sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

CASAS-TIPO DO PORTO


2.4 - Casas-tipo do Porto


A casa-tipo burguesa do Porto tinha entre 3 e 5 pisos, consoante as posses e necessidades dos proprietários. Uma cave, uma loja ou armazém ao nível da rua e a sala de visitas no 1º andar, de forma a evitar que os estranhos subissem à zona mais reservada do lar. 
No 2º andar estavam os quartos e no 3º a sala de jantar e mais quartos, se necessário. No andar superior ficava a cozinha e zona de trabalhos domésticos e quartos das criadas. Por vezes tinha ainda um 5º andar onde estas habitavam, bem como empregados da loja.


Ribeira - Foto Francisco Oliveira


Ribeira - casas recuperadas


Ribeira – Neste prédio está hoje instalado um hotel do grupo Pestana


Ribeira - casas sobre os arcos


Bairro da Sé – foto Mendes Pedro



Terreiro da Sé


Rua da Reboleira


Rua de 31 de Janeiro


Rua das Flores


Foto de José Afonso - 2009
As varandas, janelas, portas e portões eram muitas vezes ornamentadas com maravilhosos ferros forjados.


Em 1763,D. José I, por intermédio do seu ministro Marquês de Pombal, fundou a Junta das Obras Públicas do Porto e nomeou João de Almada e Melo seu presidente. Esta, tinha como finalidade a coordenação da abertura das novas ruas e os tipos de casas a implantar na cidade pois, até aí,eram edificadas sem plano. Dependia das posses e gostos dos proprietários, embora, sob a aprovação da câmara. Assim, o Porto até ao séc. XVII, era um conjunto de ruas e casas desordenadas. 
“A J.O.P… centrava-se fundamentalmente no processo de transformação urbana, ou seja na criação de condições urbanísticas, nos aspectos relacionados com o financiamento, das expropriações e do modo de execução, nomeação de técnicos e contactos com o poder central.” In Luis Berrance – Evolução do desenho das fachadas das habitações correntes almadinas – 1774-1844.


Primeira planta de casas para a Praça dos Ferradores, lado Norte, hoje de Carlos Alberto – desenho de Joaquim Costa Lima Júnior  1838 – In Luis Berrance – Evolução do desenho das fachadas das habitações correntes almadinas – 1774-1844.


Segunda planta

Legenda: “ Em ambos estes projectos se vê conservada como actualmente existe a casa do ângulo X, por ser elegante e bastante moderna e muito mais porque existindo no ângulo, representa o fim do projecto da Rua de Cedofeita, sobre a qual esta casa tem outra frente, e para a Praça dos Ferradores basta que a casa que lhe fica em correspondência ao lado nascente da praça lhe seja igual como se vê nessas plantas. Entretanto não vão aqui designados estes dois projectos porque devam julgar-se iguais em beleza, mas sim por mostrar as vantagens que o segundo tem sobre o primeiro: o qual nos dois quarteirões interiores ( por ser cada casa composta de três portais) ficam os claros e os mesmos portais tão acanhados que não podem figurar com o resto. Deverão portanto os particulares sujeitar se ao segundo projecto e não meter mais de duas portas em cada um dos seus respectivos terrenos”. Parece-nos ler a unidade de largura em palmos. Se assim for, cada casa terá 5,75 metros.


Rua de Álvares Cabral - D. Balbina Pamplona de Sousa Carneiro Rangel doou, por escritura de 1 de Julho de 1889, a seus netos, filhos de D. Manuel Benedito de Castro, a Quinta de Santo Ovídio. Este, em nome dos seus filhos, entendendo que o rendimento anual apenas 500.000 reis que esta proporcionava, “é de alta vantagem a alienação desta propriedade quando ela seja vendida pela quantia de 100 contos de reis (100.000$000) (e), quando não apareça comprador por aquela quantia abrir uma rua desde o Campo da Regeneração até à Rua de Cedofeita… e dividir toda a propriedade em terrenos para construções de 6 metros de largura com quintais, o que dá 165 chãos, e vendê-los nunca por quantia inferior a 700.000 reis cada um”. Como não apareceu comprador pelo preço pedido a Câmara autorizou a abertura da actual Rua de Alvares Cabral. O contracto da construção desta rua, com o empreiteiro José Joaquim Mendes, foi celebrado em 25 de Setembro de 1895. A procura foi muito forte, ao ponto de o último chão ter sido vendido por 1.500.000 reis. Ainda se verifica que há várias casas seguidas iguais porque houve quem comprasse vários lotes e nelas construísse essas casas.






No Porto só em meados do séc. XIX se começaram a usar os azulejos como revestimento exterior das casas, mas a partir daí teve uma utilização muito frequente. Com efeito, são raros os revestimentos interiores de igrejas e palácios do Porto anteriores ao séc. XIX (claustro da Sé Catedral, igreja do convento de S. Bento da Vitória, casa do cabido e igreja de S. João Novo).
Nesse século a indústria cerâmica do Porto e Gaia passou por um período de grande prosperidade e criatividade. Fabricavam belíssimos azulejos liso  relevados, como ainda se pode apreciar em muitas casas. Além de embelezarem as frontarias, era um excelente isolante da humidade e de barata conservação. 

Azulejos do Porto – vídeo
http://www.youtube.com/watch?v=GEa-QYfRxYo



ARC refere-se ao “rançoso e melancólico uso das rótulas de pau…” . Eram estruturas em madeira que sobressaíam da vertical da casa, tipo varanda, em madeira, com janelas. Estas foram proibidas, no Porto, em 1788, pois desfeiavam as casas e facilitavam que os incêndios passassem de umas para as outras. 


Clarabóias do Palácio da Bolsa




Foto Olhares-sapo



Livraria Lello


Clarabóia da Casa de António Silva Monteiro, hoje Casa do Vinho Verde, na Rua da Restauração.


Clarabóia do edifício da Ordem dos Advogados - Photo Attraction


ARC também se refere às "altas e grandes clarabóias" do Porto. Há centenas, mas algumas são mesmo muito belas. 



Rua Cândido dos Reis 
Embora muito poucas, também se encontram frontarias Arte Nova.


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