3.11.2 - Colegiada de Cedofeita
“Dos estudos realizados, tudo aponta para que as origens da freguesia, estejam associadas ao primitivo povoado que nasceu, se desenvolveu e prosperou à sombra tutelar da velhinha igreja românica, que ainda hoje existe no Largo do Priorado e que pertenceu a um convento de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. O templo é, de facto, muito antigo. A sua construção é anterior à da própria Sé Catedral. Provavelmente trata-se da mais antiga igreja do Porto. Mais: com toda a probabilidade a velhinha igreja de Cedofeita já era gente, há muitos séculos, e Portugal ainda nem sequer existia politicamente. Aqui ocorreu a conversão em massa do povo Suevo, anos antes dos Francos, com Clóvis. Durante a vigência moura, a igreja de Cedofeita foi o único templo cristão da área de jurisdição sarracena em que, sem qualquer interrupção, sempre se celebrou o santo sacrifício da missa, mediante um tributo que os cónegos pagavam às autoridades mouriscas.
Na frontaria do templo, mesmo por cima da porta principal, está gravada no granito uma inscrição latina que dá o ano de 559 como o da fundação da igreja. O teor da inscrição e, sobretudo, a indicação daquele ano como sendo o da fundação do templo suscitou e alimentou, durante anos, uma apaixonada discussão entre historiadores e investigadores que acabou com a conclusão de que a inscrição é apócrifa, por tanto não verdadeira, e que terá sido ali colocada aquando de uma remodelação feita no templo e redigida sem qualquer fundamento histórico”. In Wikipédia – Ver a inscrição que o texto de ARC acima refere.
Estes capiteis, segundo o IGESPAR, serão do séc. IX, após a Pressúria por Vímara Peres em 868. São feitos de calcário brando da zona de Coimbra.
Do site do Arquivo Nacional da Torre do Tombo retiramos o seguinte texto: “A Colegiada de São Martinho de Cedofeita pertencia ao bispado do Porto.
A data da fundação do Mosteiro de Cedofeita, que precedeu a igreja colegiada permanece imprecisa, bem como o seu fundador.
A igreja românica data dos princípios do século XII. Antes de 1118, a colegiada tinha prior, designado por abade. Os cónegos viviam em comum, segundo a regra de Santo Agostinho. Secularizou-se em 1191, no tempo de D. Martinho, bispo do Porto.
Em 1237, em Setembro, Nuno Soeiro, prelado da igreja de São Martinho de Cedofeita concedeu-lhe foral.
A existência do couto está provada, pelo menos, desde meados do século XIII, constando nas Inquirições Gerais de D. Afonso III, de 1258.
O padroado de Cedofeita fez parte de uma doação de vários padroados de igrejas do Minho, com suas jurisdições, direitos e servidão feita por D. Berengária Aires ao bispo do Porto, em 12 de Agosto de 1302.
A vida em comunidade permaneceu até 1504. Em 31 de Outubro, por provisão do bispo D. Diogo de Sousa, os bens comuns da Colegiada foram divididos, atribuindo dois terços ao abade, ou mesa prioral, e um terço aos cónegos. Mandou dividir ao meio os emolumentos paroquiais, por serem todos compárocos.
No tempo do deão Duarte da Cunha d'Eça, pelo facto da Igreja Colegiada se encontrar em lugar ermo e despovoado, as dignidades e cónegos de Cedofeita dirigiram uma petição ao bispo do Porto, D. Rodrigo Pinheiro, pretendendo mudar-se para a rua de São Miguel, lugar de uma antiga sinagoga, no interior do burgo. Em 1571, por despacho de 7 de Janeiro, o bispo solicitou um parecer ao Cabido. A 19 de Março, a resposta deste apontava inconvenientes que o bispo mandou registar por despacho de 22 de Maio. Tratava-se de um lugar muito próximo da Sé.
Em 1748, D. Frei José Maria da Fonseca e Évora, bispo do Porto, era comendador da Insigne colegiada de São Martinho de Cedofeita e prior do Mosteiro de São Pedro de Ferreira.
Em 1835, teve início uma questão sobre as terras da Colegiada relativamente às quais se opunham os representantes da Coroa, defendendo que tinham sido dadas à igreja por D. Afonso I, e os da Colegiada que defendiam que lhe pertenciam já antes da fundação de Portugal, sendo de origem particular.
