segunda-feira, 3 de julho de 2017

CERCO DO PORTO III

8.1.11 – Cerco do Porto - Angra do Heroísmo, Batalhas nos Açores, Partida dos Açores para Pampelido, Proclamação de D. Pedro IV aos "Bravos do Mindelo", Desembarque em Pampelido, D. Pedro IV entra no Porto em 9/7/1832


Angra do Heroísmo

É perante este e outros acontecimentos que D. Pedro I, do Brasil, em 7 de Abril de 1831, abdica a favor do seu filho D. Pedro II, dirigindo-se para os Açores, onde irá formar exército para defender o direito ao trono de sua filha D. Maria. 


Batalha da Praia da Victoria - Açores

Nas ilhas dos Açores trava o Combate do Pico do Seleiro, ilha Terceira (4 de Outubro de 1828); a Batalha da Praia da Victoria, ilha Terceira (11 de Agosto de 1829); o Recontro da Ladeira do Gato, ilha de São Jorge (Abril de 1831) e o Combate da Ladeira da Velha, ilha de São Miguel (3 de Agosto de 1831). In foranadaevaotres.blogspot.pt


Centenário da partida dos “Bravos do Mindelo” dos Açores, comemorada com um selo.


Proclamação de D. Pedro IV antes do desembarque


Desembarque dos liberais em Pampelido – 8/7/1832


In Historia do Porto, L. O. Ramos 

A descrição da viagem e do desembarque no Mindelo, é publicada no nº 1 da Crónica Constitucional do Porto, 11 de Julho de 1832, edição de 4ª feira:

Nº 1. - “Noticia Official das operações do Exercito Libertador.
Porto 10 de Julho de 1832.
S. M. I. fez-se á vela, com o Comboio, que se achava surto na praia defronte de Ponta Delgada, no dia 27 de Junho, pelas 2 horas da tarde, e seguio viagem com o tempo mais favorável, até ao dia 7 de Julho, em que deo vista da Costa de Portugal, na altura de Villa do Conde; pelas 7 da tarde do mesmo dia, achava-se todo o Comboio nas agoas daquela costa (…)
No dia 8, pelas 9 horas da manhã, mandou o mesmo Augusto Senhor içar na Fragata Rainha de Portugal o pavilhão Real que foi saudado com uma salva de vinte e um tiros, pelas embarcações de guerra (…) S. M. I., havendo assim cumprido com o que o seu Coraçaõ dictava, ordenou que o Exercito desembarcasse no ponto que já se achava fixado, entre Villa do Conde e o Porto (…) Em consequência daquella ordem, pelas 2 horas e meia da tarde, as embarcações de guerra tomáraõ posição na praia de Mindelo, a meia distancia, pouco mais ou menos, daquelas duas povoações, e a menos de tiro de metralha da terra; e ás 3 horas começou o desembarque, sem opposiçaõ alguma; aparecendo apenas em reconhecimento poucas patrulhas de Cavallaria, que foraõ desalojadas por alguns tiros do Brigue Liberal.
A Guarniçaõ do Brigue de guerra Conde de Villa Flor foi a primeira que, saltando em terra, cravou a Bandeira da Senhora D. MARIA II (…)
S. M. I. desembarcou ás 6 horas da tarde, entre aclamações e enthusiasmo inexplicável da tropa, e bênçãos de inumerável concurso de habitantes, que de todas as aldêas próximas vinhão vêr e saudar, como eles mesmos diziaõ, o seu Libertador”.


