6.2.9 - Rio Douro - Afluentes - Rio Tâmega III - Marco de Canaveses - Tongóbriga
"O topónimo principal "Marco de Canaveses" é composto por dois elementos, sendo que o segundo será certamente uma alusão à cultura do cânhamo, outrora abundante nesta região. O primeiro elemento do topónimo, "Marco" derivaria de uma marca de pedra, divisória das freguesias de Fornos, S. Nicolau e Tuias. Uma outra explicação para o topónimo tem origem numa lenda. Conta-se, que a rainha D. Mafalda teria passado pelas obras da ponte que mandara construir, e cheia de sede, pediu água aos pedreiros. Como o acesso ao rio era muito difícil, um deles ofereceu uma cana para que a rainha bebesse directamente do rio. A rainha, ao devolve-la terá dito "Guardai-a porque a cana é boa às vezes".
O povoamento do território a que corresponde o actual concelho do Marco de Canaveses remonta a épocas bastante recuadas, tendo sido encontrados importantes vestígios do período neolítico, nomeadamente alguns monumentos funerários. Do tempo da ocupação romana, chegaram até aos nossos dias os vestígios de Tongóbriga, uma povoação romana de que restam as termas, o fórum, zonas habitacionais e uma necrópole.
A história do concelho passa pela história da velha vila de Canaveses. Mendo Gil foi o seu primeiro administrador conhecido. Durante os anos de 1255 a 1384, o senhorio pertenceu a D. Gonçalo Garcia e seus descendentes. Em 1384, D. João I deu-o a João Rodrigues Pereira, parente de Nuno Álvares. Já no reinado de D. João II era posse da coroa, sendo um meirinho nomeado pelo rei que administrava e nomeava os juizes, procuradores e tabeliães. No século XIX, foi integrada no concelho de Soalhães e em meados do mesmo século, no de Marco.
O concelho do Marco de Canaveses foi criado em 1852 por decreto de D. Maria II, por anexação dos concelhos de Benviver, Canaveses, Soalhães, Portocarreiro, parte dos de Gouveia e Santa Cruz de Riba Tâmega. A vila foi elevada a cidade em 1993.
Hoje, o Marco de Canaveses é uma cidade e concelho que, pela sua proximidade ao Grande Porto, serve de residência a muitos que procuram a tranquilidade perto de um grande centro urbano.
Actualmente os Monumentos mais visitados são a Igreja de Sta. Maria, na Cidade, a cidade Romana de Tongobriga, no Freixo ; o Convento de Alpendurada, em Alpendurada e o Santuário do Menino Jesus de Praga,em Avessadas".
Uma rua antiga e a nova praça de mercado - 1904
Avenida nova - anos 40
Câmara Municipal
Igreja de Santa Maria
Igreja de Santa Maria
Ponte anterior – anos 70 – quantas vezes passámos por ela, nos anos 40 a 70, a caminho da Régua!
Hotel e Parque das Termas – finais de 40
Caldas de Canavezes – Cinemateca Portuguesa - 1922
Rio Ovelha
Rio Ovelha – Ponte Romana
Igreja românica de Santo Isidoro
Torre de Nevões – século XVI
"No Tâmega existe um aproveitamento hidroelétrico, a Barragem do Torrão (concelho do Marco de Canaveses), que foi construído no ano de 1988, com uma potência de 146 MW e uma produção média anual de 228 GWh, estando previstos novos recursos em Vidago e no Codeçoso”. In Farol da Nossa Terra, de Teixeira da Silva
Albufeira da barragem
Tongóbriga – Aldeia do Freixo
"A Área Arqueológica do Freixo é composta de um povoado fortificado proto-histórico localizado num pequeno outeiro, do qual subsistem apenas algumas estruturas habitacionais de planta circular, para além do povoado romano, conhecido pela designação genérica de Tongóbriga.
Após a recolha realizada em 1882 pelo investigador vimarenense, Francisco Martins Sarmento (1833-1899), de um bloco granítico onde se fazia menção a Toncobriga , as escavações empreendidas até à data permitem afirmar que, entre os séculos I e II d. C., surgiu uma urbe nesta área, possivelmente na consequência de uma estratégia delineada pelos imperadores da dinastia flaviana no âmbito de uma política de ordenamento da Tarraconense.
