segunda-feira, 20 de junho de 2016

FÁBRICA DO TABACO

6.11 – Fábrica do tabaco





Plantação e flor do tabaco

Supõe-se que o tabaco tenha proveniência americana, mas há quem defenda que seja asiática, africana ou mesmo australiana. Foi o embaixador de França em Lisboa Jean Nicot (daqui a designação de Nicotina) quem primeiro o plantou no seu jardim, tendo enviado sementes para Paris. Consta que o hábito de fumar foi introduzido em Inglaterra, em 1585, por Sir Francis Drake, que de volta da Virgínia, propagou e ensinou a manipular o tabaco, segundo o processo dos naturais daquela região. A partir dessa data espalhou-se rapidamente por toda a Europa e em pouco tempo se tornou um dos maiores negócios dos governos, dado que os impostos aumentavam de forma exorbitante.



Antiga Travessa da Fábrica

In Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha Freitas
Lemos em tempos que estas pedras estarão no Monte Aventino, será assim?


Hotel Infante de Sagres



Rua da Fábrica


Entrada Arte Nova do Grande Hotel Paris na rua da Fábrica


A Real Fábrica do Tabaco, sita na Rua do Tabaco era um importantíssimo negócio. 
Ilissínio Duarte escreve “No coração da cidade já em 1723 havia a Real Fábrica do Tabaco, que tinha a seu lado a bela e senhorial casa dos Senhores da Fábrica. Tudo se foi, mas ficou a rua com o nome da Fábrica, como eram Senhores da Fábrica os Souto e Freitas. Começa a rua, na Rua do Almada e termina na Rua de Santa Teresa…O tabaco da Real Fábrica era considerado superior ao da Fábrica de Lisboa. Tinha mais de 100 operários e apresentava ao mercado, várias marcas: "Cidade", "Somente, verde esturro" e "Esturro preto".


Existiu no séc. XIX a Fábrica de Tabaco Lealdade, fundada por João António de Lima, nascido em 1823. Ficava na Rua de Costa Cabral onde ainda hoje se encontra o seu belo edifício bem conservado. Este Lima foi que deu o nome ao Estádio do Lima e à Rua do Lima, pois foram terrenos por si oferecidos. Também uma parte da Rua da Alegria eram terrenos seus, oferecidos à Câmara. 

Já após a publicação deste lançamento recebemos um mail do Professor Ribeiro da Silva que, sendo uma mais valia à história de José António Lima, aqui  o acrescentamos:
"A propósito da Fábrica de Tabaco Lealdade, gostaria de vos informar que João António Lima, o seu fundador, morreu em 1891. Foi sua herdeira a sua companheira Luzia Joaquina Bruce que faleceu em 1917, em Lisboa, tendo deixado os seus bens à Santa Casa da Misericórdia do Porto. A sua casa era o edifício que actualmente é sede do Académico. Só muito recentemente (há cerca de 10 anos, mais coisa menos coisa), uma parte dos terrenos da Rua de Costa Cabral, ocupados pelo Académico, foram entregues pela Santa Casa à Câmara Municipal do Porto, por troca com terrenos que a Câmara possuía na VCI que foram integrados na Quinta da Prelada da SCMP. 
Esse Senhor João António Lima era desquitado e não pôde, por isso, casar com Dona Luzia, natural do Maranhão no Brasil, que foi a fundadora do Hospital da Lapa, em 1902-1904, e por isso é que João António Lima tem uma estátua em granito no cimo da fachada do Hospital da Lapa, que ela quis mandar fazer para perpetuar a memória do «marido». 
Recentemente saiu um livro muito belo, editado pela Misericórdia do Porto, intitulado «Luzia» da autoria de Margarida Negrais que trata toda esta história".

Existiu ainda, no Poço das Patas uma fábrica propriedade de Miguel Augusto da Silva Pereira, “fundada na Rua das Flores em 1865, quando foi decretada a liberdade de fabrico. Em 1868 associou-se com o seu guarda- livros, Fonseca, e outro empregado de nome Cardoso, passando a firma a ser “Miguel Augusto, Fonseca e Cardoso”, sendo transferida o Poço das Patas. Estes, por falecimento do fundador continuaram com a mesma firma até que em 31 de Dezembro de 1886 eles entraram com a fábrica para a sociedade anónima sob a designação de Companhia Nacional de Tabacos que se organizou pela fusão das fábricas de Lisboa e Porto.
Passou para o Estado quando se estabeleceu a “régie” e depois o monopólio. A de Miguel Augusto teve a especialidade de cigarro de 8, curtos, mas grossos e saborosos, que custavam 20 reis, pois os mais baratos, os “brejeiros”, tinham 12. Também eram conhecidos por “Marca Leão”, por terem como marca da casa, a figura do rei das feras. Eram magníficos os seus charutos de 25, de nome “trabucos”, como os cigarros curtos e grossos.” O Tripeiro, Volume 4 de 15/3/1919. 
Desta fábrica nada resta. Esteve no local onde hoje se encontra o Central Shoping. 



Devido á grande destruição causada nas vinhas pela filoxera, em 1884 foi autorizada a plantação do tabaco em 12 concelhos do Douro e Trás-os-Montes. Em 1927 foi revogada essa autorização. Ainda nos lembramos, nos anos 40 e 50 do século passado, de ver penduradas folhas de tabaco no armazém de uma quinta do Concelho da Régua.



Ainda se lembram? Lançados em 1928; em 1938 custavam 1$70 !




A causa de tantas mortes!!!

4 comentários:

  1. Boa noite!
    Meu pai fumava "Provisórios".
    Abraço tripeiro!
    Alberto Guimarães

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  2. Encontrei isto na net- https://www.olx.pt/anuncio/coleco-de-08-cartazes-publicitrios-empreza-do-bolho-novos-IDAkn9D.html

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  3. alguém sabe alguma coisa acerca do pequeno edifício onde se localiza hoje a oculista da fábrica (é o edifício adjacente à antiga casa da fábrica, atualmente hotel infante sagres)?

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