sexta-feira, 22 de novembro de 2013

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - XXIV

3.5.9 - Botequins e cafés - III


Café Ancora d’Ouro, vulgo “O Piolho”, onde desde 1889 se encontram muitos professores e alunos da Universidade do Porto.



Fichas de latão antigas 

“ O Café Âncora d’Ouro, também já exixtia nos fins do sé. XIX. No ano de 1909 foi trespassado a Francisco José de Lima. Hoje (1964) na posse de um seu filho, desfruta de grande prestígio, por ali se reunir a classe médica e a irrequieta estudantina universitária. 
Por essa razão, é que as suas paredes se vêem ornamentadas com inúmeras placas de mármore ali mandadas colocar, de 1947 para cá, pelos cursos médicos, na altura da movimentada e festiva Queima das Fitas. 
Para amostra e como lembrança, aqui deixamos o texto integras de duas dessas lápides:

“Vós que ora entrais, sabei que outros maiores,
Que os mestres nunca olharam bem de frente, 
Um dia conquistaram sem favores,
O grau que ambicionais, ó fraca gente!
Deste café saíram tais doutores 
Sem nunca terem visto a cara ao lente...

(do curso 1951/52)

“Ouve oh caloiro ingénuo e criançola
(que nisto de Galeno estás bem cru):
Entrega ao mestre a sua velha escola
E manda o que aprendeste a belzebu…
Has-de gritar, um dia, dando à sola:
Ancora d’Ouro, a faculdade és tu...”

(do curso 1952/53)


O Botequim do Martinho ficada do lado esquerdo da Confeitaria Primar, na Rua do Carmo, 1
 Fins do séc XIX, até 1915 – “No ângulo da Praça Parada Leitão, onde está presentemente (em 1964) a mercearia e confeitaria Flor do Carmo. Foi fundador deste botequim, Martinho José Matias, empregou-se no botequim da Porta do Olival… O botequim do Martinho, cujo proprietário era detentor de umas venerandas e bem penteadas barbas, mantinha no seu estabelecimento, pequeno mas acolhedor, uma frequência muito escolhida, de entre a qual, cumpre-nos evidenciar as figuras do grande lírico Guerra Junqueiro e do Professor Doutor Alexandre Alberto de Sousa Pinto (1880/1982), que foi ilustre Ministro da Instrução Pública e Reitor da Universidade do Porto. Em 1915 foi o Botequim do Martinho substituído pela Casa da Índia que mais tarde, cedeu o lugar à actual Flor do Carmo.”In O Tripeiro – Série VI – Ano IV.



Café da Porta do Olival – “nos primeiros anos do séc. XX pertencia a um senhor de barbas compridas chamado Joaquim da Silva e depois veio a pertencer a uma sua antiga criada, a quem o patrão legara, antes do seu falecimento ocorrido em 1916 ou 17, a posse do estabelecimento e respectivo recheio. Com a morte da criada e de seu marido António de Oliveira, veio o antiquado Café da Porta do Olival a pertencer a uma irmã do último, que, por sua vez, o trespassou ao actual proprietário (em 1964). In O Tripeiro, Série VI, Ano IV. 
Neste café, ao lado da Torre dos Clérigos, ainda se podem ver restos da Porta do Olival – esta abria para a Cordoaria e era a saída da cidade para Norte que, seguindo pela Rua de Cedofeita, conduzia a Vila do Conde, Póvoa etc. - Foto de Carlos Silva no blog Porto Sentido.





No início dos anos 90 do séc. XIX foi construído o chalet da Cordoaria. Em 19/12/1906 foi alugado por 500.000 reis anuais a Aníbal Chaves. Deu assim lugar ao Café Chaves que fechou na década de 40 do passado século dado ter sido expropriado pela C.M.P. para alteração e expansão do novo Jardim da Cordoaria. Dado estar perto da Universidade do Porto era um botequim muito frequentado pelas figuras mais cultas e ilustradas, professores, artistas e poetas do Porto. Supomos que este Chaves tenha sido o proprietário do Café Chaves que existiu na Praça dos Voluntários da Rainha, por trespasse do Botequim da Graça em 18/5/1889 até 1903. Em 10/3/1900 Aníbal Chaves abriu outro Café Chaves nos baixos do Hotel Francfort, na Rua D. Pedro, que aí permaneceu até 1917 quando o prédio do Hotel foi demolido nas obras de abertura da nova Avenida das Nações Aliadas, depois Avenida dos Aliados. 


A Brasileira – frontaria original na Rua de Sá da Bandeira 71 - inaugurada por Adriano Teles em 4 de Março de 1903 – Abriu em 1905 e 1907 cafés em Lisboa e Braga. Nos primeiros treze anos oferecia um café a quem comprasse um saquinho de café em grão.


Interior durante as obras de ampliação de 1916 – Foto de Aurélio Paz dos Reis – á direita Adriano Telles lendo o jornal que ele próprio editava.




