terça-feira, 1 de julho de 2014

OUTRAS IGREJAS DO PORTO - I

3.11.7 - Igreja de Nossa Senhora do Terço e Caridade



Durante o cerco do Porto o Terço foi hospital de sangue.


Horácio Marçal em O Tripeiro, Série VII, Ano III, escreve: 



In O Tripeiro Volume VII – Outubro de 1931

“Do edifício em si salientamos a fachada, que está decorada com elementos de estilo rococó, o remate da frontaria, como os alçados e as molduras do interior têm tradição italianas mas é a Nasoni que pertence o janelão central rodeado por um terço, cujo crucifixo está da parte de cima. A rematar a fachada um amplo frontão, recortado e ornado com grinaldas, sobre a qual se ergue uma cruz, ladeada por volutas e com fogaréus nos extremos”. In http://lemosarkitetarte.blogspot.pt/


Num plano um pouco posterior à fachada fica a torre que termina por uma cúpula de gracioso recorte curvilíneo com um característico catavento.


Imagem de Nossa Senhora do Terço que se encontra na sala das sessões da Irmandade





“9/12/1876 – É exposta `a veneração dos fieis na Igreja da Venerável Irmandade de Nossa Senhora do Terço e Caridade, colocada no altar de Nossa Senhora da Conceição, a imagem de S. Vicente Mártir, que se achava na Capela do Souto, que foi demolida para a abertura da Rua de Mouzinho da Silveira. Para a mesma igreja foi igualmente removida a imagem de S. Roque”. In Volume VII – 1/12/1927.

Igreja do Terço - vídeo


Igreja do Senhor do Bonfim e da Boa Morte

O nome desta paróquia deve ter tido origem no facto de existir perto deste local uma forca onde eram supliciados os condenados por crime de roubo.
O Dr. Artur de Magalhães Bastos refere-se a uma forca que existiu na Ameijoeira, na serra do Pilar. Esta forca terá sido retirada em 1538 para a construção do mosteiro. Em Mijavelhas, hoje Campo 24 de Agosto, existiu a forca municipal até 1714. A S. C. M. do Porto, que tinha por missão enterrar os mortos na forca, pediu à câmara para a desmontar, pois ficava muito longe do cemitério dos condenados, no Campo das Malvas, local onde está a Igreja e Torre dos Clérigos. Por vezes, quando havia mau tempo, os corpos ficavam alguns dias até serem sepultados.. Existia também a forca da Ribeira, que ficava fora da porta da muralha. Foi construída, neste sítio, uma forca nova que substituiu as duas, até 1822.


Foto de Frederick Flower – 1849-1859



Capela do Senhor do Bonfim desde 1786

ARC refere-se a esta capela, construída em 1786, que substituiu uma pequena ermida construída em 1750. Esta foi erguida para proteger um cruzeiro, levantado aproximadamente em 1741, no qual estavam esculpidas as imagens de Cristo e Santa Maria Madalena. 
A Freguesia do Bonfim foi criada por decreto de Costa Cabral, de 15 de Dezembro de 1841, em terras das vizinhas Santo Ildefonso, Campanhã e Sé. Foi declarada paróquia em 8 de Janeiro de 1842, pelo Bispo D. Jerónimo José da Costa Rebelo sendo a única freguesia do Porto criada por razões políticas.


Foto de AVLISCL



A Igreja paroquial do Bonfim, dedicada ao Senhor do Bonfim e da Boa - Morte, foi edificada entre os anos de 1874 e 1894, em substituição de uma capela que no local existia desde 1786. A planta da igreja é do arquitecto José Geraldo da Silva Sardinha. A frontaria, lateralmente rematada pelas duas torres sineiras, reveste certa grandiosidade de proporções, não obstante a singeleza decorativa. A torre Sul é de 1894 e a do Norte só terminou em 1902. 
A escadaria actual foi construída entre 1805 e 1813, quando já existia a segunda capela.






O órgão de tubos do Convento de S. Bento de Avé Maria, datado de 1817 e construído por Frei Domingos Varela, veio para esta igreja em 1899 pela quantia de 601$000 reis.

3 fotos de António Amen



Romaria de Santa Clara - foto de A. Paulo Oliveira

“Na primeira semana e Setembro realiza-se a festa de Santa Clara do Bonfim. Esta santa não é a mesma que dá o nome ao convento. 
Santa Clara nasceu no tempo do Império Romano. Os seus pais não eram cristãos, professavam o paganismo. Mas, reza a tradição, um dia Clara sentiu-se interpelada pelo testemunho de fé dos jovens da sua idade que eram martirizados nas arenas de Roma, por ordem dos imperadores. Procurou conhecer a fé cristã e pediu o baptismo.
Chamada a tribunal pelas autoridades do Império, defendeu a sua fé cristã e mostrou desejo de morrer por Cristo. Acabou martirizada no tempo das perseguições de Diocleciano e Maximiano, na mesma época em que as portuguesas Santas Quitéria, Liberata e Gema. Foi sepultada nas catacumbas de S. Calisto. 
Em 1777, o Cardeal Caprara pediu permissão ao Papa Pio VI para pôr à veneração dos fiéis as relíquias de Santa Clara. Nessa época, estudava em Roma um cidadão do Porto, o pintor e professor de desenho da Academia do Porto, José Teixeira, que foi religioso leigo da Ordem de S. Bento. Com o desejo de enriquecer a Igreja do Bonfim com tão precioso tesouro, pediu ao Cardeal Caprara o corpo da Mártir, tendo este acedido ao pedido.
Dois anos depois, em 1779, o corpo de Santa Clara foi transportado de navio para Portugal. Durante esta viagem, a embarcação foi assolada por uma tempestade, mas por sua intercessão, nenhum mal aconteceu à tripulação. Antes de entrar em Portugal, passou por Barcelona, tendo sido procurada por grandes multidões. Em Saragoça, chegou a ser alvo dos esforços do Bispo local para ficar no altar de Nossa Senhora do Pilar. Em Lisboa, também foi alvo de cobiça de alguns párocos locais, tendo o mesmo sido verificado no Porto”. Após uma estadia na Igreja de Nossa Senhora do Terço e Caridade do Porto (Cimo de Vila) foi transladada, no primeiro domingo de Setembro de 1803, para a Igreja do Bonfim. Desde esta data, tornou-se alvo de grande devoção, sendo conhecida como a "Santa do Bonfim", intercessora e protectora dos marinheiros, mães com dores de parto e problemas de fala das crianças”. In www.etc.pt


No cemitério, a norte da igreja, há dois cruzeiros de granito, ali colocados em 1869. Um deles é talvez do séc. XV e representa o Senhor da Consolação. Provém da Ramadinha, junto ao Jardim de S. Lázaro, e tem a particularidade do Crucificado estar com os pés afastados e não sobrepostos. O outro parece seiscentista. Esteve na Rua do Poço das Patas, no ponto em que principiava a via sacra que concluía na cruz do Bonfim. 

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