quarta-feira, 26 de julho de 2017

CERCO DO PORTO IX

8.1.11 – Cerco do Porto - Baterias do Pasteleiro e da quinta de Salabert, Bateria do Pinhal, Saldanha vence absolutistas no Pinhal, Destruição da quinta de Agramonte, Testemunha de uma velha do tempo do cerco, Tropas miguelistas em Rio Tinto


Anterior Quinta Salabert, nesta foto já Casa dos Andersen, no Campo Alegre, e actualmente Jardim Botânico.


Foi então que um “desertor” inimigo…

In O Tripeiro, Volume 3


Cemitério de Agramonte

“A 2 de Agosto de 1832, por motivos de ordem estratégica D. Pedro deu ordem de queimar e arrasar a importante casa de campo, muros e árvores da bela quinta de Agramonte. Uma das mais formosas e produtivas dos subúrbios do Porto. Rendia 400$000 reis anuais livre de todas as despesas. Pertencia à tripeira família Pinho e Sousa. O seu proprietário, capitão Joaquim de Pinho e Sousa, herói da Guerra Peninsular, liberal convicto e sincero, tinha falecido em 1831, quando emigrado em Paris. A viúva morrerá em Agosto de 1833, um ano depois da destruição da quinta. Era filha de um italiano de Génova, notável ceramista e fundador da Fábrica de Loiça da Santo António da Piedade. D. Pedro foi pessoalmente levar-lhe a notícia e apresentar-lhe as suas desculpas, e assegurar-lhe que seria a primeira a ser indemnizada pelo seu justo valor «logo que as circunstâncias o permitissem». Afinal parece que tal nunca sucedeu, apesar de repetidos requerimentos do tutor dos menores. Quatro anos depois do Cerco ainda o governo local dava ordens para lá ir buscar pedra “sem conta, nem avaliação e menos pagamento”. Continuou um monte inculto até ser expropriado, em 1855, por uma quantia “miserável” para ser aproveitado para cemitério. Esta família Pinho e Sousa é um caso da guerra civil. A família desapareceu em meados do século XIX por falta de representação varonil. O irmão José Leandro, também militar, foi morto por uma bala legitimista; as mais importantes propriedades da família foram sequestradas em 1828 pelos miguelistas: o grande prédio no Descampado de Miragaia, junto à Fonte da Colher, sua residência citadina e onde Joaquim nascera, foi arruinado pelos rebeldes por estar exposto ao mais terrível fogo do inimigo; a sua casa solarenga em Carcavelos, S. Tiago de Riba d’Ul, foi mandada arrasar completamente em 1828 por ordem de D. Miguel. Também tinha propriedades em Lavra e Perafita. 
Joaquim assentou praça aos 14 anos. Fez a guerra peninsular e em 5 de Março de 1820 pediu a reforma porque não lhe concederam a mudança para o Porto quando o seu pai morreu. A 24 de Agosto do mesmo ano apresentou-se a Fernandes Tomás para defender a revolta liberal. Em 1826 foi nomeado comandante da guarnição de Vila da Feira. Em 1828 “foi ao Porto e foi do pequeno número de oficiais que acompanhou o exército fiel por terra até à Corunha onde embarcou para França onde morreu”. In blogue Ruas do Porto




Não o tendo encontrado...
 

In O Tripeiro, Volume 2

domingo, 23 de julho de 2017

CERCO DO PORTO VIII

8.1.11 – Cerco do Porto - Cólera Morbus trazida por Solignac, Marechal de Saldanha chamado pelo rei e povo, Bateria absolutista do Castro, Linhas de defesa da Foz, Bateria do Covelo, Marechal de Saldanha conquista o pinhal da Foz


Cólera Morbus – baixo relevo em gesso patinado - MNAC



Barcos ao largo da Foz do Douro


Marechal de Saldanha – chegou ao Porto em 28/1/1833, a pedido de D. Pedro IV


Alguém saberá porquê? Tinha assim tanto medo dele?...



Era nesta zona, de Carreiros ao Ourigo, que eram descarregados os mantimentos e munições para o Porto.


In O Tripeiro, Volume 2


Linhas do Porto a partir de Janeiro 1833 - as fortificações feitas pelo Marechal de Saldanha, na Foz, estenderam-se desde a quinta do Salabert, mais tarde dos Andersen e actualmente Jardim Botânico, passava pela Pasteleira e terminava na Senhora da Luz.
A partir de JAN 1833, após chegada do futuro marechal Saldanha ao Porto, foi levantada uma terceira linha de baterias e fortificações com a finalidade de proteger a entrada dos navios pela barra do Douro, os quais transportavam as munições , tropas de reforço e alimentos à cidade sitiada , estendendo até ao mar a linha de defesa .
Para tal foram levantadas baterias nos redutos do Pasteleiro e do Pinhal, no Forte da Luz, na zona da Foz para neutralizar os fogos miguelistas provenientes do seu forte do Castro.


