6.2.4 - Rio Douro - Afluentes - Rio Távora - Sernancelhe - Tabuaço
Fonte de João Durão
Rio Távora, nasce na serra de Prisco, na fonte de João Durão, no concelho de Trancoso, com 54 Km de curso, entra na margem esquerda do rio Douro, 5 Km a norte da Vila de Tabuaço.
Atravessa os concelhos de Sernancelhe e S. João da Pesqueira que ficam na margem direita e os concelhos de Aguiar da Beira e Moimenta da Beira, margem esquerda e por fim atravessa o concelho de Tabuaço.
As margens deste rio são íngremes desde o Espinho (foz do Távora) até Riodades (São João da Pesqueira), passando por medonhos penhascos como no caso da Talisga (fradinho), os grandes rochedos perpendiculares de grande altura que ficam por cima da Igreja Românica de S. Pedro das Águias e os célebres Castelos de Cabriz, que são três rochedos alcantilados juntos uns aos outros, que teriam sido habitados em eras remotas, servindo de abrigo e local de boa visibilidade para os povos que ali viveram.
Talisga - Fradinho
Foto de Fernando Peneiras
Fotografia Landito
Ponte de Abade
Em Sernancelhe
Foto e texto de Existe um Olhar
“Dispõe de uma importante albufeira, criada pela Barragem de Vilar localizada entre as freguesias de Vilar (Moimenta da Beira) e Fonte Arcada (Sernancelhe). Esta albufeira ajuda a normalizar os fluxos hidrográficos do Douro, serve para a produção de energia eléctrica e é também recentemente utilizada para captação de água para abastecimento público”.
Foz do Rio Távora - foto Victor Oliveira
"O concelho de Sernancelhe é uma parcela do distrito de Viseu com 222 Km2 de extensão, cerca de sete mil habitantes e distribuído por 17 freguesias.
É um território já com história anterior à fundação da nacionalidade Portuguesa.
Está localizado entre as entre as serras da Lapa e da Zebreira, tendo o rio Távora que o atravessa a meio, e também onde o rio Vouga inicia o seu percurso
Também este município é rota dos caminhos de Santiago, encontrando-se na sua estrutura arquitectónica a influência românica e barroca.
Está situado também nas denominadas “Terras do Demo”, sendo toda a região de características montanhosas.
A sua situação é bem no coração de Portugal, sendo um autêntico museu vivo de história. Viajar nesta região é viajar no tempo.
Palco de combate entre cristãos e mouros, que a tradição popular preserva através das lendas o concelho foi povoado desde os tempos ancestrais do Neolítico, tendo sido depois, conquistado pelos romanos. Os testemunhos do passado estão bem retratados pelos muitos Castelos, Igrejas, Mosteiros, Pelourinhos, solares e casa senhoriais que se espalham por toda a região". In site da C. M. de Sernancelhe.
O castelo de Sernancelhe actualmente em ruínas, é suposto, ter sido construído pela Ordem de Malta, mas os vestígios de ocupação deste local, desde o Neolítico até à romanização da Península, levam a supor que já antes da construção do castelo medieval, possam ter existido outras defesas da povoação. Sernancelhe já existia antes da fundação de Portugal, já que em 1124, foi concedido foral à vila, mais tarde confirmado por D. Dinis, em 1295, o que atesta a importância desta vila, confirmado pelo conjunto histórico nela existente.
"Embora se desconheça a data de construção desta singular igreja românica, o ano de 1172 surge como provável aproximação, uma vez que constitui a única referência documental da vila nesse período. O templo é um característico monumento de estilo românico, cuja cabeceira parece ser a parcela mais antiga.
O portal principal, cuja composição se instituiu como a imagem de marca do monumento, é mais tardio, atribuindo alguns autores a sua feitura ao século XIV. É uma ampla entrada, de arco de volta perfeita assente sobre três arquivoltas, a média decorada com uma sequência ímpar de dez anjos de asas abertas. O tímpano é ainda mais original, embora corresponda a uma beneficiação de época moderna - é de arco trilobado irregular e apresenta motivos geométricos e vegetalistas, a ladear um óculo central. De ambos os lados do portal, coroando (e controlando simbolicamente) a entrada, situam-se dois grupos escultóricos inscritos em nichos - um de cada lado -, representando São Pedro, São Paulo e os Evangelistas. A restante frontaria é moderna, de 1636 (torre sineira) e, eventualmente, já do século XVIII (registo superior da fachada principal).
No interior destacam-se duas pinturas murais que ladeiam o apontado arco triunfal, uma das quais revelando duas fases pictóricas alusivas ao mesmo tema. Ainda no conjunto importa referir a presença de um arcossólio gótico, preenchido com túmulo decorado com inscrição alusiva certamente ao tumulado.
