4 . 13 – Palácio dos Carrancas e Museu Soares dos Reis - I
A família dos Carrancas vivia e tinha a sua fábrica na Rua dos Carrancas, depois da Liberdade e hoje do Dr. Alberto Aires de Gouveia, que haveria de ser demolida após a construção da nova residência/fábrica no que é chamado Palácio dos Carrancas.
“O edifício, onde mora o museu público mais antigo do país, conta histórias; é História, com mais de dois séculos. Referimo-nos não só à arquitectura, que lhe deu classificação de imóvel de interesse público, mas também aos seus habitantes, que conseguiram dar razão à «pedra».
É construído, a partir de 1795, para habitação e fábrica dos Moraes e Castro, família de prósperos negócios e proprietária da Fábrica de Tirador de Ouro e Prata na Rua dos Carrancas. Insere-se em pleno período urbanístico de Francisco Almada e Mendonça e - do ponto de vista histórico-artístico - no movimento neoclássico que entretanto surgira no Porto. O seu risco é, tradicionalmente, atribuído a Joaquim da Costa Lima Sampaio - arquitecto da Cidade -, que participou em obras como a Feitoria Inglesa e o Hospital de Santo António, da autoria de John of Carr de York".
A decoração, relatam as descrições da época, é objecto de especial cuidado: as paredes dos salões cobertas por majestosas alegorias e paisagens a fresco, realizadas por pintores vindos de Itália. Entre os vários artistas, destaca-se Luís Chiari, que nos estuques da sala de jantar e no mobiliário da sala da música utiliza a delicada gramática decorativa, inspirada em Robert Adam”. Site do Museu N. Soares dos Reis
“A designação do palácio remonta exactamente à antiga localização desta abastada família de negócios portuense… (a fábrica tinha a exclusividade no Norte do fabrico de galões de ouro e prata e a Rua dos Carrancas era a actual Alberto Aires de Gouveia, privilégio que caducou em 1834). Projecto original, atribuído a Joaquim da Costa Lima Sampaio.
Este edifício serviu de residência oficial ao General Soult em 1809, de quartel-general ao Duque de Wellington, e de residência ao general Beresford, entre outras personagens ligadas ao exército libertador aquando das Invasões Francesas. Também D. Pedro IV ai instalou o seu quartel-general durante o cerco do Porto”. Site Igespar
Dada a exposição do palácio ao bombardeamento dos miguelistas, tendo mesmo sido atingido, por um projéctil, a mesinha de cabeceira do seu quarto, D. Pedro IV mudou-se para a Rua de Cedofeita, após 4 meses de aqui habitar.
A família real portuguesa não tinha uma residência oficial no Porto, pelo que, quando nos visitava, ficava no Paço Episcopal. Assim, em 25/6/1861. D. Pedro V comprou o Palácio dos Carrancas por 35 contos de reis.
Já vivendo aqui, este jovem rei esteve no Porto no lançamento da primeira pedra do Palácio de Cristal em 24/8/1861.
Velódromo Maria Amélia
Foto de Humberto Fonseca (1877-1940) - 1900
Velódromo e campos de jogos em 1937
Velódromo Maria Amélia, nome dado em honra da rainha, depois do Príncipe Real, que existiu, entre 1894 e 1910, nas traseiras do Palácio dos Carrancas em terreno cedido por D. Carlos. Foi construído em 1895. A pista tinha 333,33 metros, pelo que em 3 voltas se percorriam 1000 metros. Á direita vê-se a bancada real que tinha 700 lugares e 50 camarotes para os sócios. Neste complexo havia também 3 campos de ténis, desporto muito pouco praticado nessa época. Há cerca de 15 anos, passando pela Rua Adolfo Casais Monteiro notámos que o portão de acesso ao antigo velódromo estava entreaberto e a curiosidade levou-nos a entrar. O local estava em obras, mas ainda conservava intacto a inclinação da curva do lado poente, mostrando perfeitamente a estrutura do circuito e restos dos antigos campos de ténis.
Existiram ainda velódromos na Quinta de Salgueiros, pertencente ao Clube de Caçadores do Porto e na Serra do Pilar que eram muito concorridos.
Para uma leitura mais aprofundada sobre este velódromo poderão consultar os lançamentos de 26/11/2013 e 16/1/2014.
Vestígios do velódromo Maria Amélia em Abril 2012 – in Biclanoporto
Anos mais tarde verificámos que a zona nascente está dedicada à arqueologia e que aí se encontra um portal manuelino do Convento de Monchique.
Nesta vista aérea, além do palácio onde se encontra o museu, ainda se veem as alas laterais onde se encontrava a´antiga fábrica, o jardim actual e, bem definido, o antigo velódromo. É o museu público mais antigo do país.
"Já em 1915 D. Manuel II deliberou, no seu testamento, entregar o edifício à Misericórdia para que esta instituição aí instalasse um hospital; um documento só conhecido em 1932, aquando da morte do rei.
Vasco Valente, director do Museu Nacional Soares dos Reis (instalado, desde 1833, em péssimas condições, no edifício de Santo António da Cidade, em S. Lázaro), inicia negociações com o Estado e a Misericórdia para transferir o Museu para o Palácio devoluto. À luz da museologia da época, o edifício adequava-se na perfeição à função de museu: qualidade arquitectónica, estilo neoclássico e tradição histórica. Sob a orientação do Engº Fernandes Sá, iniciam-se as obras de adaptação, a cargo da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, sendo o Museu inaugurado em 1942. À época, as alterações mais notáveis consistiram na transformação das oficinas da antiga fábrica em galerias com iluminação zenital, destinada à pintura, assim como, a criação de uma galeria de escultura, para alojar a obra de Soares dos Reis.