Bateria miguelista do Castro – Foz do Douro


Bateria Miguelista no Cabedelo, no lado Sul da Barra do Douro

Foram erguidas ainda uma bateria junto ao castelo da Foz, frente à bateria miguelista que tinha sido erguida no areal do Cabedelo e ainda as baterias, ao longo da margem direita do rio nessa zona da Foz, denominadas do Oiro, Arrábida e de Cónego Teixeira, todas elas vocacionadas para neutralizar as baterias adversárias do outro lado do rio que bombardeavam os navios entrados pela barra do Douro.
No exterior do perímetro de defesa como guardas avançadas, foram levantados redutos e fortins em pontos altos e estratégicos, sendo de relevar os Redutos das Antas (no qual se integrava o reduto da Bela Vista) ,


Bateria do Covelo

o Reduto do Cobelo ( que integrava o Reduto das Medalhas ) e ainda a Flecha dos Mortos , lugares estes que foram testemunhas de elevados feitos de coragem e valentia dos nossos avoengos de ambos os lados . Para a construção dos redutos e entrincheiramentos foram mobilizados tropas e populares. Utilizavam-se pedras, troncos de árvores, entulho, pipas e barricas cheias de terra (barricadas). Cavavam-se fossos para defesa próxima e à medida que as fortificações iam sendo concluídas, as posições eram ocupadas por forças regulares. Em casos de acções ofensivas, os voluntários e as milícias eram chamadas a substituir as tropas de linha empenhadas em surtidas.
Em algumas posições mais estratégicas, situadas em lugares elevados, instalavam-se as baterias de artilharia, na sua maioria perto e adentro da linha fortificada de defesa”. In blogue lettersfromlise


Encontrando-se “exilado” em França, o Marechal de Saldanha, foi chamado, por D. Pedro, a vir para o Porto por insistência dos militares e do povo. Foi recebido pelo Porto com grande entusiasmo. Milhares de pessoas, nas ruas e janelas, o aclamaram, cheios de esperança na salvação da cidade.
O Porto encontrava-se nessa altura em grave perigo de ser tomado pelos miguelistas.
Verificou que, de um pinhal na zona da Luz, os miguelistas descobriam a pequena praia onde, de noite, se desembarcavam os víveres e munições para os liberais. 
O próprio Saldanha escreve:


MAS SALDANHA DESOBEDECEU AO SEU SUPERIOR




Marechal de Saldanha

quinta-feira, 20 de julho de 2017

CERCO DO PORTO VII

8.1.11 – Cerco do Porto - Lutas pela Serra do Pilar, Incêndio do Convento de Santo António do Vale da Piedade, Incêndio dos armazéns de vinho de Gaia, Retirada das tropas miguelistas, Fome e doenças no Porto, Preços antes e durante o cerco 


Em 1920 ainda estava muito destruído pelas lutas do cerco de 1832


Nota-se um buraco na parede da igreja provocado por um obus de artilharia miguelista. Esta zona foi muito atingida porque ao lado da igreja, no Largo da Bataria como lhe chama o povo, estava colocada uma bateria liberal que atacava os miguelistas em Gaia. Estes respondiam.


Porto visto da Serra do Pilar – Skeiton – 1828


Reprodução de gravura publicada em 1833, dedicada a D. Pedro, duque de Bragança, representando a encosta da Serra do Pilar (incluindo militares e populares), Vila Nova de Gaia, o Rio Douro e a cidade do Porto, durante o Cerco.
Autoria: Charles Van Zeller (des.); Robert Havell (grav.).
Pela serenidade e paz que são representados os figurantes terá sido desenhada depois do Cerco do Porto.


Convento de Santo António do Vale da Piedade


In O Tripeiro, Volume V



Incêndio nos armazéns da Quinta de Noval – 20/10/1971


Armazéns da Sandeman após incêndio de 24-4-1979


In Portugal Antigo e Moderno – segundo autores teriam sido mais de 10.000 pipas destruídas.




Portugal Antigo e Moderno


Ribeira - foto de Emílio Biel


O cerco do Porto visto por um estrangeiro – In O Tripeiro, Série V, Ano III



Filas para comprar produtos racionados - 1943


Senhas de racionamento


In O Porto por fora e por dentro de Alberto Pimentel

Uma das melhores provas dos sofrimentos e dificuldades dos portuenses aquando do cerco foi o enorme aumento de preço e escassez de bens de consumo. Para se ter uma ideia da gravidade deste problema indicamos alguns preços em 7/7/1832, antes do cerco, e durante o cerco (em reis):



In Portugal Antigo e Moderno

Anos depois a família abriu falência fruto, sobretudo, da vida faustosa e destemperada que levava. Tendo sido elevado a Conde de Farrobo, o povo chamava-lhe Forrobodó, pois as festas e concertos eram constantes.