A Matriz de Sernancelhe é um monumento ainda relativamente mal estuado, mas cuja relevância na História da Arte da Beira Alta se impõe, não apenas no período românico, cuja originalidade é evidente, mas também na Baixa Idade Média, em que se instituiu como local de sepultura privilegiado para nobres da região". In Património Cultural
“O Recolhimento de Nossa Senhora do Carmo situa-se em pleno coração da aldeia de Freixinho, envolto por uma paisagem idílica, banhada pelas águas do Rio Távora. Foi fundado por João Gouveia Couto, em 1693. As reformas liberais, nomeadamente as relacionadas com as desamortificações devem ter tido algum impacto na vida deste Convento, atingindo assim bens e foros. Escapou à sanha devastadora de 1834, porém não escapou à fobia demagógica da Revolução Republicana de 1910, perdendo-se então a maior parte dos bens e recheio… Relativamente ao imóvel, no exterior podemos observar a enorme bem conservada cerca, inúmeras janelas gradeadas, duas entradas principais, sobrepujadas por pináculos piramidais coroados por uma bola, e uma lindíssima torre (mirante), constituída por quatro janelas e cúpula. O claustro forma um pequeno quadrilátero com dois andares. O inferior é rematado por uma série de colunas toscanas. O superior é composto por varandas em madeira, em volta das quais se encontram bancos para repouso e lazer. Sem dúvida, um belo exemplar arquitectónico, onde nasceu também o requintado doce gastronómico: as cavacas de Freixinho”. In C. M. de Sernancelhe
Gozam de grande fama as Cavacas de Freixinho, que se fabricam desde remotos tempos e que constituíam uma especialidade das freiras do recolhimento.
Cavacas do Freixinho - vídeo
Tabuaço – foto de Ricardo Fonseca
Tabuaço
"A igreja matriz, de invocação a Nossa Senhora da Conceição, foi construída no séc. XVII. Várias remodelações vieram a verificar-se durante os séculos XVIII, XIX e XX.
De arquitectura caracteristicamente religiosa, maneirista e barroca, os retábulos colaterais apresentam algumas características da talha joanina de transição para o período rococó.
A Igreja é, de facto, de construção medieval, de que não restam quaisquer vestígios, excepto no facto do volume da capela-mor formar um ligeiro ângulo, denunciando ser uma edificação anterior, totalmente remodelada e ampliada no séc. 18, mas com a estrutura e simplicidade maneiristas". In site da C. M. Tabuaço.
Ermida de São Pedro das Águias, Granjinha, Tabuaço - Foto de jorgsant
Vista do lado Norte – foto de Carlos Castro
“A ermida de São Pedro das Águias é um pequeno templo em estilo românico, supõe-se que construído por volta do séc. XIII, a avaliar pelos motivos escultóricos que apresenta. Fica nas proximidades de uma localidade chamada Granjinha, que pertence ao concelho de Tabuaço, e acede-se a ela a partir da estrada nacional que liga Tabuaço a Moimenta da Beira. A ermida fica situada sobre uma espécie de plataforma inclinada, entre um fraguedo e o fundo do vale do rio Távora, que é um afluente da margem esquerda do Douro.
O que mais surpreende nesta bela ermida é a sua extraordinária proximidade de uma escarpa rochosa, da qual dista muito menos de um metro, e é, sobretudo, o facto de a sua porta principal estar virada para a escarpa e não para o rio. Os fiéis que quiserem entrar na capela pela porta principal só conseguirão entrar um a um, porque terão que se esgueirar entre a capela e a escarpa! A razão para este facto aparentemente estranho reside na tradição cristã de construir os templos com a porta principal virada a poente e a capela-mor virada a nascente. Neste caso, o poente fica do lado da escarpa; logo, a porta principal está do lado da escarpa e não do lado contrário.
Como tudo o que é antigo neste país tem uma lenda associada, a ermida de São Pedro das Águias também tem a sua lenda. E como quase todas as lendas neste país envolvem mouros, esta também envolve. A lenda de São Pedro das Águias é a seguinte:
Dois cavaleiros de Entre-Douro-e-Minho, D. Rosendo e D. Tendo, teriam passado o Douro para dar combate aos Sarracenos, então firmados na vertente meridional do rio Douro. A fama das façanhas dos dois guerreiros espalhou-se entre os próprios Mouros, a tal ponto que duas filhas do emir de Lamego teriam decidido fugir do alcácer paterno, disfarçadas em trajos masculinos, para se entregarem aos dois paladinos da cruz. Uma dessas jovens mouras, principalmente, de nome Ardinga, sentir-se-ia irresistivelmente propensa a abjurar da sua religião, para se consagrar à crença do guerreiro cristão, D. Tedo, que, ansiosamente, procurava, fugindo à perseguição dos emissários do Emir lançados no seu encalço. Ao cabo de muitos perigos, alcançaram um sítio ermo onde encontraram um eremita, a quem Ardinga teria pedido a aceitação da sua nova fé, a fim de poder contrair matrimónio com o guerreiro cristão, nessa ocasião, ausente. Consumada a abjuração, apareceu de súbito o Emir, com os seus homens de armas. As fugitivas foram aprisionadas e a mais rebelde foi, sem mais hesitações, degolada pelo próprio pai. D. Tedo, vindo pouco depois, quando já o chefe mouro havia regressado aos seus domínios de Lamego e Resende, e sendo informado pelo ermitão do que se passara na sua ausência, teria ficado tão abalado pela morte da jovem sarracena, por ele apaixonada e morta, que nesse mesmo momento teria feito voto de celibato, entregando-se à exclusiva luta pela doutrina de Cristo até à morte, ocorrida em combate em terras de Tabuaço, nas margens do rio que passaria a ter o seu nome, o rio Tedo.