3 fotos de A Brasileira após as obras de ampliação de 1916.


Interior mais moderno


Foto de Paulo Ferreira

Esta chávena tem a célebre frase publicitária “O melhor café é o da Brasileira”




A publicidade d’A Brasileira foi muito incisiva e mesmo revolucionária para a época. “ As tabuletas e letreiros com os dizeres “O Melhor Café é o d’A brasileira”, ressaltavam ao longo das nossas estradas e à margem das vias férreas, para, assim, dar a conhecer ao povo português a marca do melhor café. O consumo atingiu tal monta, que a firma, em boa hora, viu-se obrigada a adquirir o prédio nº. 75 da mesma rua, afim de separar o botequim do estabelecimento de venda a retalho. Mesmo assim , após poucos anos, houve necessidade de nova ampliação pelo que os societários, tomaram de trespasse uma loja de lanifícios então existente no ângulo da Rua do Bonjardim, para abrir o espaçoso e airoso salão ainda hoje (1964) patente ao público.
Mais tarde, em 26/3/1938, a parte ocupada pelo antigo botequim e pela secção de venda a retalho, foi transformada numa das mais sumptuosas salas do Porto.” 




Interior - anos 20 do séc. XX


La belle époque






Galeria


Esplanada


“Em 17 de Dezembro de 1921 pela autoria do Arquitecto João Queiroz, abriu um luxuoso café com o nome de Elite. Embora a abertura ao público fosse um sucesso, a denominação atribuída ao estabelecimento dava-lhe uma aura monárquica que não condizia com o ambiente republicano, burguês e chic dos portuenses contemporâneos. O glamour e a elite cultural parisiense eram referências para a cultura portuguesa da altura, tendo influído a escolha do novo nome – Majestic – impregnado de charme "Belle Époque".
Neste espaço, passaram a convergir vultos intelectuais da cidade. José Régio, Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra, entre outros, emprestaram à casa a literacia necessária para que sucedesse o aceso debate, entre figuras públicas e as que viriam a sê-lo, das questões políticas, sociais e filosóficas mais prementes. Alunos e professores da Escola de Belas Artes do Porto, juntavam-se a artistas de nomeada, como Júlio Resende, para desbravar novos caminhos e motivações artísticas, propor rupturas, criticar formalismos, conceptualizar novas formas, ou simplesmente para ouvir o que se dizia então.
Em vários cafés do Porto sucedia o mesmo que no Majestic, uma intensa polarização social da cultura ao sabor do café ou do absinto escondido.
Nos anos 60 do século XX, coincidindo com um certo adormecimento forçado das manifestações culturais do País, o Café Majestic começa, ele próprio, a adormecer. É um declínio lento mas contínuo. Este estado de degradação a que estava votado, cedo começa a ser percebido pelas forças vivas da cidade. Assim, em 24 de Janeiro de 1983, é decretado Imóvel de Interesse Público. Três anos depois, a nova gerência estuda a forma de devolver o café à cidade.
Em 1992, 71 anos após a inauguração, é decidido devolver-lhe a vaidade justa de ser um dos mais belos cafés do Porto. A 15 de Julho de 1994 abre novamente as portas, foram precisos dois anos para lhe puxar o lustro. Quem lá entrar encontra agora exposições, eventos e mesmo um certo mediatismo.
Sob a égide dos Barrias, em 1992, o café foi encerrado para a execução de um projecto de recuperação que ficou a cargo da arquitecta Teresa Mano Mendes Pacheco.Em 1994, depois da substituição do pavimento interior e da reposição do mobiliário original, o Majestic foi reaberto. Fotografias encontradas por Fernando Barrias permitiram conservar a alma do local, transportando, com sensibilidade, um passado luminoso para o presente.
Os inúmeros prémios e o reconhecimento internacional - "Prémio Especial de Café Creme" (1999), "Medalha de Prata de Mérito Turístico" (2000), "Medalha de Prata de Mérito Municipal - Porto" (2006), "Certificado do Prémio Mercúrio - O melhor do Comércio na área das empresas na categoria Lojas com História" (2011) e "Medalha Municipal Mérito - Grau Ouro" (2011), classificado pelo site cityguides como o sexto café mais belo do mundo e o Certificado de Excelência da TripAdvisor - surgiram com naturalidade, devolvendo-lhe, finalmente, a justa notoriedade que, durante tantos anos, havia sido esquecida”. Site do café Majestic.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - XXIII

3.5.9 - Botequins e cafés - II


“Do lado da Praça de D. Pedro, aproveitando as boas caves de abóbada que os padres costumavam alugar a particulares mandou outrossim o mesmo senhorio (Manuel José Duarte Guimarães, brasileiro de torna viagem), ao rés-da-rua abrir portas regulares para estabelecimentos e rasgar mais janelas de varandas a todo o correr do primeiro andar. Depois de concluída a obra de adaptação, é que os botequins, pouco a pouco, começaram a concentrar-se à volta do extinto edifício do Convento dos Congregados, tanto para a banda da praça, como para a de Sá da Bandeira (actual Sampaio Bruno) como ainda para a do Bonjardim (actual Sá da Bandeira). In O Tripeiro, Série VI, Ano IV.


