturas de porcelana fina ou os vestidos de seda para bonecas. Aparecem também jogos com maquinismos, lanternas mágicas, jogos magnéticos e de movimento, cordeiros que balem. 


Pelos automóveis, esta foto será dos anos 50 do séc. passado

A singularidade dos brinquedos importados, em que assenta a ideia de Fassini e o investimento do visconde de Gândara, depressa faz prosperar o negócio, de tal modo que em pouco tempo se inaugurara um segundo bazar, na Rua Sá da Bandeira. 
Sobre os Fassini hoje pouco mais se sabe além de que vendeu em 1903 à família Vilas-Boas o bazar da Rua de Sá de Bandeira, que ainda hoje existe na mesma morada e é considerado o bazar de brinquedos mais antigo do país. Também se sabe a partir de testemunhos escritos da época que Júlio Fassini terá regressado rico à Itália natal, onde terá morrido, de novo na miséria. A filha mais velha, Frederica, falece em Milão e a mais nova, Angelina, em Portugal, pouco depois do Natal de 1914. 
Independentemente do destino posterior dos empreendimentos dos Fassini no Porto, o legado da família ao imaginário colectivo portuense é precioso”. In IONLINE – 25/12/2013 – Sérgio Costa Araújo. 



Mercado do Bolhão em construção – Vê-se a Memória a D. Pedro V que foi erigida, em 9 de Julho de 1862, pelos sócios e operários das Estamparia e Fundição do Bolhão em memória das visitas deste rei em 22/11/1860 e 28/8/1861. Foi retirada em 1914 aquando das obras do novo mercado.                 
Está actualmente no cemitério do Prado do Repouso junto do jazigo dos bombeiros falecidos.



Estamparia do Bolhão – fábrica e venda ao público - repare-se que, no início dos anos 20,  já previa o estacionamento de automóveis para os clientes. É uma visão do futuro.


Estamparia do Bolhão – Incêndio de Julho de 1924


 Após o incêndio - foto de CPF


“Pelo Marquês e, longe estava a madrugada, rangiam a estrutura dos carros de bois com a chiadeira aguda, compassada, da fricção do eixo que suportava as rodas. Animais corpulentos de cabeças ornadas com cornos de mais de meio metro de comprimento, cada um, jungidos a cangas decorativas com motivos regionais, puxando a carga de hortaliças e nabos das hortas da circunvalação da Areosa, Rio Tinto para o Mercado do Bolhão na Sá da Bandeira. O Mercado do Bolhão, quadrangular, com alas de lojas no rés-do-chão e um primeiro andar composto de quatro ângulos nos talhos onde se viam pendurados bois inteiros. No exterior que dava para a Sá da Bandeira, Formosa, Fernandes Tomaz e Alexandre Braga havia lojas de calçado. Junto à entrada, do mercado do lado da Fernandes Tomaz instalava-se a mercearia de Valdemar Mota, que foi estrela do F. C. do Porto, e colega de equipa do não menos famoso Artur de Sousa Pinga nos anos 1930/1940.” In Porto Tripeiro.


Inaugurada em 1917


Fundada em 1890


1917


Inaugurada em 1896



Tomando chá



“Na Rua Formosa, em frente ao Bolhão, estabelecidas a Casa Vilares e a Confeitaria do Bolhão frequentadas pela gente abastada do Porto. Nas montras, expostas com bom gosto a doçaria e pastelaria de fabrico próprio cujo cheiro agradável atravessava a porta e chegava ao passeio e às narinas dos transeuntes.” IN Porto Tripeiro.

sábado, 14 de julho de 2012

BAIRROS DA CIDADE - V

2.3.1 - Bairro da Sé - V



Carros de bois esperando a sua vez de carregamento.


