sexta-feira, 14 de agosto de 2015

GOVERNO POLÍTICO - XII

5 . 4 - Governo Político - XII

Fósforos e isqueiros



Em cima à esquerda pode ver-se a cada da Quinta do Campo Alegre que pertenceu à família Andersen e é hoje o Jardim Botânico. Sobre a história  desta quinta já tratamos no nosso lançamento Quintas do Porto e Arredores de 8/5/2013.


"A imagem acima foi obtida a partir de tese de Cláudia Raquel Ferreira de Castro, extraída do Centro de Documentação do Museu da Indústria do Porto. Ao fundo a Igreja de S. Martinho de Lordelo do Ouro".


"Na área relvada ficava a fábrica em Lordelo do Ouro 
A perspectiva acima fica na confluência da Rua da Arrábida com a Rua do Progresso. Em Lordelo do Ouro ainda existe o topónimo Rua Sociedade Nacional de Fósforos".
Estas duas fotos acima e o respectivo texto foram-nos enviados pelo nosso atente e conhecedor leitor José Fiacre, a quem muito agradecemos.


Na Rua de Silva Porto, 285



Título de uma acção da Companhia Continental de Fósforos - Rua do Ouro, 30 - Porto - 1928

“Em 1895, o então Presidente do Conselho e Ministro da Fa­zenda, Conselheiro Hintze Ribeiro implantou medidas legais restritivas, de forma a disciplinar a produção, mandando cessar toda a laboração nas fábricas de fósforos existentes, com exceção da Companhia A Geral de Fósforos e a Companhia de Fósforos Segurança.
Neste contexto, foi fundada, por decisão governamental, a Companhia Portugueza de Phosphoros, à qual foi concedido o exclusivo do fabrico de fósforos. Esta abriu duas fábricas de grande porte; uma em Lordelo do Ouro, no Porto, e outra no Beato, em Lisboa, nas quais foram produ­zidos fósforos de enxofre, integrais e amorfos, de cera e de madeira, em oficinas devidamente separadas e com tarefas definidas. “O consórcio era formado por eminentes negociantes e capitalistas. (...) Que terão garan­tido o empréstimo de mil e duzentos contos necessário para o arranque da Companhia Portuguesa de Phosphoros.” 
O consórcio que deu origem à Companhia Portu­gueza de Phosphoros era formado por distintos negociantes, tais como: Vieiras & Mendonça (Fábrica Boa Fé) – Porto; Companhia A Geral de Fós­foros – Porto e Lisboa; Companhia de Fósforos Segurança – Porto; Francisco António Borges – Porto; Companhia Nacional de Fósforos – Lis­boa; Companhia de Fósforos Químicos – Lisboa; Fábrica de Fósforos de Alcochete – Lisboa; José Maria Fonseca – Lisboa; Arthur Barbosa Santos – Lisboa; Adolpho Correia Barbosa – Lisboa; Rodrigo Jorge Furtado – Lisboa e finalmente João Marques da Silva (Fábrica Progresso) – Lisboa
A data de Junho de 1925 marcou uma mudança significativa no sector fosforeiro português, pois, é dado como terminada a concessão estatal que durante 30 anos concedeu exclusividade de mercado à Companhia Portugueza de Phosphoros. Abria-se, deste modo, a actividade industrial às empresas que se constituíssem para o efeito, com a condição de o Estado ter uma participação de 25% do capital social. 
Neste âmbito, em Março de 1926, nasce a Sociedade Nacional de Fósforos (SNF) que herda os alvarás da extinta Companhia Portugueza de Phosphoro. 
De acordo com dados recolhidos esta sociedade era constituída por uma extensa linha de produção que integrava todos os trabalhos de produção, desde o corte e tratamento da madeira, à realização da “massa” dos fósforos e respectivo embalamento, tornando, assim, possível combater a concorrência das outras unidades que entretanto surgiram, a Fosforeira Portuguesa de Espinho e no Porto a Com­panhia Lusitana de Fósforos e a Companhia Continental de Fósforos. 
Em 1930 a SNF formou uma parceria com a compa­nhia sueca de fósforos Swedish Match, que introduziu nova tecnologia na produção da fábrica portuguesa como se pode ler num comunicado distribu­ído à imprensa por Axel Beselin, na altura administrador da SNF, presente no Museu dos fósforos.
Em 1967, a Companhia Lusitana de Fósfo­ros, com sede no Porto, foi integrada na SNF. 
Segundo o Boletim Estatístico de 1963, a produção das quatro fábricas foi de mais de 16 biliões de fósforos, num valor superior a 100 mil contos, dos quais foram exportados mais de 400 toneladas de valor superior a 12 mil contos. Nessa altura, estavam empregadas nas referidas fábricas mais de 800 pessoas. Esta última deixou de laborar em 1991, encerrando definitivamente em 1993.”
Com a devida vénia a Cláudia Raquel Ferreira de Castro.
2006 – A Fosforeira Portuguesa também encerrou”.


