6.2.3 - Rio Douro - Afluentes - Rio Tua, Mirandela, Vila flor
Rio Tua
Foto Afasoft
Linha do Tua
Foz do Rio Tua
O rio Tua resulta da junção de dois outros rios: o rio Tuela e o rio Rabaçal, uma junção que ocorre a 4 quilómetros a norte da cidade de Mirandela.
Estes rios nascem em Espanha, sendo que o Tuela nasce em Castela-Leão e o Rabaçal na Galiza, entrando ambos em Portugal através do concelho de Vinhais. O Tua desagua, no Douro, em Foz Tua.
Barragem do Rio Tua – grande polémica levanta a construção desta barragem…ver-se-á quem tem razão.
Rio Tua – vídeos
Mirandela - cerca de 1900
cerca de 1900
"Também conhecida por Ponte Velha, esta medieval estrutura situa-se sobre o rio Tua, junto a Mirandela, constituindo durante centenas de anos a única via de atravessamento do rio para os mirandelenses.
A Ponte terá sido construída no século XVI, tendo sofrido diversas intervenções ao longo dos séculos. Há mesmo notícia de no mesmo local ter existido uma outra ponte, edificada em princípios no século XV.
Entre as várias reconstruções que sofreu ao longo dos séculos realçam-se as feitas em 1910, por no ano antes terem caído quatro arcos devido a grandes cheias, substituindo os arcos arruinados somente por dois com maiores dimensões, ficando assim a ponte com os dezassete arcos actualmente visíveis.
A Ponte, em cantaria de granito, apresenta hoje em dia 238,5 metros de comprimento, assente em dezassete arcos, quatro deles quebrados” –In Guia da Cidade
“Na cidade de Mirandela estão dos melhores valores arquitectónicos do concelho, como o Palácio dos Távoras, imponente construção nobre reedificada no século XVII, o Palácio dos Condes de Vinhais, a cerca amuralhada da qual resta apenas a Porta de Sto. António, a ponte velha, que continua a constituir uma incógnita quanto à data de construção e que constituem valores patrimoniais e a cultura de um povo.
Em Mirandela nasceu também, com exemplo dado, o conceito de cidade jardim. O culto da flor invadiu todos os espaços. Milhares de belas flores estendem-se por uma cidade inteira que vale a pena visitar. Por todo o concelho há vestígios de povoamento pré-histórico, bem documentado por monumentos megalíticos e diversos castros.
Os povos da idade do bronze desenvolveram uma intensa actividade mineira explorando o estanho, o cobre, o arsénio e ouro como é o caso do “buraco da pala”, situado na freguesia de Passos, que foi identificado um caso de metalurgia primitiva de ouro entre 2800-2500 A.C.
Os romanos, não podendo ficar insensíveis ao minério, também aqui se estabeleceram deixando as marcas da sua civilização. Logo no século VI, o paroquial Suevo dá-nos conta da existência de “Laetera”, enigmática e vasta circunscrição administrativa que corresponde à mesma área onde nasceu o concelho de Mirandela.
A importante e medieval “terra de Ledra” estender-se-ia pela quase totalidade do actual concelho e por parte do de Vinhais, compreendendo ainda um reduzida porção do concelho de Mirandela.
No dealbar do século XIII, já esta terra se encontrava dividida em três julgados: Lamas de Orelhão, Mirandela e Torre de D. Chama. Todas estas povoações receberam foral e se constituíram em concelhos. Mirandela recebeu assim de D. Afonso III carta foral a 25 de Maio de 1250. De 1835 a 1871, as reformas liberais extinguiram-nos, restando-lhes a memória desses tempos de autonomia.
