quinta-feira, 10 de setembro de 2015

RIO DOURO - IV

6.1.4 -  Vistas do Douro e Lamego 


Foto de João Cardoso


Pinhão e Casal de Loivos  - O Douro Illustrado - Visconde de Villa Maior - 1876 - Gravura de EP  


Quinta do Crasto, sobranceira à vinha Maria Teresa.


Vista de Casal de Loivos – foto Cátia Valente


Belo pôr do Sol - Foto Jonathan Hernandez


Douro romântico





Sé de Lamego – 1849-1859 – foto de Frederick Flower


Lamego foi diocese desde o século VI, mas a sua restauração só ocorreu após a derrota dos Árabes, ressurgindo o bispado em 1144 ou 1145. A original Sé de Lamego situava-se intramuros e fora consagrada a S. Salvador, apesar de não se conhecer a sua datação e volumetria. No século XII após a restauração da Diocese de Lamego, iniciou-se a edificação de um templo maior. É uma catedral gótica, mantém a torre quadrada original, mas o resto da arquitectura reflecte as modificações feitas nos séculos XVI e XVIII, incluindo um claustro renascentista com uma dúzia de arcos bem proporcionados. A Sé abre-se para um amplo adro lajeado, obra do século XVIII, com a fachada marcada pela robusta torre remodelada em Setecentos. A fachada principal do templo foi reconstruída no reinado de D. Manuel I. A campanha de obras da fachada realizou-se entre 1508 e 1515, de acordo com os planos do arquitecto João Lopes. 



O interior da catedral é repartido por três naves divididas em três tramos e cobertas por abóbadas de aresta, assentando em arcos de volta perfeita e grossos pilares.



Os tectos foram pintados na primeira metade do século XVIII pelo pintor-arquitecto italiano Nicolau Nasoni.


D. Miguel, Bispo de Lamego

"Em homenagem ao bispo embaixador, D. Miguel de Portugal, foi este monumento inaugurado em 1951. 
A estátua é uma obra do escultor madeirense Francisco Franco. 
D. Miguel de Portugal nasceu em Évora, filho de D. Luís de Portugal, conde do Vimioso e de D. Joana de Mendonça, condessa de Basto. Foi bispo de Lamego de 1635 a 1644, ano em que faleceu. 
Um ano após a Restauração da Independência, em 1641, foi enviado a Roma por D. João IV com o objectivo de afirmar junto do Papa Urbano VIII, as razões que assistiam ao rei para ocupar o trono de Portugal. 
Embora nunca viesse a ser recebido pelo Papa, enfrentou, com grande coragem, as intrigas da diplomacia espanhola e resistiu heroicamente a uma cilada levada a cabo por elementos a soldo do rei de Castela que o queriam assassinar". In site da C. M. de Lamego


D. António Couto, Bispo de Lamego

António José da Rocha Couto nasceu em Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, em 18 de Abril de 1952.
Natural da Diocese do Porto, entrou no Seminário de Tomar a 2 de Outubro de 1963, da Sociedade Portuguesa das Missões Ultramarinas, hoje Sociedade Missionária da Boa Nova. Foi ordenado em Cucujães, em 3 de Dezembro de 1980. 
Transferiu-se depois para Roma, para a Pontifícia Universidade Urbaniana, onde, em 1986, obteve a licenciatura canónica em Teologia Bíblica. Na mesma Universidade obteve, em 1989, o respectivo Doutoramento, depois da permanência de cerca de um ano em Jerusalém, no Studium Biblicum Franciscanum. 
É professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, núcleo do Porto, desde o ano lectivo de 1990-1991.
De 1996 a 2002 foi Reitor do Seminário do Seminário da Boa Nova, de Valadares. Foi também Vigário Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova de 1999 a 2002, ano em que foi eleito Superior Geral da mesma Sociedade Missionária da Boa Nova. Em 2004, foi nomeado pelo Papa João Paulo II membro da Congregação para a Evangelização dos Povos.
Recebeu a nomeação episcopal a 6 de Julho de 2007. A ordenação episcopal decorreu a 23 de Setembro de 2007 em Cucujães e foi realizada por D. Jorge Ortiga, D. Manuel Clemente e D. António Marto. Para além de bispo-auxiliar da Arquidiocese de Braga, também foi nomeado bispo-titular da Diocese de Azura. O seu lema episcopal é: "Vejo um ramo de amendoeira" (Jer 1,11)
Foi nomeado Bispo de Lamego a 19 de Novembro de 2011 pelo Papa Bento XVI, substituindo D. Jacinto Botelho no governo da diocese, por este ter atingido o limite de idade imposto pelo Código de Direito Canónico. Entrou solenemente nesta diocese a 29 de Janeiro de 2012 como D. António (VI) José da Rocha Couto.