É no seu perímetro interno que encontramos diversas estruturas habitacionais, destacadas pelo seu carácter multicompartimental de planta rectangular, algumas das quais parcialmente escavadas na rocha e outras totalmente erguidas com muros. Os edifícios encontram-se, contudo, implantados em pátios lajeados, com paredes interiores alisadas e estucadas, sendo que um dos dominadores comuns destas edificações é a existência de um sistema de esgotos.
Mas além da área residencial, o povoado detinha toda uma zona perfeitamente delimitada e preferencialmente vocacionada para a produção artesanal especializada, que seria complementada por uma outra de carácter comercial, justificativa da construção de um forum, no centro do qual se erguia o templo.
Apesar dos evidentes condicionalismos geomorfológicos da zona de implantação da urbe, os seus construtores demonstraram uma evidente preocupação em dotá-la de todo o tipo de equipamento que possibilitasse a sua equiparação a uma verdadeira cidade romana, transformando-a num assumido centro de atracção e, até mesmo, de decisão, certamente favorecido pela fácil circulação de pessoas e bens, que a navegabilidade dos rios Douro e Tâmega proporcionava. De entre esses edifícios, destacavam-se as termas, a basílica e o templo, para além do mencionado forum.
Na realidade, Tongobriga ocuparia uma área total de cerca de 30 hectares, abrangendo a própria necrópole. Comparativamente às demais urbes da época, esta poderia ser considerada de médias proporções, pois a zona ocupada pelas áreas habitacionais abrigaria cerca de duas mil e quinhentas pessoas.
De todos os equipamentos colectivos existentes na cidade, as termas detinham, sem dúvida, um papel fundamental e central na vida quotidiana dos seus habitantes, assim como das comunidades suas vizinhas. Assim, de toda a zona intervencionada é, precisamente, a termal a que será melhor conhecida, com o seu frigidaerium e natatio, além de uma área aquecida distribuída por dois compartimentos, com o respectivo praefurnium. Localizados numa zona coberta, abobadada, é nas suas proximidades que encontramos um pequeno balneário pré-romano. O facto desta estrutura ter sido integralmente esculpida no afloramento granítico, obrigou a que o seu programa decorativo, em forma de cordão (semelhante ao da Citânia de Sanfins), fosse executado numa pedra separada, posteriormente aplicada nas paredes lisas do seu interior.
Entretanto, localizava-se nas proximidades destes vestígios um lagar escavado na rocha, bem como dois núcleos sepulcrais, enquanto que, a Sul das termas, e já fora do perímetro interno de Tongobriga, identificou-se uma necrópole de incineração e de inumação. As escavações efectuadas até ao momento colocaram a descoberto sepulturas intactas cavadas no próprio afloramento granítico e orientadas paralelamente à estrada romana que atravessava a urbe.
No âmbito da filosofia de intervenção nos monumentos arqueológicos visitáveis, instalou-se na Área Arqueológica do Freixo a Escola Profissional de Arqueologia em 1990 e um Gabinete destinado à investigação, conservação e divulgação deste sítio arqueológico. A. Martins no site Património Cultural,
“Em Tongobriga, o forum salientava-se pelas suas dimensões (9.521m2), englobando os espaços comerciais e religiosos. A sua construção iniciou-se no alvor do séc. II d.C., no tempo do imperador Trajano.
A ampla praça tinha no lado Sul uma plataforma, mais alta, onde estavam as lojas protegidas pelo telhado de duas águas que cobria todo esse lado do forum. Este telhado era suportado por uma colunata em granito, com espaçamento de 4,4 metros. Desta colunata, ainda é possível ver as sapatas dos alicerces.
No lado Norte, uma rua com 7 metros de largura limitava a praça, onde se destacavam duas absides. Esta rua terminava numa escadaria do lado Nascente. No lado Poente situava-se o Templo, do qual só se recuperaram o alicerce e algumas pedras do podium.
No lado Nascente, o forum era limitado por um edifício cuja função é ainda duvidosa, tal o estado de ruína em que foi encontrado. Poderá ser a basílica, a qual, neste caso, ligaria ao forum através de uma larga abertura com 4,4 metros situada na linha de simetria da praça”. Site tongóbriga.com.
Bairro construído entre os sécs. I e V
“Em Tongóbriga, a área habitacional exumada é ainda reduzida, embora seja vasta a identificada através de fotografia aérea e prospecção.
