segunda-feira, 10 de julho de 2017

CERCO DO PORTO V

8.1.11 – Cerco do Porto - Batalha da Ponte de Ferreira, Farda e óculo usados por D. Pedro IV, Canhões usados no cerco, Linhas de defesa do Porto, Canhão gigante dos absolutistas em Gaia, Proclamação D. Pedro IV


Ponte de Ferreira (S. Martinho do Campo - Valongo)


Alminhas de Ferreira

”Integrou a antiga via Porto-Amarante e é-lhe atribuída uma cronologia medieval. Possui tabuleiro plano, assentando sobre três arcos separados por dois talha-mares. Possui a particularidade de na extremidade esquerda, e no local onde já existiu um terceiro talha-mar, ter a Casa da Portagem datada de 1796. Na outra extremidade, encontram-se umas alminhas de invocação da Sr.ª do Carmo e provavelmente setecentistas. A importância da ponte deve-se ao facto de haver uma memória coletiva local associada a um relevante evento, a Batalha de Ponte Ferreira, ocorrida a 23 de julho de 1832, durante as lutas liberais.


Primeira investida do exército liberal ao Porto – batalha da ponte de Ferreira – A. E. Hoffman - 1835

“A 22 de Julho de 1832, o General,


Espada em aço e farda usadas por D. Pedro IV durante o Cerco 


Boné de Caçadores usado por D. Pedro IV no cerco.


Óculo usado por D. Pedro IV no Cerco do Porto


Almeida Garrett, soldado voluntário nº. 72 do Batalhão Académico à porta do Convento dos Agostinhos Descalços – aqui escreveu o seu imortal livro Arco de Santana - óleo de Joaquim Vitorino Ribeiro - Também serviu de hospital de sangue durante o cerco.



Canhões usados pelos liberais durante o Cerco

“Quanto ao armamento utilizado à época pelos dois contendores como instrumentos de combate , era constituído fundamentalmente por : Espingardas de fechos de sílex , com sabre baioneta com um alcance eficaz de 250 m e capaz de disparar 3 tiros por minuto . 
Peças de artilharia , com alcance eficaz entre 400 a 800 m , de calibre entre 12 e 30 , disparando projécteis esféricos maciços de ferro fundido ou pedra . Também podiam disparar «lanternetas» , caixas contendo metralha ou balas , de grande eficácia contra a infantaria a descoberto . 
Obuses , com calibres entre 3 a 4 , disparando projécteis ocos , com uma carga explosiva no seu interior . Com uma trajectória muito verticalizada era particularmente utilizada para atingir soldados protegidos por parapeitos ou trincheiras .


Cidade do Porto e arredores –planta do Grande Mapa de Calmet de Beauvoisin – 1832


Linhas do Porto durante o cerco

As linhas de posição da artilharia liberal dividia-se inicialmente por duas linhas distintas :
A primeira linha estendia-se ao longo da margem norte do rio Douro ( margem direita ) , era prioritariamente vocacionada para o duelo directo com a artilharia realista instalada em Gaia . Este sector era constituído pela bateria do Bicalho ( junto à base norte da ponte da Arrábida ) , prosseguindo para nascente , com as baterias da Torre da Marca ( terrenos hoje do Palácio de Cristal ) , Bandeirinha (ao Largo de Viriato ) , Virtudes ( na Calçada das Virtudes ) , Vitória ( na encosta da freguesia e que desce para o Douro) , Paço Episcopal ( ou Paço do Bispo ) , Fontaínhas ( na rua do mesmo nome ) ,Seminário (junto à base norte da ponte de D. Maria Pia) e Quinta da China ( junto à base norte da ponte de S. João ) .
A segunda linha estendia-se de nascente para poente e contava com as baterias das Oliveiras (na encosta da estação de Campanhã ) , do Forte de Campanhã , da Lomba ( junto à R. da Lomba ) , do Bonfim ( junto à igreja do mesmo nome ) , do Bom Retiro ( junto à rua Barros de Lima ) , de Goelas de Pau ( junto à rua Câmara Pestana ) , do Cativo , da Póvoa de Cima ( na encosta da rua da Bataria ) , Congregados ( Zona do Monte Belo e junto à rua Monte dos Congregados ) , Aguardente ( zona da Praça Marquês de Pombal ) , D. Pedro e da D. Maria II ( à zona do cruzamento rua da Constituição e Antero de Quental ) , Monte Pedral ( monte à rua Serpa Pinto ) , Ramada Alta ( à zona do mesmo nome ) , Bom Sucesso ( à praça do mesmo nome ) . A bateria de Lordelo ( à rua D. Pedro V ) fechava o anel de baterias junto ao início da linha anterior iniciada na bateria do Bicalho”. In blogue lettersfromlise


Quando do cerco do Porto João Paulo Cordeiro ofereceu ao exército Miguelista uma gigante peça de artilharia.
“Notemos a chegada ao exército miguelista da célebre peça de artilharia… julgou-se que arrasaria a Torre dos Clérigos, quanto mais as casas da cidade. Chegou ao Alto da Bandeira em 24/12/1832 e foi posteriormente colocada nas proximidades da Igreja de Mafamude para dali bombardear o Porto… Era um dos maiores obuses até então construídos (em Londres, pela fábrica Bowling & Cª), pesava 100 quintais (6.000 kgs.) e tinha um calibre de 32.3 cm. a 2500 metros. O povo chamava-lhe Canhão-Pachão e os miguelistas “papa malhados…” nome porque se designavam os liberais.
A a Torre dos Clérigos estaria, portanto, na mira dos “Papa Malhados”… No dia de Ano Bom de 1833, o jornal Crónica Constitucional do Porto dava conta da acção do “Papa Malhados” e da vontade dos artilheiros miguelistas em atingir a Torre… Segundo as crónicas da época, a pontaria do inimigo não era famosa e produzia estragos, mas não nos alvos escolhidos – e talvez isso tenha salvo a 
Torre”. In Porto a Torre da Cidade do Prof. Helder Pacheco.


Proclamação de D. Pedro IV perdoando aos fugitivos e desertores

Sem comentários:

Enviar um comentário