segunda-feira, 20 de novembro de 2017

TESTEMUNHOS E MEMÓRIAS SOBRE O PORTO - XI

9.11 - Almeida Garrett, Casa onde nasceu na Rua do Calvário, Infância em Gaia, Quinta do Sardão, Recordações da velha ama, Casa na Rua da Boavista, Brasão do Porto, Politicamente rejeitado pelo Porto, 


“Se na nossa cidade há muito quem troque o V por B há muito pouco que troque a honra pela infâmia e a liberdade pela servidão” Almeida Garrett


Foto do blogue aalijo

Almeida Garrett nasceu no Porto em 4 de Fevereiro de 1799, na antiga Rua do Calvário, n.ºs 18, 19 e 20 (actual Rua Dr. Barbosa de Castro, n.ºs 37, 39 e 41), na freguesia da Vitória, filho segundo de António Bernardo da Silva Garrett, selador-mor da Alfândega do Porto, e Ana Augusta d'Almeida Leitão. Baptizado no dia 10 na Igreja de Santo Ildefonso. Foi muito pequenino para a Quinta do Castelo em Gaia, mas a sua juventude foi passada na Quinta do Sardão. A este propósito escreveu o seguinte:
“ Eu passei os primeiros anos da minha vida entre duas quintas, a pequena Quinta do Castelo, que era de meu pai, e a grande Quinta do Sardão que era, e ainda é, da família do meu avô materno, José Bento Leitão; ambas eram ao sul do Douro, ambas perto do Porto, mas tão isoladas e tão fora do contacto da cidade que era perfeitamente do campo a vida que ali vivíamos… uma parda velha, a boa Rosa de Lima de quem eu era o menino bonito entre todos os rapazes e por quem ainda choro de saudades apesar do muito que me ralhava às vezes, era a cronista mor da família… contava-me ela, entre mil bruxarias e coisas do outro mundo em que piamente acreditava…que, do meu avô, por exemplo, diziam que tinha sido apanhado embrulhado num lençol, passeando à meia-noite em cima dos arcos que trazem a água para a quinta”


Gravura do Porto em 1878 - editada pela Litografia Portuguesa a Vapor - Rua do Laranjal, 116 - Porto

Artur de Magalhães Basto, no seu livro Figuras literárias do Porto, escreve, em 1944:



Em 1879 a família de Almeida Garrett ofereceu a quinta às Irmãs Doroteias, onde instalaram um colégio.


Construído em 1720 por José Bento Leitão, avô materno de Almeida Garrett, que trazia água de Vilar de Andorinho para a Quinta do Sardão.


Desde 1910 que existe no nº. 158 o Grande Colégio Universal. Este edifício pertenceu a umas tias maternas de Almeida Garrett e este ia lá visitá-las de vez em quando. Tem um brasão dos Silvas, Almeidas e Leitões.



Colégio do Sardão


Almeida Garrett, juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833, tendo sido soldado voluntário nº. 72 do Batalhão Académico. 
Aqui o vemos à porta do Convento dos Agostinhos Descalços (Igreja de S. Lourenço (Grilos) – onde escreveu o seu imortal livro Arco de Santana. Este convento também serviu de hospital de sangue durante o cerco. Óleo de Joaquim Vitorino Ribeiro. 


Em O Tripeiro Série VII, Ano XXV, Nº.1, Horácio Marçal explica o brasão do Porto: “Em 14 de Janeiro de 1837, um documento redigido por Almeida Garrett e assinado por D. Maria II e Passos Manuel, “” para memória de que a cidade do Porto bem mereceu da Pátria e do Príncipe””, determina que as suas armas sejam esquarteladas comas do reino e tenham ao centro, num escudete de púrpura, o coração de ouro de D. Pedro (por ele deixado à cidade, em testamento, que o guarda na Igreja da Lapa) sobrepujado por uma coroa de duque (no mesmo decreto em que foi dada a Torre e Espada), tendo por timbre o dragão negro das antigas armas dos senhores Reis destes reinos: que tenha o colar da Ordem da Torre e Espada em volta do escudo (já concedida por Decreto de 04-04-1833) e junte aos seus títulos, o de Invicta”.


Estátua de Almeida Garrett na Avenida dos Aliados

E Artur de Magalhães Basto continua, no Figuras Literárias do Porto:



Jovem




Faleceu em 9/12/1854 em Lisboa. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, passou depois para os Jerónimos e, em 1966, trasladado para o Panteão Nacional, Igreja de Santa Engrácia, Lisboa.

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