Tomada de posse de D. António Couto – 29/1/2012



Santuário de Nossa Senhora dos Remédios


Igreja da Senhora dos Remédios




Festa da Senhora dos Remédios - 8 de Setembro - foto de Rui Pires


Portugal Antigo e Moderno - 1875


Museu de Lamego - foto de Rui Pires


Tapeçarias


Políptico da Sé de Lamego que fazia parte do retábulo encomendado a Vasco Fernandes


Capela de S. João Evangelista, proveniente do Convento das Chagas - séc. XVIII

"O Museu de Lamego situa-se no Largo de Camões, em Lamego, concelho de Lamego e distrito de Viseu. A sua criação encontra os seus antecedentes próximos na vontade expressa por D. Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito, Bispo de Lamego entre 1901 e 1922, que pretendia instalar um Museu de Arte Sacra no antigo Paço Episcopal. Com essa finalidade iniciou a recolha de obras de arte dispersas pela diocese bem como a recuperação e beneficiação do edifício. A Revolução de 1910 obrigou à suspensão dos trabalhos em curso, mas logo no ano seguinte a Câmara Municipal de Lamego decidiu a criação de um Museu Artístico a partir do espólio recolhido por este prelado e entretanto incorporado no património do Estado. Todavia, a fundação só viria a acontecer em 5 de abril de 1917, com a denominação de «Museu Regional de Obras de Arte, Arqueologia e Numismática» e instalado no imponente edifício do Paço Episcopal, cuja reconstrução resultou da ampla reforma empreendida pelo bispo D. Manuel de Vasconcelos Pereira entre os anos 1750 e 1786. À semelhança do que sucede na maioria dos museus coevos, a caraterística mais notória da coleção do Museu de Lamego é, sem dúvida, o seu eclectismo. O espólio primitivo de mobiliário, tapeçarias, escultura e pintura, que já se encontrava no Paço, foi complementado com ourivesaria, paramentaria, capelas e respetivas esculturas provenientes do extinto Convento das Chagas de Lamego, a que se acrescentou o acervo arqueológico que a Câmara Municipal e particulares cederam ao Museu. Sucessivamente enriquecido com novas doações e legados de distintas proveniências, o Museu de Lamego constitui uma importante referência artística e patrimonial no panorama regional, nacional e mesmo internacional, pela excelência e singularidade de algumas obras de arte que expõe. Cronologicamente e do ponto de vista estilístico, esta coleção situa-se maioritariamente no século XVIII, sem prejuízo de, no seu todo, abranger um largo período que vai do século I aos nossos dias, com evidente realce para o período renascentista, onde as tapeçarias flamengas e os painéis de Vasco Fernandes, ambas do século XVI, assumem o estatuto de ex-libris do museu. Atualmente, possui em regime de exposição permanente, secções de pintura, têxteis – tapeçaria e paramentaria – (sécs. XVI a XVIII), escultura (sécs. XIII, XIV, XVII e XVIII), ourivesaria (sécs. XV a XX), cerâmica e azulejaria (sécs. XVI a XX), arqueologia (romana, medieval e barroca), capelas e altares (sécs. XVII e XVIII), mobiliário (sécs. XVII a XIX) e meios de transporte (sécs. XVIII e XIX). Site Guias técnicos - Turismo do Portugal

O Douro religioso


Convento de Ancede – antes da recuperação de 2010 – abaixo, o Barão de Forrester tratará deste convento, pelo que mostramos aqui algumas fotos.



Em 2010 Siza Vieira apresentou um projecto para a renovação do convento com uma envolvente que incluía estalagem e outros locais de repouso e divertimento e cultura.


