sábado, 11 de maio de 2013

QUINTAS DO PORTO E ARREDORES - II

2.13.3 - Quinta da Prelada




Do site da S.C.M.P. retirámos os textos abaixo: “Situada na freguesia de Ramalde, junto ao Carvalhido, na rota dos Caminhos de Santiago (antiga estrada para a Galiza), a Quinta da Prelada elege-se como um dos espaços mais notáveis e grandiosos do aro do Porto. Concebido pelo arquitecto italiano Nicolau Nasoni, este vasto conjunto arquitectónico e paisagístico está subordinado a um eixo que estabelece um percurso desde a casa nobre até ao recinto onde se eleva uma torre, vulgarmente designada por "Castelo". A casa nobre, que foi residência da família Noronha de Menezes, previa quatro torres, à semelhança do Palácio do Freixo, tendo sido executada apenas um quarto da obra. Outro paralelismo com o Freixo encontra-se na sacada da torre que é tratada em profundidade, jogando com a espessura da parede. De resto, o desenho e a gramática decorativa empregue nos vãos da Casa da Prelada é facilmente reconhecível noutras obras de Nasoni. 
Num desenho de Joaquim Vilanova, de 1833, vê-se a torre e o corpo central nazoniano e, adoçado a estes, uma construção mais baixa, restos da casa primitiva. Esta área foi demolida no final do séc. XIX e substituída por um corpo que procurou rematar o edifício. 
Em 1758, Francisco Mateus Xavier de Carvalho, pároco de Ramalde, informa-nos, nas Memórias Paroquiais, que “as Cazas estão comesadas com riscos de Nazoni pintor italiano, que vive na cidade do Porto”. A propriedade pertencia a D. António de Noronha e Menezes de Mesquita e Melo, fidalgo da Casa Real e cavaleiro da Ordem de Cristo, e a sua mulher D. Isabel de Noronha e Menezes, irmã de D. Manuel, arcediago do Porto, que apadrinhou vários filhos de Nicolau Nasoni. 
Em 16 de Maio de 1903, D. Francisco de Noronha e Menezes, através do seu testamento, lega a Quinta da Prelada à Santa Casa da Misericórdia do Porto, da qual tomou posse em 1904.”



Brasão sobre o portão
“O portão nobre, posteriormente intervencionado por Nasoni, e a primitiva casa dos Noronha e Menezes devem respeitar à segunda metade do século XVII.”


Brasão dos Noronha

“Escudo esquartelado, sendo os primeiro e quarto de prata, cinco escudetes de azul postos em cruz, cada qual carregado de cinco besantes do campo, postos em aspa; bordadura de vermelho, carregada de sete castelos de ouro; os segundo e terceiro um castelo de ouro, aberto, iluminado e lavrado de azul, mantelado de prata, dois leões afrontados de púrpura, armados e lampassados de vermelho; bordadura composta de ouro e veiros, de dezoito peças. Timbre: um leão do escudo sainte”.


Obeliscos ainda no local original


“A Quinta da Prelada constitui a obra de Nasoni onde a vontade de domínio da paisagem atingiu maior expressão. Com efeito, o percurso que o arquitecto criou desde os obeliscos, situados no Carvalhido, que foram transferidos para o Jardim do Passeio Alegre em 1938, até à mata da propriedade, perfazia cerca de 1,5 km.” 
No ”DICIONÁRIO GEOGRÁFICO DE PORTUGAL” 1758, estes obeliscos são descritos … “no fim dele (largo) se elevam duas Pirâmides de figura triangular, assentadas sobre três bolas de pedra…acabam em ponta aguda com uma torre em cima, que são as armas dos Noronhas.” 


Pormenor do muro exterior - blog Ruas da Minha Terra


O Castelo é o símbolo da família Noronha, daí se encontrar no lago e na parte cimeira dos obeliscos.


“Na Prelada, Nasoni conjuga o jardim francês, formal, junto à casa nobre e separado da restante propriedade por um muro, com o inglês, no recinto onde se eleva o "Castelo" circular, rodeado por um lago. Pelas suas características, esta construção é tida como um testemunho iniciador do revivalismo gótico. Estes jardins estavam ligados por um eixo, com mais de 400 metros de extensão". 



