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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - X

3.5.6 - Palácio de Cristal - VII


Num longo, mas excelente artigo em O Tripeiro, 7ª. Série, Ano XX, Nº. 12, o grande portuense de adopção Engº. Francisco de Almeida e Sousa, traça o ocaso deste saudoso palácio. Damos um despretensioso resumo:
Somando sucessivos prejuízos, não foi vendido á C. M. do Porto em 1915 por forte influência do Conde de Samodães. Até que em 9 de Fevereiro de 1934 esta o comprou por 2.000 contos, na esperança de o dinamizar e fazer mais exposições importantes, o que nunca aconteceu. Continuavam-se a fazer bailes de Carnaval e S. João e festas várias. Era então Presidente o Dr. Alfredo de Magalhães. Até que se anunciou o Campeonato Mundial de Hóquei em Patins de Junho de 1952. Por insistência do Delegado no Norte da Direcção Geral dos Desportos, Mário de Carvalho, logo se pensou realiza-lo no Porto. Mas cá não havia recinto e em Lisboa o que havia só continha 5.200 lugares, o que era considerado muito pouco. Após uma acesa luta política entre Porto e Lisboa e mesmo dentro na nossa CMP, presidida por Licínio Presa, foi decidido deitar abaixo o Palácio de Cristal, na reunião de 18/12/1951, embora a votação e aprovação final só tivesse sido conseguida em 9/1/1952. Porém, o antigo palácio já estava a ser demolido desde as 8 h. da manhã do Domingo (?) 16/12/1951 e estava completamente desfeito, excepto a frontaria, em 6 de Janeiro seguinte!


O Comércio do Porto de 19/12/1951

No projecto do Arquitecto José Carlos Loureiro estavam previstas mais construções, mas, como habitualmente, o orçamento derrapou e só se construiu o pavilhão.


Início da destruíção




Mário de Carvalho chega a dizer que o Palácio de Cristal fez a sua época, que a vida não se compadece e que se terá de sacrificar o que for necessário. O Prof. Hernâni Monteiro e o vereador Dr. Pinheiro Torres ainda propõem a escolha de outro local, mas nada foi alterado.



Porém, quando já se discutia a hipótese de destruir o Palácio de Cristal para aí se construir outro pavilhão, o Arq. Artur Andrade apresentou, em 1946 e 1948, projectos que acabaram por ser abandonados, consta que por razões políticas. Seriam melhores que “a grande mama” que veio a ser concretizada? De qualquer forma o “sacrilégio” da destruição do Palácio manter-se-ia.


Início da construção do Pavilhão dos Desportos
Para esconderem a destruição de tão importante monumento os técnicos mantiveram a fachada até ao fim e assim passava despercebida da rua. Tinham a consciência a roer-lhes a alma! Isto, se a tivessem!


O projecto foi do Arq. Carlos Loureiro. O Campeonato começou em 29/6/1952, mas o novo pavilhão ainda estava por acabar. Foi disputado a céu aberto. A frontaria do Palácio de Cristal ainda estava de pé!


Fase final da construção do Pavilhão dos Desportos 

Construção do Pavilhão dos Desportos - 1952 


Os portuenses, indignados e convictos de que se teria tratado de um “grande negócio” para alguns, e inspirados pelo desenho deste pavilhão, logo o apelidaram de “a grande mama”. A verdade é que se dizia que a enorme quantidade de metais das naves e do órgão e muitos outros materiais desapareceram sem deixar rasto.


Cartaz do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins de 1952


Selo comemorativo do campeonato de 1952

Em Junho de 1952 realizou-se o Campeonato da Europa e do Mundo de Hoquei em patins neste pavilhão.


Foto de Despertar Memórias de Fernando Castro 

Portugal sagrou-se Campeão do Mundo ao ganhar à Itália por 4-0. A nossa selecção era composta pelos extraordinários jogadores: Emídio Pinto, Raio, Sidónio Serpa, Jesus Correia e Correia dos Santos. 
Foi o delírio! Assisti à maior parte dos jogos e vibrei muito, mas a “dor” do Porto, e nossa, pela perda do Palácio, só começou depois…



Assistência do Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins de 1958, no Porto


I Exposição Têxtil no Pavilhão dos Desporto - 1958

Memórias pessoais – Por vezes o meu pai levava-nos, a mim e meus irmãos, ao Palácio para nos deliciarmos com as suas surpresas. Lembro-me bem da roda dos cavalinhos, dos baloiços, dos balancés, das caixas de areia, dos escorregões, do anel rolante preso ao poste… 


Lago em 1947

Saudades do lindíssimo lago com a sua ponte e gruta, onde mais tarde andava de barco ou gaivota. Dos animais, em especial do leão, da aldeia dos macacos, dos pavões e galinhas da Índia, dos papagaios…
Andei de bicicleta e triciclo naqueles grandes salões laterais e nos jardins, fiz corridas de sacos e, com os olhos tapados, tentei acertar num cântaro com água ou areia… Ainda assisti a uma inesquecível exposição de rosas que pela sua grandeza me espantou.

Palácio de Cristal – 1947 

Pagava-se de entrada 1$50, a partir dos 6 anos. O aluguer das bicicletas pequenas custava 2$50 e dos triciclos 1$50 por hora. 
Vi uma exibição de ginástica do Sport Clube do Porto, e delirava quando meu pai me levava a ver a luta livre. Por vezes a exaltação do público era tal que eu me encostava a meu pai cheio de medo. 



Mais tarde íamos à Feira Popular onde nos divertíamos nos carroceis, carrinhos de choque, cadeiras voadoras, etc. 


Nunca deixávamos à Feira Popular sem ir ao stand da Regina “furar” a nossa sorte nos seus deliciosos chocolates 

Enfim, foi um paraíso, desaparecido pela estupidez e ganância dos homens!

Palácio de Cristal – Junho de 1947 – o Palácio como eu o conheci - vídeo

Palácio do Cristal - 1951

Palácio de Cristal em 1975


Palácio de Cristal - 2012
http://www.youtube.com/watch?v=sL05vrLN68Q

E agora que terminámos as publicações sobre o Palácio de Cristal, aqui vai um "rebuçado" do Porto: 

O Porto em 1913 – Filme de Alfredo Nunes de Mattos – Praça da República, Igreja da Lapa, Carlos Alberto, Carmo, Rio Douro, Palácio de Cristal, Guindais vistos da ponte Luis I, Passeio Alegre, Avenida Brasil, Molhe, Massarelos, Ponte Maria Pia