“Como é sabido, este troço de rua, hoje integrado na Rua de Sá da Bandeira, até 1917 ou 18, era uma sequência da Rua do Bonjardim. O que não era sabido, mas ficaram-no a saber os nossos presados leitores, é que antes de ser Bonjardim, foi Rua da Porta de Carros, que assim se denominava, em meados do séc. passado (séc. XIX) esse obliquado e estreito pedaço de rua sito entre o largo de Porta de Carros e Viela dos Congregados.” Idem


Café Guichard – primeira metade séc. XIX –Praça D. Pedro, da 3ª à 5ª. portas da esquina - fechou em 5/2/1857 - por lá passaram Camilo, Sousa Viterbo, Arnaldo Gama, Faustino Xavier de Novais, Alexandre Braga, Soares de Passos e outras intelectuais figuras do Porto.
Artur de Magalhães Basto escreveu: “O Guichard por 1850 era dos botequins o estabelecimento preferido pela rapaziada aliteratada e desordeira, que dali fazia seu quartel general. Isto basta para se calcular quão numerosa seria a clientela desse estabelecimento, sabendo-se que no Porto daquela época grassava entre os jovens a mania da literatura; Gomes de Amorim chamou a essa casa o “Marrare de polimento”. Ocupava , com as suas salas de jogo, todos os andares do prédio. 
Não se vá julgar que houvesse qualquer conforto nesse antro escuro, sujo, com o chão coberto de pontas de charuto e serradura, e o ambiente insuportável, irrespirável de fumo e outros detestáveis cheiros. O que lhe faltava em comodidades, sobrava-lhe porém em animação. Não raro as cadeiras andavam pelos ares; não raro também os copos atravessavam o espaço, iam estilhaçar as vidraças das portas verdes da entrada e abrir as cabeças de quem sossegadamente passava na rua. 
Mistérios - e no Porto?! Que há aí que se não saiba no Guichard? Cada mármore era um “pelourinho”. Todas as misérias íntimas eram ali discutidas, todas as vidas devassadas. Entre Wiskies, conhaques e cafés contavam-se os escândalos da sociedade. Quando nada de novo se sabia, inventava-se: “Os botequins do Porto eram jaulas horrendíssimas” onde viviam os “mastins da difamação”. Mas a maledicência do Guichard era “a vingadora das vítimas do "Palheiro" em particular e da botica em geral.” 
Jocosamente chamavam à sala de convívio da Assembleia Portuense o “Palheiro”, pois tinha o chão forrado com uma “alcatifa” em esparto para maior comodidade dos sócios. Ironicamente, Camilo afirmou desconhecer a razão, mas "como esta palavra vem de palha, talvez fosse para designar o alimento dos que a frequentavam".

"Escreve Firmino Pereira a este respeito: às noites, no Guichard, esses moços da Távola Redonda, escorropichavam copinhos de hortelã-pimenta, declamando Lamartine, Soares de Passos e João de Lemos. Era o botequim dos Alfredos e dos Manricos, de melena revolta e alma ardente de labaredas românticas. Aí se reuniam habitualmente os literatos, os poetas e os românticos que vinham das agitações do cerco e da Patuleia e que, entre um cálice de licor e uma fumaça de charuto, decidiam dos destinos e da arte da política. No Guichard os poetas suspiravam, mas também batiam... e levavam. Nestes tempos de balada e murro, o botequin era o centro de toda a vida portuense. À volta de uma mesa compunham-se odes, combinavam-se raptos e planeavam-se conjuras”. In Cafés do Porto – Maria Teresa Castro Costa. 

Camilo encontrava-se, numa noite, com uns amigos, no café Guichard, do Porto, quando viu entrar certo sujeito. Ergueu-se da cadeira, foi ao encontro dele, abraçou-o efusivamente e exclamou em voz alta:
- Ó Lacerda, ao tempo que te não via!
- V. Ex.ª, Sr. Camilo, deve estar enganado – murmurou o homem, que, como quase toda a gente do Porto, dessa época, conhecia o romancista, não apenas de nome, mas de vista.
- Enganado?
- Com certeza, Sr. Camilo. Porque eu não sou Lacerda: sou Rodrigues.
Logo, Camilo, espantoso de naturalidade:
- Não é Lacerda? Que pena! E eu que precisava tanto de uma rima para mandar a certo sítio um cavalheiro que ali está!


