quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

RIO DOURO - AFLUENTES - X

6.2.10 - Rio Douro - Afluentes - Rio Sousa - Felgueiras - Senhora do Salto - Fornecimento de água ao Porto


Felgueiras data de 959, no testamento de Mumadona Dias, quando é citada para identificar a vila de Moure (Felgueiras): "In Felgaria Rubeans villa de Mauri". Felgueiras deriva do termo felgaria, que significa terreno coberto de fetos que, quando secos, são avermelhados (rubeans). Havendo quem afirme que o determinativo Rubeans se deve a que o local foi calcinado pelo fogo. Este município integra a Rota do Românico do Vale do Sousa.
Existem historiadores que afirmam que Felgueiras recebeu foral do conde D. Henrique. No entanto, apenas se conhece o foral de D. Manuel a 15 de Outubro de 1514. No entanto, já em 1220, a terra de Felgueiras contava com 20 paróquias (conhecidas hoje em dia como freguesias) e vários mosteiros e igrejas, um dos mais conhecidos mosteiros do concelho de Felgueiras é o Mosteiro de Pombeiro ou Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, declarado Monumento Nacional pelo Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 de Junho de 1910. Em 1855, ao ser transformada em comarca, Felgueiras ganhou mais doze freguesias.
Em 13 de Julho de 1990 Felgueiras foi elevada à categoria de cidade.





"O Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro era masculino, e pertencia à Ordem e à Congregação de São Bento. 
Durante a segunda metade do século XI, provavelmente, foi fundado na freguesia de Pombeiro de Ribavizela, concelho de Felgueiras, distrito do Porto. Segundo as observâncias peninsulares, a primeira menção documentada data de 1102. 
Em 1112, teve carta de couto dada por D. Teresa. Por esta altura já devia seguir os costumes cluniacenses recebidos por intermédio do mosteiro de Sahagún (Espanha), os quais inspiraram o seu costumeiro, ainda hoje conservado em códice do século XIII. 
Foi protegido pela alta nobreza do reino, particularmente pelas famílias de Sousa e de Barbosa, que frequentemente o escolheram para local de sepultura, o que explica a edificação de uma grande igreja abacial da época românica. 
Nos anos de 1297 a 1318, sobretudo, o prestígio e o reconhecimento externo da observância praticada neste mosteiro manifestou-se pelo elevado número de doações recebidas do rei e de particulares. 
Foi constituído assim um vasto património, como manifesta o "Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos reinos de Portugal e Algarves, pelos anos de 1320 e 1321", que taxa o mosteiro em 8000 libras. Um valor muito mais elevado do que a maioria dos mosteiros beneditinos, só equiparável às taxas pagas pelo mosteiro cisterciense de Arouca ou pelos crúzios de Santa Cruz de Coimbra. 
Em 1424, foi nomeado o primeiro abade comendatário. 
Em 1569, foi entregue à Congregação de São Bento por D. António, Prior do Crato. 
Desde 1570, estava a comunidade reformada. 
Em 1588, a Congregação tomou posse dele definitivamente, depois da morte do referido prior, embora o rei Filipe II já tivesse obtido autorização canónica para aplicar uma boa parte das rendas do mosteiro aos Jerónimos de Santa Maria de Belém, o que provocou entre as duas Ordens um litígio que durou largos anos. 
Santa Maria de Pombeiro foi um dos mosteiros mais ricos da Congregação de São Bento. 
Em 1809, em Maio, foi incendiado pelas tropas de Soult. 
Em 1816, começou a ser reconstruído. As obras estavam ainda inacabadas quando a comunidade teve de abandonar o mosteiro em 1834. 
Em 1834, no âmbito da "Reforma geral eclesiástica" empreendida pelo Ministro e Secretário de Estado, Joaquim António de Aguiar, executada pela Comissão da Reforma Geral do Clero (1833-1837), pelo Decreto de 30 de Maio, foram extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens religiosas, ficando as de religiosas, sujeitas aos respectivos bispos, até à morte da última freira, data do encerramento definitivo. 
Os bens foram incorporados nos Próprios da Fazenda Nacional". In site da Torre do Tombo

