quarta-feira, 11 de julho de 2018

DOS HOMENS ILUSTRES EM LETRAS E ARMAS - VI

10.6 - Dos Homens ilustres em letras e armas VI, Teodoro de Sousa Maldonado I - Arquitecto e desenhador do séc XVIII, Gravuras de Teodoro de Sousa Maldonado, Alçados de Ruas do Porto, Rua dos Clérigos.



Esta gravura foi feita e publicada na primeira edição do livro de A.R.C. DESCRIÇÃO TOPOGRÁFICA DO PORTO, que baseia este nosso estudo. In blogue Do Porto e Não Só.





Pormenor da gravura de Teodoro de Sousa Maldonado – Sé e antigo Paço Episcopal. Este ainda estava em construção pelo que o autor teve de o imaginar.


Teodoro de Sousa Maldonado foi um importante arquitecto e desenhador do Porto. Sabe-se que fez as plantas das ruas de Santo António, dos Clérigos e da Rua da Boavista. Tomou conta das obras do actual Quartel General da Região Militar do Norte e da Casa Pia, em cujas plantas, originais de Reinaldo Oudinot, fez inúmeras alterações. Desenhou as magníficas gravuras do Porto e da Barra do Douro. Na do Porto pela primeira vez aparece a Torre dos Clérigos. Foi poeta, mas não encontrámos qualquer poema seu. Há dúvidas sobre a data do seu falecimento. Encontrámos referências a 1799 e 1809, e há autores que põem um ?



Rua de Santo António antes de 1852


Construída por ordem de João de Almada e Melo de 1784, a rua pretendia estabelecer uma comunicação cómoda entre o bairro de Santo Ildefonso (na zona alta da Praça da Batalha) e o bairro do Bonjardim (na zona baixa da actual Praça de Almeida Garrett). Antes da abertura desta artéria a ligação fazia-se pela actual Rua da Madeira que, por aquele tempo, se denominava Calçada da Teresa. Grande parte da rua foi construída sobre estacaria e arcos em pedra, para vencer o enorme declive entre as extremidades da rua e também para dar passagem à "mina do Bolhão" que por aí corria para alimentar as monjas beneditinas do Convento de São Bento de Avé-Maria. Trata-se de uma rua meticulosamente planeada, com os alçados dos seus prédios projectados pelo arquitecto Teodoro de Sousa Maldonado, entre 1787 e 1793. Esta rua foi palco de um acontecimento que marcou, não apenas a História do Porto, mas a de Portugal inteiro. No dia 31 de Janeiro de 1891 deu-se o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. Em memória desta revolta, logo que a República foi implantada em Portugal, a rua foi rebaptizada: Rua de 31 de Janeiro.  (Wikipédia)


“A calçada dos Clérigos desce com bastante declive desde a frontaria do templo até á praça de D Pedro. Prestando-se, pela sua muita largura a ser guarnecida de arvoredo, mandou a camara municipal modernamente plantar dois renques de arvores um de cada lado junto aos passeios. Quando o sr. Seabra tirou a photographia de que é cópia a nossa gravura, ainda não existiam alli as arvores, e era macadamisada. Actualmente está calçada com pedras cubicas, todas de eguaes dimensões. É a calçada dos Clerigos um dos sitios mais concorridos do Porto. Deve esta vantagem a diversas circunstancias taes como: a sua visinhança de parte do principal mercado publico, e da outra, da praça de D. Pedro, e de outras ruas onde o movimento commercial é mais activo; as lojas de variados objectos que a guarnecem; e a ser a mais bela communicação da cidade baixa para a alta. O mercado do Anjo, assim chamado por ter sido edificado no logar dantes ocupado pelo recolhiemnto d'aquella denominação, fica ao norte da egreja dos Clerigos, apenas separado d'ella por uma rua. As lojas referidas encerram, no maior numero, fazendas de seda, lã, linho e algodão, e muita diversidade de objectos de moda, porcelanas, cristaes, bronzes etc. Nenhuma se faz notar pela elegancia da armação, nem pela bonita disposição dos productos, mas algumas são notaveis pela muita cópia, e mesmo pela riqueza d'estes ultimos.”I de Vilhena Barbosa in Archivo Pittoresco, Ano de 1864.
Do Blog Porto Antigo


Fotografia que, pessoalmente, muito me diz. Vê-se a Rua dos Clérigos, em 1908, engalanada esperando a passagem do Rei D. Manuel II que acabava de chegar ao Porto em visita oficial. À direita vemos a casa Á Noiva onde em 1893, com 12 anos, o meu avô paterno, Francisco da Silva Cunha, entrou como moço de recados, ao tempo chamado marçano, e onde foi desempenhando de forma brilhante a sua profissão. Ascendeu a empregado de balcão, pondo gravata como era de tradição, e mais tarde a gerente da loja. Nesse tempo os empregados viviam na própria casa dos patrões, habitualmente no último andar onde se encontrava a cozinha e os quartos das criadas e dos empregados. Tendo-se apaixonado pela Menina Luisa, filha do Sr. Alves, o patrão, decidiu sair e lançar a sua própria casa de Retalho em 1903. Deu conhecimento disso ao Sr. Alves, que aceitou e apoiou, pois via no seu gerente um homem sério e trabalhador. Foi assim que, em 1903, fundou no nº. 54 o ESPELHO DA MODA. Prometeu ao Sr. Alves que, assim que lhe apresentasse dois balanços com lucros suficientes para manter a sua casa, lhe iria pedir a mão da menina Luisa. Em 1905 casou com a minha avó, vindo a ter 3 filhos. Por alturas desta fotografia o ESPELHO DA MODA tinha 5 anos e não é visível por se encontrar tapado pelo eléctrico.
Uma curiosidade é verificar-se que nesse tempo, à inglesa, ainda se circulava pela esquerda, e só em 1928 o código o obrigou a mudar para o sistema continental de circulação pela direita.


Alçado da Rua da Boavista – Arq. Teodoro de Sousa Maldonado

1 comentário:

  1. Olá
    Um post com uma bonita história de Vida.
    Obrigado por partilhá-la connosco
    Cumprs
    Augusto

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