Segundo a Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas “a Nova Rua de S. João, como primeiro se chamou ( e ainda na Planta redonda de Balck, em 1813, tem esta designação), começou a abrir-se em 1765, mas logo surgiram grandes dificuldades e consequentes pleitos por motivo das expropriações, principalmente levantadas pelos senhorios dos prédios enfiteuticos. Resolveu-as El-Rei D. José, em 1769, determinando por alvará régio um processo sumário para tal fim...Ainda em 1784 se cuidava dos alinhamentos da rua. O Padre Agostinho Rebelo da Costa refere-se-lhe já na sua Descrição Topográfica e Histórica da cidade do Porto, em 1789. O nome de S. João foi-lhe dado, cremos, em homenagem a João de Almada. Era, como todos sabem a rua de maior comércio no séc. XIX”  


Esta foto é insólita, pois está ao contrário. Vê-se a R. de S. João á direita e a dos Mercadores à esquerda. ARC trata da Ribeira noutro capítulo, pelo que nós seguiremos a sua sequência.




Gravura de J. Holland (1838) – Inicialmente chamada R. Formosa ou Fermosa por D. João I, R. Nova, R. Nova de S. Nicolau (em 1788), R. Nova dos Ingleses (até 1883), Rua dos Ingleses (até 1890), actual R. do Infante D. Henrique. Deixou de ser Rua dos Ingleses em 1890 como reacção de toda a cidade contra a nação inglesa pelo Ultimato. Nesta gravura pode ver-se: a saída do Viático para assistir a um doente, e o povo ajoelhado; o Paço Episcopal ainda não totalmente recuperado das destruições provocadas pelos miguelistas durante o Cerco do Porto; a Sé ainda com o relógio entre as torres; uma das capelas laterais da Igreja de S. Francisco e o lado Sul do Convento.
Eugénio Andreia da Cunha Freitas escreve: “ Entre os anos 1395 e 1405, mandou El-Rei D. João I, o de Boa Memória, abrir uma nova artéria, para enobrecimento da cidade a que tanto queria, e onde nascera seu filho Infante D. Henrique. Rua Formosa lhe chamou o monarca, “a minha Rua Formosa”… pouco depois começou a denominar-se Rua Nova, tirando o topónimo a outra Rua Nova que de então para cá se passou a chamar Rua Escura. Conservou por muito tempo as duas designações: Rua Formosa (ainda em 1468) e Rua Nova já em 1418… Concentrando-se em volta da Feitoria Inglesa, iniciada em 1785, o principal comércio portuense, realizado então com negociantes britânicos, passou a rua a denominar-se Rua Nova dos Ingleses, designação que tinha já em 1794, depois só Rua dos Ingleses.”


R. Nova dos Ingleses – foto do Barão de Forreester



Rua Nova dos Ingleses – gravura do Barão de Forrester - Antes da construção do Palácio da Bolsa os negócios com estrangeiros, especialmente ingleses, eram realizados a céu aberto.


Esta foto foi tirada entre 1888 e 1900, pois ainda não se tinha erigido a estátua do Infante D. Henrique e já se vê o Mercado Ferreira Borges. Repare-se que o Americano vai, a partir daqui, puxado por 6 mulas para poder subir a R. Mouzinho da Silveira. A designação de "americano" provinha do facto de tais carruagens serem fabricadas nas oficinas estado-unidenses de John Stephenson & Company. Ao fundo está o Palácio da Bolsa, da Associação Comercial do Porto. Começado a construir em 1842.

Do site da Associação Comercial do Porto retirámos o seguinte trecho: “Ao longo de três gerações, grandes nomes da arquitectura, da pintura, da escultura e das artes decorativas contribuíram para a criação de um espólio e um património único no Palácio da Bolsa, verdadeira jóia do estilo neoclássico do séc. XIX, do Arq. Joaquim da Costa Lima ao Arq. Marques da Silva, do Pintor António Ramalho, a Veloso Salgado, António Carneiro ou Medina, de Soares dos Reis a Teixeira Lopes.”