Sant'Anna Dionísio, in Guia de Portugal, volume V (Trás-os-Montes e Alto-Douro), tomo II (Lamego, Bragança e Miranda)”. In amateriadotempo
Foto de Cruzeiros e Pelourinhos
"Granja do Tedo foi um pequeno concelho, com autonomia administrativa desde finais do século XV. De acordo com o Cadastro da população do Reino de 1527, tinha então a categoria de vila. O concelho foi extinto em 1836, e integrado em São Cosmado até 1855, data na qual ambos foram transferidos para Tabuaço. Granja do Tedo conserva ainda o seu pelourinho, actualmente levantado no largo fronteiro à capela de São Francisco.
Nas primeiras décadas do século XX, o pelourinho esteve transformado em fontanário, como se pode ver em gravuras da época (F. Perfeito de MAGALHÃES, 1991). Foi mais tarde reposto na sua função original, sobre dois degraus novos, de planta quadrada, e uma base semelhante. É constituído por fuste de arranque e topo quadrangular, com os cantos chanfrados na maior parte da sua altura, de forma a tomar a secção oitavada. O capitel é liso e de secção quadrada, ornado apenas com um brasão ilegível. A encimá-lo existem duas molduras quadrangulares crescentes, onde assenta o bloco terminal, composto por um paralelepípedo rematado em tronco piramidal embolado. Este bloco é enquadrado por quatro pináculos cantonais, parcialmente mutilados, e inclui uma pequena carranca, a eixo com o brasão de armas. O pelourinho será de provável construção quinhentista". Sílvia Leite (IPPAR)
Foto de Cruzeiros e Pelourinhos
"Sendim (ou Sandim) foi couto dos Senhores de Leomil, cujo senhorio, efectivamente anterior à doação do Conde D. Henrique e D. Teresa, se estendia por grande parte do actual concelho de Tabuaço. Atribui-se-lhe por vezes carta de aforamento de D. Afonso Henriques, e igualmente foral de D. Afonso III, dado em 1250, mas não existe qualquer referência documental quer a um quer a outro. Ainda assim, Sendim foi concelho, com câmara referenciada no início do século XVIII, sendo extinto em 1836 e integrado em Tabuaço. A freguesia foi elevada a vila em 2001. Conserva ainda um pelourinho, cuja tipologia segue a de alguns exemplares quinhentistas.
O pelourinho levanta-se num largo da vila, na vizinhança da Igreja Matriz. Assenta sobre plataforma de três degraus quadrados, de aresta, o superior servindo de plinto à coluna. Esta tem fuste de secção quadrada na base, seguindo a partir daí com secção octogonal, conseguida através da chanfradura das arestas. Retoma a secção quadrada junto do topo, que faz vezes de singelo capitel. O remate consta de uma grande peça em taça de secção quadrangular, com decoração de difícil leitura, mas onde parece existir parte de uma esfera armilar. Sobre este bloco elevam-se quatro pináculos cantonais, em pirâmide decorada com quatro registos de ressaltos e remate boleado.
Ainda que não tenha existido foral de D. Manuel, o monumento poderia ter sido construído no primeiro quartel do século XVI, visto ser concordante com a tipologia de outros pelourinhos do período. Parece confirmar esta datação a presença dos vestígios de uma esfera armilar, o emblema pessoal deste monarca, reiteradamente aposto nas obras oficiais do seu reinado. Sílvia Leite ( IPPAR ).
Olá
ResponderEliminarMais uma região para a lista de futuras visitas.
Obrigado pela partilha.
Cumprs
Augusto
Muito obrigado pelo seu comentário
EliminarAgradeço a referência que faz ao meu modesto blog A Matéria do Tempo, a propósito de S. Pedro das Águias.
ResponderEliminarNão tem nada que agradecer. Nós lemos e gostámos das suas fotos e comentários sobre este monumento. Pelo contrário nós é que agradecemos, pois valorizou o nosso blogue.
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