segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - XL

3.5.17 - Automobilismo - I

Outro desporto que entusiasmou e continua a entusiasmar muitos portuenses é o automobilismo.

Corrida de automóveis e cavalos no velódromo D. Amélia na Serra do Pilar – 1910 – repare-se que a matrícula do primeiro carro é do Norte (Porto).


Fernando Palhinhas foi um conhecido técnico de automóveis do Porto que tinha oficina na Rua de Campo Lindo. Nos anos 30 representava os automóveis Adler, de que houve três na nossa família. 



1931 – O da frente parece-nos um Adler e o segundo um BMW

A primeira edição deste circuito automóvel com o nome formal de “Circuito da Boavista”, realizou-se em 1931 e teve três singularidades: aconteceu num ano em que foram organizados um total de 8 circuitos em Portugal; para se determinar o vencedor utilizou-se o sistema de “handicap” (à imagem do utilizado no golfe) – pela primeira e última vez no nosso país; e o circuito era constituído por duas longas rectas nas faixas laterais da Avenida da Boavista (propositadamente alcatroadas), unidas por duas curvas com um raio de 10 metros. Esta competição foi ganha por Fernando Palhinhas ao volante de um Singer Nine, curiosamente um dos pilotos com maior “handicap”, o que fez com que tivesse apenas que percorrer 30 voltas em vez das 50 definidas para o circuito.


II Circuito da Boavista 1932 – vencedor Vasco Sameiro no seu Invicta


1932

Em 1933, evoluções mecânicas e novos modelos de automóveis à parte, os dois grandes atractivos para este “III Circuito da Boavista” foram a concorrência entre os pilotos Vasco Sameiro e Henrique Lehrfeld e a corrida de motos com a participação de 13 motos de origem inglesa, as melhores na época, nas versões de 350 cc e 500 cc. Já nesta fase, o automobilismo ameaçava tornar-se um evento bastante popular, como comprovava a quantidade de espectadores presentes, entre 10.000 e 12.000.


Manuel de Oliveira - 1937 - O hoje centenário e mundialmente conhecido realizador de cinema, foi um ferrenho adepto e corredor de automóveis, bem como seu irmão Casimiro de Oliveira.




Circuito de 1950 e anos seguintes


Felice Bonetto – Vencedor do I Circuito Internacional do Porto, em Alfa Romeu -1950 – para estar presente nesta prova veio a guiar o seu carro desde a Itália ao Porto!
O carro ficou uns dias estacionado em frente da esquarda da P.S.P. da Rua do Pinheiro Manso, pelo que todos os dias o íamos apreciar com o maior espanto provocado pela longuíssima frente em que estava o motor. Porém, recordámos que tinha um interior muito despido e feio com um banco que parecia muito incómodo.


À partida já Bonetto se havia destacado sendo seguido por Carini no seu Osca,  do Jaguar XK120 de Thomas Wisdom e dos Allard de Casimiro de Oliveira e José Cabral. O Oscar era um pequeno carro, mas que era delicioso ver curvar; até ficou no povo o dito de "curvar à Carini". O Jaguar era o mais belo e silencioso automóvel que já havíamos apreciado.


Felice Bonetto – descendo a Circunvalação – 1950


Piero Carini ficou em 2º. lugar no seu pequeno Osca. Este carro foi fabricado pelos irmãos Maserati e tinha um motor de 1.100 c.c.

O ano de 1950 marcou uma viragem no Circuito da Boavista, que surgiu reconfigurado e redimensionado, com um novo traçado de 7.775 metros, para o qual muito contribuíram a inclusão de novas ruas e estradas, como foi o caso da Estrada da Circunvalação. Além disso, o Automóvel Club de Portugal (ACP), responsável pela organização, alargou os horizontes da corrida atribuindo a esta um cariz internacional, conseguindo com isso a participação de mais e melhores pilotos nacionais e de alguns dos grandes talentos internacionais. Foi então criado o “I Circuito Internacional do Porto”, que se disputou em 18 de Junho de 1950.
Mesmo as “velhas glórias”, que fizeram subir a adrenalina dos espectadores dos anos 30, não foram esquecidas, participando também nesta corrida. Nesta primeira iniciativa internacional há a destacar os factos de a Ferrari se ter estreado no nosso país nesta corrida (com dois automóveis, sendo um deles pilotado por uma mulher: Yvonne Simon), a corrida de motos (realizada no dia anterior à dos automóveis) nas categorias de 350 cc e 500 cc, e a grande afluência de público, descritos pelo ACP e pela revista “O Volante” como sendo 100.000 e 150.000, respectivamente.
Com tudo isto, o vencedor foi o italiano Felice Bonetto, ao volante de um Alfa Romeo 412, que, curiosamente, fez os últimos 100 metros sem gasolina.



O “I Grande Prémio de Portugal”, em 1951, foi ganho por um português, Casimiro Oliveira, ao volante de um Ferrari 340 América, com o número 14. que o tinha recebido apenas três dias antes da prova.


Partida do III Grande Prémio de Portugal, na esplanada do Rio de Janeiro, próximo do Castelo do Queijo, em 1953. O Nº. 5 Nogeira Pinto, seu lado está o Jaguar C Type de Duncan Hamilton e o Lancia D20 de Felice Bonetto. Um pouco mais atrás vem o Ferrari n.º 3 de Casimiro de Oliveira que terminaria em segundo lugar.


José Nogueira Pinto descendo a Circunvalação no seu Ferrari 250 MM, a caminho da victória



Nesta prova sairia vencedor o Ferrari 250 MM Spyder Vignale de José Nogueira Pinto, com o n.º 5.


O vencedor com a coroa de louros




Garagem Aurora, na Foz do Douro, após o incêndio de 16/7/1981 que a destruiu completamente. Neste desastre morreu um rapaz de 13 anos e foram destruídos mais de 20 automóveis, muito de alto preço.

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