2.3.3 - Bairro de Santo Ildefonso - IV
Igreja de Santo Ildefonso e Obelisco – foto Alvão - A Igreja ainda não tinha os azulejos
“…para facilitar a comunicação entre a Rua de Santo António e a Praça das Hortas, foi necessário alterar a escadaria que dava acesso à Igreja dos Congregados… Existindo já uma escadaria de fronte da Igreja de Santo Ildefonso… esta seria transformada a partir de 1794. Criava-se assim um remate monumental à Rua de Santo António, como o que existia em relação à Rua dos Clérigos… Entre os dois lanços paralelos um pódio balaustrado formava ao nível do segundo patamar uma varanda, no centro da qual foi levantado um obelisco… não era só o coroamento monumental de todo o conjunto, mas também figurava a verticalidade que nos Clérigos era dada pela torre. Com o seu levantamento criou-se uma harmonia entre os remates das ruas de Santo António e dos Clérigos. Porto na Época dos Almadas de Joaquim Jaime B. Ferreira Alves.
Igreja de Santo Ildefonso em épocas diferentes - Em 1932 foi coberta por azulejos de Jorge Colaço
A Constructora de Campos & Morais – Foi um importante armazém de ferragens que vendia para todo o país e exportava. Fechou em 1907. A firma Neves & Pascaud comprou-o e adaptou-o, anos mais tarde, ao Novo Cinema High Life. Desastradamente tranformaram este singular edifício num horrível barracão.
Cinemas High Life e Aguia D'Ouro
"Na feira de S. Miguel do ano de 1906, como novidade sensacional e como número de invulgar atracção, apareceu o primeiro animatógrafo ou cinematógrafo portuense – o salão High Life – instalado num modesto barracão de madeira coberto de folha zincada, ali mandado construir por Manuel da Silva Neves, que em Novembro desse ano de 1906, depois de terminada a feira de S. Miguel, passou a dar sessões de cinema mudo no largo fronteiro à Torre dos Clérigos, na Cordoaria, onde se conservou bastante tempo e para além da inauguração, em Fevereiro de 1908, do Novo Salão High Life, na Praça da Batalha, do mesmo proprietário." O Tripeiro série VI, Ano X.
Neves Real descreve aquelas memoráveis sessões na Boavista: “Sobre terra estreme, uma fiada de bancos plebeus constituía a “geral”. Seguiam-se-lhe como tribuna de honra, sobre estrado de madeira, as filas de cadeiras a marcar uma distinção e a preservar apropriado acolhimento à “High Life” do Porto que, como a alta roda de Paris, não desdenhou acorrer a extasiar-se perante as “maravilhosas vistas” que a firma Neves & Pascaud lhe oferecia à razão de 130 reis por pessoa e por sessão” Alves Costa diz “Eram quadros e vistas iguais aos que então corriam mundo, Projectada por uma “Pathé”. Cenas captadas sabe-se lá onde mostravam-se em sessões contínuas, das duas da tarde até perto da meia-noite.”
Cinema Batalha - inaugurado em 1947
Monumento a D. Pedro V – inaugurado por D. Luis I em 3 de Fevereiro de 1866 – obra de bronze de Teixeira Lopes (Pai) e pedestal de mármore de António de Almeida e Costa.
Rei D. Pedro V
Rainha D. Estefânia
D. Pedro V foi um rei muito popular e amigo do Porto. Nascido em 16 de Setembro de 1837, faleceu muito jovem, em 11 de Novembro de 1861. Muito culto e viajado teve um reinado pequeno, mas muito activo e modernizador do país. Viveu grandes dificuldades, desde a cólera mórbus à febre amarela, a que o rei correspondia com constantes visitas aos doentes, o que o tornava muito querido pelo povo, que lhe chamou O Bem-Amado. Foi casado com D. Estefânia de Abril de 1858 a Julho do ano seguinte, que morreu vítima de difteria. Apesar de todas estas calamidades, conseguiu dar ao país uma certa estabilidade política. Introduziu o sistema métrico, inaugurou a linha de comboio Lisboa-Carregado e o primeiro telégrafo. Criou, com sua oferta de 90 contos de reis, o Curso Superior de Letras e ofereceu o espaço, na Tapada da Ajuda, para a criação do Observatório.
Foi um grande admirador da nossa cidade, pois a considerava trabalhadora, séria e com espírito empreendedor. Na sua primeira visita ao Porto foi à Cadeia da Relação onde quis verificar o estado das instalações e todos os presos. Camilo, na sua Memórias do Cárcere escreve:
“O Rei apeara inopinadamente à porta da cadeia.
