quinta-feira, 10 de abril de 2014

DESCREVE-SE A CATEDRAL - II

3.11.1 - Interior da Catedral - I

                                                              O inte


Durante a Sede Vacante do séc. XVIII foram construídos altares, grades nas janelas e no coro em talha dourada como era uso nesse tempo, além das grades de bronze dourado da capela-mor, capitéis em pedra e talha dourada, como se pode ver bem nesta foto, etc.
O povo da cidade não estava de acordo com estas obras, pelo que foi preciso tapá-las com grandes velas e decorrerem com guarda permanente. No cimo do arco da Capela Mor está o brasão do Bispo D. Frei Gonçalo de Moraes que, em 1606/1610, mandou derrubar a antiga Capela Mor e construiu a actual, alegando ser pequena para o cabido do tempo. Photo Guedes 1900. 


Interior engalanado para dia festivo - 1903


Cerimónia fúnebre do Bispo D. António Barroso – 1918 


Nos anos 30 do séc. XX a Sé foi sujeita a obras de desbarroquização em que foram retirados os enfeites e alguns altares do séc. XVIII, com a intenção de repor, na forma do possível, a Sé Medieval. 
Bernardo Xavier Coutinho testemunha estas alterações da seguinte forma: "Ainda me lembro muito bem. Nessa altura, na ida e vinda das minhas aulas, aproveitava a ocasião para contactar, na intimidade, com a Sé, a pouco e pouco descarnada. E confesso-o. Nunca esquecerei a emoção que senti ao ver cair em pedaços, a golpes de picareta, os enormes capitéis entalhados e dourados, que o espírito barroco colocara lá no alto, mesmo junto da abóbada dupla, estucada, no cimo dos pilares que marcavam em ritmo sucessivo, as divisões dos tramos, como colunas que sustivesses os arcos divisórios. Ouço ainda o estrondo com que ecoavam, ao cair, desfeitas em cavacos, essas belas talhas barrocas.
Uma época que desaparecia… inglória e empobrecente!
Mas porque não se aproveitou aquilo que se tirava, para constituir um Museu da Talha Barroca Portuguesa? Nunca ninguém me soube responder".


Nave central e Capela – Mor após as obras dos anos 30 do séc. XX


Nave, rosácea e o órgão do coro


Capela-Mor – Foto de André Santiago

Segundo a Infopédia, “a abside é constituída por capela-mor com abóbada de berço dividida em caixotões com mármores incrustados, obra mandada edificar pelo bispo D. Frei Gonçalo de Morais entre 1606 e 1610. Sobre os elegantes cadeirais setecentistas estão colocadas duas tribunas elevadas e com esbeltos órgãos barrocos. O fabuloso e monumental retábulo de talha dourada foi concretizado entre 1727 e 1729, elaborado por Santos Pacheco e executado pelo entalhador Miguel Francisco da Silva. Dois anos antes, em 1725, Nicolau Nasoni executava na capela-mor e ainda na sacristia pinturas cenográficas em perspectiva, ampliando ilusoriamente a cobertura destas estruturas.”


A Primitiva Capela Mor foi substituída pela actual entre 1606 e 1610, pelo Bispo D. Fr. Gonçalo de Morais. 
“Na epígrafe do lado da epístola, - em caracteres maiúsculos quadrados – registam-se alguma datas notáveis. Reza assim:
ESTA CAPELLA RETABOLO E CORO
FEZ O S(enhor) B(ispo) D(om) F(rei) GONCALO DE MORAES
COMECOU SE NNO ANNO DE 1606
ACABOU SE PELA PACOA DE 1610

Está sepultado no centro do pavimento da Capela Mor:

SEPULTURA DO BISPO
DOM FREI GONCALO
DE MORAES RELIGIOZO
E GERAL QUE FOI DA 
ORDEM DO GLORIOSO
P(adre) S(ão) BENTO O QUAL FEZ
ESTA CAPELLA, REQUI
ESCAT IN PACE. FALE
CEO DA ERA DE 1617
A VINTE E SEIS DE OU
TUBRO.