Vale do Rio Ferreira e Aldeia de Couce, Valongo - lindíssimo


Rio Sousa – ponte dos Arcos


Rio Sousa - moínho

O rio Sousa é um afluente da margem direita do rio Douro, tem nascente em Friande (Felgueiras) e desagua em Foz do Sousa (Gondomar). No seu trajecto, atravessa os concelhos de Felgueiras, Lousada, Penafiel, Paredes (freguesias de Castelões de Cepêda, Cête, Parada de Todeia, Recatei e Aguiar de Sousa) e Gondomar (freguesias de Covelo e Foz do Sousa). Desde a nascente até à foz, estende-se ao longo de 64,7 km, medida a partir de cartas militares. O Rio Sousa tem como afluentes principais na margem esquerda o rio Cavalum e na margem direita os rios Mesio e Ferreira, este último de maior significância e que nele desagua em Foz do Sousa (Gondomar). 
O rio Sousa caracteriza-se por possuir um vale bastante aberto na zona a montante da sua bacia hidrográfica que abrange grande parte do concelho de Felgueiras, desde as imediações da cidade. Continua pouco cavado tanto no concelho de Lousada como na parte Norte do concelho de Penafiel e na região da cidade de Paredes. Para jusante, depois de receber o rio Cavalum na margem esquerda, atravessa a zona Sul do concelho de Paredes em vale encaixado e fortemente meandrizado. A confluência com o Douro, em Foz do Sousa, localiza-se já no concelho de Gondomar. 


Exploração de lousa a céu aberto – Valongo

Empresa de Lousas de Valongo - vídeo


Rio Sousa – Sobreira


Recarei


Capela de Nossa Senhora do Salto

"O Inferno é no lugar do salto, uma garganta apertada, onde corre o rio Sousa. Uma lenda diz que um cavaleiro perseguido pelo Diabo sob a forma de um veado (ou perseguindo o mesmo sob a forma de uma lebre), saltou sobre o abismo nesse Lugar. Caíndo invocou com fervor a protecção de Nossa Senhora
- Valei-me Virgem Senhora,
Valei-me sou pecador ;
e o milagre aconteceu : o cavalo e o cavaleiro pousaram sãos e salvos na outra margem do rio, num sítio onde ainda se vêm as marcas das ferraduras do cavalo... Em sinal de agradecimento, o cavaleiro mandou construir uma pequena capela à Nossa Senhora do Salto. Outra forma da lenda acrescenta : "a imagem da Nossa Senhora foi aí encontrada numa gruta, por umas crianças que lá pastoriavam o gado. Levada para a igreja umas três vezes, por outras tantas ela voltava a ser encontrada na gruta, pelo que o abade lhe edificou a capela decente onde apenas estava uma tôsca ermida" . Essa imagem é objecto de veneração popular... ",  In Wikipédia






Foto de Fernando Mário Silva


A Nossa Senhora do Salto é uma garganta no vale do rio Sousa onde existe uma capela e um Santuário. Situa-se nos arredores do Porto no Concelho de Paredes.
É um daqueles locais típicos das serras do Norte de Portugal.
A paisagem é deslumbrante ao longo do vale do rio Sousa . As falésias de escalada situam-se em ambas as margens do rio formando uma enorme garganta.


Roda de moínho

Rio Sousa – vídeo de Fernando Mário Silva

Cheia do Rio Sousa em 3/1/2014 

Estudo sobre a bacia dos rios Sousa e Ferreira 


Drosera rotundifólia


Drosera


Drosophyllum lusitanicum – Dias com Árvores

Nas Serras de Santa Justa e Pias ocorrem algumas populações de plantas carnívoras, incluindo orvalhinhas (Drosera intermedia e Drosera rotundifolia) e pinguícola (Pinguicula lusitanica). O pinheiro-baboso (Drosophyllum lusitanicum) também está descrito, mas não se tem detectado recentemente.


