3.4 - Casamentos e dotes
"É costume em volta do Porto, nesta freguesia de Aldoar e em toda a província do Minho, entreterem-se os filhos e filhas do campo (maneis e lavradeiras) com requebros e amabilidades, conversando ou namorando francamente, desde a infância, em toda a parte, de noite e de dia – nas ruas, na lavoura, nos arraiais e nas feiras. Estão por vezes horas e horas conversando em prosa e em verso delambido, coisa muito interessante para os estranhos à classe. Conversam por entretenimento e simples distracção muitas vezes sem intenção de casarem, - outras vezes por afeição e paixão.
Conversam ordinariamente, eles e elas, com quem lhes apraz – e é luxo e capricho terem muitos conversados, enquanto solteiros. Nem os pais delas se ofendem e magoam com isso, uma vez que o conversado seja forma do seu pé, ou da sua igualha – isto é, moço com quem possa vir a casar. Ai delas se as virem a conversar com os casaquinhas ou janotas da cidade – e ai deles, se os apanham a geito! – Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno.
Grupo Folclórico de S. Cosme de Gondomar
Noivos do Minho
Outra particularidade do traje de noiva era a sua riqueza: avental em veludo com vidrilhos de luar e a coroa real. Também a barra da saia e os punhos da casaca eram enfeitados com vidrilhos. A cabeça era coberta com um véu branco.
É um dos trajes mais ricos, por isso usado só em grandes cerimónias como o casamento. É também usado nas festas e romarias, onde as noivas são as rainhas, aparecendo com o peito recamado de ouro.
Casamento burguês
Mas também poderia suceder que dois jovens, estando interessados em casar, pedissem a pessoa amiga comum que, de forma muito discreta e confidencial, fosse dar a conhecer à mãe da pretendente essa sua vontade.
Esta, com muito cuidado e em momento próprio, dava-o a conhecer ao marido. No caso de não ser repudiado o pedido, começaria então a pesquisa sobre a educação do rapaz, os meios de fortuna da sua família, a sua profissão e só depois era considerada a aceitabilidade de tal união.
Caso fosse aceite, era então combinado um encontro em casa da futura noiva, normalmente ao jantar, em que o pai do futuro noivo propunha o casamento e pedia a mão da menina, que aceite, receberia do noivo o anel de noivado.
A preparação do casamento, já começado anos antes com a compra pelos pais da noiva de parte do enxoval, será, em função da data marcada, mais ou menos agitada.
O noivo encarregava-se de arranjar e a mobilar a casa e os pais da noiva de fazer os convites e oferecer o banquete. A noiva deveria levar o enxoval e os utensílios de cozinha.
Sem comentários:
Enviar um comentário