Escavou-se já um bairro, com as suas ruas e casas. Todas estas apresentam vários compartimentos de pequenas e médias dimensões.
No bairro exumado salientam-se uma casa, de dois pisos, sendo um deles a cave - é possível observarem-se os degraus que davam acesso da cave da casa à rua - e a rua sob a qual existiam esgotos. Outras casas, duas das quais recentemente escavadas, possuem impluvium em perfeito estado de conservação.
Há também casas, datadas de meados do séc. II, construídas sobre espaços em que existiam casas de planta circular do séc. I. Destas só restam os alicerces, pois foram desmontadas aquando da nova construção.
Realce para o cuidado que foi posto pelos construtores nos sistemas de drenagem das águas pluviais, quer nas mais antigas do Séc. I, quer nas do Séc. II, estas já edificadas segundo um plano onde predomina a ortogonalidade.
Nesta cidade viveriam 2.500 a 3.000 habitantes”. Site tomgóbriga.com
Tepidarium
Balneário – pedra formosa
"No tempo do Imperador Augusto foi construído um balneário, totalmente esculpido no afloramento granítico, conhecido por Pedra Formosa, o qual possui a arquitectura própria dos existentes nos povoados castrejos.
No final do século I, este balneário é desactivado. A seu lado, erguem-se as primeiras termas romanas, construídas de acordo com um projecto clássico, semelhante aos de Pompeia ou Conimbriga. Estas possuíam apodyterium e uma sucessão de salas que levavam as pessoas a passar por ambientes cada vez mais quentes: primeiro o frigidarium, com uma pequena piscina para banhos de água fria, depois o tepidarium, para adaptação ao ambiente quente e húmido do caldarium.
À sauna, poderiam seguir-se as massagens no unctorium.
As termas de Tongobriga tinham ainda um jardim exterior, a palaestra, e uma piscina de ar livre, a natatio. Site Tongóbriga.com
“Em Tongobriga identificou-se uma necrópole, "fora de portas", a sul, junto da estrada. Já aqui tinham sido encontradas peças cerâmicas no final do século XIX aquando da abertura de um caminho. Algumas dessas peças perderam-se e outras foram então depositadas no Museu Martins Sarmento em Guimarães, no Museu de Vila Nova de Gaia e no Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa.
As sepulturas escavadas em Tongobriga mostram a predominância do rito de incineração: as cinzas eram depositadas numa urna, normalmente um simples pote cerâmico; juntavam-lhe algumas peças habitualmente usadas no dia-a-dia - pratos, jarras, adornos pessoais e algumas moedas.
Nesta necrópole, os romanos abriram valas no afloramento granítico, com cerca de 1,5 m de comprimento, 0,5 m de largura e 0,6 m de profundidade, onde depositavam as cinzas do corpo, as peças cerâmicas e moedas, após o que cobriam a sepultura com lajes de granito e terra”. Site Tongóbriga.com
"A centralidade de que se revestiu a cidade romana de Tongobriga não se esvaneceu completamente com a queda do Império, no século V. Tongobriga aparece como sede de uma das primeiras paróquias cristãs que então se criam na recém-formada diocese do Porto.
Escavações arqueológicas recentemente realizadas no adro e na igreja paroquial de Santa Maria de Freixo permitiram confirmar que a basílica paleocristã, correspondente à ocupação do sítio nos séculos V e VI, se localizava no espaço hoje ocupado pela igreja e respectivo adro. O edifício da primitiva basílica excedia, quer em largura, quer em comprimento, o espaço ocupado pelo templo actual, e possuía um belíssimo pavimento revestido a mosaico policromo, único no seu género e na sua cronologia.
O seu pavimento, que tinha por base o afloramento granítico previamente nivelado e regularizado, era revestido por um mosaico composto por tesselas de seis cores distintas (branco, cinzento, amarelo, laranja, vermelho e verde claro).
A riqueza do pavimento, bem como as consideráveis dimensões da basílica paleocristã, não se compadece com a ideia de declínio associado à generalidade das cidades romanas em tempos post-imperiais, e representa um considerável investimento económico, certamente associado a uma pujante vida cultural e religiosa dentro do espaço onde florescera, desde os finais do século I, a cidade romana". Site Tongóbriga.com
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