quinta-feira, 19 de julho de 2012

BAIRROS DA CIDADE - VI

2.3.1 - Bairro da Sé - VI



Reboleira – Manuel de Macedo – 1887
zona destruída


Rua da Reboleira,55 – casa-torre medieval – o andar superior e as ameias podem ter sido remodelados no séc. XVII



Rua da Reboleira na zona do nº. 55


Rua da Reboleira,59 – casa-torre medieval


Rua da Reboleira - varandas


“A Fonte Taurina teve várias designações, algumas bastante estranhas e outras simplesmente incompreensíveis. Vejam só "Fonte Aurina" ou "Fonte de Aurina"; "Fonte Ourina" ou "Fonte d'Ourina"; e "Fonte Tourina" ou "Fonte Taurina". Esta designação é a que ainda hoje prevalece. Que a Fonte Taurina existiu, não há dúvidas. Que foi de grande utilidade para as gentes ribeirinhas, em cuja zona se localizava, também é verdade. A dúvida maior, se assim se pode dizer, é estabelecer com rigor o local onde esteve. Vamos, pois, à localização. A rua que tem o nome da fonte é das mais antigas da cidade. Já existia, pelo menos, em 1296. Em 1424, dizia-se que era "a rua que ia da Praça da Ribeira para a Fonte d'Aurina". Um documento de 1540 dá a fonte como ficando "no sítio da Ribeira, logo abaixo donde entra o Rio da Vila no Douro…" Mas há ainda quem assegure que a fonte ficava "cerca do Postigo e da Ponte das Tábuas…" E outro documento de 1535, existente no riquíssimo arquivo da Santa Casa da Misericórdia do Porto, indica a Rua da Ponte das Tábuas como sendo a actual Rua da Fonte Taurina.” do JN


O Porto é, na sua zona histórica, uma cidade dominada por duas altas colinas e dois vales. Pena Ventosa e Victória, separadas pelo vale do Rio da Vila, e, a poente, o vale de Miragaia. Esta orografia condicionou o traçado das suas ruas, sendo algumas muito íngremes. Vista do exterior, especialmente de Gaia, é maravilhosa, pois parece uma cascata de casas e monumentos. Desconhecemos a origem da secular tradição das cascatas de S. João, porém perguntamo-nos se o aspecto da cidade não terá influenciado a forma que apresenta esta manifestação de arte popular. O visitante inglês James Murphy na sua descrição da cidade, em 1789, escreve: “A maior parte das ruas do Porto são tão escarpadas que os transeuntes têm mais a impressão de trepar que de caminhar. Este inconveniente, é verdade, fica compensado pela limpeza, de que os habitantes ficam mais devedores à natureza do que aos serviços de higiene. Na verdade, no tempo das chuvas, que não deixam de aqui ser frequentes, as águas das elevações vizinhas precipitam-se em torrentes e arrastam todas as imundícies da cidade. De resto, nada de luzes durante a noite nas ruas, salvo algumas lâmpadas colocadas nas capelas das madonas”. O Tripeiro, série VII, Ano XVII.


Lemos em tempos que a ponte D. Maria II, conhecida como ponte pênsil, era iluminada por duas lanternas, uma em cada entrada, nas noites escuras. Nas de lua cheia, nem sequer eram acesas. Os raros transeuntes noturnos levavam a sua lanterna ou, se era rico, levava criados para lhe iluminarem o caminho. Não havendo iluminação pública era perigoso andar de noite. Em 1851, «quando veio ao Porto a Rainha D. Maria II» viu-se, pela primeira vez, “o gás hydrogénio em arco triunphal armado ao cimo da rua de São João» (O Tripeiro, 1908). A História do Porto, coordenada por Luis A. Oliveira Ramos, afirma que o gás “começa a cobrir a cidade a partir de 1855. Em 1862 há 1157 candeeiros públicos, e no ano seguinte 1373”. Em 1890 eram mais de 2500 e em 1900 mais de 3500. Entretanto, começou o fornecimento a particulares. Em 1886 foi introduzida a luz eléctrica no Porto. A pequena central situava-se no pátio das traseiras do edifício do Atneu Comercial do Porto e fornecia uma restrita zona das ruas de 31 de Janeiro, Clérigos, Praça da Liberdade e Santa Catarina. Só em 1908 se construiu a central eléctrica do Ouro que foi substituindo a iluminação a gás por eléctrica.



Candeeiro a gás na Praça de Carlos Alberto – Foto Alvão


Travessa de Santana na Sé – lindíssimo candieiro a gás


Museu do Carro Electrico – acendendo um candieiro a gás


            Terreiro da Sé


Foto de Olhares


Praça Almeida Garrett – Candeeiro antigo – Foto Alvão



Praça Almeida Garrett - frente à estação de S. Bento


Avenida dos Aliados – iluminação eléctrica – anos 20/30? - Foto Alvão

Fábrica do gás e electricidade no Ouro
A central eléctrica foi construída em 1908



2 comentários:

  1. Caros investigadores,
    Em relação ao post que interroga as designações possíveis da "Fonte Taurina" ou "Fonte d'Ourina" envio um link do dicionário de Raphael Bluteau de 1728, que lhes poderá ser útil à resposta desta ou de outras questões toponímicas. No século XVIII, "ourina" e "ourinar" significavam urina e urinar respectivamente. Pelo nome, poderá ter sido uma fonte com o objectivo do saneamento público e não do abastecimento de águas, o que a ser confirmado,a poderá tornar importante na leitura da evolução das políticas de higienização da cidade. http://www.brasiliana.usp.br/dicionario/edicao/1

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    1. Caro leitor,
      Muito obrigado pelo seu contributo. Há mais de 50 anos que lemos sobre o Porto e nunca encontrámos qualquer referência nesse sentido. Os mais conceituados historiadores referem-se á fonte que existiu nesta rua, mas desconhecem ao certo a sua origem. Daí apontarem as hipóteses q que nos referimos.
      Maria José e Rui Cunha

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