2.4 - Casas-tipo do Porto
A casa-tipo burguesa do Porto tinha entre 3 e 5 pisos, consoante as posses e necessidades dos proprietários. Uma cave, uma loja ou armazém ao nível da rua e a sala de visitas no 1º andar, de forma a evitar que os estranhos subissem à zona mais reservada do lar.
No 2º andar estavam os quartos e no 3º a sala de jantar e mais quartos, se necessário. No andar superior ficava a cozinha e zona de trabalhos domésticos e quartos das criadas. Por vezes tinha ainda um 5º andar onde estas habitavam, bem como empregados da loja.
Ribeira - Foto Francisco Oliveira
Ribeira - casas recuperadas
Ribeira – Neste prédio está hoje instalado um hotel do grupo Pestana
Ribeira - casas sobre os arcos
Bairro da Sé – foto Mendes Pedro
Terreiro da Sé
Rua da Reboleira
Rua de 31 de Janeiro
Rua das Flores
Foto de José Afonso - 2009
As varandas, janelas, portas e portões eram muitas vezes ornamentadas com maravilhosos ferros forjados.
Em 1763,D. José I, por intermédio do seu ministro Marquês de Pombal, fundou a Junta das Obras Públicas do Porto e nomeou João de Almada e Melo seu presidente. Esta, tinha como finalidade a coordenação da abertura das novas ruas e os tipos de casas a implantar na cidade pois, até aí,eram edificadas sem plano. Dependia das posses e gostos dos proprietários, embora, sob a aprovação da câmara. Assim, o Porto até ao séc. XVII, era um conjunto de ruas e casas desordenadas.
“A J.O.P… centrava-se fundamentalmente no processo de transformação urbana, ou seja na criação de condições urbanísticas, nos aspectos relacionados com o financiamento, das expropriações e do modo de execução, nomeação de técnicos e contactos com o poder central.” In Luis Berrance – Evolução do desenho das fachadas das habitações correntes almadinas – 1774-1844.
Primeira planta de casas para a Praça dos Ferradores, lado Norte, hoje de Carlos Alberto – desenho de Joaquim Costa Lima Júnior 1838 – In Luis Berrance – Evolução do desenho das fachadas das habitações correntes almadinas – 1774-1844.
Segunda planta
Legenda: “ Em ambos estes projectos se vê conservada como actualmente existe a casa do ângulo X, por ser elegante e bastante moderna e muito mais porque existindo no ângulo, representa o fim do projecto da Rua de Cedofeita, sobre a qual esta casa tem outra frente, e para a Praça dos Ferradores basta que a casa que lhe fica em correspondência ao lado nascente da praça lhe seja igual como se vê nessas plantas. Entretanto não vão aqui designados estes dois projectos porque devam julgar-se iguais em beleza, mas sim por mostrar as vantagens que o segundo tem sobre o primeiro: o qual nos dois quarteirões interiores ( por ser cada casa composta de três portais) ficam os claros e os mesmos portais tão acanhados que não podem figurar com o resto. Deverão portanto os particulares sujeitar se ao segundo projecto e não meter mais de duas portas em cada um dos seus respectivos terrenos”. Parece-nos ler a unidade de largura em palmos. Se assim for, cada casa terá 5,75 metros.
Rua de Álvares Cabral - D. Balbina Pamplona de Sousa Carneiro Rangel doou, por escritura de 1 de Julho de 1889, a seus netos, filhos de D. Manuel Benedito de Castro, a Quinta de Santo Ovídio. Este, em nome dos seus filhos, entendendo que o rendimento anual apenas 500.000 reis que esta proporcionava, “é de alta vantagem a alienação desta propriedade quando ela seja vendida pela quantia de 100 contos de reis (100.000$000) (e), quando não apareça comprador por aquela quantia abrir uma rua desde o Campo da Regeneração até à Rua de Cedofeita… e dividir toda a propriedade em terrenos para construções de 6 metros de largura com quintais, o que dá 165 chãos, e vendê-los nunca por quantia inferior a 700.000 reis cada um”. Como não apareceu comprador pelo preço pedido a Câmara autorizou a abertura da actual Rua de Alvares Cabral. O contracto da construção desta rua, com o empreiteiro José Joaquim Mendes, foi celebrado em 25 de Setembro de 1895. A procura foi muito forte, ao ponto de o último chão ter sido vendido por 1.500.000 reis. Ainda se verifica que há várias casas seguidas iguais porque houve quem comprasse vários lotes e nelas construísse essas casas.
No Porto só em meados do séc. XIX se começaram a usar os azulejos como revestimento exterior das casas, mas a partir daí teve uma utilização muito frequente. Com efeito, são raros os revestimentos interiores de igrejas e palácios do Porto anteriores ao séc. XIX (claustro da Sé Catedral, igreja do convento de S. Bento da Vitória, casa do cabido e igreja de S. João Novo).
Nesse século a indústria cerâmica do Porto e Gaia passou por um período de grande prosperidade e criatividade. Fabricavam belíssimos azulejos liso relevados, como ainda se pode apreciar em muitas casas. Além de embelezarem as frontarias, era um excelente isolante da humidade e de barata conservação.
Azulejos do Porto – vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=GEa-QYfRxYo
ARC refere-se ao “rançoso e melancólico uso das rótulas de pau…” . Eram estruturas em madeira que sobressaíam da vertical da casa, tipo varanda, em madeira, com janelas. Estas foram proibidas, no Porto, em 1788, pois desfeiavam as casas e facilitavam que os incêndios passassem de umas para as outras.
Clarabóias do Palácio da Bolsa
Foto Olhares-sapo
Livraria Lello
Clarabóia da Casa de António Silva Monteiro, hoje Casa do Vinho Verde, na Rua da Restauração.
Clarabóia do edifício da Ordem dos Advogados - Photo Attraction
ARC também se refere às "altas e grandes clarabóias" do Porto. Há centenas, mas algumas são mesmo muito belas.
Rua Cândido dos Reis
Embora muito poucas, também se encontram frontarias Arte Nova.
Artigo apaixonante!
ResponderEliminarMuito felizes ficamos quando agradamos aos nosso leitores.
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