“As lontras eram muito vulgares no rio Sousa, devido à abundância de peixe; na Primavera, no tempo do cio, brincavam aos bandos na areia das margens e nos açudes, soltando gritos, em noites serenas de luar, que imitavam a voz humana. As pessoas timoratas que os ouviam e não conheciam a sua origem, atribuíam-nas a fantásticos bandos de bruxas que, de saia branca e batendo palmas, se banhavam no rio acompanhadas do demónio.” (Oliveira, 1983)” – In Rios da Área Metropolitana do Porto.


Brasão dos Sousa

"A história do Vale do Sousa está ligada à história da nobreza portuguesa e das ordens religiosas, pois é a partir destes grupos sociais que se pode traçar a evolução destas terras e das suas gentes. Estes concelhos surgem na Idade Média como domínios da nobreza (honras) ou das ordens religiosas (coutos), não se podendo detectar um núcleo populacional que não estivesse integrado neste regime feudal. Esta região deve a sua importância e crescimento ao facto de estar ligada, desde o séc. X, aos senhores de Riba Douro (Paço de Sousa) e aos Sousas ou Sousões (Pombeiro), duas das cinco famílias que constituíam a primeira nobreza portuguesa, referidas no Livro Velho de Linhagens de D. Pedro, e que apoiaram D. Afonso Henriques. Egas Moniz, o célebre aio do rei, fazia precisamente parte da família de Riba Douro. Estas duas famílias contribuíram com os seus filhos segundos (infanções) para o povoamento e reconquista do território português, para além do papel fundamental que detinham na eleição de abades e administradores dos bens da Igreja, colocando em mosteiros e conventos alguns dos seus filhos. As grandes famílias protegiam as comunidades religiosas, constituindo-se como seus patronos, pois numa época em que a cultura se encontrava nas mãos dos clérigos, eram estes os responsáveis pelo enaltecimento destas famílias e dos seus feitos. A família dos Sousas tem um grande peso na história da região”.


Fosseis de Susão


Salterocoryphe lusitanica, Ordovícico, Valongo, 5 cm, colecção escolar de Ricardo Pimentel 

Parque Paleozóico de Valongo 

"O românico do território dos vales do Sousa, Douro e Tâmega apresenta características muito peculiares e regionalizadas que o singularizam no contexto do românico português. 
Contemporânea da formação de Portugal e com íntima ligação às gentes e famílias que protagonizaram a fundação da nossa Nacionalidade, a arquitetura românica da região é também um testemunho do papel relevante que este território outrora desempenhou na história da nobreza e das ordens religiosas em Portugal. 
Nestas terras habitaram algumas das famílias nobres do início da Nacionalidade, como os Ribadouro, da qual descende Egas Moniz, o famoso aio de D. Afonso Henriques, cujo túmulo pode ser visitado no Mosteiro de Paço de Sousa, os Sousa ou Sousões e os Baião. 
A riqueza da arquitetura românica da região é também evidenciada pela diversidade de tipologias, expressa nos monumentos que compõem a Rota do Românico: mosteiros, igrejas, ermidas, pontes, torres e monumentos funerários. In Rota do Românico


Rota do Românico - vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=oYI6kOv_pA0


Do site dos SMAS retiramos o seguinte texto: “Reporta-se a 1392 o mais remoto registo histórico de que há notícia, revelador do facto de, há mais de seis séculos, o Porto já possuir fontes e chafarizes, para uso público, embora sem condições de higiene.
Com o crescimento da população e consequente concentração, os problemas foram-se agravando, sendo necessário aproveitar o manancial de Paranhos, situado no subsolo do Jardim da Praça 9 de Abril, mais conhecido como Jardim da Arca d' Água, local situado nessa altura nos arredores da cidade. No reinado de D. Filipe I, iniciou-se o seu encanamento, que ficou concluído em 1607, permitindo o transporte da água até à cidade, alimentando várias fontes ao longo do seu percurso.