Com excepção de algumas intervenções de pormenor, o Museu é apenas alvo de transformação maior a partir de 1992: projecto de remodelação e expansão da autoria do arquitecto Fernando Távora. Decorrendo a um ritmo lento, o projecto é concretizado em Julho de 2001, dentro da realização do Porto, Capital Europeia da Cultura. A remodelação permite renovar o discurso expositivo da pintura e da escultura portuguesa dos séculos XIX-XX e, também, das artes decorativas que, pela primeira vez, se apresentam na mesma unidade espacial. Em diálogo com as zonas verdes, são criados novos espaços, tais como um auditório, um departamento educativo e salas de exposições temporárias, sendo o Museu dotado de uma actividade regular de animação cultural. As necessidades contemporâneas são satisfeitas, através da criação de novas zonas de acolhimento, cafetaria, loja, acessos ao nível do rés-do-chão e infra-estruturas indispensáveis ao funcionamento interno.
Em suma, assiste-se ao renascimento do Museu. Site do M.N.S.R.
ASSINATURA DA ESCRITURA PARA A ENTREGA DO PALÁCIO DAS CARRANCAS, NO PORTO, À MISERICÓRDIA DA MESMA CIDADE.
O Dr. Domingos Braga da Cruz, Provedor da Misericórdia em Julho de 1963, afirmou que o Estado, pelo Dec. Lei nº. 27878 de 21/7/1937, expropriou este palácio à S. C. da Misericórdia para lá instalar o Museu Soares dos Reis. Como compensação a SCMP recebeu 2.264.000$00.
Museu Allen, anexo construído ao lado da casa
“John Allen, ou João Francisco Allen como frequentemente é citado (1785/1848), era um capitalista portuense de ascendência britânica, membro da Feitoria Inglesa e co-fundador do Banco Comercial do Porto e da Associação Comercial. Aproveitava as suas muitas viagens pela Europa, especialmente pela Itália, e a sua capacidade financeira para enriquecer a sua coleção particular de armas, medalhas, louças. Também se interessou pela pintura sua contemporânea, adquirindo telas de Vieira Portuense, de Joaquim Rafael e do pintor rococó francês Jean Baptiste Pillement, entre outros. Como residia no n.º 281 da Rua da Restauração, no gaveto da atual Rua Alberto Aires de Gouveia com a Rua da Restauração decidiu-se construir um anexo à sua residência para nele instalar a coleção. Apesar de ir inicialmente enriquecendo a sua colecção, por meados da década de 1840 os negócios de João Francisco Allen começaram a não correr de feição, sendo obrigado a liquidar as suas empresas para pagar dívidas.
Retirou-se então para a sua Quinta de Villar d'Allen, em Campanhã, onde fizera instalar os espetaculares jardins que hoje ainda ali existem, e aí faleceu a 19 de maio de 1848. Quando, dois anos mais tarde, a família resolveu vender o recheio do Museu, levantou-se na cidade do Porto um movimento de opinião que levou, a que, em 4 de abril de 1850, a Câmara Municipal do Porto viesse a adquirir o espólio. Agora propriedade municipal, a coleção reabriu ao público a 11 de abril de 1852, com o nome de Museu Portuense da Rua da Restauração, com a cooperação gratuita de Eduardo Augusto Allen, filho do fundador e irmão do futuro 1.º visconde de Vilar d'Allen. Apenas em 1905 foi transferida para o edifício da Biblioteca Pública Municipal do Porto, no antigo Convento de Santo António da Cidade, reabrindo ao público em 1912. A colecção Allen veio a constituir o fundo básico do Museu Municipal do Porto, a que se acrescentaram doações e aquisições, o qual foi posteriormente incorporado no acervo do Museu Nacional de Soares dos Reis. Entre as obras que hoje ali estão expostas, traçam a sua origem à colecção do Museu Allen obras excepcionais como o Caim e A Flor Agreste, de José Joaquim Teixeira Lopes, a Crucificação, de Vieira Portuense, e A Virgem e o Menino, de Frei Carlos, para além de uma notável coleção numismática.” Extractos de Wikipédia
Neste texto afirma-se que A Flor Agreste é de autoria de José Joaquim Teixeira Lopes, mas é obra de Soares dos Reis.
Chegada de D. Manuel II ao Porto – Novembro de 1908
A foto de cima mostra a bandeira monárquica hasteada, a guarita ocupada, vários outros militares nas imediações com botas e calças apertadas e um padre em primeiro plano. Na foto de cima existem árvores que foram retiradas. Por este facto, depreendemos, que a de cima é mais antiga. Se a de baixo tiver sido tirada durante a visita ao Porto, em Novembro de 1908, de D. Manuel II e de sua mãe D. Amélia a de cima poderá ter sido durante a visita de D. Luis em 1865, para a inauguração do Palácio de Cristal. Na foto de cima a bandeira também está hasteada no Hospital de Santo António. De qualquer forma ambas foram tiradas em momentos solenes, mas em tempos diferentes.
In O Tripeiro, Volume 1 – 10/12/1908
Visita de D. Manuel II à Igreja da Lapa.
D. Manuel II saúda os portuenses da varanda do palácio real. Vêem-se muito bem os armazéns do Hospital de Santo António e a chaminé da caldeira. Mais ao fundo as traseiras da ala frontal e a Torre dos Clérigos.
Com D. Amélia
Aclamação D. Manuel II
Visita ao Porto de D. Manuel II em 1909
Memória de D. Manuel II
O exílio
https://www.youtube.com/watch?v=AmMWW9O76nk
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