Lavradores do Douro – foto do Barão de Forrester

QUARTA CARTA 

O Convento de Ancede situado num belo vale, ainda que em posição elevada, a um quarto de légua de Porto Manso, é digno de atenção: mas o seu estado actual de abandono e a ausência dos frades, contrastam de uma maneira singular com o seu aspecto ordinário em outros tempos. O lugar de Porto Manso muito sente a extinção destas corporações religiosas, pelas esmolas que os frades distribuíam diariamente aos pobres – e quanto ao terem acabado os dízimos, dizem os povos que este benefício resultou só a favor dos proprietários. Conheço um indivíduo que ganhou com a mudança e é o meu compadra e arrais, António de Oliveira Dias (mestre o mais hábil no Douro) que tem aqui seu casal, e que costuma nas ocasiões da minha chegada empregar os serviços do ex-cozinheiro do dito extinto convento de Ancede.
Em mui poucos países tenho assistido a jantares mais bem servidos e abundantes do que o foi um, que o meu compadre aqui me deu. Todas as cobertas foram servidas com delicadeza e asseio. Tivemos excelente caldo, vaca cozida e arroz – galinhas cozidas com presunto e salsichões – enorme peru assado com o seu picado à Ancede – dois gansos formidáveis – alguns frangos – uma perna de vitela – presunto de Melgaço feito em fiambre – boa cernelha de vaca assada – três coelhos bravos ensopados – dois excelentes guisados – um leitão muito tostadinho – e meia dúzia de perdizes mortas com toda a cerimónia da antiga lei, em 1 de Setembro. Depois seguiram pudins, pão-de-ló (ou cavaca fina), biscoutos, morcelas, melancia, melão, laranjas, limas, maças, pêras, pêssegos e doce de calda; - porém nem um só cacho de uvas, nem tão pouco uma garrafa de vinho!
As uvas pela maior parte se perderam e tal será a escassez de vinho nestes sítios, que o velho que em outros anos se comprava a seis mil reis e moeda de ouro, já se está vendendo a 30$ooo réis.
Fiz os meus cumprimentos ao meu compadre pela sua prodiga hospitalidade e ele respondeu-me que muito estimava poder mostrar-me que nos vinte anos que me tinha servido, não somente tinha ganho para o sustento e educação da sua família mas também poupado bastante dos dinheiros que eu lhe tinha dado a ganhar, não somente para me fazer este pequeno oferecimento mas também para que tivéssemos um petisco para comermos na viagem que íamos seguindo.
De Porto Manso fiz uma digressão até à antiquíssima vila de Canaveses, onde no Marco achei as videiras com a mais bela aparência e cheias de magnificas uvas – facto este o mais notável, quando nos arredores todas as uvas estão perdidas pela moléstia.
O Tâmega em Canaveses, ainda trás bastante água e tem uns 400 a 500 palmos de largo. O sítio é tão belo, que apesar da falta de comodidades, achei bastante em que me entreter durante dois dias inteiros.
Em todo o concelho de Baião, o pão está muito caro em razão do calor que tem perdido a maior parte do que estava na terra e que não servirá senão para o gado.
A ribeira de Porto Manso, outrora mui produtiva e abundante em água, este ano produz menos que metade do usual e se as chuvas continuarem a faltar, as consequências poderão ser mui fatais.
O estado do rio Douro entre o ribeiro de Pala e o rio Bestança é digno de particular observação. O leito está todo descoberto e o rio é um mero canal que apenas tem 60 palmos de largura e cujo curso é entre enormes rochedos de granito de 25 a 35 palmos de altura. Estes rochedos estendem-se sobre um espaço de 800 palmos de largura em cada uma das margens, até á casa do açougue em Porto Manso e a casa do Souto no cais do rio Bestança – e ambos estes pontos estão na altura de 60 a 70 palmos da borda do rio. Mesmo quando estes rochedos se acham cobertos, é uma temeridade navegar no rio com barcos carregados – porém no Inverno acontece muitas vezes que as enchentes do rio trazem dentro do curto espaço de três dias tal quantidade de água, que o rio sobe até às duas casas indicadas, tendo pois 1600 palmos em lugar de 60 de largura, e 90 de altura.
O motivo do rio levantar tanto neste sitio é bem óbvio: - nos pontos de Escarnidas e Fiéis de Deus, o aperto das margens e a altura dos rochedos impede que as águas desemboquem, e por isso espalham-se pelo cais de Porto Manso, da mesma maneira que em 1780 antes de se demolir o cachão de S. João da Baleira, as águas não achando expediente cobriram toda a Ribeira da Vilariça.
Logo acima das pedras da Morteira, que são os mais altos rochedos no cais de S. Paio, defronte do Porto Antigo, existia no meio do rio a pedra nativa chamada da Seixeira, que tinha 20 palmos de altura sobre a actual margem do rio – mas não era prejudicial à navegação – antes era uma rica propriedade de um particular, que dela tirava bom rendimento pela pescaria que até 1828 rendeu seiscentos e tantos sáveis num dia. Apesar do dispêndio, inutilmente feito a meu ver, com a demolição deste rochedo – ele ainda tem seis palmos de altura fora de água.
Se antes de empreender estas obras, se tivessem aconselhado com os homens práticos, haviam de ter-se informado que o princípio da resistência da água da Seixeira, nascia da Fisga para baixo – águas que não levam os barcos para a Seixeira, mas sim sobre o rochedo Gonçalo Velho, no cais do Souto do Rio, onde iam e ainda vão bater: e em prova desta nossa asserção a corrente que principia na Fisga ainda continua com a mesma força na marca do rio em que sempre é prejudicial.
A pólvora não está muito cara – o ferro não falta – a gente da terra tem sempre vontade de trabalhar, venha a ordem para a demolição somente de metade do assustador Gonçalo Velho, e em poucos dias e sem que se faça grande despesa, ele deixará de existir.
Sou, de VV. &c. J.J. Forrester
Publicada por Porta Nobre à(s) 5/12/2013 “.

2 comentários:

  1. Olá
    Obrigado por nos contar, com imagens, histórias da nossa História.
    Cumprs
    Augusto

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  2. Muito obrigado pela sua persistência em nos ler e pelos seus comentários.
    Cumprimentos,
    Maria José e Rui Cunha

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