No ano de 1825, foi aprovado novo trajecto que devia incorporar um outro aqueduto, já em construção, o de Salgueiros, com origem na actual rua de Antero de Quental. O novo aqueduto, com uma extensão de cerca de 3,5 Km, ficou concluído em 1838 e finalizava na Arca de Sá Noronha (cerca de 40 metros a norte da Praça Gomes Teixeira).
Antes do que viria a ser o abastecimento domiciliário de água, a maioria da população recorria às fontes públicas, mas os mais abastados estabeleciam contratos com os "aguadeiros" - normalmente galegos fugidos ao serviço militar - que vendiam água "avulso" ou "por assinatura". 
No entanto, a inquinação das águas, as doenças transmitidas, a evolução dos cuidados com a saúde e ainda as exigências quanto à qualidade de vida impunham uma transformação radical do sistema.


Central de captação de águas da Foz do Sousa – In Ruinarte
A partir de 1855, surgem várias companhias candidatas ao projecto e execução de obras de captação, elevação, transporte e distribuição domiciliária, sendo em 22 de Março de 1882 assinado o contrato com a "Compagnie Générale des Eaux pour l'Étranger", o qual é aprovado por Carta de Lei, em 27 de Julho do mesmo ano. Por este documento, é dada à Cidade do Porto a água dos Rios Sousa e Ferreira para seu uso exclusivo. O contrato com a Compagnie Générale era válido por 99 anos, prazo máximo então permitido por Lei e foi estendido a Matosinhos no princípio do século. Os trabalhos são concluídos em 1886, ficando em 1 de Janeiro de 1887 o abastecimento regularizado. Tinham sido construídos a Central do Sousa,


Reservatório de Jovim - 1939

o Túnel-Reservatório de Jovim, os Reservatórios de St.º Isidro ,


dos Congregados e de S. João da Foz,

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e a conhecida Fonte Monumental (dos Leões), cuja função era a diminuição da pressão da água na zona baixa da cidade, e assentes mais de 70km de tubagens. O sistema mostrou-se extremamente vulnerável em regime de cheias dos Rios Douro e Sousa, começando a Câmara a exercer fortes pressões junto da Companhia que conduziram ao resgate da concessão em 28 de Março de 1927, por 3.500 contos, e à criação dos Serviços Municipalizados Águas e Saneamento em 1 de Abril desse ano.


Os Serviços Municipalizados Águas e Saneamento, começaram por beneficiar a Central do Sousa e construírem os Reservatórios (1928) e a Central (1929) de Nova Sintra. Em 1934, por decreto-lei, viram-se os Serviços na obrigação de abastecer os concelhos de Gondomar, Gaia e Matosinhos.


Areal de Zebreiros

Como reforço à captação do Sousa, procederam-se às aberturas de poços no areal de Zebreiros (rio Douro), estando em 1938, oito em funcionamento. A crescente importância de Zebreiros, justificou a construção da Central de Zebreiros, que ficou pronta em 1940. Na cidade foi iniciada em 1959 a construção do reservatório do Bonfim que ficou concluído em 1961. Na década de 70, integrados no sistema regional, foram construídos o Reservatório de Ramalde, em Gondomar, Reservatório de Pedrouços, na Maia e a uma Central elevatória em Jovim.


Com a construção da barragem de Crestuma, por intrusão de água do mar, graves problemas surgiram nas captações de Zebreiros, face ao aumento do teor de cloretos. Foi decidido construir novas captações no sub-leito do Douro, a montante da barragem, em Lever.


