8.1.16 – Monarquia do Norte em 19 de Janeiro de 1919 - Proclamação da Monarquia por Paiva Couceiro, Içar da bandeira monárquica no Monte Pedral, Norte adere à Monarquia do Norte, Eden Teatro, Notas e selos da Monarquia do Norte, Rio da Vila
Documento da proclamação da Monarquia do Norte por Paiva Couceiro
…em Lisboa, sidonistas de véspera, democráticos, unionistas, e socialistas, se iam unindo ao governo de Tamagnini Barbosa, Paiva Couceiro seguiu para o Porto onde o terreno era mais propício à restauração da Monarquia.
A Junta Central do Integralismo Lusitano reuniu-se no dia 17 à noite, tomando-se a decisão de António Sardinha e Luís de Almeida Braga seguirem para o Porto com a missão de “procurar suster o pronunciamento, até se ultimarem as ligações que viriam dar-lhe maior carácter de unanimidade em Lisboa e na Província”.
António Sardinha chegou ao Porto na manhã do dia 18, mas a Monarquia foi proclamada logo no dia seguinte, 19 de Janeiro, após uma parada militar, hasteando-se a bandeira portuguesa do tempo da Monarquia (Azul e Branca) e cantando-se o hino da Carta Constitucional.
Paiva Couceiro
A restauração declarou em vigor a Carta e indicou como chefes, Luís Cipriano Coelho de Magalhães, António Adalberto Sollari Allegro, Pedro de Barbosa Falcão de Azevedo e Bourbon (Conde de Azevedo), Dr. Júlio Girão Faria de Morais Sarmento (Visconde do Banho) e Coronel engenheiro Artur da Silva Ramos. A Junta Governativa do Reino, junto ao Governo Civil do Porto, ficou sob o comando de Henrique Mitchell de Paiva Couceiro. Com a excepção de Chaves, no norte do país todos as cidades aderiram ao movimento de restauração da Monarquia.
A 19 de Janeiro de 1919, num domingo, no Monte Pedral, pela uma hora da tarde, contingentes de todos os corpos da guarnição e da Guarda concentravam-se. Aparentemente parecia mais uma parada militar, mas não era. Ali encontravam-se reunidas as forças militares, contingentes de Infantaria 6 e 18, de Cavalaria 9, de Artilharia 5 e 6, do grupo de metralhadoras, da Polícia e da Guarda Republicana, e ainda um pelotão de Cavalaria 11 de Braga, para além de outras tropas.
Pouco depois chegou em automóvel Paiva Couceiro, envergando o seu uniforme de oficial de artilharia, e, montando a cavalo, surge no meio do quadrado formado pelas tropas, acompanhado por alguns oficiais galegos.
As populações civis que presenciavam isto ficaram impressionadas com a aparente determinação das forças em desfile. Quem não estava impressionado depressa ficou, quando o alferes Calainho de Azevedo, de Cavalaria 9, desfralda a bandeira azul e branca.
Paiva Couceiro faz então uma declaração, onde proclamou que o Exército é, acima de tudo, a mais alta expressão da Pátria, e por isso tem que guardá-la nas circunstâncias mais difíceis, acudindo na hora própria contra os perigos, sejam eles externos ou internos, que lhe ameacem a existência. Após o discurso, é levantada a bandeira monárquica e a banda da Guarda toca o Hino da Carta. De seguida, Couceiro faz uma revista às tropas e estas desfilam em continência.
Telegrama de Paiva Couceiro aos Governadores civis
É assim declarada a restaurada Monarquia à uma e meia da tarde de 19 de Janeiro, pelas forças da guarnição militar do Porto, no largo Monte Pedral, em nome de Sua Majestade D. Manuel I.
No norte, e principalmente no Porto, a população estava em festa. O povo saiu à rua, soltando vivas a Portugal, ao rei e à Monarquia. Tiros de salva de artilharia eram disparados a partir da Serra do Pilar.
Ocorre um desfile das tropas pelas ruas da Invicta até ao quartel-general onde estava o Governo Civil, junto à Praça da Batalha. Segundo relatos da época, eram tantas as pessoas nas ruas que o automóvel onde seguia Paiva Couceiro com dificuldades seguiu até ao quartel-general.
Às três da tarde do mesmo dia 19 é lida por Baldaque de Guimarães a nova proclamação, enumerando as causas e os objectivos da contra-revolução, e quem seriam os homens que iriam resgatar a Pátria da calamidade em que se encontrava.
Hino e letra da Carta Constitucional
Lida a proclamação, a banda da Guarda volta a tocar o Hino da Carta ao mesmo tempo que se ouvem 21 tiros de salva. No final, é içada a bandeira azul e branca no quartel-general, seguindo-se as comemorações populares espalhadas por toda a cidade.
Bandeira monárquica hasteada no Palácio da Bolsa
Por todo o Norte o dia ficou marcado pelo hastear da bandeiras monárquicas e sinos a tocar, e com o encerramento de muitos serviços públicos no dia 20 de Janeiro. No seu lado mais sombrio, bandeiras republicanas foram queimadas e diversos democratas e republicanos foram presos nas suas terras.
Embora muita gente saísse à rua e festejasse, ainda havia uma grande camada da chamada "classe pobre" que não estava interessada no regime, mas sim se teria pão para comer na manhã seguinte.
A Junta Governativa do Reino, sediada no Porto para organizar o novo regime monárquico, aproveita o corte de comunicações com Lisboa e aproveita para disseminar na população a notícia falsa de que a monarquia se impusera por todo o país e que não haveria volta a dar.
Os chefes da causa monarquia, demasiado confiantes no decorrer da proclamação da monarquia no norte do país, não se decidiam no que fazer ou no que decidir em relação à capital. Esta indecisão, que se prolongou durante alguns dias, foi um dos erros que levou a Monarquia do Norte ao fracasso, pois deu tempo aos republicanos a sul e na capital de se reorganizarem e prepararem uma defesa/contra-ataque.
As operações que envolveram ambas as partes tiveram, por assim dizer, duas fases. A primeira foi de 19 de Janeiro, quando se iniciou a revolta, e teve o seu fim no dia 31 de Janeiro, quando os republicanos terminaram de mobilizar as suas forças e estabeleceram uma cobertura ao longo do rio Mondego.
A segunda fase ocorreu entre 1 e 20 de Fevereiro, fase na qual se levam a cabo as operações de neutralização da revolta monárquica.
Fevereiro é o mês em que se inicia a ofensiva, fazendo as forças republicanas uma marcha em direcção ao Norte, onde em todas as cidades por onde passavam, os revoltosos ou fugiam ou rendiam-se.
No norte, no Porto, a revolta só terminou a 13 de Fevereiro. Neste dia, após combates em todo o litoral centro, nomeadamente em Angeja, a guerra civil termina com a entrada dos exércitos republicanos no Porto. In Wikipédia
Eden Teatro – Muitos republicanos estiveram aqui presos e maltratados durante a Monarquia do Norte.
Selos da Monarquia do Norte – 1919
Foi autorizada a impressão de notas e outras foram carimbadas, bem como a emissão de selos, que nunca chegaram a ser usados.
Monarquia do Norte – Academia Portuguesa da História
A Monarquia do Norte - vídeo
Rio da Vila pelo interior
Paiva Couceiro, envergando o seu uniforme de oficial de Cavalaria, é ARTILHARIA, (eu sei erro na wikipédia)
ResponderEliminarMuito obrigado. Vou emendar.
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