segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

CONVENTOS DE RELIGIOSAS - X

3.12.15 – Convento da Madre de Deus de Monchique - II


Tramos da abóbada Manuelina da capela


Foto de etecetal.pegada



Convento de Monchique – ruínas da capela


Convento de Monchique - vídeo

Os últimos dias de Monchique – Maria Eugénia Matos Fernandes - 1993


Casa lateral ao convento, que foi hospedaria



Casa dos Capelães

Trata-se de uma casa apalaçada com traçado elegante que apresenta o brasão da ordem de São Francisco no frontispício. O edifício foi construído em 1761-67 com o intuito de prover, com o seu arrendamento, maiores rendimentos ao convento da Madre de Deus de Monchique. No entanto, a sua construção só foi concluída através de um contrato com a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Serviu de armazém de vinhos. Depois de uma intervenção da Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, em 1958, foram instalados no edifício os Comandos e 2.ª Companhia do Batalhão 3 da Guarda Fiscal.


Maria Almeida Carvalho – Através dos tempos, cenários de “O Amor de Perdição”


1ª. Edição

No seu famoso romance "Amor de Perdição", Camilo Castelo Branco colocou a acção da partida de Simão Botelho para o degredo no Rio Douro...


...e a presença da sua amada acenando duma das janelas do mirante deste convento.


Edifícios que foram a hospedaria, casa dos Capelães e portaria

O decreto 28 de Maio de 1834 extinguiu de imediato as ordens religiosas masculinas. Quanto às femininas foi mais tolerante permitindo que não fechassem enquanto houvesse religiosas a ocupar os conventos. Daí já termos escrito que alguns só fecharam pelos anos 90 do séc. XIX, após a morte da última freira. Eram conventos ricos e fortes, com grande influência na população. Quanto ao de Monchique, que, em 1834, era um convento pobre e só com 22 religiosas, estas foram distribuídas por 3 conventos do Porto; 9 para o de S. Bento de Avé Maria, 9 para o de Santa Clara e 4 para o de Corpus Christi. Desta forma foi encerrado nesse mesmo ano.



O Padre Francisco José Patrício escreve, na “Archeologia Religiosa”: “Desde que as últimas religiosas foram removidas para outros mosteiros e a casa ficou abandonada das suas legítimas habitadoras, foi aproveitada uma parte para ser alugada a particulares e outra para repartições, tais como a Casa da Moeda, provisória, que houve no Porto, em 1846, e aonde se cunharam os célebres patacos chamados “carimbados”, e que bem pouco curso teem fora desta cidade”.


Foi, em 1872, colocado em hasta pública. William Hawke instala, em 1875 numa parte do convento, uma secção da importante Fundição de Massarelos que tantas e tão importantes obras construiu no Porto, de destacar o mercado Ferreira Borges, adjudicado pela C.M.P. por 70.900.000 reis. Após esta, outras indústrias ali se instalaram. 

"Sucessivamente vão-se instalando outras fábricas: em 1879 uma fábrica de cerâmica de construção, de Pinto de Magalhães & C.ª; em 1884 uma fábrica de mobílias da firma Pinto Couto & Cª; em 1889 a empresa industrial de Monchique adquire aos condes de Burnay, uma parte do convento onde instala uma fábrica de serraria, carpintaria e pregaria.
Já no século XX, em 1908, a D. Ignez Martins Guimarães capitalista portuense, compra grande parte dos edifícios do convento e finalmente é instalada em parte do convento uma fábrica ligada à produção de cortiça de Clemente Menéres, Ldª. (fonte IGESPAR). In blog O Porto e Não Só
Foi ainda arsenal, depósito de trem militar e da pólvora, repartição de obras da alfândega e armazéns.



Quinta de Romeu

Nos espaços do convento estiveram instalados os armazéns de vinhos, outras bebidas, produtos agrícolas, cortiça e uma fábrica de rolhas da firma do industrial Clemente Menéres, onde construiu a sua residência. Transferiu-se para Matosinhos em 1899 e, mais tarde, para Mirandela.

Quinta do Romeu - vídeo

7 comentários:

  1. A Sogrape chegou a alugar parte do Convento para aí armazenar o Mateus Rosé.

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  2. Muito obrigado pelo seu contributo. Gostaríamos de saber o que actualmente está lá instalado.
    Cumprimentos
    Maria José e Rui Cunha

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  3. Olá
    Clemente Meneres creio que foi o percursor do Complexo Agro Industrial do Cachão em Vila Flor e, já agora, também creio que foi um abastado proprietário de terras ferteis...muito ferteis, no Vale da Vilariça, mais propriamente em Vilarelhos onde as suas gentes lhe erigiram uma estátua.
    _____________

    Graças a este post, já sei ao que pertenceram as ruinas que se avistam do miradouro situado na rua que passa nas traseiras do Palácio de Cristal ....a tal rua íngreme onde ainda passa o elétrico....

    Cumprs
    Augusto

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  4. Muito obrigado pelo seu contributo. Quanto ao Cachão supomos ter sido um Sr. Mendonça. A Rua a que se refere é a Rua da Restauração..
    Cumprimentos
    Maria José e Rui Cunha

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    Respostas
    1. Olá
      Peço desculpa....
      No meu anterior post, quando me refiro a Clemente Menéres queria referir-me a Camilo Mendonça.
      As minhas desculpas, aos leitores e ao proprietário do Blog.

      Cumprs
      Augusto

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  5. Mizé e Rui, eu acho que ainda me lembro de no Mercado Ferreira Borges ser o Mercado da Fruta!

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  6. Viva Margarida,
    Claro que te lembras, pois é do nosso tempo. Podes ver em mais pormenor no nosso lançamento de 14/7/2012 - Bairros da Cidade V.
    Um beijo,
    Mizete e Rui

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