Em 1985 entrava em funcionamento a Central Elevatória de Lever, desactivando-se a centenária Central do Sousa e as captações de Zebreiros. A necessidade de grandes investimentos ao nível de captação e tratamento de água levaram à constituição de uma empresa de capitais públicos - Águas do Douro e Paiva - que a partir de Janeiro de 1998 passou a garantir o abastecimento em alta à Área Metropolitana do Porto, passando os SMAS a garantir a distribuição de água na cidade”.


A Águas do Norte, S.A. foi constituída pelo Decreto-Lei n.º 93/2015, de 29 de maio, mediante a agregação das empresas Águas do Douro e Paiva, S.A., Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro, S.A., Simdouro – Saneamento do Grande Porto, S.A. e Águas do Noroeste, S.A., integradas no Grupo Águas de Portugal. Em sequência, foi-lhe atribuída, pelo Estado Português, em regime de exclusivo, a concessão da exploração e da gestão do sistema multimunicipal de abastecimento de água e de saneamento do Norte de Portugal, pelo prazo de trinta anos.
A agregação das concessionárias acima referidas, proporciona a obtenção de sinergias, com reflexo muito positivo na sustentabilidade económica e financeira do setor da água na região Norte.
Neste contexto, a Águas do Norte é a entidade gestora do sistema multimunicipal em “alta” responsável pela captação, tratamento e abastecimento de água para consumo público, pela recolha, tratamento e rejeição de efluentes domésticos, urbanos e industriais e de efluentes provenientes de fossas séticas.
A Águas do Norte assume também a exploração e gestão do sistema de águas da região do Noroeste, em resultado da celebração de uma Parceria entre o Estado (Administração Central) e 8 Municípios (Administração Local), que concretiza um processo de verticalização que reuniu, numa única entidade gestora, os serviços de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais em “alta” (prestados aos Municípios) e em “baixa” (prestados aos utilizadores finais, os munícipes), de forma regular, contínua e eficiente.
A exploração e gestão dos referidos sistemas incluem o projeto, a construção, a extensão, a conservação, a reparação, a renovação, a manutenção e a melhoria das obras e das infraestruturas e a aquisição dos equipamentos e das instalações necessários ao desenvolvimento das atividades". 