Após a extinção das colegiadas pela Carta de Lei de 16 de Junho de 1848, Instrução do cardeal patriarca de Lisboa, de 17 de Setembro, só foram conservadas as colegiadas insignes: de São Martinho de Cedofeita, de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães, de Santa Maria da Alcáçova de Santarém, da real capela de Vila Viçosa, da real capela do Paço da Bemposta, de São João Baptista de Coruche, de Santa Maria de Barcelos, de Santo Estêvão de Valença do Minho, extintas pelo Decreto de 1 de Dezembro de 1869, art.º 1.º. Os rendimentos e benefícios que fossem vagando, eram aplicados para sustentação do culto e do clero”.
Zona de Cedofeita – Este mapa mostra a Rua e Avenida da Boavista desde Santo Ovídio à Praça da Boavista - mapa de Telles Ferreira – 1892
Igespar – texto sobre a igreja românica
A Colegiada de Cedofeita tinha rendimentos avultados, pois o seu couto era vasto e muito fértil. A área que lhe pertencia foi integrada na cidade em 1710, juntamente com Massarelos, que até aí também pertencia à Colegiada. Porém, esta manteve-se separada da diocese até 1910. Em 1907 o prior queixava-se de grandes dificuldades económicas pelo que estava ameaçada de ruína, pois o local era pouco povoado. Alguns priores foram personalidades importante, tais como D Gonçalo Pereira deão da Sé do Porto, Arcebispo de Braga e depois de Lisboa e que era avô de S. Nuno de Santa Maria; no séc. XVII e D. Henrique que foi Arcebispo de Braga, de Évora e depois Cardeal e Rei de Portugal.
Igreja de Cedofeita – foto de Frederick Flower – 1849-1859
Desenho de Nogueira da Silva - 1861 - à esquerda o cemitério e á direita a casa da Colegiada.
Claustro - foi demolido em 1935 - foto Alvão
Nos anos 30 do séc. XX realizaram-se obras com a intensão de repor muitos monumentos tal como estavam no seu estado inicial. Em Cedofeita foram retiradas todas as construções envolventes, inclusive o claustro dos séc. XVII e XVIII. É nossa opinião que certas alterações ao desenho inicial não deveriam ser destruídos. Exemplo deste claustro, talhas belíssimas do séc. XVIII etc. O mesmo aconteceu em outros monumentos, como na Catedral.
Boletim de Dezembro de 1935 onde consta a História da Igreja, desde o início, da restauração de 1935, plantas e fotos de antes e depois da restauração.
Destruição da Igreja do Convento de S. Bento de Avé Maria – Aurélio Paz dos Reis 1902 – o órgão desta igreja foi comprado pela Igreja do Bonfim por 601$000 reis. O maior sino está na Capela dos Franciscanos da Rua dos Bragas.
Dada a exiguidade da igreja românica decidiu-se construir uma nova no início do séc. XX. Para tal pretendia-se aproveitar muitos materiais da Igreja de S. Bento de Avé Maria.
No dia 6/2/1897 foram cedidos terrenos do Priorado para a sua edificação, acto que os sinos repicaram festivamente e foram queimadas girândolas de foguetes. Nesse mesmo ano o arq. Marques da Silva apresentou o projecto. No dia 1 de Outubro de 1899 o Bispo D. António Barroso presidiu à cerimónia da bênção e colocação da primeira pedra.
Na construção da igreja utilizaram-se alguns materiais do extinto convento da Avé Maria, demolido para dar lugar à estação ferroviária de S. Bento. Para o novo templo foram também cedidas imagens, alfaias e paramentos que eram da igreja do extinto convento.
No dia 8 de Dezembro de 1906, o bispo D. António Barroso celebrou a primeira missa numa dependência improvisada em capela. Mais tarde esse local seria destinado a cartório paroquial.
Entre 1925 e 1932, paroquiou a igreja de Cedofeita António Valente da Fonseca, que viria a ser bispo de Vila Real. Foi ele que deu continuidade às obras da nova igreja, concluindo a capela-mor e o coro que foram inaugurados em 11 de Novembro de 1929.
Porém, o projecto inicial de Marques da Silva nunca foi concluído.
Só em 1974 foi inaugurada a actual Igreja Paroquial. Na decoração do interior, ressalta o trabalho da equipa do mestre Júlio Resende.
Torre sineira
Órgão
Igrejas de Cedofeita
O Largo do Priorado foi o grande beneficiado pelas obras de 1935 - foto da Junta de Freguesia.
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