Caixa de fósforos com o brasão da cidade. 






Caixas de fósforos com jogadores do F. C. do Porto - se algum “doente” souber quem são os jogadores…informe, que nós incluímos no trabalho.
Em tempo: um amigo nosso fez o seguinte comentário: "Em cima, da esquerda para a direita...Gabriel, Otávio e Fernando Gomes. Em baixo, no mesmo sentido, não identifico os dois primeiros, o terceiro é o Teixeirinha e o penúltimo é o treinador António Morais!.


Fosforeira antiga em prata



Fosforeira de estanho assinada

A História Fosforeira em Portugal – in Museu dos Fósforos

Fosforeira Portuguesa – blog Restos de Colecção


1944 – 30$00

1969 – 60$00

Entre 1937 e 1970 o uso de isqueiros ou qualquer acendedor era sujeito a uma licença que tinha de ser renovada anualmente e ser transportada pelo seu dono para apresentação às autoridades, sempre que solicitado. Em caso de falta, o portador do isqueiro era multado em 250 escudos. Sendo funcionário público ou militar, a multa ascenderia a 500 escudos. Nessa época, era uma multa de altíssimo valor.

Esta licença destinava-se a incentivar o uso dos fósforos, cujo monopólio pertencia ao Estado.


“O hábito de fumar, como tudo, vai evoluindo. Antigamente os fumadores compravam um livro de mortalhas, uma onça de tabaco e faziam eles o seu próprio cigarro.
O fazer do cigarro tinha o seu ritual. Uns faziam-no colocando na mortalha o tabaco que saia directamente da embalagem de origem. Há quem recorde as onças do «Duque». Outros, porém, metiam o tabaco numa espécie de bolsa de cabedal a que chamavam «pataca» de onde o tiravam batendo com o indicador para ele ir caindo.
Havia quem o metesse em folhas de couve para o conservar mais fresco. Alguns fumadores desfaziam a ponta do cigarro queimado (pirisca) para aproveitar o tabaco ao fazer do novo cigarro.
Depois de estendida a quantidade suficiente de tabaco na mortalha, enrolava-se a maior parte desta, passava-se a língua a todo o comprimento da ponta livre para a humedecer e colar ao enrolar completamente.
Para acender, tínhamos os fósforos portugueses, as “cerilhas” espanholas (fósforos que em vez de madeira tinham papel enrolado com cera), isqueiros com várias formas e feitios, com “morrão”, petróleo ou gasolina. Recorria-se ainda a um sistema mais artesanal: bastava o morrão, um seixo e um objecto de aço (costas de faca, navalha, foice, etc.). Colocava-se o morrão encostado ao seixo, percutia-se neste o objecto de aço, de forma que as “tchispas” fossem parar ao morrão e... pronto! Com o morrão acendia-se o cigarro. O morrão era um cordão que se adquiria na Espanha e que vemos enfiado nos isqueiros das fotos”. In blog Notícias dos Forcalhos.

