quinta-feira, 9 de abril de 2015

OUTROS EDIFÍCIOS PÚBLICOS - V

4 . 8 – Casa da Feitoria - II


Sala de Baile


Sala de visitas


A Feitoria Inglesa dispõe, ainda, de uma vasta biblioteca e um espólio notável, com mobiliário Chippendale, porcelanas e faianças de qualidade.


Sala dos mapas


Proclamação do General Arthur Wellesley,  futuro Duque de Wellington, aos habitantes do Porto em 13 de Maio de 1809.


Autógrafo de D. Manuel II quando foi convidado para aqui almoçar em 18/11/1908.


Sala da Maqueta


“As portas da Feitoria Inglesa no Porto abrem-se com alguma discrição e muita exclusividade. Os representantes das oito casas inglesas ou luso-inglesas produtoras de vinho do Porto mantêm uma tradição que se perde nas encostas do Douro e nas ruas de uma cidade escolhida para albergar descendentes de famílias ancestrais. Os usos e costumes continuam. Amanhã, o Wednesday Lunch volta ao seu lugar, à mesa com britânicos.



O carnet de dance guardado com cuidado numa das vitrinas da Feitoria Inglesa do Porto recorda um mundo onde as debutantes das famílias inglesas da cidade anotavam num pequeno caderninho os pedidos de dança dos rapazes casadoiros. O passo seguinte era submeter lista ao pai, que a seu bel-prazer determinava quem poderia chegar perto da menina.
As tradições encontram-se a cada dobrar de esquina entre os salões de dança, as salas de estar, de bilhar, a sala dos mapas, a sala de leitura ou o drawing room, onde os convidados são entretidos antes da refeição enquanto saboreiam um cálice de porto".


Os wednesday lunches (almoços de quarta-feira) da Feitoria Inglesa perdem-se nos tempos da aliança mais antiga da Europa. Um dos marcos desta aliança entre Portugal e o império britânico veio pela mão do cônsul John Whitehead, que fundou a Factory House of Oporto, em 1790. Os 47 anos que passou na Invicta a assegurar os interesses do reino, entre 1756 e 1802, deram-lhe tempo para fundar a Feitoria, projectada por ele mesmo num estilo neopalladiano, ainda hoje com o brilho de antigamente. Uma escada central sem vigas de apoio é um dos ex-líbris da arquitectura robusta da casa, a dois passos da Ribeira portuense.
Quarta-feira é dia de almoço informal com os representantes das oito casas de vinho do Porto que simultaneamente representam a presença luso-britânica na cidade: Churchill, Cockburn's, Croft, Dow's, Graham's, Fonseca, Taylor's e Warre's.
Uma vez por mês, o wednesday lunch dá lugar ao ladies lunch (almoço de senhoras), que marca a presença das mulheres das famílias produtoras de vinho, que há cerca de uma década não podiam fazer parte destes encontros.
Ainda antes do almoço, a anfitriã, a luso-britânica Olga Lacerda, faz as honras da casa e mostra o legado de séculos enquanto explica tradições e costumes. 


Na cave da feitoria repousam vinhos do Porto de todas as casas, que vão dos anos de excepção, vintages seculares e colheitas selecionadas, ao tributo que há anos que se mantém: quando um treasurer (tesoureiro) assume o cargo (rotativo e com duração de um ano), este director oriundo de uma das oito casas de porto tem de entregar 12 dúzias de porto vintage produzido pela sua casa ou casas. "Dantes eram 20 dúzias", recorda Olga Lacerda, "mas alguém alterou a regra". Além desta oferta, cada vez que se "declara" um ano "vintage", cada uma das casas faz um contributo de 12 dúzias desse vinho de excepção à garrafeira da Feitoria.
Elisabeth Stilwell Pinto Basto Symington, matriarca de um das mais antigas presenças britânicas (Symington) no Douro e no Porto, acaba por ser o centro das atenções ainda no drawing room. "É uma pessoa muito querida por todos, muito especial", confessa um dos convivas. 


No mesmo espaço está exposto o jornal "The Times" do mesmo dia, mas de há cem anos. De resto, a colecção do jornal inglês está, desde o primeiro número, na biblioteca da Feitoria inglesa.



A visita ao edifício nunca fica concluída sem passar pela antiga cozinha, hoje com direito a não ser importunada pela azáfama dos cozinheiros. De um afiador de facas patenteado por uma casa inglesa a travessas com reservatório de água para manter a temperatura dos pratos, todos os antigos utensílios estão expostos aos visitantes.


Junto da sala de refeições existe uma sala gémea. Antigamente era esse o espaço onde se serviam os almoços e jantares. No final, o vinho do Porto era servido na outra sala, praticamente igual. A ideia era que o aroma da comida não perturbasse a prova.
Um dos almoços mais célebres aconteceu às 11 de manhã do dia 11 de Novembro de 2011. Foram servidos 11 pratos e 11 vinhos. Uma réplica exacta do jantar de há 100 anos, no dia 11-11-1911.
No almoço de quarta-feira, apenas os associados britânicos ou luso-britânicos se sentam com direito nas 36 ou 38 cadeiras que rodeiam uma só mesa. A excepção são os convidados das famílias.
Às 13h15 os convidados alinham-se junto às cadeiras e normalmente os mais velhos são os primeiros a sentar-se.
No final da refeição, os portos vintage passam de mão em mão pela esquerda”. In Jornal i

Horácio Marçal conta, em 1956, que:

In O Tripeiro – Série V – Ano XII 

Quase todas as fotos deste lançamento foram recolhidas no site Porto Património Mundial. 

Feitoria inglesa - vídeo 

3 comentários:

  1. Só não conheço a garrafeira !...
    Vi o mapa da 1ª Região Demarcada do Mundo !
    Também tenho várias fotografias da Feitoria...

    Parabéns !

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  2. Olá
    Faustosa casa...excelente post.
    Obrigado
    Cumprs
    Augusto

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  3. Muito obrigado aos nossos leitores. Nós também já visitámos duas vezes a Feitoria Inglesa e ficámos com a melhor das recordações.
    Cumprimentos
    Maria José e Rui

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