O carcereiro era um alferes dos veteranos…
… D. Pedro V correu-o com os olhos, e disse:
- Conduza-me às enxovias.
Abriram-se os alçapões dos calabouços… Sua Majestade desceu rapidamente, como se pisasse os tapetes das marmóreas escadarias dos régios paços. À sua chegada uns presos petrificaram, outros ajoelharam, e alguns, voz em grita, pediam a liberdade… Passou Sua Majestade à enfermaria dos presos, e à das presas, em seguida. Na extrema desta há uma porta que se abre para o quarto de uma senhora, que ali estava presa.
- Que é ali dentro?
- Saberá Vossa Majestade – disse o carcereiro – que é o quarto da senhora [D. Ana Plácido].
O rei entrou, e a senhora foi chamada do corredor aonde tinha a seu asilo de trabalho. Com a senhora veio um menino nos braços de sua ama.
D. Pedro V cumprimentou a presa, perguntando-lhe o tempo de sua prisão. Reparou no menino, e acarinhou-o, perguntando-lhe o nome e a idade. A mãe respondeu pela criancinha, e o rei deteve-se a contemplar a infeliz. Ao lado do monarca compungido estava o marquês de Loulé, pensando, porventura, que naquele dia tinha de banquetear-se no palácio de uma irmã daquela encarcerada.
Saiu Sua Majestade e, ao descer as escadas, proferiu as palavras iniciais deste capítulo:
Isto precisa de ser completamente arrasado.”
O carcereiro era um alferes dos veteranos…
… D. Pedro V correu-o com os olhos, e disse:
- Conduza-me às enxovias.
Abriram-se os alçapões dos calabouços… Sua Majestade desceu rapidamente, como se pisasse os tapetes das marmóreas escadarias dos régios paços. À sua chegada uns presos petrificaram, outros ajoelharam, e alguns, voz em grita, pediam a liberdade… Passou Sua Majestade à enfermaria dos presos, e à das presas, em seguida. Na extrema desta há uma porta que se abre para o quarto de uma senhora, que ali estava presa.
- Que é ali dentro?
- Saberá Vossa Majestade – disse o carcereiro – que é o quarto da senhora [D. Ana Plácido].
O rei entrou, e a senhora foi chamada do corredor aonde tinha a seu asilo de trabalho. Com a senhora veio um menino nos braços de sua ama.
D. Pedro V cumprimentou a presa, perguntando-lhe o tempo de sua prisão. Reparou no menino, e acarinhou-o, perguntando-lhe o nome e a idade. A mãe respondeu pela criancinha, e o rei deteve-se a contemplar a infeliz. Ao lado do monarca compungido estava o marquês de Loulé, pensando, porventura, que naquele dia tinha de banquetear-se no palácio de uma irmã daquela encarcerada.
Saiu Sua Majestade e, ao descer as escadas, proferiu as palavras iniciais deste capítulo:
Isto precisa de ser completamente arrasado.”
Também visitou Camilo em seu quarto.
Em 26 de Junho de 1861 D. Pedro V decidiu comprar, a D. Carlota Rita Borges de Morais e Castro, 3ª. baronesa de Nevogilde, o Palácio dos Carrancas e transformá-lo em residência oficial, pois tencionava vir várias vezes ao Porto dado sentir-se cá muito bem. Infelizmente não pôde cumprir a promessa de inaugurar o Palácio de Cristal em 1865. Em 25 de Agosto de 1861 chega ao Porto para inaugurar a Exposição Industrial no Palácio da Bolsa. Visita esta exposição 3 vezes. Aproveitou a sua presença para lançar a primeira pedra do Palácio de Cristal.
Ainda se podem ver o antigo Teatro S. João antes do incêndio (1908), a Capela de Nossa Senhora da Batalha, e a futura messe dos oficiais. Os trens estão estacionados à esquerda, como mandava o código até 1928. Fotografia tirada entre 1899 e 1908
Em 1913 - Vê-se o palacete da Batalha, dos Guedes da Aveleda e o cinema High Life - Sobre o palacete trataremos em local próprio
Antigo Teatro de S. João - 1798-1908
Após a reconstrução - 1920 - sobre o teatro S. João trataremos em lugar próprio
Capela de Nossa Senhora da Batalha - antes de 1924 - sobre esta capela trataremos em lugar próprio.
Messe dos oficiais
Cabine telefónica, de que muito bem nos lembramos
Neste belíssimo edifício da Rua Alexandre Herculano esteve instalada a sede em Portugal da Coats & Clark – a firma instalou-se em Portugal no primeiro decénio do séc. XX.
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