sexta-feira, 2 de junho de 2017

REVOLTA CONTRA A COMPANHIA DOS VINHOS II

8.1.9 - Terceira revolução – Revolta contra a Companhia dos Vinhos II - Impostos sobre os vinhos, Exportação de vinho, Marquês de Pombal, D. José I. Taberneiros e tanoeiros


“O vinho foi dos produtos de troca o mais sobrecarregado de impostos. O vinho do Douro proporcionou receitas chorudas à fazenda régia e aos cofres municipais.” Imagem e texto da História do Porto – Francisco Ribeiro da Silva
Sempre que era necessário fazer uma obra mais dispendiosa era no vinho que recaía o imposto de um real! Temos hoje o paralelismo com os impostos sobre os combustíveis !!!



Cais de Gaia


Porto Antigo e Moderno – Pinho Leal


Marquês de Pombal – retrato publicado pela Companhia de vinhos dos Alto Douro

No site da Universidade do Porto pode ler-se uma rápida descrição do chamado motim dos Taberneiros que se seguiu à criação da Companhia e que teve uma importante repercussão no futuro político e económico do norte do país:
“Em 1757 o Porto foi palco de duas revoltas populares contra a Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro, instituída em 1756 por Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal.


Armazéns da Sandeman - 1880


Casa Martinez Gassiot


O descontentamento motivado pela formação desta companhia monopolista não só se fez sentir entre os agentes ligados à produção e comercialização de vinho do Porto, nomeadamente os comerciantes ingleses e seus colaboradores, 




Tanoeiros - foto de Emílio Biel

mas também entre os numerosos taberneiros, tanoeiros e pequenos armazenistas da cidade. O primeiro e principal motim aconteceu na manhã do dia 23 de Fevereiro ao som dos sinos da Sé e da Misericórdia. Os amotinados, reunidos na Cordoaria e gritando palavras de ordem, avançaram até à casa do juiz do povo, sita no Largo de S. Domingos, que foi arrastado pela turba e conduzido numa cadeirinha por, alegadamente, se encontrar indisposto. O numeroso e exaltado cortejo seguiu até à Rua Chã, ao encontro das residências do regedor das justiças, a quem foi exigida a extinção da Companhia, e do provedor Luís Beleza de Andrade. O escritório da Companhia, a habitação do seu provedor - de onde um criado disparou sobre os revoltosos - e as casas vizinhas de Manuel Barroso (secretário da Companhia) e de Custódio dos Santos (seu deputado) foram vandalizadas.


Foto Aurélio Paz dos Reis

Depois destes episódios violentos os ânimos serenaram e pelas três da tarde a cidade já assistia à Procissão das Cinzas. Porém, esta afronta ao poder central estava longe de ser esquecida, pois, apesar da aparente passividade das autoridades, a notícia do motim chegara rapidamente a Lisboa através da relação enviada pelo Desembargador Bernardo Duarte de Figueiredo.


Em flagrante de litro - Fernando Pessoa


Cinco dias mais tarde, a 28 de Fevereiro, D. José I ordenou a João Pacheco Pereira de Vasconcelos que abrisse no Porto uma devassa. A 15 de Março, pouco depois da chegada do enviado régio, rebentou segundo motim. Destes levantamentos populares resultou o apuramento de 462 suspeitos, 26 dos quais foram condenados à pena capital (21 homens e 5 mulheres), a ocupação militar da cidade por vários regimentos da Beira, do Minho e de Trás-os-Montes, a responsabilização dos portuenses pelo aboletamento das tropas, o lançamento de um imposto para pagar os soldos e munições de guerra, a mudança da vereação, a extinção da "Casa dos 24" e, ainda, a nomeação de João de Almada e Melo para Governador do Partido Militar do Porto. No final, oito condenados conseguiram fugir, uma mulher escapou à forca por se encontrar grávida e os restantes 17 sentenciados à pena capital foram enforcados ou decapitados no dia 14 de Outubro de 1757. As suas cabeças foram colocadas nos patíbulos e os corpos, esquartejados, expostos no Largo de S. Domingos, nas ruas Chã e de Cimo de Vila e no terreiro de Miragaia.” 

Estudo sobre a revolta da Companhia

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