Em 1884, o concelho de Mirandela passa a ter delimitações geográficas conforme as actuais”. In blogue canelasdodouro.comunidades.net
“A importância dos Távoras em Trás-os-Montes, e em particular na região de Mirandela, encontra-se bem expressa nos privilégios concedidos pelos monarcas e pelo seu domínio sobre as instâncias da justiça, ficando o rei somente com "o officio de Escrivão das sizas, achados e almoçataria" (COSTA, 1706, p. 448). A casa, onde, contrariamente à prática de outras famílias nobres, os Távora permaneciam bastante tempo, deveria traduzir todo o prestígio e poder de que a família gozava. Assim deve ser entendida a profunda remodelação da fachada, ocorrida no início do século XVIII, que transformou o edifício numa grandiosa cenografia, na qual o brasão dos seus proprietários se encontrava em lugar de destaque. As origens da casa são, no entanto, bem anteriores. Para acompanharmos a sua história seguimos os trabalhos de Luís Alexandre Rodrigues, que estudou a evolução do imóvel e em particular, da sua fachada (1997, pp. 163-174).
A mais antiga residência seria uma torre medieval, devidamente adaptada, que veio a ser destruída para dar lugar a um outro edifício, mais consentâneo com as necessidades da família (RODRIGUES, 1997, p. 164). As informações sobre este imóvel são praticamente inexistentes e apenas o documento de instituição do morgado, em 1536, confirma que, à época, a casa era uma realidade. A capela, dedicada a São Sebastião e a Nossa Senhora da Conceição, com a data de 1664 sobre a verga do portal, é fruto de uma campanha posterior, conservando-se o seu traçado na remodelação setecentista. As descrições subsistentes, do final de Seiscentos, deixam adivinhar um edifício de dois pisos, de planta irregular e alçado assimétrico (IDEM, p. 166).
A grande intervenção no Paço deve-se à iniciativa de Luís de Távora que, em 1709, contratou os mestres canteiros Manuel Alves e Domingos Pereira, residentes em Mirandela, para executar a fachada, de acordo com os desenhos que, infelizmente, desconhecemos. Esta era, sem dúvida, uma obra da maior importância, facto que o valor envolvido - 335.000 réis - bem testemunha (IDEM, p. 168). Os trabalhos decorreram de forma célere, e em 1711 estavam concluídos.
Na segunda metade do século XVIII, o edifício espelhou a desgraça que se abateu sobre os Távora, acusados de tentativa de regicídio, em 1758. O seu brasão foi picado e depois substituído pelo dos Condes de São Vicente, seus herdeiros, mas que deixaram o edifício ao abandono e à ruína. Foi adquirido, em 1890, pela Câmara de Mirandela que, a partir de 1912, aqui se encontra sediada”. In site Património Cultural.
Brasão dos Távoras – baseado no Rio Távora
Mirandela – vídeos
"Capital do Azeite, no coração da Terra Quente Transmontana, a Sul do Distrito de Bragança, Vila Flor conta com cerca de 8 mil habitantes, distribuídos por 19 freguesias, numa área total de 272 Km2. D. Dinis, Rei Poeta, aquando da sua passagem por este burgo até então denominado por "Póvoa d´Álem Sabor", ficara encantado e rendido à beleza da paisagem e, em 1286, carinhosamente a re-baptizou de "Vila Flor". Cerca de 1295, D. Dinis manda erguer, em seu redor, em jeito de protecção, uma cinta de muralhas com 5 portas ou arcos. Resta o Arco de D. Dinis, monumento de interesse público.
A Idade Média deste “ramalhete de cravelinas e bem-me-queres”, como lhe chamou Cabral Adão, é florescente, recebendo especial impulso com o acolhimento de famílias judaicas fugidas às perseguições europeias e que aqui foram desenvolvendo a agricultura, o comércio e as indústrias de curtumes e ourivesaria. D. Manuel I viria, mais tarde, a atribuir novo Foral a Vila Flor, reformulando o anterior, em Maio de 1512, o qual pode ser apreciado no Museu Municipal D.ra Berta Cabral. De carácter anti-judaica, a politica de D. Manuel I significa a expulsão dos judeus do Concelho mas ainda podem ser apreciadas ruínas de habitações e pedras da calçada das Ruas Nova, do Saco e da Portela, herança deste período remoto.
Rico em história, tradições, monumentos e gentes, o Concelho é também referência pela excelente qualidade dos seus produtos agrícolas que brotam do fértil Vale da Vilariça. Empresas como as Frize e a Sousacamp, conhecidas dentro e fora das fronteiras lusas, também fazem parte do património desta terra. Famosos na arte de bem receber, os alojamentos em Vila Flor incluem, para além de um Hotel, Agro Turismo e Turismo Rural. No verão, este "burgo alpestre" é procurado por centenas de turistas oriundos de vários cantos do país e estrangeiros, pela riqueza verdejante do seu Parque de Campismo".