“Ao anoitecer do dia 7 de Julho de 1832 instalou-se o pânico entre as forças militares e as autoridades absolutistas do Porto: a esquadra liberal estava à vista, para grande surpresa dos miguelistas que nunca haviam previsto uma invasão por este ponto do país. No entanto, D. Pedro avançou com a sua armada em direcção a Vila do Conde, local onde planeara o desembarque.
Na manhã de 8 de julho foi enviado a terra, para parlamentar com as forças militares aí estacionadas, o major Bernardo de Sá Nogueira - futuro marquês de Sá da Bandeira. As negociações foram, no entanto, completamente estéreis, tendo aquele emissário sido recebido com ameaças de fuzilamento. Frustradas, pois, que foram estas tentativas de desembarque pacífico, foi decidido efetuá-lo em pé-de-guerra.
Ocorreu, desse modo, ao princípio da tarde desse dia na Praia dos Ladrões, em Arnosa de Pampelido, no limite das freguesias de Lavra e Perafita. Na ocasião, D. Pedro dirigiu às tropas a célebre incitação - "Soldados! Aquelas praias são as do malfadado Portugal" - que se pode ler numa das faces do obelisco da Memória.
A escolha deste local, e não do Mindelo como erroneamente foi designado (e que perpetuou historiograficamente esta operação militar como "Desembarque do Mindelo"), deveu-se ao facto de nele se poder realizar esta operação com facilidade e segurança, uma vez que o mar se apresentava "bastante profundo quase até à areia". Tal indicação terá sido dada, segundo a tradição, por um dos 7.500 "bravos", de seu nome Francisco José da Silva, natural de Paiço, Lavra.
O desembarque foi rápido e não encontrou qualquer tipo de resistência, sendo, de imediato, tomados os pontos estratégicos da região. Os batalhões de Caçadores nºs 2 e 3 ocuparam as cristas das elevações que se prolongam até à margem direita do rio Leça. O batalhão da Marinha fixou-se em Perafita. O batalhão de Caçadores nº 5, em Pedras Rubras, onde acampou no Largo da Feira.
As estradas que ligavam o Porto a Vila do Conde encontravam-se igualmente tomadas e os liberais estavam também em condição de observar as movimentações que as forças absolutistas estacionadas em Leça realizariam. Às seis horas da tarde D. Pedro desembarcou em Pampelido e, às nove horas, já todo o "Exército Libertador" se encontrava em terra. 


Pormenor de uma lápide num edifício. Inscrição: «Nesta casa, então pertencente a Manuel José d' Andrade, d'esta freguesia de Moreira, e hoje a seus descendentes, pernoitou de 8 para 9 de Julho de 1832 El-Rei D. Pedro IV, quando, tendo desembarcado em Pampelido, veio concertar o grosso do seu Exército no próximo Largo das Pedras Rubras, antes do seu avanço sobre o Porto. Mandado colocar pela Câmara Municipal da Maia, em 9 de Julho de 1932».
Nessa noite D. Pedro pernoitou em casa do proprietário Manuel Andrade. Houve beija-mão real no Largo, findo o qual D. Pedro se dirigiu ao Porto.
O desembarque permitiu às forças liberais tomar a cidade do Porto no dia 9 de Julho, apanhando de surpresa o exército miguelista que haveria de as submeter ao prolongado Cerco do Porto”.


Vista da praia do Arnosa de Pampelido, onde desembarcou D. Pedro á frente do exército libertador.
Gravura publicada no Elogio Histórico do Rei D. Pedro IV, pelo Marquês de Resende, apresentado na Academia das Ciências de Lisboa em 1836 e publicado em 1867.


Pampelido – monumento ao desembarque de D. Pedro IV – mandado construir por António José d’Ávila quando regia os negócios do Porto, inaugurado em 1/12/1840 com a presença de D. Maria II.
“O General, Visconde de Santa Marta comandante da 4ª. Divisão da força realista, sahiu do Porto, no dia 8 pela manhã, em direcção a Arenosa de Pampelido, com o Regimento de Braga e um esquadrão de Cavalaria de Chaves (!!!) e poz-se a ver o desembarque, a distância de tiro de canhão! O Visconde de Santa Marta, tinha uma divisão de quase 15.000 homens, e portanto, o dobro das forças liberaes; mas, apesar disso, recolhe ao Porto e ordena a retirada, deixando em poder dos contrários todo o material de guerra que estava nas arrecadações, assim como as munições, que estavam nos paioes; toda a artilharia que estava no Castelo da Foz, etc. etc. 
Á meia noite do dia 8, forma a tropa realista, em vários pontos da cidade, e nessa mesma noite retira tudo precipitadamente, e na maior confusão, para Villa Nova de Gaia, como se sobre esta gente viesse um inimigo dez vezes maior em forças. 
O Sr. D. Pedro e o seu exército, entram na cidade abandonada, logo na manhã do dia 9, no meio dos maiores regosijos dos seus habitantes, cuja maior parte eram liberaes. In Portugal Antigo e Moderno

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