Botequim do Camanho – do lado nascente da Praça de D. Pedro – posterior ao Guichard, 1870 a 1917, lá se reuniam Guerra Junqueiro com a sua inseparável bengala, Rodrigo Salgado Zenha, Camilo, o pintor Francisco José de Rezende e tantos outros famosos artistas, políticos, literatos e cientistas do tempo. Guerra Junqueiro ia frequentemente e era conhecido por sair às 11 horas em ponto, quando ouvia as badaladas da torre da Lapa. O prédio foi comprado pelo Banco Nacional Ultramarino, tendo o filho do fundador, Carlos, mudado, só com a secção de restaurante, para a Rua de Sá da Bandeira nº.39, onde ainda se conservava em 1946. Por cima do balcão vê-se uma escada de acesso às prateleiras cheias das mais variadas bebidas.


Na esquina da Praça de D. Pedro e Sá da Bandeira (actualmente Sampaio Bruno), O Lusitano abriu em 17/4/1853, ocupando 2 portas para a praça e 5 para Sá da Bandeira. Um tal Ribeiro, que tinha tido um botequim em cima do muro, fez obras muito avultosas, gastando mais de dois contos de reis, para transformar uma alquilaria e um forno de pão num dos mais requintados botequins do Porto. Segundo José Fernandes Ribeiro pois "precisava de muitos preparos afim de servir para o que agora serve: soalhos, estuque, pinturas, guarnições, douraduras, escadas, cozinha interior, etc. etc." 


Publicidade exterior em 1895, na esquina da Rua de Sá da Bandeira (hoje Sampaio Bruno) e Rua do Bonjardim.

 Em 15/1/1860 o Lusitano deu origem ao Café Portuense. Muito luxuoso, dos mais notáveis da época, com muitos espelhos e candelabros. “Possuía uma sala especial para as senhoras tomarem os sorvetes que ali eram servidos com apurado requinte. Para se avaliar do luxo desta casa de bebidas basta saber-se que as cadeiras – coisa inobservável no tempo presente se mostravam estofadas a veludo cor de carmesim. Este concorrido botequim, que durante o dia mantinha as mesas sempre ocupadas com os jogos do dominó, do Bóston e do voltarete e á noite era muito frequentado por comerciantes.”.


No mesmo local, abriu, em 1890, o Café Suiço, de Pozzi Cª. Tinha pastelaria no Rés do chão e restaurante e bilhares no 1º. Andar. Foi primeiro café concerto do Porto, proporcionando à sua clientela boa música executada por um terceto de piano, violoncelo e contrabaixo, muito apreciado no Porto. Só encerrou em 1958 e dele nos recordamos perfeitamente.


“Um dos aspectos mais curiosos do Porto é o dos cafés. Enquanto que os restaurantes portuenses são relativamente poucos e deixam muito a desejar, em compensação os cafés são abundantes, muito melhores , mais animados, mais bem servidos e mais baratos do que os de Lisboa. No Porto há vida de cafés propriamente dita, como em Espanha, jogando-se, em todos eles, o dominó. No Suisso e no Lisbonense, todas as noites, artistas de primeira ordem, nos extasiam com músicas deliciosas, desde as composições ligeiras de Lecoq e de Suppé, até aos trechos classicos de Rossini e de Wagner; é o que nos vale; muitas noites de Inverno, entristecidos por termos encontrado três ou quatro enterros, corremos ao café onde se nos desfaz imediatamente a tristeza ouvindo uma encantadora valse de Waldteufel!”. Impressões de um forasteiro do Sul em 1908. 



Foto de Carlos Romão do blog A Cidade Surpreendente 



Foto do blog Do Porto e Não Só

Café Imperial – Fundado em 27/5/1936 – Neste local existiu o Café Central. O Imperial era um dos cafés mais belos e bem frequentados do Porto. Era aqui que vínhamos, nos anos 50 e 60 do passado século, tomar um galão e uma torrada por 4$50. O amplo salão do café estava decorado com grandes espelhos e um friso de gesso de autoria de Henrique Moreira. Ao fundo, por cima do grande balcão tinha um lindo vitral de Leone que representa o ciclo do café. Tinha na cave muitos bilhares. Foi trespassado para uma cadeia internacional, que manteve a decoração. A águia e os alto relevos são de autoria de Henrique Moreira.

sábado, 16 de novembro de 2013

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - XXII

3.5.9 - Botequins e cafés - I

Desde princípios do séc. XIX os portuenses criaram o hábito de frequentar os botequins passando o tempo em amenas conversas (por vezes menos amenas) em que os assuntos mais discutidos eram a política, as novidades do dia, a beleza feminina etc. Passavam horas a jogar cartas, damas, dominó, quino e outros jogos. Inicialmente eram só os homens que frequentavam estes lugares porém, mais tarde também as senhoras começaram a lá conviver, embora de início isso fosse mal visto por certas camadas sociais e pessoas mais recatadas.
As mulheres do Porto quase não saíam de casa, salvo para Igreja ou acompanhadas com seus maridos ou pais para visitas sociais. Surge, porém, em 1786 um belíssimo soneto do Abade de Jazente em que as incita a mostrarem-se e a frequentarem ambientes novos. Porque o achámos muito interessante aqui vai:




Botequim do Frutuoso – Praça dos Carros frente à Igreja dos Congregados.

