quarta-feira, 13 de março de 2013

PRAÇAS DA CORDOARIA E NOVA DAS HORTAS - IV


2.5.2 - Praça Nova das Hortas (da Liberdade e Avenida dos Aliados) - II


A Avenida dos Aliados fez-se à custa da destruíção do bairro do Laranjal até à Igreja da Trindade. 


Projecto de Barry Parker (1867-1947) para a Avenida dos Aliados – 1914 – por este projecto foi pago a Barry Parker £427-14-5 - Elísio de Melo apresentou-o à Câmara em 22/1/1915, que foi aprovado por unanimidade em 28/11/1915. Este projecto previa a passagem dos peões por baixo dos prédios, abrigados por uma galeria colunada.


Foto SRU – O Palácio das Cardosas, visto das traseiras, já está recuperado


Em 1/2/1916 começou a demolição da Câmara Municipal com a finalidade de ser aberta a Avenida das Nações Aliadas, depois chamada Avenida dos Aliados. Tiveram de ser destruídas várias ruas tais como a do Laranjal, D. Pedro e dos Lavadouros, bem como o bairro do Laranjal (ou Laranjeiras) até à Ordem da Trindade.


Edifício A Nacional –Projecto de Marques da Silva – 1919 – foto blog Cibercultura e Democracia – era neste local que estava a antiga C.M.P. – Em 27/4/1918 foram arrematados 2 terrenos para a construção deste edifício, por Fernando Berderode e Olindo Mendes Carvalho Leitão


Juventude de Henrique Moreira – 1929

"Chamava-se, Aurélia Magalhães Monteiro, e era conhecida por Lela, Lelinha ou pela «Ceguinha do 9» (cegou aos 43 anos) - para a eternidade ficará sempre a ser a «Menina Nua» da Av. dos Aliados. Nasceu no dia 4 de Dezembro de 1910, na freguesia do Bonfim, e pouco tempo antes de falecer, dizia-me «que tinha sido uma das mulheres mais apreciadas e cobiçadas do seu tempo» … Estive duas semanas a «posar» e ainda hoje recordo com alegria e saudade aqueles momentos de trabalho, pois posso morrer amanhã que todos ficarão a saber quem era a Lela... se a memória não me falha, comecei com o mestre Teixeira Lopes, na figura-modelo da rainha D. Amélia, esta estátua encontra-se actualmente no Museu com o mesmo nome, em Vila Nova de Gaia… fiz de modelo para vários mestres, entre eles: Acácio Lino, Joaquim Lopes, Dórdio Gomes, Sousa Caldas, Augusto Gomes, Camarinha e os consagrados, Henrique Moreira e Teixeira Lopes…” Aurélia Magalhães Monteiro, a Lela, Lelinha, ou a «Ceguinha do 9», faleceu no dia 2 de Junho de 1992, com 82 anos de idade; no entanto a «Menina Nua», continua viva, fixa e eterna, ali na Av. dos Aliados envolta nos nevoeiros citadinos, perpétua e ardente, nos dramas e vitórias deste povo."
Do livro Pasteleira City, de Raul Simões Pinto. Edições pé de cabra Fevereiro de 1994


A menina Nua ainda tinha o seu pequeno jardim! – foto de Manuela Ramos



Depois, coitadinha, perdeu-o!


A primeira pedra do edifício da C. M. Porto foi lançada em 1920.


Inaugurada em 24/6/1957 – de notar que inicialmente teve uma rampa de acesso para automóveis e uma pequena porta para pessoas.


Porém, anos depois foi substituída por uma inestética escadaria. Ainda antes de inaugurada lemos em O Primeiro de Janeiro a seguinte crítica, que supomos ter sido de autoria de Raul de Caldevilla: 

Quatro mil pedras me dizem que tenho 
Que pedraria! 
Passam anos sobre anos 
De pronta não chega o dia. 
Atravanco larga via, 
Que seguida era mais bela. 
Só a minha escadaria, 
Palavra, não gosto dela.

Nestes versos o autor pretendeu criticar a demora na construção da Câmara e apoiar a grande polémica à volta de tão grande edifício que tapava a passagem da avenida até, pasme-se, à Circunvalação, como muitos defendiam. Passaria pelos lados da Igreja da Trindade, sem a destruir. Dizia-se, no Porto, que foi para tapar esta igreja que a Câmara foi aqui construída. Além disso a escadaria veio desfigurar a fachada. 