Esta foto mostra o pedestal do monumento ao Infante D. Henrique, mas ainda sem todas as peças em bronze, pelo que deve ser de 1900 ou do ano anterior


 "O espaço de 506 m2 que fora claustro do convento a céu aberto, é hoje o magnífico Pátio das Nações, um hino às relações comerciais, enunciado em tempos de euforia livre-cambista. Em cada uma das quatro faces do Pátio elevam-se seis colunas pompeanas em ferro fundido, destinadas a aliviar as paredes da carga enorme representada pela vasta cúpula metálica, da autoria de Tomás Soller, que recobre todo o átrio. Na base côncava da armação apresentam-se, além do escudo nacional, mais dezanove brasões heráldicos, executados por Luigi Manini, respeitantes aos países com os quais Portugal mantinha as mais estreitas relações de amizade e de comércio.
As quatro cantoneiras que dividem estas pinturas, comemoram datas relevantes para a actividade mercantil desta praça.
Merece também atenção o pavimento desta enorme quadra. Revestido de mosaico cerâmico, desenhado por Tomás Soller, a sua ornamentação, com predomínio de motivos geométricos, inspira-se nos modelos greco-romanos descobertos em Pompeia. O “floor” da Bolsa de Valores do Porto, fundada pela Associação Comercial do Porto, funcionou neste local até meados da década de 90 do século XX." -
De Interacções do Futuro



Salão Nobre da Associação Comercial do Porto. Começado a construir em 15 de Sertembro de 1862, sob o projecto de Gustavo Adolfo Gonçalves e Sousa, só em 1880 ficou concluído, aquando de uma sessão comemorativa do terceiro Centenário de Camões. As formas decorativas são em estuque e madeira e todo o amarelo é folha de ouro. É o salão usado para recepções, concertos e actos importantes. 


Escadaria - Foto arakea.com

You Tube - Palácio da Bolsa
http://www.youtube.com/watch?v=QFLFIEGJEQA



Monumento ao Infante D. Henrique do escultor Tomás Costa – inaugurada em Outubro de 1900 pelo Rei D. Carlos I e D. Amélia – do blog Porto Cidade Invicta


Mercado Ferreira Borges – foto de André Pregitzer – Porto Património Cultural da Humanidade de Manuel Dias





O mercado Ferreira Borges foi construído entre 1885 e 1888. Foi projectado pelo Eng.º João Carlos Machado, utilizando o ferro fundido e o vidro, tal como o Palácio de Cristal.  
O Mercado Ferreira Borges foi construído pela Companhia Aliança (Fundição de Massarelos) pelo valor de 70.900.000 reis. Esta empresa foi fundada em 1852.  Em 1983, dado o seu estado muito degradado, foi totalmente recuperado. Destinava-se a substituir o mercado da Ribeira, mas os comerciantes e o público não aceitaram a mudança, pelo que ficou muito tempo abandonado. Já no séc. XX a CMP pensou adaptá-lo a museu ou local de exposições e festas. Também esta hipótese se não concretizou. Dos anos 50 a 70 do século passado foi o principal mercado de fruta da cidade. Actualmente a CMP alugou-o a uma empresa de divertimentos e eventos. O seu nome pretende homenagear José Ferreira Borges, um dos principais revolucionários de 24 de Agosto de 1820. Mais tarde redigiu o Código Comercial Português e foi um dos fundadores da Associação Comercial do Porto.



Fundição de Massarelos – desenho de F. Lopes - ficava nos terrenos onde hoje está o Museu do Carro eléctrico, o terreno à sua esquerda até à estação de serviço da Repsol.  


LEGENDA DO ANÚNCIO: Máquinas e geradores de vapor – Máquinas hidraulicas – Máquinas agrícolas e industriais – Construções civis - escadas pontes e passarelas – marquizes e quaisquer coberturas metálicas – Projectos de todas as construções – Fundições de ferro e de bronze e de outras ligas de metais – Fundição especial para cabos – candieiros em geral – Abastecimento de águas e respectivos acessórios – Projectos para estas instalações.