Os primeiros botequins de que há notícia no Porto, datam de 1820. São eles:
O Botequim do Sr. Frutuoso – na Porta dos Carros, encostada à muralha Fernandina, frente à Igreja dos Congregados. O proprietário era pai do Arcebispo de Calcedónia D. António Aires de Gouveia, catedrático de Direito em Coimbra, deputado de 1861/65, ministro da Justiça em 1865, 1892 e Ministro dos Negócios Estrangeiros em 1895. A sua tese versou a Reforma das Cadeias. Destacou-se pela luta contra a pena de morte em Portugal.
O prédio foi demolido em 1894, ao mesmo tempo do Mosteiro de S. Bento de Avé Maria e o troço de Muralha Fernandina que lhe ficava encostado. 


Local onde existiu o Botequim das Hortas – pertenceu a Domingos José Rodrigues.

O Botequim das Hortas – na Rua das Hortas, hoje Rua do Almada, esquina com a Rua da Fábrica. Este botequim existiu 60 anos, até 1880. Era frequentado sobretudo por comerciantes da Rua das Flores e dos Clérigos. Era conhecido por servir óptimo café. Ramalho Ortigão escreve a seu respeito: “ O velho Botequim das Hortas, em que à noite se jogava o loto, a vintém o cartão, e que, ao abrir-se uma das suas portas envidraçadas, guarnecidas da cortininha de cassa branca, enchia de um picante perfume de calda de capilé e de café torrado a rua toda… Cafés do Porto de Maria Teresa Castro Costa.
Em 1880 foi transformado em Restaurante do Porto e os andares superiores ocupados pelo Hotel Internacional. 


“…O Botequim da Rua de Santo António, inaugurado em 1851, segundo as palavras do Dr. Artur de Magalhães Basto: ”Era a inveja dos lisboetas pelo seu gosto e luxo e um viveiro de “libertinos”; quem ali entrasse a tomar capilé e demorasse dez minutos saía cínico. Havia quem fosse lá para jogar “candidamente”, o quino e o bilhar, mas, em geral, quem se sentava àquelas mesas marmórias espostejava “a sã moral”… como cadáver combalido em teatro anatómico”. –In O Tripeiro, Série VI, Ano IV.                  
A sua entrada era pela porta de acesso ao Teatro Circo, depois Príncipe Real, do lado esquerdo quem sobe. Ainda hoje existe esta porta que dá acesso ao Teatro de Sá da Bandeira.


Botequim do Pepino – Foi conhecido por Arnaldo Gama e Alberto Pimentel e, o prédio onde esteve no muro dos bacalhoeiros, a poente da porta dos banhos, foi destruído para a abertura da Rua Nova da Alfândega. Portanto existia em meados do séc. XIX. 
Arnaldo Gama, no seu livro O Génio do Mal, escreve: “O botequim do Pepino tinha as traseiras imundíssimas voltadas para um pequeno largo, que por uma travessa sempre suja comunica com Cima do Muro. A frente, um pouca mais limpa estava voltada para o rio. 
A casa tinha 3 andares, incluindo o térreo. N’este é que era o botequim; nas traseiras, que davam para cima do muro havia uma saleta suja e imunda, que não sei como era chamada na gíria da casa, mas que na dos frequentadores era conhecida pela “Casa dos Horrores”. Os andares de cima eram a vivenda do dono da casa, mas quando havia “mais obra”, serviam como qualquer outra para o “ganho”. 
O café era mobilado por bancos e mesas de pinho. As duas portas traseiras tinham vidraças, que já nem mesmo nos dias claros deixavam entrar mais do que uma luz duvidosa, do que uma claridade de dia invernoso, tal era a espessa capa de anosa imundície, que o tempo e as exalações de toda a espécie tinham ido acumulando sobre elas. De noite era alumiado por um candeeiro de latão de 4 bicos, suspenso do tecto. A mais de três quartas partes do comprimento da saleta havia um balcão de pinho coberto de manchas de toda a qualidade, inclusive sangue; e por trás dele estava sempre, majestosamente sentado numa poltrona do séc. XVI, já quase sem vestígios arqueológicos, ou de pé, mão sobre um copo de quartilho e a outra enfiada na algibeira, o Sr. António Porto vulgo “O Pepino”, respeitável proprietário do estabelecimento.”
Alberto Pimentel também se lhe refere em O Porto na Berlinda da seguinte forma: “Esse botequim de “matalotes” e “camareras” da Ribeira, passou à história. O proprietário foi que deu o nome ao estabelecimento, mas é de crer que da gentalha que o frequentava e da reles camaradagem deles e delas, proviesse o calão “Pepino, Pepineira e ”. Se assim é o Porto pode gabar-se de ter fornecido a etimologia de dois derivados bodalengos: “De “Fajardo, fajardice” de “Pepino, pepineira”.
Ainda no texto de Maria Teresa Castro Costa, Cafés do Porto, pode ler-se: “era frequentado por marinheiros e prostitutas. Muito falado na época em virtude do escândalo que causavam à vizinhança a gritaria e as cenas de violência muito usuais pela noite dentro. Corriam boatos que os marinheiros estrangeiros endinheirados depois de lhe terem conseguido o dinheiro ao jogo, eram atirados ao rio. O boato nunca foi confirmado porque o Pepino “adivinhava” a chegada da polícia. Era um antro mal afamado onde se bebia muito e também se cantava o fado".
A mocidade da época, muitas vezes acabava as noites, depois de fechados todos os locais de convívio da cidade.”


