2.13.8 - Quintas do Prado e de Santa Cruz
D. Frei Marcos de Lisboa mandou, em Novembro de 1585, construir um local de recreio na Quinta do Prado, pertencente à Mitra. No séc. XVIII esta foi melhorada pelo Bispo D. Tomaz de Almeida. D. João de Magalhães e Avelar, durante o primeiro quartel do séc. XIX, cedeu uma parte do terreno ao Seminário Episcopal.
O Tripeiro, Série VI, Ano XII, página 105: “A Quinta do Prado pertencia aos bispos portuenses, que aí possuíam a sua faustosa residência para descanso e recreio durante a época estival. Eis o motivo de ser conhecida, também, por Quinta do Bispo".
"Por Lei de 5 de Março de 1838, foi concedido à C.M.P. na quinta do bispo o terreno indispensável à construção de um cemitério público – o do Prado do Repouso – devendo a mesma câmara, por tal concessão, indemnizar a Mitra. Assim, no dia 13 de Outubro do dito ano de 1838 a Câmara tomou posse do respectivo terreno, que sendo vastíssimo, era apenas uma parcela da enorme propriedade dos Bispos Portuenses. A parte sobrante da Quinta do Prado, a que se desdobrava, socalcada, até á margem direita do Rio Douro, foi posta em arrematação pública em 13 de Maio de 1867 e adquirida pelo opulento comerciante no Brasil, José Joaquim Leite Guimarães, Barão de Nova Sintra. Por falecimento deste, foi a propriedade novamente vendida em almoeda (1871). Adquiriu-a o banqueiro José Inácio Ferreira Roriz, com o intuito de ali montar – como de facto montou – a dois passos do rio, um imóvel para duas fábricas: uma de sabão; outra de moagem. Entretanto o banqueiro Roriz, que possuía a sua casa bancária na Rua das Flores, nºs. 1 e 3, falia estrondosamente em 1876…"
"Depois de ter passado por vários proprietários, foi a Quinta do Roriz, em 4 de Maio de 1904 comprada pela Empresa Cerâmica Portuense ou Fábrica de Louças de Massarelos" (da qual ainda hoje se encontram os fornos).
Este, durante cerca de duas décadas, permaneceu pouco moderno pois, nesta vasta quinta, apenas iam sendo sepultados os portuenses mais pobres. Os cidadãos abastados, se a sua mentalidade era mais "esclarecida", preferiam ser sepultados na Lapa (podiam tornar-se irmãos no próprio dia em que compravam o terreno). Se fossem mais "conservadores", talvez preferissem ser sepultados nos cemitérios das várias outras Ordens e Irmandades existentes na cidade.
Cemitério do Prado do Repouso – início séc. XX
Fonte da Alameda no cemitério do Prado do Repouso
Cemitério do Prado do Repouso – Memória a Francisco de Almada e Mendonça – busto de Soares dos Reis – os restos mortais foram trasladados da capela-mor da Igreja da S.C. da Misericórdia para este em 17 de Novembro de 1839 (ver data site SCMP). A principal razão desta trasladação terá sido um incentivo aos portuenses para procurarem este local para sua sepultura. Porém, só em 1855 a situação dos cemitérios no Porto se vai alterar, já que se dá uma segunda grande epidemia de cólera. As autoridades civis conseguiram fechar os cemitérios privativos que não tinham condições e, paralelamente, mandaram construir, de forma apressada, um novo cemitério municipal: Agramonte.
Além de Francisco de Almada e Mendonça também lá estão sepultadas personalidade importantes da cidade na política, nas artes e letras, na indústria e comércio.
Capela Oitavada - antiga Capela de S. Victor remodelada
Tecto da Capela Oitavada
Túmulo em memória dos Mártires da Liberdade – Cemitério do Prado do Repouso
"Em 7 de Maio e 9 de Outubro de 1829, subiram ao patíbulo os 12 Mártires da Pátria que se encontravam presos na Cadeia da Relação acusados de terem tomado parte activa na revolução de 16/5/1828 e pertencerem ao Partido Constitucional… foram os seus despojos transportados para o Cemitério ou Adro dos Enforcados, que na altura ficava no chão do Robalo, na parte onde se abriu depois a Rua da Liberdade, hoje Rua de Alberto Aires de Gouveia. Passados sete anos, foram os restos mortais desses desgraçados reunidos e trasladado para um jazigo especial mandado construir no átrio da S.C.M. à Rua das Flores, cuja fúnebre cerimónia teve lugar a 7 de Maio de 1836. Em 19/6/1878 foram as ossadas transferidas para o recinto privativo da dita S.C.M. no Cemitério do Prado do Repouso.”
Quinta de Santa Cruz do Bispo - portão principal – obra de Nicolau Nazoni
Brasão sobre o portão. Supomos ser do Bispo D. José Maria da Fonseca e Évora.
Do site do Centro Social Paroquial de Santa Cruz do Bispo retirámos as seguintes passagens:
“O Bispo D. Rodrigo Pinheiro, entre 1552-1572, estabeleceu nas margens do Rio Leça a mais famosa estância de repouso e meditação dos prelados portuenses. O edifício principal da vivenda prelatícia foi delineada pelo próprio Bispo na idade de 70 anos. Durante um decénio, ergueu-se o conjunto arquitectónico e paisagístico da mansão episcopal: trabalhos de granito, ermidas, fontes de pedraria, luxuriosa vegetação, etc… As mais grandiosas modificações realizadas na Quinta pertencem ao Bispo D. Frei José Maria da Fonseca e Évora (1741-1752), prelado franciscano, cuja vinda para o Porto, pôs fim ao longo estado de Sé vaga, e cuja solene entrada na cidade, em 5 de Maio de 1743, coincidiu com a volta de Nasoni aos seus trabalhos portuenses…
De toda a beleza arquitectónica destacamos o seguinte: entrada principal - grandioso portão artístico de pedra que se ergue no Largo, junto da Igreja, considerado monumento de interesse nacional. É, com certeza, uma obra de Nasoni… A grande obra iniciada por D. Rodrigo Pinheiro transformou-se numa "verdadeira mansão real e que tem poucas semelhanças no Reino, no que toca à capacidade e sumptuosidade das casas, que são muitas e em diversas paragens da Quinta, como nas ermidas, fontes de pedraria, etc…", no dizer de um historiador. A casa de campo prolongou-se até ao séc. XIX…
Em 1844, sendo Bispo do Porto, o abade Fonte Boa, D. Jerónimo José da Costa Rebelo (o Canaveta) começou a era do declínio…
Em 1910, com o advento da República, o património da Quinta de Santa Cruz do Bispo passou definitivamente da Igreja para o Estado…
Em 1939 transitou a Quinta, de novo, para o Ministério da Justiça, instalando-se aí a Colónia Penal.”
Portão lateral para a Rua de S. Brás
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