Posteriormente foram de novo construídas rampas laterais.

O texto e as fotos que se seguem foram recolhidos no site da C. M. do Porto: “O projecto para a construção do actual edifício da Câmara Municipal do Porto, integrado no plano de expansão do centro cívico da cidade elaborado pelo arquitecto inglês Barry Parker, foi aprovado em Reunião de Câmara a 1 de Fevereiro de 1916. O referido plano conferiu ao centro da cidade a actual configuração, ligando a Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e a Praça General Humberto Delgado. O edifício dos Paços do Concelho, projectado pelo Arq. Correia da Silva, começa então a ser construído em 1920. No entanto, e após inúmeras interrupções e alterações ao projecto inicial, introduzidas pelo Arq. Carlos Ramos, as obras só são retomadas em 1947, ficando concluídas 8 anos depois. Finalmente, em 1957, os serviços camarário são instalados no edifício. O edifício da Câmara Municipal do Porto é constituído por seis pisos, uma cave e dois pátios interiores. Para atingir o topo da torre central, a 70 metros de altura e da qual faz parte um relógio de carrilhão, é necessária uma escalada de 180 degraus.



Átrio ou Passos Perdidos do rés-do-chão - Situado no piso térreo do edifício, neste local podem ser apreciadas as pinturas do tecto em estilo romântico, de onde se destaca o Brasão da Câmara Municipal do Porto, acompanhado da Nossa Senhora da Vandoma, Santa Padroeira da Cidade.




Salão Nobre - É neste espaço que se realizam as cerimónias oficiais de recepção ou homenagem a individualidades. Aqui destaca-se um centro de mesa, peça principal de uma baixela em bronze dourado da segunda metade do séc. XIX, constituída por 43 peças (floreiras, candelabros e fruteiras), adquirida pela autarquia portuense aos herdeiros de António Bernardo Ferreira, proprietário da companhia de vinhos “Ferreirinha”.
Entre outras peças e pinturas, decoram o Salão duas figuras em mármore de Carrara, a “Honra” e a “Concórdia”, da autoria de Gustavo Bastos.


Sala D. Maria II - Neste salão sumptuosamente decorado, onde se distingue a pintura a óleo em tamanho natural de D. Maria, podem ainda ser apreciadas interessantes peças de arte decorativa. Na majestosa sala encontram-se um relógio e duas ânforas em porcelana rosa de Sévres do séc XIX, duas cómodas italianas do séc. XVIII com incrustações em marfim, dois jarrões japoneses do séc. XIX, uma mesa gigante em mogno, cujo o único suporte é um pé central que termina em garras de leão, dois tremós estilo império e dois lustres em cristal de Veneza.


Sala das Sessões - Esta sala, onde se realizam as reuniões de Executivo e as Assembleias Municipais, está decorado com três enormes tapeçarias de Guilherme Camarinha. A maior das três, denominada de “Hino em Louvor, Honra e Glória da Cidade do Porto”, evoca os acontecimentos mais marcantes da história da Invicta, entre os quais o Cerco do Porto. As outras duas, mais pequenas, denominadas “A Faina do Douro” e “S. João”, evocam, respectivamente, a ligação da cidade ao comércio do Vinho do Porto e a festa mais característica da cidade.”


Estátua de Almeida Garrett – obra de Barata Feio – 11/11/1954


Feira do Livro de 2010


Uma maravilhosa Avenida dos Aliados! Será a sua primeira decoração? Ainda não estão construídos os imóveis da Companhia de Seguros Garantia, á direita, e o que lhe está defronte 


Mais recentemente


Foto de Manuela Ramos


O princípio da destruíção - foto de Manuela Ramos - 27/12/2005




Os meninos da Avenida brincam no seu belo jardim – Henrique Moreira - 1931


Agora brincam na calçada!


A grande eira a partir de 2006! 

Com fotos nossas, e de vários blogues, especialmente do avenida-dos-aliados, elaboramos uma sucessão de fotografias musicadas,que se pode ver no seguinte link: (música: Sinfonia Fantástica de Hector Berlioz, 1ª. parte: O Baile; 2ª. parte: A Caminho da Guilhotina)




Sem comentários:

Enviar um comentário