No arco triunfal da Capela Mor mandou colocar o seu brasão.


Tecto do transepto


Sacristia


Em 1731 um incêndio destruiu a sacristia. Encontrando-se no Porto, a pintar o Altar-Mor da Catedral, Nicolau Nazoni foi convidado a decorá-la com as sua pinturas, ainda hoje existentes e recentemente restauradas.



Estudo sobre o restauro da sacristia 


Nicolau Nazoni


Esta inscrição foi descoberta no início dos anos 60 do séc. passado e, segundo o Dr. Bernardo Xavier Coutinho, diz, de forma incompleta, o seguinte: “NICOLÓ NAZONI FIORENTINO NATVRALE DELLA TERRA DI S. GIVADI VALDAR NO DI SOPRA DIE A PINGERE (?) IN QUESTA SEDE V. te DEL 1735 EQ () 26 1736 E ENE PER MERO DEL S.to CARIS GIROLAMO TAVORA.” – O Tripeiro Série VI, Ano IV
Nas colunas laterais da entrada da Capela-Mor também se encontram pinturas de Nasoni.


Sobre S. Pacífico não encontrámos qualquer referência. S. Aurélio foi bispo de Cartago entre 392 e 429.


Além do órgão barroco vêem-se algumas das pinturas do Nasoni na janela e na coluna da esquerda. Foto Trip Avisor  



Dos 4 órgãos do séc. XVIII só restam dois no Altar-Mor.


Em 1985 foi construído, por Jann, um órgão no coro alto que tem um total de 3510 tubos. O mesmo artífice do órgão da igreja da Lapa (Porto), ambos promovidos pelo esforço e iniciativa do Cónego Ferreira dos Santos.


A porta de Vandoma sofreu várias modificações desde o séc. X até ao XVII. O desenho mostra a que existiu até 1855., quando foi demolida pela câmara para alargar a Calçada de Vandoma.
Aos domingos era rezada missa na varanda e o povo assistia com a maior devoção. 
Só uma vez por ano, pela procissão de Corpus Christi, o arco era lavado e retirada toda a porcaria aí depositada, pelo que era incómodo atravessá-lo. Nesta festa, sim, era decorado com coberturas de damasco, festões de flores e veludo e de galões dourados e prateados. 
Desenho de José Júlio Gonçalves Coelho


A primeira porta conhecida é a que ladeia a imagem da Virgem no antigo selo do Porto.


Altar de Nossa Senhora de Vandoma


Imagem do altar acima, em granito do séc. XIV

A imagem da Virgem e do menino tinham coroas e um ceptro em ouro que desapareceu, supõe-se que quando a porta de Vandoma foi destruída em 1855. A imagem deve ter passado para a Capela de S. Vicente, no claustro, colocada no lado direito do altar-mor, onde ainda se encontrava em 1908. Foi colocada na Sé em 1954 pelo Bispo D. António Ferreira Gomes.
O menino tem uma pomba branca na mão. Outrora a túnica da imagem era vermelha e o manto azul, mas hoje a túnica é azul e o manto azul escuro. Sobre a imagem da Virgem o povo colocava-lhe um manto de seda azul bordado a matiz com um simples cordão de ouro. 
D. Domingos de Pinho Brandão escreveu: “A lenda e a tradição fazem remontar a Senhora de Vandoma ao século X (armada dos Gascões). A actual imagem é do século XIV. Antes terá havido outra ou outras imagens da mesma invocação. Nossa Senhora de Vandoma é desde Agosto de 1981 a Padroeira principal da cidade do Porto, com solenidade litúrgica no dia 11 de Outubro de cada ano”.


Imagem da Nossa Senhora de Vandoma no site da Diocese do Porto - já tem coroas, mas não sabemos onde se encontra

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