Vila Flor - vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=1CWLgWO7gk4
Santuário de Nª. Sra. da Assunção, em Vilas Boas - É o maior e um dos mais importantes santuários Marianos de Trás-os-Montes. Erguido no século XIX no alto de um monte que domina toda a paisagem envolvente, representa um dos pontos mais altos do Concelho, com cerca de 760 metros de altitude. O Santuário de Nª Srª da Assunção, é também Miradouro de primeira qualidade. Junto ao varandim do adro obtém-se uma rara e vasta paisagem, cobrindo a vizinha Sanábria, Montesinho, Bornes, Mirandela e as vilas e aldeias vizinhas num raio de 100km. A sua história é milenar visto ter existido um castro neste magnífico monte, que justamente foi escolhido pela sua capacidade de Posto de Vigia. Possui uma igreja de nave única e capela-mor rectangulares, várias capelinhas espalhadas pelo recinto e um monumental escadório, tudo envolto em imensos tufos de floresta.
“A capela da Senhora da Assunção, em Vilas Boas foi um templo muito humilde na sua origem e pelo meio do século XVII caiu em tal abandono que os gados “n’ella sesteavam”, mas um facto muito extraordinário a salvou do olvido.
Em 4 de setembro de 1673, uma menina de Vilas Boas, por nome Maria, de 10 anos de idade, filha de Jacome Trigo, estando a lavar em um ribeiro contíguo à vila, apareceu-lhe uma mulher de surpreendente beleza que a chamou, lançou-lhe a bênção, levou-a a uma ribanceira próxima, da qual brotou no momento uma fonte de água, banhou-lhe a cabeça, e lhe disse:
– Estás sã do mal que padecias, mas a sesão [sezão] que tiveste na Sexta-Feira te há-de repetir ainda hoje; vai pois para tua casa e depressa, para que te não dê no caminho.
Disse-lhe mais:
– Lembras-te de quando ias defronte da minha Casa, na Portela de Vale Formoso, e eu peguei em ti sem o saberes, livrando-te de perderes a vida em um despenhadeiro, indo em teu seguimento João Lopes e Affonso Trigo que te levou nos braços para casa? Eu sou a Virgem da Assunção. Vai e diz aos teus vizinhos que jejuem a primeira Sexta-Feira e concertem a minha casa, porque eu não cessarei de interceder por vós todos...
No dia 7 do mesmo mês, estando a menina com os seus pais em uma eira limpando um pouco de pão, a mesma Senhora lhe apareceu outra vez, sendo já sol-posto, e lhe disse que fosse à sua capela. Foi. A meio da ladeira do monte encontrou a Senhora; viu a capela com as portas fechadas e toda cheia de luzes, e a Senhora, tomando uma cruz de madeira que estava na encosta, deu-a à menina e disse-lhe:
– Vai à vila recomendar de novo a todos que não se esqueçam do jejum, e dá-lhe a beijar esta cruz.
Apenas chegou a casa dos seus pais, onde encontrou Bento Lopes e um moço chamado João, pediu-lhes que a acompanhassem, ao que eles anuíram, e, tomando duas velas acesas, percorreram a povoação com a menina, dando esta a beijar a cruz a todos e recomendando-lhes o jejum.
No dia seguinte, Sexta-Feira, 8 de setembro, dia da Natividade da Senhora, foi a menina repor a cruz no sítio de onde a havia trazido. A Senhora de novo lhe apareceu e lhe disse que todos os Sábados fosse vê-la à sua capela, o que a menina cumpriu.
Em breve se divulgaram estes factos e logo se avivou a fé com a Virgem da Assunção nos povos circunvizinhos até muitas léguas de distância, aumentando espantosamente de dia para dia a concorrência dos fiéis e as rendas do santuário com as ofertas em cumprimento de votos e em sinal de gratidão pelas curas maravilhosas que experimentavam os enfermos”. In Portugal Antigo e Moderno
Santuário de Nossa Senhora da Assunção
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