quinta-feira, 23 de junho de 2016

CHAPELARIA A VAPOR DE COSTA BRAGA & FILHOS


6.12 - Real e Imperial Chapelaria a Vapor de Costa Braga & Filhos


“A firma Costa Braga & Filhos, Lda. engloba em si uma história de 140 anos. Muitas pessoas, das mais variadas idades passaram por esta casa, tendo chegado a trabalhar nela gerações de famílias. É que falar da história desta firma, obriga a recuar até meados do século XVIII. (ou MELHOR, SÉCULO XIX).
Com efeito, foi em 1866 que surgiu na Rua Firmeza, no Porto, no edifício hoje ocupado pela Escola de Artes e Ofícios Soares dos Reis, a fábrica então denominada “Real e Imperial Chapelaria a Vapor de Costa Braga & Filhos”, só mais tarde se conjugando loja e fabrico nas actuais instalações da Rua 31 de Janeiro.
 Quatro vezes ao ano publicava um catálogo, em forma de revista – “A Moda”, definida pelo Diário Popular – Lisboa, a propósito do número 5 de A Moda, em 1884, como sendo “uma publicação trimensal, elegante, distincta, que sob bella forma nos dá, com algum artigo interessante àcerca das relações do estado com a indústria nacional, uma estampa de figurinos em phototipa”.
A Moda demonstra o elevado grau de prestígio industrial desta firma.
Nessa publicação constavam então artigos de opinião; referências aos clientes mais importante como a Casa Real – “os chapéus que ultimamente vieram para Sua Alteza o Sereníssimo Senhor Infante D. Affonso, estão bons, tanto na medida como no feitio e qualidade” (nº 5 d’A Moda) – bem como cartas de agradecimento de alguns clientes – “Acuso a recepção (...) relativa a um caixote contendo três chapéus que v... me fazem a honra de offerecer-me, e que gostoso acceito como uma recordação da perfeição dos seus artefactos, que de certo rivalizam com os melhores do mesmo género de Londres e Paris (...) – Luiz de Quillinan, Lisboa, 27 de Dezembro de 1883”.
 De facto, este reconhecimento público da qualidade empresarial e industrial desta firma, mereceu-lhe a atribuição da Comenda de Mérito Industrial – Labor, que ainda hoje, orgulhosamente, ostenta.
 Importa igualmente relembrar
os anos em que trabalhava com as ex-colónias, para 
as quais fabricava e exportava o chamado chapéu colonial. Também a farda era aqui confeccionada por medida.
É pois grande, a responsabilidade dos actuais proprietários, na defesa e continuidade do prestigio desta casa, granjeado ao longo de gerações. E esse espírito de prossecução na qualidade e seriedade, continua sempre presente, quer na garantia oferecida pelos seus produtos, quer nas relações com o mundo empresarial que a rodeia”.
In site desta empresa
 
Meu pai cantava uma música que terá sido composta pelos operários desta empresa numa homenagem ao seu fundador e que tinha a seguinte letra:

Francisco José da Costa Braga. pum, prrum
Nosso amigo e protector, pum, prrum
Mandou fazer uma fábrica
De chapelari’á vapor
Chap, chap, chap, chap,
Chapelari’á vapor (bis)
E a vapor, e a vapor, e a vapor.

Para ouvir clique abaixo:

 
 
Bonés de bombeiros
 
 
Militares
 
 
Bonés de GNR
 
 
Bonés de polícias
 
Todos estes bonés eram de fabrico da Costa Braga
 
Outros tipos de chapéus:
 

Chapéu Fedora
 

Modelo 4TD – Museu de Chapelaria – S. João da Madeira
 
 
Cartola - site Fábrica de Chapéus
 
 

Chapéu Hamburg – lançado por Eduardo VII há mais de 100 anos e usado até aos anos 50 – site Fábrica dos chapéus
 