Joaquim Vilanova - 1833

Botequim do Amaro - Por cima do muro da Ribeira existiu este botequim, no qual foi fundado, em 4/11/1876, o Clube Fluvial Portuense, pelos entusiastas do remo David José de Pinho e o proprietário do botequim José Pereira de Santo Amaro, onde se manteve durante dois anos, passando para a Travessa de S. João, 13 2º andar. Sobre este clube trataremos com mais pormenor em local próprio.


Em O Tripeiro da Série III, de 15/10/1927, encontrámos um interessantíssimo testemunho de João Pimentel sobre a sua frequência diária no Café Lisbonense, no final do séc. XIX : “Já vai perdido na recordação dos dias distantes o velho café Lisbonense que eu e outros meus companheiros frequentávamos todas as noites. O Café Lisbonense ficava na Rua do Bonjardim, do lado direito (no troço que hoje é Rua de Sá da Bandeira, entre a Rua de 31 de Janeiro e Sampaio Bruno). Um bom salão, que se dividia em dois, sendo o da frente para a especialidade do café com as suas mesas de mármore e cadeiras para os seus velhos frequentadores. Atraía uma frequência numerosa e distinta, do meio intelectual do Porto. Numa das primeiras mesas do lado esquerdo era a nossa. Depois das 8 horas vinham chegando um por um. A nossa despesa diária era baratinha: uma chávena de café para cada um, a 30 reis por cabeça; bebidas brancas nenhumas. Nesta mesa havia alegria, mocidade e vida! Discutia-se tudo, nada ficava para a noite seguinte. O Lisbonense nessa época tinha boa música; um terceto completo de verdadeiros mestres. Os concertos do Café Lisbonense marcaram pelo sucesso de Arte que eles faziam todas as noites durante o Inverno. No salão de trás ficavam os bilhares, também com a sua numerosa clientela. Quando o D. Francisco da Prelada jogava com o seu filho o número de espectadores crescia extraordinariamente para os ver jogar!”. 
No primeiro andar havia também a secção de restaurante, com duas entradas: uma pela Rua do Bonjardim (nº 24) e outra pelo então nº. 41 da Rua de Santo António. 
No Lisbonense, quase sempre em mesas certas reunia-se tudo quanto havia de mais distinto na cidade, quer nas Letras, quer nas Ciências, quer nas Belas Artes. Era, digamos assim, um verdadeiro cenáculo de intelectuais”.
Mais tarde instalou-se, no local, o Banco Borges & Irmão.


Este fidalgo era D. Francisco de Noronha e Menezes, proprietário da Quinta da Prelada, uma das maiores e mais afamadas da cidade. Ele e seu filho eram exímios jogadores de bilhar e espalhavam esta sua arte em vários botequins da cidade, que atraía muito público masculino. O seu filho faleceu aos 25 anos em resultado de uma tuberculose. D. Francisco pouco lhe sobreviveu. Não havendo qualquer outra descendência deixou à S.C.M. do Porto a sua quinta com o desejo de aí ser construído um hospital para convalescentes. Faleceu em 1904.


Café Brasil, no gaveto das Ruas de 31 de Janeiro e da Madeira – fundado em 1859 – tinha duas mesas privativas para o dominó: a dos “cardeais” onde se sentavam Guilherme Braga e Paulo Falcão e a dos “Indígenas” de Arnaldo Leite, Carvalho Barbosa, Sampaio Bruno e Ramalho Ortigão. Era um local privilegiado pois existia nesse largo a feira da madeira (tabuado, barrotes etc.) e, às terças –feiras a feira semanal de géneros alimentícios no largo fronteiro ao Convento de S. Bento de Avé Maria.