Uma descrição perfeita. Assisti, durante muitos anos, a meu avô fazer este tipo de cigarro com tabaco francês. Fazia esta "cerimónia" muito lentamente, e notava-se que lhe dava muita satisfação. Assim também atrasava o acto de fumar.

"Mais ou menos no local onde está a estação do Metro da Trindade, existiu no princípio do séc. XX uma fábrica de isqueiros, dos de cordão lento. Foi fundada por um galego, que veio dos lados da Corunha e se radicou no Porto, casando com uma portuense. Chamava-se Cipriano Garcia e foi meu bisavô". Comentário de um assíduo leitor do nosso blogue.


Isqueiro muito antigo, possivelmente do princípio do séc. XX, ou anterior.


O popular isqueiro Zippo – anos 40/50 do séc. XX – teve um grande sucesso pois era à prova de vento.


Tive um isqueiro Ronson como este.


O fabuloso S. T. Dupont - belo, pesado e nunca falhava - também tive um.


Este Dupont era lacado a preto, mais luxuoso.


Isqueiro Dunhill Turbo Collection – o máximo!


Certo dia apareceu o Bic, que foi uma explosão de vendas. Todos tinham um, como o "carocha", mas o requinte acabou.

Vídeo - isqueiro Zippo

Conheça a freguesia de Ramalde

Comemoração do 31 de Janeiro, 5 de Outubro, Armistício da Grande Guerra e visita à Serra do Pilar – 1928
http://www.cinemateca.pt/Cinemateca-Digital/Ficha.aspx?obraid=5089&type=Video

Do nosso leitor e amigo Sr. Alberto Guimarães recebemos esta curiosa informação, que agradecemos:

"Como se contornava a lei das licenças de isqueiro?
Muito fácil:
A lei dispensava a licença a partir do momento em que o isqueiro fosse usado "debaixo de telha", subentendendo-se "dentro de casa".
Ora como a lei nisso não era clara, o portador do isqueiro era também portador de um pedaço de telha, com o qual cobria o isqueiro no momento de o usar.
Resultado deste "chico-espertismo": a lei teve de ser alterada!
Abraço tripeiro!
Alberto Guimarães 

6 comentários:

  1. Olá
    mais um post de saudade...
    Relativamente aos jogadores do FCPorto:
    Em cima, da esquerda para a direita...Gabriel, Otávio e Fernando Gomes. Em baixo, no mesmo sentido, não identifico os dois primeiros, o terceiro é o Teixeirinha e o penultimo é o treinador António Morais.
    Cumprs
    Augusto

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  2. Boa tarde,
    Muito obrigado. Já acrescentei no lançamento.
    Cumprimentos
    Rui

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  3. Mais ou menos no local onde está a estação do Metro da Trindade, existiu no princípio do séc. XX uma fábrica de isqueiros, dos de cordão lento. Foi fundada por um galego, que veio dos lados da Corunha e se radicou no Porto, casando com uma portuense. Chamava-se Cipriano Garcia e foi meu bisavô.

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    1. Muito obrigado pela sua informação, que já acrescentamos nesta publicação.
      Cumprimentos,
      Maria José e Rui Cunha

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  4. Boa noite, amigo Rui Cunha!
    Como se contornava a lei das licenças de isqueiro?
    Muito fácil:
    A lei dispensava a licença a partir do momento em que o isqueiro fosse usado "debaixo de telha", subentendendo-se "dentro de casa".
    Ora como a lei nisso não era clara, o portador do isqueiro era também portador de um pedaço de telha, com o qual cobria o isqueiro no momento de o usar.
    Resultado deste "chico-espertismo": a lei teve de ser alterada!
    Abraço tripeiro!
    Alberto Guimarães

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  5. Muito obrigado caro amigo,
    Também já pode ler esta curiosa informação, que deve ser de antes de eu fumar, pois a desconhecia.
    Um abraço
    Rui Cunha

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