3.12.16 – Convento de S. José e Santa Teresa das Carmelitas Descalças - II
Neste mapa, alguns anos depois, já o convento tinha sido abandonado e pertencia ao Estado que, aproveitando este facto e de ter sido demolido o Recolhimento do Anjo, de que falaremos brevemente, mandou alargar e alinhar a Rua das Carmelitas. Passou a confinar, desde 9/7/1839, com o triangular Mercado do Anjo.
A capela do mosteiro foi demolida em 1900. No cemitério foi encontrado o corpo incorrupto de uma freira que faleceu quando ainda estava lá instalado o Colégio da Guia, portanto antes de 1700.
Praça de Lisboa - 1953
Depois de duas versões mal conseguidas, a Praça de Lisboa, que era um estacionamento e a Clérigus Shoping…
… a C.M.P. mandou renovar esta praça, que passou a chamar-se "Passeio dos Clérigos", que melhorou muito o centro da cidade. É um local muito frequentado pela juventude, especialmente à noite. Esta animação estende-se à Galeria de Paris e outros locais do centro. Como se devem recordar esta zona do Porto era conhecida pelo Olival, daí a colocação destas oliveiras.
Sobre este local, muito especialmente sobre o Mercado do Anjo, podem visitar as publicações de 4, 9 e 13 de Março de 2014.
Em 1850 foram plantadas estas árvores, que se tornaram frondosas. Foram abatidas em 1904 quando se decidiu fazer o bairro das carmelitas.
Em parte do edifício do convento extinto, em 1836, foram instalados vários estabelecimentos, designadamente…
Mala-Posta - 1855/1864
…a estação central da Mala Posta, na Rua das Carmelitas, que fazia a ligação entre o Porto e o Carregado, depois até Lisboa, o Correio Central, o Depósito Público e a Escola Normal Primária.
No mapa que inicia este lançamento vê-se ainda o Largo do Correio, que estava estabelecido, de 1696 a 1801, na residência de João Soares de Carvalho, o correio-mor do Porto. Esta casa tinha as traseiras para a actual Rua do Conde de Vizela, anteriormente Rua do Correio-Mor e depois do Correio.
Entre 1836 e 1857 ocupou uma parte do antigo Convento das Carmelitas, denominando-se Correio Central.
“Na Escola Normal Primária eram admitidos os filhos de pessoas pobres que gratuitamente aprendiam a língua materna” (Horácio Marçal).
Também aí existiram a Direcção das Obras Públicas, a Polícia Civil, uma estação de bombeiros e um bar, o Salão Americano; todos com frente para a Rua das Carmelitas..
Na cerca do convento existiram vários estabelecimentos de divertimento e, em 1875, foi criado o Variedades, um barracão onde se apresentavam representações teatrais. Os preços eram: galeria, 80 reis; geral, 120; cadeiras, 300; camarotes, 1200.
Ainda no mesmo local existiu a Cozinha Económica, de que se vêm ainda os restos do barracão.
Entre 1892 e 1904, a Companhia de Utilidade Doméstica, subsidiada pela Câmara, iniciou a Cozinha Económica. Servia cerca de 1000 refeições por dia aos operários a preços reduzidos. Eram fornecidas fichas com os preços dos pratos. Anos depois, por 60 reis, servia merendas aos empregados comerciais.
Ferros Velhos - Foto Alvão
Foto Arnaldo Soares – Pelo amável comentário de A Porta Nobre que poderão ver no final, conclui-se que o local das fotos é o mesmo, mas que a primeira estará invertida. Ainda pode ver-se, na debaixo à esquerda, parte do Convento das Carmelitas que está na perspectiva correcta. As fotos foram ambas tiradas da Rua das Carmelitas, para Norte.
Ainda, na parte nascente da cerca do convento existiu o mercado dos ferros velhos, depois Largo do Correio.
À direita está uma loja de venda de ferragens e calçado e à esquerda roupas dependuradas, tal como ainda hoje vemos nas nossas feiras. De notar os frondosos plátanos que, com a sua sombra protegiam vendedores e compradores.
Os “Ferros Velhos” foram desde meados do século XIX um pitoresco mercado do Porto, tipo feira da ladra, onde se vendiam toda a espécie de artigos novos e usados.
Firmino Pereira, em “O Porto d’Outros Tempos” (1914) escreve o seguinte: “ Essa feira permanente de farrapos e cacos era ao mesmo tempo divertida e repugnante. O Porto varria para ali o lixo caseiro, que a miséria ia depois procurar, como um cão vadio procura um osso entre a imundície... Nas barracas encostadas ao muro e nas bancas colocadas no largo, expunha-se à venda tudo quanto a mais caprichosa fantasia pudesse inventar e apetecer: roupas de homem e de mulher, livros, fechaduras, tachos, calçado, bacias, grades, colchões, espelhos, tapetes, cortinas, pregos, ferros de brunir, lavatórios, cadeiras, armários, louças, chapéus, espadins, candeias, tabuleiros, vidraças, portas, caixas, baús, mesas, pistolas, bacamartes, vestuários completos do século XVIII, chapéus armados, retratos, paisagens, sobre casacas e capotes do tempo da revolução de 20 e dos patriotas da Junta… Toda esta farrapada e todos estes cacos se alastravam pelo chão, pelas mesas ou dependurados nas barracas. Esse bazar permanente que abastecia a população miserável era também o “prego” dos infelizes que, para acudir a uma necessidade mais urgente, iam ali empenhar ou vender o que, de momento, podiam mais facilmente dispensar”.
Já desde há muitos anos a câmara pretendia acabar com esta feira, mas, talvez por razões políticas, só em de Abril de 1894 foi declarada a sua extinção. Porém, foi preciso esperar por 1904 para serem demolidas as últimas barracas porque alguns mercadores não queriam abandonar o seu espaço.
Esta casa ficava na esquina do Largo do Correio com a Rua da Fábrica