Cafés do Porto – Maria Teresa Castro Costa

terça-feira, 12 de novembro de 2013

DIVERTIMENTO DOS PORTUENSES - XXI

3.5.8 - Foz do Douro e praias - IX


Regata ao largo da praia de Matosinhos – ao centro o iate Amélia - 1900



Praia de Matosinhos – Agosto de 1913 – Banheiro Alberto Pinguinhas


Veraneantes na Praia de Matosinhos – Ilustração Portuguesa – 1/9/1913



Foto de Francisco Mota

V Circuito Internacional, I Grande Prémio do Porto, 1954 – vencedor Luigi Villoresi, nº. 1, seguido de Castelloti, número 2, ambos em Lancia. Vêem-se as praias Internacional e da Circunvalação. Ao fundo a refinaria de açúcar Angola e os tanques da Sacor.


Refinaria de Açúcar Angola,Lda.


“No Porto, entre o Castelo do Queijo e o Parque da Cidade encontra-se um grande edifício em ruína que não passa despercebido a quem ali passa. As suas particulares características arquitectónicas fazem com que a sua imagem fique facilmente guardada na memória dos transeuntes: sem cobertura, destacam-se ainda grande parte das paredes exteriores e fragmentos das caixilharias que nos permitem ter noção do aspecto que outrora o edifício teria.A licença para a sua construção data de 1904 e contém a assinatura do arquitecto Marques da Silva que aprovou o projecto apresentado pela Companhia Carris de Ferro do Porto para ali levantar uma sub-estação de abastecimento da rede de tracção eléctrica que então se expandia pela cidade.
Nesta altura os modos de vida da população do Porto modificavam-se progressivamente: o centro da cidade deslocara-se da beira rio para a actual Baixa e cada vez mais pessoas procuravam viver nos aldeamentos da periferia, optando pela separação entre os locais de habitação e trabalho. Esta revolução urbana foi acompanhada pela expansão da rede de eléctricos que durante a primeira metade do século XX foi o principal transporte urbano do Porto e periferia. Os eléctricos circulavam através da energia produzida na central termo-eléctrica de Massarelos – hoje adaptada ao Museu do Carro Eléctrico – e de outras subestações, como a subestação Nº. 1 do Castelo do Queijo.
Em 1911 a subestação foi ampliada, tendo-se-lhe acrescentado um corpo de maior área a norte e assim permaneceu durante o seu período de vida útil. A partir de meados do século XX os eléctricos começaram a tornar-se incompatíveis com o crescente tráfego automóvel e em 1974 a sub-estação foi desactivada. Na década de 90 este edifício albergou ainda o colégio Luso-Internacional do Porto, como o comprovam as siglas CLIP na fachada principal. Após o encerramento destas instalações do colégio a sub-estação n.º 1 do Castelo do Queijo tem-se vindo a degradar até ao estado em que hoje se encontra”. In PPorto dos Museus
Já lá vão quase 40 anos e o triste destino deste edifício continua por definir. Já se pensou fazer a Kasa da Praia, mas o projecto não foi aprovado. Qual será o futuro destas ruínas?


“O edifício do serviço de Transportes Colectivos do Porto (STCP) que serviu, ate 1974, como subestação de electricidade abastecedora de carros eléctricos, vai ser recuperado para albergar o Futuro CLIP Colégio Luso Internacional do Porto O velho e degradado edifício do STCP fica na Esplanada Rio de Janeiro junto ao Castelo do Queijo) e foi emprestado há dias á Fundação Luso-Internacional, a entidade responsável pela Escola Internacional do Norte. No protocolo que consignou o empréstimo ficou assente que o imóvel deverá ser libertado pela Escola mediante pré-aviso feito com um ano de antecedência relativamente ao início da concretização do projecto para a zona envolvente do futuro parque da cidade, dado que o projecto para a zona envolvente do futuro parque ainda não começou a ser elaborado, e também dado que não está ainda prevista qualquer data para que tal começo aconteça - o que dependerá da conclusão do projecto do parque (bastante atrasada) - prevê-se que a ocupação do edifício do STCP pela Escola ocorrerá durante vários anos. O estado de conservação em que se encontram as futuras instalações da Escola Internacional do Norte retrata-se, de forma sintética, assim: fachadas e interiores em profunda decadência, designadamente a placa (em madeira destruída), as portas e a caixilharia (arrombadas), os vidros, louças de cozinha e sanitários (tudo quebrado)”. In O Comércio do Porto – 23/8/1988,


A Norte deste terreno existiu, ainda nos recordámos bem, uma seca de bacalhau.


O Sea Life Oceanário do Porto é muito mais do que de uma simples colecção de aquários...São aproximadamente 5.800 criaturas marinhas e de água doce de cerca de 100 espécies diferentes, desde cavalos-marinhos a tubarões, raias, polvos, peixes-palhaço entre muitos outros. Os visitantes conseguem ter uma perspectiva muito próxima das criaturas marinhas e seus habitats, já que as barreiras são reduzidas ao limite mínimo necessário para sua segurança e preservação.O aquário do oceano é o tanque principal e tem uma capacidade de 500 mil litros de água, mede 10 metros de altura, 9 de largura e tem mais de 6 metros de profundidade. Situado no Parque da Cidade, o Sea Life conta também com uma esplanada exterior com uma vista privilegiada sobre o Oceano Atlântico.