 
Chapéu de Coco

“Antigamente era assim, como hoje dizemos que, “me mostre os sapatos de um homem e lhes direi como ele é”, antigamente esse expoente da qualidade masculina era o chapéu. Ele indicava o status social e até mesmo o tipo de personalidade. O chapéu era adquirido e guardado de forma minuciosa, cada um para uma certa ocasião e para um tipo de roupa. Havia quem comprasse combinando com a mesma cor do terno.
Chapéus coco para os tradicionais, chapéus de palha para os tipos esportivos, aba curta, os mais usuais e abas largas para os mais inseguros, nunca se sabe quando pode chover. Para o trabalho no tempo, tecidos leves e palha trançada com aberturas para o ar. Cada tipo indicava alguma particularidade de seu dono.
Não importava o material, sempre elegantes, desfilavam imponentes em nossas ruas, nos cafés e em todas as casas havia, indiscutivelmente, um porta-chapéus ou um cabideiro a beira da porta de entrada. Sendo uma questão de etiqueta e uma delicadeza oferecer um local de descanso para tão digno aparato.
Mas eles sumiram, a moda acabou ou simplesmente se tornaram obsoletos. Existem diversas explicações para a decadência do chapéu. As contínuas recessões do século XX, as grifes famosas começaram a investir em outros acessórios com mais praticidade. Tempos modernos, a pressão diária conduz a pessoa a ter menos tempo em se arrumar e preferir roupas mais simples.
Um marco para o fim do chapéu foi nos Estados Unidos, a eleição de John F. Kennedy como presidente, um homem que se deixava fotografar sem chapéu, apesar dos protestos das Associações de Chapeleiros do seu país. O presidente de uma dessas, enviava a John Kennedy todo os novos modelos que sua fábrica produzia, na esperança de que o jovem presidente americano fosse usar algum. Como o mesmo não acontecia, ele chegou ao cúmulo de suplicar:
- Use um chapéu, qualquer chapéu, mas use um pelo menos!
Fato que realmente não viria a ocorrer e ironicamente o presidente acabaria por morrer com um tiro na cabeça. Não digo que um chapéu o protegeria do projetil, mas que iria pelo menos, atrapalhar a mira de Lee Oswald, isso iria.
De lá para cá, em diversos países, houve a decadência do comércio e a falência da sua indústria. No Brasil, os grandes fabricantes de origem europeia, como o Ramenzoni em São Paulo (capital) e a Cury (Campinas) resistem com a abertura de novos nichos como os jovens sertanejos. A Cury bem que tentou uma sacada de marketing que infelizmente não se pode concluir da maneira esperada. O herói de cinema, Indiana Jones, utiliza no filme, um chapéu Cury que era até mesmo um complemento do personagem, pois tinha até mesmo a história de como ele ganhou o chapéu e mostrava como ele o estimava. Mas os estúdios que detinham a marca não aceitaram uma proposta de um contrato de marketing e uma campanha para um chapéu de nome Indiana Jones.
O fato é que hoje, muitos acreditam que tal indumentária seja para pessoas mais velhas e tradicionais que ainda usam. Mas nem esses podem negar que a presença de um homem de chapéu ainda impõe um certo respeito”.
Site Angelino Neto.wordpress.com
Fazendo um chapéu de feltro

7 comentários:

  1. Olá
    Sempre a aprender....
    E eu que pensava que chapéus era S. João da Madeira...
    Cumprs
    Augusto

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  2. Tem toda a razão. Porém, no Porto, além desta grande fábrica houve várias familiares ou de poucos operários.
    Cumprimentos,
    Maria José e Rui

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  3. Boa noite!
    Antes do Porto e de S. João da Madeira era BRAGA a terra dos chapeleiros!
    Minha mãe nasceu na casa contígua (pelo poente) à da família Costa Braga, na Rua de Santo António / 31 de Janeiro.
    A Casa Costa Braga e a Casa "Au Printemps", fundada por minha bisavó, eram contíguas.
    Abraço tripeiro!
    Alberto Guimarães

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  4. Como são consoladoras todas estas memórias!

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  5. Fico muito grata por tudo isto que leio!!!
    Bem hajam

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  6. Muito boa noite, como podemos ouvir a música? O link indicado já não está disponível

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  7. Francisco da Costa Braga (1831 — 1902) era o mesmo que trabalhava no teatro?

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