Quinta da Prelada – Chafariz do Cágado - Nicolau Nazoni – tendo por base um tanque está um cágado, ladeado por dois rapazes, a deitar água para uma concha. Por cima tem uma estátua da Aurora assente num delfim cuja cauda segura com a mão esquerda.


Quinta da Prelada – Fonte de Bruguel com cabeça de medusa que lança água pela língua e cujos cabelos transformados em cobras deitam água pelos olhos.


Tanque redondo com repuxo 


foto Lucília Monteiro 

"São várias as espécies arbóreas e arbustivas que compõem o jardim adjacente à casa nobre. Salientam-se as tílias, a araucária no centro do labirinto…"  O labirinto era local de diversão da família e seus convidados pois era difícil de percorrer. Os mais velhos assistiam, divertidos, das janelas.
"As Memórias Paroquiais de 1758 esclarecem-nos quanto às articulações e às funções dos diversos espaços que constituíam o conjunto paisagístico da “[…] Quinta, que passa pella melhor destas Províncias […]”. Nesta altura, somente os jardins se encontravam concluídos e o programa paisagístico incluía fontes, lagos, tanques, bancos pintados de fresco, labirinto de buxo, esculturas, latadas, entre outros elementos.”

Projecto de intervenção na Quinta da Prelada 

Em 12 de Maio de 2013 foi inaugurada a recuperação da Casa da Prelada - 


2.13.4 - Quinta do Bom Sucesso


Quinta de Nª. Senhora do Bom Sucesso – Frederick Flower – 1849-1859


A Quinta do Bom Sucesso foi construída no século XVIII por António de Almeida Saraiva. Já lá existia a Capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso que era visitada por muitos portuenses. Em 1778, como afirma ARC, pertencia a António de Sá Lopes, que a recebeu por casamento com a filha daquele, D. Rosa Maria Angélica, em 1745. Seu filho do mesmo nome a recebeu por herança. Posteriormente foi ocupada pela família de Diogo Franklim. 
Desde 1909 esteve na posse de Francisco da Rocha Ferreira, que por seu falecimento passou ás suas três filhas Maria Lucinda, Maria Helena e Maria Laura, que venderam às actuais proprietárias. 
Em 2001 realizam-se obras de recuperação da capela e retábulo de talha dourada. Em 2005 os missionários Verbum Dei tomam conta da capela em regime de comodato e em 8 de Dezembro reabrem-na, após ter estado encerrada durante vários anos.



A Câmara Municipal do Porto contratou a empresa ARS Arquitectos, dos Arquitectos Fortunato Cabral, Cunha Leão e Morais Soares, para desenhar um novo mercado municipal para a cidade. O edifício foi projectado em 1949 e as obras iniciaram-se em 1951, sendo o novo edifício marcado por uma arquitectura moderna com uma boa iluminação natural. Foi inaugurado em 1952. Tinha três pisos, de forma a aproveitar o declive natural da área, sendo bordejado com lojas independentes. Outra particularidade é a separação zonal do mercado, situando-se a peixaria num nível inferior de forma a permitir um melhor arejamento. O primeiro piso continha ainda uma galeria que circundava o mercado na qual podíamos encontrar lojas independentes, como talhos e padarias. Com o acordo da CMP, este mercado foi encerrado em 2012 afim de ser submetido a grandes obras de alteração, sem alterar o aspecto exterior. O Novo Mercado do Bom Sucesso deverá reabrir em 13/6/2013. A parte comercial do espaço contemplará "38 espaços" e um mercado de frescos com "44 bancas de venda de produtos variados. Tudo isto ficará instalado "no piso térreo e primeiro piso" do edifício. Foram construídos "dois volumes", um para acolher um hotel de quatro estrelas com 85 quartos, outro destinado a escritórios. 
Além deste mercado foram ainda construídos, nos terrenos desta quinta, outros edifícios, entre os quais o horrível centro comercial Cidade do Porto, condenado à destruição pelo Supremo Tribunal, mas que nunca será arrasado por falta de verba para pagamento das altíssimas indemnizações.

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