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O JN de 13/10/2015 apresentava a seguinte notícia:
“As Câmaras do Porto, de Gaia e de Matosinhos vão bater com a porta. As três câmaras da Frente Atlântica, que contestam em tribunal a extinção da Águas do Douro e Paiva, preparam-se para criar um sistema alternativo de captação e de tratamento de água no rio Douro e deixar a Águas do Norte.
A reforma do setor da água, imposta pelo Governo PSD/PP, mereceu duras críticas das três autarquias que, desde logo, apontaram o dedo à ilegalidade do processo e à exponencial subida do preço da água para o Litoral onde o número de habitantes é maior.
Já está estabelecido que, em cinco anos, o custo da água para as câmaras subirá 0,14 euros por metro cúbico, atingindo, em 2020, a tarifa de 0,5207 euros por metro cúbico. Um aumento que, inevitavelmente, se repercutirá na fatura das famílias.
Insatisfeitos, os três municípios que compõem a Frente Atlântica avançaram, hoje em conferência de imprensa, com uma alternativa para minorar a subida do custo de água. Apesar da extinção da Águas do Douro e Paiva continuar a ser dirigida na Justiça, Porto, Gaia e Matosinhos estão dispostos a deixar a Águas do Norte e a criar um novo sistema intermunicipal para abastecer 705 mil habitantes. O estudo, encomendado pelas três autarquias e desenvolvido pela consultora Engidro, demonstra que a solução é viável e até conduzirá a tarifas mais baixas para os consumidores do que aquelas que a Águas do Norte (detida a 59% pelo Estado) se propõe a aplicar nos próximos anos.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, considera "intoleráveis" os custos para os municípios e para a população que a Águas do Norte pretende impor. Por isso, a Frente Atlântica avança para uma solução "sustentável dos pontos de vista económico, ambiental e técnico". O estudo, apresentado esta terça-feira na Casa do Roseiral, no Porto, não é uma "questão tática", argumenta Moreira: "É uma alternativa que criará emprego e reduzirá o custo da água para os consumidores".
"Não estamos a fazer uma afronta, estamos a assumir responsabilidades na distribuição de água. Esta é uma solução alternativa para um equívoco histórico. A nossa escala populacional permite-nos ousar mais do que remetermo-nos ao que nos foi imposto. Os autarcas não se resignam na defesa da população", remata Eduardo Vítor Rodrigues. O presidente da Câmara de Gaia, que acompanhou Rui Moreira e Guilherme Pinto (presidente da Câmara de Matosinhos) na conferência de imprensa, promete "luta" para consolidar este "caminho alternativo", se o "Governo não puser a mão na consciência e não voltar atrás num caminho errado".
O sistema intermunicipal alternativo implica um investimento de 101 milhões de euros, a concretizar ao longo de três anos pela empresa a constituir. O recurso à Banca será obrigatório, embora haja a expectativa de obtenção de comparticipação comunitária. Aliás, o financiamento europeu terá efeito direto na redução das tarifas de venda de água aos municípios, de acordo com os cálculos da Engidro.
Se for alcançado um apoio de 65%, equivalente ao concedido à Águas do Douro e Paiva para construir as infraestruturas, a tarifa fixar-se-ia em 0,3795 euros por metro cúbico, valor inferior ao praticado atualmente pela Águas do Norte (é de 0,38 euros por metro cúbico). Mesmo sem ajudas de Bruxelas, é possível fazer o investimento e estabelecer um preço de 0,4522 euros por metro cúbico, ou seja, mais baixo do que os 0,5207 euros por metro cúbico que a Águas do Norte pretende cobrar em 2020.
As três autarquias garantem que o sistema, totalmente autónomo da Administração Central, poderá agregar outros municípios que pertenceram à Águas do Douro e Paiva. Aliás, as adesões de outras câmaras contribuirá para reduzir o preço da água. O passo seguinte será encetar negociações com o futuro Governo, no sentido de concretizar este sistema intermunicipal alternativo. A autorização governamental é essencial para dar corpo ao sistema.
"Não é um processo fácil. É preciso autorização para fazer a captação", reconhece Guilherme Pinto. Ainda assim, está certo de que o Governo não obstaculizará esta pretensão: "Quem poderá opor-se a uma solução na Administração Central que visa a defesa dos cidadãos".
Como se entende esta “nacionalização” da água só vem, mais uma vez, ser prejudicial para o Norte, sobretudo para a zona do Grande Porto".

4 comentários:

  1. Olá
    Um post recheado de muita e interessante informação. Creio que a capela da Senhora do salto, tem as paredes interiores «forradas» a ossadas humanas. Alguem saberá explicar porquê?
    Cumprs
    Augusto

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  2. Muito obrigado pelo comentário. Desconheço o interior da capela e não encontrei qualquer foto relativa. Talvez algum leitor mais avisado nos possa explicar.
    Cumprimentos,
    Maria José e Rui Cunha

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  3. Olá, Venho só informar que a foto da ponte dos arcos é sobre o Rio Ferreira e não, como está legendado, "Rio Sousa".

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  4. O Rio Sousa nasce em S. Vicente de Sousa, no concelho de Felgueiras. Assim confirma o volume "Minho Pittoresco" escrito em 1886 por J. A Vieira e as "Memórias do Capitão" (livro publicado no Brasil em 1963 e em Portugal em 1974) por João Sarmento Pimentel. Essa versão de Friande, e até há outra de Sendim, foi invenção posterior que tem passado. Aliás por nascer na zona de S. Vicente de Sousa é que teve o nome Sousa.

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