O Sea Life abriu ao público em 15/6/2009 na zona ocidental do Parque da Cidade. Fomos visita-lo com alguns netos e foi, sem dúvida, uma das tardes mais divertidas que vivemos pelas sua interjeições, admirações, e alegria que lhes vimos.

Sea Life - vídeos 






29/1/1975

“Vindo do meu e acabado de sair do carro eléctrico da linha 1, quando, pelas 12,45h, deparei com um petroleiro descomunal assistido por 4 rebocadores da APDL e sempre a navegar para terra, afim de realizar a rotação para atracar ao posto A do terminal de petroleiros, situado no quebra-mar do porto de Leixões. Achei estranha aquela manobra, não só pelo enorme deslocamento e calado de navio, mas também porque olhando para a restinga da praia, a maré ainda era muito baixa, e além disso o navio estava a aproximar-se demasiado da pedra submersa denominada “Esfarrapada” e também dos destroços do vapor grego Virgínia, 100m/2.350gt, ali afundado desde 24/11/1928… Pensando, disse comigo “ou estarei a errar ou aquele petroleiro indo mais à terra, vai bater no fundo ou vai encalhar. Queira Deus que esteja errado”. Porém, nem por sonhos perspectivava a tragédia que daí a pouco iria ocorrer… junto à praia deparei com um cenário dantesco, e através do binóculo, vislumbrava-se parte da tripulação no castelo da proa, que parecia demorar em abandonar aquele inferno, jamais visto na costa portuguesa, e os rebocadores da APDL arriscando, tentavam resgata-los, até que lá começaram a abandonar aquele braseiro, que poucos minutos depois estendera-se por todo o convés, consumindo todas aquelas 88.000 toneladas de carga, ficando apenas a proa à vista, onde se via a bandeira Portuguesa içada no respectivo mastro e que por muitos dias teimosamente continuava… Note-se que o Jakob Maersk era de 261,8m de comprimento fora a fora. Cerca das 15h00, uma forte explosão a meia-nau, alquebrara o Jakok Maersk junto do castelo da proa e a meia-nau, quando a popa já se encontrava partida… A fumarada negra chegara aos céus de Ponte da Barca e parece que alcançou o Cantábrico. A fuligem e o odor ao crude queimado, mesmo passados alguns dias, eram insuportáveis. As águas do rio Douro junto da ponte D. Luis estavam manchadas de crude queimado. As praias da costa estavam impregnadas de crude, felizmente queimado, caso assim não fosse, o desastre ecológico e ambiental seria terrível. Uma enormíssima quantidade de aves marinhas apareciam mortas. Pessoas houveram que tiveram de deixar as suas casas no litoral e deslocarem-se para o interior. Outras foram assistidas nos hospitais, devido a intoxicação. Parece que o navio ao tentar safar-se da pedra, ou pelos seus próprios meios ou puxado pelos rebocadores, originou fricção no seu fundo, resultando daí inflamação nos seus tanques de combustível, seguido de explosão e incêndio”. Testemunho de Rui Amaro. 
Descíamos a Avenida da Boavista e, perto do Pinheiro Manso, vimos uma grande nuvem de fumo preto a Poente, o que nos fez desconfiar que algo de muito grave estaria a acontecer. Avançámos até ao Castelo do Queijo, mas a quantidade de automóveis e pessoas era de tal ordem que não podíamos ver claramente o que se passava. Da varanda da casa de um familiar assistimos, então, ao incêndio e explosão do navio. Eram imagens violentas e um intenso cheiro de que hoje muito bem nos recordámos.

Incêndio do Jakob Maersk - vídeo



Anémona – Janet Echelman


Blog Surf Porto


Esta praia é hoje em dia muito usada para a prática do surf, desporto muito na moda. Conheço estrangeiros, que estando no Porto a estudar, preferem viver perto do mar para irem diariamente pratica-lo.

Cinemateca Portuguesa – Porto e Foz 1913 



Avenida D. Pedro IV – há já muitos anos que se pretende rasgar uma larga avenida que ligue a Avenida da Boavista, perto da Praça Gonçalves Zarco, à Praça do Império. Destinava-se-lhe o nome de Via Nun’Alvares, mas este foi mudado, em 2012, para Avenida D. Pedro IV. Já se fez concurso (será o último?) que foi aprovado pela C.M.P. e entregue ao projecto do Arquitecto António Marques. Está previsto fazer passar por lá o Metro, seguir para o Campo Alegre e ligar a S. Bento. Até hoje nada foi feito e não nos parece que tão cedo vejamos o começo das obras. No passado verão fizemos o percurso desde a Praça do Império até à Avenida da Boavista e verificámos que existem talhões e campos cultivados, muros em ruína, grandes árvores. Ainda é um pequeno território meio selvagem que dá gosto conhecer e apreciar.